“Thank you Harvard, but your time is up”

Há quem não queira ser CMO e até apague o seu Linkedin. Há um forward-thinking que defende que “saber é estar no presente; não saber é ser-se livre".

Não sou eu que o digo, mas, de certa forma, é um tema que me ocupa há algum tempo. Tive talvez a sorte de encontrar alguém que, de forma tão simples e direta, resume num pensamento o que sinto há já algum tempo. E nada contra, sobre quem pense o contrário. Porque se é de pensamento que falamos, por princípio, ele é e deve ser livre.

O autor é Duke Stump, e acrescenta: “The world doesn’t need another business school; it needs a new school of thought”. Em fotografias ou palestras, tem aquele ar de bem com a vida, descontraído, entusiasta nas palavras, que até o podíamos levar pouco a sério. Mas tem mais de 30 anos ligado à gestão de marcas globais e icónicas, da Nike à Lululemon; é também segundo a Forbes um dos 50 Game-Changing CMO’s.

“Thank you Harvard, but your time is up”. Se com isto quer falar no fim de Harvard, acho que nenhum de nós o pensa dessa forma. Mas sim num futuro do ensino mais Freestyle, mais aberto ao pensamento, à reflexão, à discussão e de contínua aprendizagem. À introdução de novas disciplinas que crie líderes intoxicados com cultura e com estratégias de liderança mais empáticas. A sua filosofia vai contracorrente ao pensamento convencional e é quase um defensor do “desaprender” e talvez, porque pratica Ioga, fale na necessidade de “acalmar a nossa inteligência”. Tal como acalmamos a mente durante uma prática.

Numa das suas talks, “The Beauty Of Not Knowing” conta o seu percurso desde a universidade, em “tempos de ganância e de vontade de conquistar um lugar de topo em Wall Street”. Mas ao mesmo tempo, apaixonou-se pela natureza, pela filosofia. “Não sabia para onde ia, mas sentia-me bem, no caminho certo!” diz diversas vezes ao longo da talk, que foi a atitude que teve, sempre que mudou o seu percurso profissional: quando ao fim de 15 anos na Nike no Havai – um trabalho de sonho como conta; se arma em Forrest Gump e inicia uma corrida diferente. Disseram-lhe que estava a desperdiçar uma carreira de sucesso, mas “sentia-me bem”.

O “não ir para Harvard”, é talvez uma forma provocadora para nos despertar para uma permanente curiosidade, de encontrarmos nos negócios e na vida, o nosso lugar, aquele que é um lugar único feito para nós. Com graça, diz que é um pouco como ser pai, não sabia o que era, que não há um livro que lhe tenha ensinado a ser pai. Diz que gostava que os “negócios fossem mais como quando somos pais, onde há toda a beleza de se aprender a não se saber nada, mas ao mesmo tempo, sentimo-nos bem”. Já na Lululemon aprendeu a falar sobre a alma dos negócios. Questionou o que podiam fazer, o que o mundo precisa que só a marca pode oferecer. E mudou o discurso à volta do Ioga, apostando no que significa fazer yoga, um discurso em que foram pioneiros.

Quando decide que já não queria ser CMO, apagou o seu Linkedin. Não queria ser recrutado. Um forward-thinking que defende que “Saber é estar no presente; Não Saber é ser-se livre. A tal beleza de não saber é menos lógica, mas faz-nos sentir bem e mostra-nos o que significa ser humano novamente” diz no final duma talk.

Nem de propósito ontem vi o documentário “Martin Margiela: In His Own Words” sobre o percurso do designer de moda que sempre nos obrigou a pensar. Nunca deu uma entrevista, nunca explicou o conceito de uma coleção. Até os quatro pontos alinhavados na roupa tivemos de descobrir que era a sua etiqueta. Martin Margiela abandonou a marca quando percebeu que não queria ser diretor criativo de uma grande casa, queria ser apenas um designer de moda. E continuar a pensar e a fazer pensar, deixando para trás o marketing, o management que entretanto entraram na gestão da sua marca. Fora do sistema desde 2009, narra o documentário, e na verdade acho que se sente bem…

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