2020, quando a economia mudou! Porque tinha de mudar

Os economistas, gestores, financeiros, sociólogos e ambientalistas, tentavam encontrar um cenário que fizesse morrer menos empresas, e que também mudasse o mundo no qual o vírus conseguiu surgir.

Após o mundo ter sido invadido por um vírus resultante das próprias condições criadas por esse mundo, o mundo todo parou. Era como se nem a Terra girasse. Os dias eram iguais e as noites também. Mas como ainda havia dia e noite, sabíamos que a Terra ainda girava. Todos os países do mundo enfrentavam a mesma invasão, mas havia uns bem mais problemáticos do que outros, e alguns dos soldados queriam acreditar que o Vírus iria sucumbir com o calor e a agressividade dos países do sul, outros desejavam que a divindade conseguisse proteger aqueles que nunca conseguiram ser protegidos…

Por cá, na nossa querida e reforçada Europa, a grande preocupação, além de parar a propagação do Vírus, era encontrar a forma correta para muitas empresas não morressem também, atacadas pelo vírus. Foi um debate difícil, pois, relembrando que a Europa foi construída para evitar que os seus países entrassem em guerras repetidas, havia, ainda em 2020, alguns generais que ainda queriam guerrilhar. Porquê? Nunca se soube. Mas com certeza tinham sido de alguma forma traumatizados no seu processo de crescimento, e não conseguiam sentir empatia e amor. Se a vida em quarentena já foi um seca, imaginem uma vida inteira sem sentir compaixão e amor pelos outros? Deveriam ser generais tristes e ocos por dentro… talvez nem tivesse sido culpa deles serem assim… não tiveram a oportunidade para mudar. Mas por isso mesmo, porque era necessário mudar, esses generais foram afastados das decisões.

Essa época foi marcada pelo facto de existirem duas mulheres a comandar a Europa: uma como Presidente da Comissão Europeia, Democrata – cristã e mãe de sete filhos; e outra como Presidente do Banco Central Europeu, Republicana e mãe de dois filhos. Perante a maior invasão a que todo o mundo tinha sido sujeito, e onde toda a população mundial tinha de ficar em casa em refúgio, eram duas mulheres, mães, que governavam uma parte do mundo. Também isto parece ter sido mão divina.

Não sei se foi por existirem duas mulheres a mandar numa parte do mundo, ou se elas conseguiram trazer mais coração, emoção, compaixão e bom senso, o que é facto é que, nesta parte do mundo, a coisa mudou de forma mais rápida. Durante um ano, até termos a vacina disponível contra o Vírus, existiram dois objetivos: diminuir o número de mortes e diminuir o desemprego e a morte das empresas. Nunca a Europa teve um foco tão grande. Havia um terceiro objetivo menos divulgado: ter uma solução humana para os refugiados que aumentavam agora ainda mais.

Os médicos, enfermeiros e cientistas, todos juntos tentavam perceber e encontrar um antídoto, ou uma imunoproteção humana para este vírus.

Os economistas, gestores, financeiros, sociólogos e ambientalistas, tentavam encontrar um cenário que fizesse morrer menos empresas, e que também mudasse o mundo no qual o vírus conseguiu surgir. E foi assim que, por uma dádiva de consciencialização, a economia mudou!

Durante um ano:

  • Existiu um rendimento mínimo garantido digno para todos os que perderam empregos, ou perderam uma parte substancial do rendimento, garantindo a existência de condições dignas de sobrevivência
  • As micro e PMEs com quebra de mais de 40% nas vendas em março – mês do primeiro ataque – tinham os impostos perdoados até as vendas atingirem os 80% do valor médio do ano anterior.
  • A distribuição dos lucros e dividendos pelos acionastes das grandes empresas do ano anterior, foi congelada de forma voluntária. Os Conselhos de Administração, caíram em si, e compreenderam que era altura de ajudarem a sociedade e o mundo a mudar. Pois sem isso, eles próprios não conseguiam sair de casa e usufruir da riqueza que tinham. E assim, numa dinâmica nuca vista, todas as grandes empresas assumiram que não iram distribuir os lucros e dividendos aos acionistas. Esse dinheiro ficou nas empresas, para garantir a continuidade dos postos de trabalho e para ajudar a sociedade. Algumas empresas, as que tinham gerado vários mil milhões de lucro nos últimos dez anos, decidiram também assumir o pagamento de alguns rendimentos mínimos garantidos, ajudando assim o Estado neste trabalho. Uma coisa nuca vista. Ou outrora vista como comunismo. Eu diria antes que era o verdadeiro liberalismo a funcionar: as empresas criam lucros porque operam numa sociedade, as empresa, se podem, então têm de ajudar essa sociedade quando é preciso e não deixar tudo em cima do Estado. Isto sim, é um liberalismo coerente.
  • As famílias em que o rendimento mínimo garantido não chegava para viver com dignidade e pagar o empréstimo da casa, tinham as prestações congeladas, sem aumentar o juro nem o capital a pagamento. As prestações retomariam quando essas pessoas deixassem de ter o rendimento mínimo garantido. O sistema queria assim tudo fazer para as reintegrar no mercado de trabalho.
  • Algumas das grandes empresas foram até mais longe: diminuíram o salário de todo o Conselho de Administração, não em 50%, mas em 80%. Mesmo assim, os 20% que recebiam, era bem maior do que a pessoa da empresa com o salário mais reduzido. Esse dinheiro, ficou dentro da empresa, para assegurar os salários, ajudar o Estado em alguns rendimentos mínimos garantidos, e investir na sociedade.
  • A nível Europeu reconheceu-se que as alterações climáticas a perda da biodiversidade também poderiam contribuir para mais invasões a curto prazo. Assim, criou-se finalmente um imposto sobre o carbono, não só Europeu, mas ao nível da Organização Mundial do Comércio. E criou-se também um imposto sobre o uso da biodiversidade.
  • Os Estados aumentaram muito a sua dívida pública, mas o Banco Central Europeu comprou toda essa dívida, aliás já o andava a fazer desde 2009. Mas agora essa compra era anunciada em voz alta, de forma a que os mercados (egoístas, estes não conseguiram mudar) não ficassem muito nervosos. E assim foi! O Banco Central Europeu comprou a dívida dos países Europeus, a população ficou com os rendimentos necessários para consumir o necessário e assim as empresas não morrerem.
  • Uns anos mais tarde, perto de 2025, e talvez porque se compreendeu finalmente que era preciso investir fortemente nos temas ambientais para não termos mais desastres e invasões, o mundo juntou-se e perdoou-se. As dividas públicas foram perdoadas. Aqueles que tinham comprado dívida pública, que de repente deixou de ser em euros, dólares, libras, ou outra moeda qualquer, passaram a ter essa dívida numa moeda digital, que podia ser usada para pagar impostos – impostos dos salários, impostos dos lucros, impostos de poluição; e para pagar ajuda ao Desenvolvimento. E essa moeda digital entrava nas contas públicas, e os Estados podiam comprar/pagar transações entre si com esta moeda digital.

Estas foram algumas das medidas implementadas. Muita coisa mudou. E mudou para melhor. Foi possível, finalmente, ver o melhor que há no Ser Humano.

  • Economista especializada em sustainable and climate finance

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