BEI admite que pacote europeu pode não ser suficiente
Através de uma reorientação de fundos existentes e com uma maior assunção de riscos por parte do Orçamento europeu e do BEI seria possível disponibilizar até 40 mil milhões de euros para apoiar PME.
As pequenas e médias empresas europeias afetadas pelos efeitos negativos do coronavírus podem ter um apoio imediato entre 28 e 40 mil milhões de euros, de acordo com uma carta que o presidente do Banco Europeu de Investimento enviou aos vários ministros das Finanças, a que o ECO teve acesso. Reconhecendo que “é necessária uma resposta europeia forte”, porque “para onde quer que se olhe a atividade económica está a parar”, Werner Hoyer também admite que mesmo que o pacote de medidas montado pelo BEI e pela Comissão Europeia seja bem-sucedido poderá não ser suficiente para acalmar os mercados.
“Mesmo que consigamos que este pacote tenha sucesso, receio que não será suficiente para manter os mercados calmos”, reconhece Werner Hoyer, na carta enviada no domingo. Por isso, o presidente do BEI pede uma “garantia adicional significativa” por parte dos vários governos europeus que o banco de investimento poderia usar para garantir acesso ao financiamento por parte das PME e das midcaps, ou seja, empresas que têm até três mil trabalhadores. Esta garantia poderia ser usada também pelos bancos promocionais nacionais, que no caso português, é a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD).
Mesmo que consigamos que este pacote tenha sucesso, receio que não será suficiente para manter os mercados calmos.
Na verdade, o pacote não significa dinheiro fresco, mas “apenas assumir um pouco mais de risco” e “reorganizar as prioridades” definidas. Em causa está a “redefinição dos objetivos” do dinheiro que já se encontra no pipeline do BEI, que, juntamento com o redirecionamento de alguns dos fundos que agora são usados como garantia do Plano Juncker poderiam gerar 28 mil milhões de euros, explica o BEI na referida carta.
Por outro lado, seria possível disponibilizar outros 12 mil milhões de euros pela alavancagem de mais 1,5 mil milhões de euros que seriam libertados pela optimização do risco no Orçamento comunitário e no balnaço do próprio BEI no âmbito do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, também conhecido por Plano Juncker.
Estas foram algumas das armas que os ministros das Finanças analisaram esta segunda-feira na teleconferência, agendada para discutir o papel do BEI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu para darem uma “resposta ‘whatever it takes’ ao coronavírus”. A expressão foi usada por Hoyer na carta, recordando o mantra do ex-presidente do BCE, Mario Draghi, e repetida pelo presidente do Eurogrupo, no final da reunião. “Vamos fazer o que for preciso e mais para restaurar a confiança e para apoiar uma rápida recuperação da economia”, disse Mário Centeno.
Com o panorama de uma recessão em cima da mesa, Werner Hoyer sublinha que “para onde quer que se olhem a atividade económica está a parar devido às diretivas que os governos e ao comportamento social”, que visam travar o alastrar do vírus que já fez mais de sete mil mortes em todo o mundo e infetou 175 mil pessoas. “O resultando impacto negativo é imediato e disseminado”, sublinha o presidente do BEI na missiva, e como se trata de algo “sem precedentes”, a “Europa tem de agir em conjunto, com um sentido de solidariedade”, mas também a “um nível sem precedentes”.
“Seria uma forma de restabelecer a confiança económica e política evitando falências”, explica Weber Hoyer garantindo que estas medidas podem ser “definidas imediatamente para responder a necessidades urgentes”.
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