Um novo mundo – O papel fundamental do Corretor de Seguros

  • Miguel Ferreira
  • 21 Março 2021

Miguel Ferreira, National Sales Manager em Portugal da Nacora - International Insurance Brokers, verifica que riscos antigos estão a assumir novas formas e alerta a mediação para a oportunidade.

Se há alguma ilação que qualquer agente económico deverá retirar desta pandemia é que os planos de contingência são cada vez mais importantes. Todos fomos forçados a entrar no jogo da sobrevivência e somente os mais bem preparados tiveram “armas” para continuar este combate que, infelizmente, ainda não terminou.

Existe uma clara mensagem que esta pandemia está a transmitir a todos os empresários e empresas nacionais: a gestão de riscos tem de merecer, de uma vez por todas, a atenção de todos os intervenientes na economia, de forma vincada e permanente.

Os novos riscos, que por serem desconhecidos até então, não eram passíveis de transferência e agora exigem uma resposta do setor segurador. O ónus da iniciativa, afirmo-o sem reservas, deverá estar do lado das empresas que não deverão ter receio de os identificar e, em conjunto com o seu Corretor, promover a busca por uma solução que os mitigue, desenvolvendo novos produtos e melhorias em soluções existentes junto das várias seguradoras.

Esta crise pôs a nu insuficiências nos clausulados, novas necessidades emergentes, ameaças que de repente se materializaram em algo sério e não encontraram a almofada que se julgava ter nas Apólices contratadas. Mas, afinal, existem soluções no mercado ou simplesmente a importância dada a este tema não foi a suficiente na chamada pré-pandemia?

A verdade é que não existe uma resposta contundente. Atualmente, as empresas têm uma noção, pelas piores razões, que uma correta gestão de riscos é uma trave mestra numa qualquer organização, seja qual o setor de atividade em causa. Um outro jogo, o das probabilidades, deu uma lição indefetível que tudo o que é provável pode mesmo acontecer.

É neste contexto que entra o Corretor de Seguros, enquanto entidade isenta e imparcial, que é mandatado para defender os interesses do seu cliente e buscar as soluções que respondem às necessidades, cada vez mais desafiantes, das empresas. Por conseguinte, o corretor/broker de seguros tem um papel fundamental na assessoria às empresas e na identificação das suas reais necessidades de mitigação do risco. Nunca na história o papel do Corretor ganhou tanta importância como neste tempo que atravessamos, marcado por um clima económico conturbado e incerto e que carece de um verdadeiro profissionalismo e capacidade de resposta na gestão de riscos que as empresas agora enfrentam.

O Corretor tem a obrigação de fundamentar as várias soluções que apresenta aos seus clientes, seja na ilustração da discussão havida com as várias seguradoras ou parceiros de negócio, seja na explicação da viabilidade de transferência do risco parcial ou integral, depois do devido levantamento dos dados essenciais para um concreto problema. Tem o dever de entender a cultura da empresa, identificar os riscos sistémicos derivados da sua atividade e, por conseguinte, as especificidades próprias e endémicas da empresa enquanto entidade única e inequivocamente diferente das demais.

Deverá dar a conhecer os reais benefícios de algo tão intangível como um Seguro que pode abranger áreas tão complexas como a supressão de uma linha de montagem, até à simples faculdade de aumentar a produtividade dos colaboradores através de mecanismos de employee benefits (que nesta pandemia bem precisam de ter motivação extra), até algo tão fundamental como diminuir os incobráveis através de uma eficiente monitorização que o Seguro de Crédito poderá fornecer (e que poderá gerar menores insolvências e maior robustez de tesouraria).

Foi como se de repente as empresas percebessem que muito provavelmente faz sentido repensar o modo de atuação e segurar as exportações e as importações através de um Seguro de Transporte de Mercadorias, uma vez que as incertezas do comércio internacional atingiram níveis históricos (brexit, fronteiras fechadas, atrasos constantes).

Vemos o e-commerce a ser privilegiado nas famílias portuguesas, tal como o teletrabalho que é prática corrente das empresas. A simultaneidade de utilização do mesmo sistema que serve de trabalho e lazer, sem saber as consequências nefastas que podem surgir se um qualquer hacker conseguir penetrar neste e roubar informação sensível, é algo sabido. Será que o Cyber Risk não deve mesmo ser acautelado?

O Corretor, o verdadeiro corretor de seguros, tem pela frente um desafio sem igual. Deve ser a força motriz para transmitir com clarividência que estão atentos a estas mudanças. A sua função de zelador para que os novos riscos sejam minimizados por soluções reais, verosímeis e com um grau de inteligibilidade elevado, deverá ser uma realidade e uma verdadeira mais-valia para as empresas.

E no meio disto tudo torna-se necessário olhar para este tema como algo incontestável: a sobrevivência das empresas depende desta visão cada vez menos holística da gestão de risco e ficarmos cientes de que é mesmo imprescindível. A realidade não engana.

Mas, afinal, todos estes riscos já não eram conhecidos? Porquê o espanto?

  • Miguel Ferreira
  • National Sales Manager em Portugal da Nacora - International Insurance Brokers

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