Crédit Agricole ganha menos 21% na área seguros e poupança no primeiro trimestre
O grupo de banca e seguros antecipou provisões prevenindo o risco bancário gerado pelo impacto da covid-19. Apesar de crescer no produto bancário, o lucro caiu 16,4%, descendo 21% na área de seguros.
A área de seguros, gestão de poupança e património (GEA – Gestion de l’ Épargne et Assurances) contabilizou um resultado líquido de 356 milhões de euros até março (em base proforma), inferior em 21,3% face ao montante registado no primeiro trimestre de 2019. Expurgando a gestão de poupança e património, o resultado do segmento seguros caiu 28%, para 204 milhões de euros, sendo este o valor que contribui para resultado líquido consolidado do banco Crédit Agricole SA no primeiro trimestre de 2020.
A receita líquida do polo GEA caiu perto de 19% em variação homóloga, para 511 milhões de euros. Além de efeitos contabilísticos (acertos de ‘justo valor’ em ativos depreciados e reservas obrigatórias), outro elemento que pesou no resultado do trimestre foi o desembolso de 38 milhões de euros que a entidade transferiu para a federação de seguradoras (FFA) a título de contribuição para um fundo de solidariedade criado para apoiar microempresas e empresários individuais em dificuldade por causa dos efeitos da pandemia na economia.
Na análise da atividade operacional, a gestão de poupança e pensões somou entradas líquidas de 1,7 mil milhões de euros, progredindo 40% em unidades de conta (unit-linked). As responsabilidades no ramo vida subiram 2,2%, para 6,5 mil milhões de euros, enquanto o volume de prémios em propriedade e danos progrediu 7%, com a carteira a crescer 4,2%, para os 14,2 milhões de contratos. Globalmente, os seguros de património, danos e acidentes pessoais cresceram 7,3%, terminando o trimestre com 2,96 mil milhões de euros em prémios.
De acordo com a informação apresentada, o rácio combinado tendo como referência património e danos situou-se em 95% no final do trimestre, com o rácio de solvência nos 234%.
O negócio segurador consolidado pelo grupo Crédit Agricole é desenvolvido através da participada direta CA Assurances, entidade que opera diversas marcas em França (La Medicale; Pacifica, Predica, Caci, Spirica) e ainda com presença em Itália e em Espanha, neste último caso em parceria com o Abanca. Assume-se como líder de seguros no segmento de particulares em França e um dos três maiores em banca-seguros na Europa.
Normalmente, a subsidiária Crédit Agricole Assurances (CA Assurances) não apresenta resultados trimestrais, limitando-se a comunicar semestrais e anuais. No final de 2019, o grupo segurador apresentou lucros superiores a 1,5 mil milhões de euros, contribuindo com 1,33 mil milhões para os ganhos líquidos da matriz Crédit Agricole SA.
O Crédit Agricole SA, que em Portugal foi acionista histórico do extinto BES, terminou o trimestre com um lucro líquido de 638 milhões de euros (reportado), menos 16,4% face ao ganho apurado um ano antes, enquanto as receitas (produto líquido bancário) progrediram 4,8% em termos ajustados, alcançando 5,14 mil milhões de euros (+7,1%, para 5,2 mil milhões na base do reportado).
Philippe Brassac, CEO do grupo Agricole, citado no comunicado da síntese trimestral, salienta que os resultados dos primeiros três meses de 2020 “absorveram a forte subida do custo de risco da atividade bancária”, que quase triplicou no trimestre.
O cenário adverso na envolvente do negócio bancário obrigou a elevar o volume de provisões aos 621 milhões de euros (mais do que a duplicar os 225 milhões de um ano antes) para prevenir imparidades de crédito que a instituição já antecipa em resultado da crise decorrente da pandemia. Com este reforço, o stock total de reservas provisionadas nas contas do grupo passou a ser de 9,6 mil milhões de euros.
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