Satélite da Universidade do Minho lançado pela empresa de Musk nesta terça-feira

Prometheus-1 aponta ao espaço a partir do porto espacial Vanderberg, na Califórnia. Seguirá num foguetão da SpaceX, na companhia de outro satélite português.

O satélite Prometheus-1, desenvolvido pela Universidade do Minho, tem lançamento marcado para esta terça-feira, 14 de janeiro, partindo do porto espacial Vanderberg, na Califórnia, num Falcon 9, foguetão da SpaceX.

A “boleia” da empresa de Elon Musk permitirá colocar este satélite com cinco centímetros de lado e 250 gramas de peso, num formato de cubo de Rubik, a cerca de 500 quilómetros de altitude. Os dados que chegarão ao Minho, incluindo fotos tiradas por uma câmara similar à de um telemóvel, destinam-se ao trabalho das comunidades académica e científica.

Este projeto teve financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa CMU Portugal, numa parceria com a Universidade de Carnegie Mellon (EUA) e o Instituto Superior Técnico.

A Anacom, o regulador das telecomunicações, relembra num comunicado da Universidade do Minho que, antes da atribuição da licença para lançamento do Prometheus-1, apenas tinha havido outras duas, MH-1 (Aeros) e ISTSat-1.

O mesmo veículo da SpaceX levará uma outra criação portuguesa, o PoSat2, da empresa Lusospace, nota o comunicado da Universidade do Minho. O PoSat2 é um satélite comercial português que vai monitorizar alterações climáticas e os oceanos.

“É um marco nesta nova fase do desenvolvimento do ecossistema espacial nacional, na qual voltam a ser lançados para a órbita terrestre satélites inteiramente desenvolvidos e construídos em Portugal”, aponta a Anacom.

O lançamento acontecerá às 18h50, hora portuguesa, e será seguido a partir de Guimarães, numa cerimónia no campus da universidade em Azurém. Os interessados poderão acompanhar o lançamento neste site.

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Investimento de 150 milhões na Amkor vai permitir criar 350 postos de trabalho

A antiga Qimonda, que vai receber um incentivo de 18,9 milhões de euros para a nova área industrial, deverá aumentar o número de funcionários para 1.200, após a conclusão das obras, até maio.

A nova unidade industrial que a Amkor está a criar na área dos semicondutores deverá estar concluída em maio e vai permitir à antiga Qimonda criar 350 novos postos de trabalho, com a empresa a passar dos atuais cerca de 850 trabalhadores para 1.200. O investimento, que integra os 420 milhões de euros que a Aicep contratualizou no ano passado, vai permitir duplicar a área edificada da empresa em Vila do Conde e reforçar a sua capacidade produtiva.

As obras para a construção do novo centro da Amkor deverão estar concluídas no espaço de três a quatro meses, informou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, após uma visita à empresa esta segunda-feira. A construção desta nova unidade vai permitir à empresa de semicondutores atingir os 1.200 colaboradores na fábrica de Vila do Conde, acima dos atuais 850.

A ATEP – Amkor Technology Portugal vai investir 150 milhões de euros na criação de uma nova unidade industrial no setor dos semicondutores. O projeto “Montagem e teste de semicondutores – open foundry” vai “permitir o desenvolvimento de processos produtivos inovadores para as tecnologias de Wafer Level, Substrate Level e Panel Level Fan Out, essenciais na resposta à política europeia e nacional prevista no Chips Act”, explicou ao ECO fonte oficial do Compete, o organismo que, em conjunto com a Aicep, foi responsável pela organização processual (gestão, acompanhamento e execução).

O projeto — que faz parte dos investimentos contratualizados pela AICEP, que irão permitir criar mais de 1.000 postos de trabalho numa primeira fase –, vai aumentar a área edificada para o dobro, aumentando a área em mais de 30 mil metros quadrados, segundo detalhou o presidente da Câmara de Vila do Conde, à margem da visita à fábrica. Vítor Costa considera este centro “absolutamente estratégico” para a casa-mãe e para a Europa, num momento em que a região procura reduzir a dependência asiática nesta área tão importante.

Este investimento da Amkor, que há seis anos comprou à Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda e era detida pelo Estado (18%, através da AICEP), pelo BCP (41%) e pelo Novobanco (41%), vai receber um incentivo de 18,9 milhões de euros.

Num discurso perante os colaboradores da Amkor, Montenegro lembrou que “não foi fácil aguentar a atividade desta empresa” e “no final da primeira década deste século a ideia que tudo podia acabar não era irrealista”, referindo-se à falência da Qimonda.

O primeiro-ministro destacou que, apesar de a empresa ter hoje “40% dos colaboradores” que tinha nessa altura, “dentro de alguns anos — poucos — vão atingir e ultrapassar esse número“, garantiu.

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“Temos um ano para fazer o que ainda não foi feito” com os fundos do PRR, diz ministra da Justiça

Rita Júdice estreou-se na abertura do ano judicial. A tónica do discurso foi para o crime de violência doméstica. "Sei o que fazer para que Justiça seja reformada: resolver os problemas um a um".

Rita Alarcão Júdice – naquela que foi a sua estreia como ministra da Justiça na cerimónia de abertura do ano judicial – escolheu, no seu discurso, elencar um conjunto de medidas que estão ou estarão no terreno brevemente. O novo regime de confisco de bens, o combate aos expedientes dilatórios, a criação de um grupo de trabalho para melhorar a celeridade processual, a digitalização dos tribunais financiada pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a alteração das regras de juízes ao Supremo Tribunal de Justiça, a assessoria aos tribunais ou a revisão das regras dos advogados oficiosos. Leia aqui os discursos.

Na cerimónia, que decorreu esta segunda-feira, no Supremo Tribunal de Justiça, não faltaram os protestos dos funcionários judiciais que, à porta do evento, contra a proposta de revisão da carreira.

Muitas pessoas pensam que a violência doméstica é apenas uma questão familiar, e até se envergonham de serem vítimas, o que as leva a sofrer em silêncio. Mas a violência doméstica não é uma questão familiar. É um crime, e dos mais graves, que precisa de ser denunciado, investigado, reprimido e, acima de tudo, evitado.

Rita Alarcão Júdice

Ministra da Justiça

E Rita Alarcão Júdice não deixou de o referir: “É uma forma democrática e legítima de protesto. Mas os Oficiais de Justiça já tiveram provas da determinação e da boa-fé do Governo em resolver os problemas da classe nos últimos meses: no aumento do suplemento de recuperação, decidido e pago logo em 2024, na revisão do Estatuto Profissional, em curso, e no recrutamento de quase 600 novos profissionais em apenas seis meses. Os funcionários judiciais sabem que têm na Ministra da Justiça uma aliada. Mas uma aliada não é alguém que distribui dinheiro público na proporção do ruído ou do número de notícias. É alguém que conhece o valor do seu trabalho, que move montanhas para que os tribunais tenham computadores, sistemas informáticos, ar condicionado, segurança, elevadores, rampas de acesso, salas onde não chova”, disse.

Mas, mais do que todas estas matérias – que mereceram e merecem a atenção deste Executivo – a tónica do discurso foi para o crime de violência doméstica. Com ênfase na palavra ‘crime’. Começando o seu discurso com uma homenagem pública a Alcina Cruz, que há quatro dias foi degolada e morta pelo marido, no Barreiro, à frente dos seus filhos menores, de 6 e 14 anos. “O que temos a dizer aos filhos de Alcinda Cruz? Nada do que aqui se diga vai salvar a vida desta mulher, que tinha dois filhos para educar e ver crescer. Mas o que tem a Justiça a dizer a estes filhos, aos avós, aos tios, aos primos, aos amigos, aos professores dos filhos, aos vizinhos, a outras mulheres vítimas de violência doméstica, a todos nós que vimos as notícias? A queixa que Alcinda Cruz apresentou em 2022 foi arquivada no ano seguinte. As palavras bonitas sobre a Justiça já foram todas inventadas e já foram todas ditas. Encaremos então as palavras duras”, avisou a ministra. “Muitas pessoas pensam que a violência doméstica é apenas uma questão familiar, e até se envergonham de serem vítimas, o que as leva a sofrer em silêncio. Mas a violência doméstica não é uma questão familiar. É um crime, e dos mais graves, que precisa de ser denunciado, investigado, reprimido e, acima de tudo, evitado”. Rematando que “Alcinda Cruz é a grande ausência, e o grande silêncio, nesta sala e nesta cerimónia”.

Abertura Ano judicial. HUGO AMARAL/ECO

Porém, a ministra não deixou igualmente de referir que “também muitas vítimas de crimes económicos e financeiros ficam com as vidas desfeitas. Também o Estado, e, por conseguinte, todos nós, cidadãos que pagam impostos, somos vítimas colaterais de tais crimes”, assumindo que a criminalidade económica e financeira é uma ameaça ao desenvolvimento socioeconómico do Estado e que “retira, direta e indiretamente, recursos, não só porque os subtrai da economia, como também porque exige meios ao erário público para ser investigada”. No seguimento destas palavras, a ministra assumiu que o trabalho que reformula o instituto da perda alargada de bens, conhecido como “confisco” de bens obtidos pela via da corrupção estará pronto este mês. E que, paralelamente, vão criar um grupo de trabalho que se vai debruçar sobre matérias de promoção da celeridade processual e de combate aos expedientes dilatórios. “Falamos, especificamente, da fase da instrução no processo penal, do reforço dos poderes do juiz na gestão processual e de outras alterações ao Código de Processo Penal – por exemplo, em matéria de recursos”.

Digitalização na Justiça e o PRR

Rita Júdice recordou ainda que o PRR da Justiça só permite que os fundos sejam utilizados em projetos de digitalização. “Não os enjeitamos: a Justiça precisa de ser modernizada, atualizada e equipada. Não me posso resignar a ouvir, como ouvi no Funchal, uma conservadora dizer que as conservatórias não têm correio eletrónico há mais de um ano”, disse. E resumiu: “O que temos feito?”. Num projeto PRR, em articulação com a Região Autónoma da Madeira e o IGFEJ, foram entregues 110 computadores aos funcionários do Instituto de Registos e Notariado da Madeira, distribuídos cerca de 5.000 computadores a magistrados e a auditores de Justiça. Foi desenvolvido o e-Tribunal, que serve magistrados, advogados e as secretarias dos tribunais. No Ministério da Justiça, desde a equipa governativa aos organismos, “todos estamos muito atentos à execução do PRR. Temos agora um ano para fazer o que ainda não foi feito. A Justiça não é apenas os Tribunais. A Justiça de que os cidadãos precisam inclui os tribunais, os registos, os centros educativos, os estabelecimentos prisionais, a investigação criminal, a formação de magistrados”, disse a ministra.

Falou ainda da tramitação eletrónica do inquérito no processo penal. “É uma medida quase invisível, mas que tem grande impacto na vida das secretarias dos Tribunais. Entrou em vigor há um mês”, disse. Segundo dados avançados ainda no discurso, neste período, deram entrada quase sete mil peças processuais e foram feitas 22 mil notificações sem papel. Mas não é só a poupança de papel que nos move. É o tempo que se poupa, podendo fazê-lo com comunicações seguras e fidedignas. Num mês, poupámos 238 dias de trabalho de um Oficial de Justiça: são mil e 665 horas, ou seja, oito meses de trabalho. É tempo que pode ser alocado a outras tarefas, também úteis e necessárias. Poupa-se tempo, ganha-se eficiência e celeridade”.

Sei o que fazer para que a Reforma da Justiça não tenha resultados: é fazer anúncios de grandiosos planos estratégicos. E também sei o que fazer para que a Justiça seja reformada: resolver os problemas um a um, mesmo que não sejam imediatamente percetíveis para o cidadão.

Rita Alarcão Júdice

Ministra da Justiça

Os recados políticos de Rita Júdice

A titular da pasta da Justiça não deixou de fora os recados, assumindo e relembrando que a política de Justiça é definida pelo Governo. Ou seja: a gestão, a administração, os investimentos, a afetação de recursos, as prioridades legislativas e orçamentais cabem a quem foi eleito para governar, sujeitando-se ao debate, à discórdia, à negociação e ao escrutínio final dos eleitores.

“O Ministério da Justiça exerce as suas competências, toma as decisões que lhe parecem mais adequadas e sujeita-se ao escrutínio técnico e político. É uma das regras do jogo democrático: decisores políticos gerem os recursos públicos e são avaliados, politicamente, pelo mérito das suas decisões”, disse. “Aos tribunais o que é da aplicação da Justiça, ao Governo o que é da Política de Justiça.”

E sublinhou: “Sei o que fazer para que a Reforma da Justiça não tenha resultados: é fazer anúncios de grandiosos planos estratégicos. E também sei o que fazer para que a Justiça seja reformada: resolver os problemas um a um, mesmo que não sejam imediatamente percetíveis para o cidadão”, disse.

No final do seu discurso, não deixou de fazer uma homenagem a uma das mulheres com lugar de relevo na Justiça Portuguesa. “Em 2024, perdemos uma das melhores: Joana Marques Vidal, antiga Procuradora-Geral da República, cuja morte não vem esbater o legado de independência, dignidade e de trabalho que nos deixou. Que o seu exemplo nos inspire a mudar a história de Alcinda Cruz com que iniciei esta intervenção e a darmos o melhor de nós a favor da Justiça do nosso país”, concluiu.

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Boston Consulting abre hub em Portugal. “Objetivo é chegar aos 100 colaboradores até ao final de 2025”

O BCG Lisbon Capability Center (LCC) é o primeiro centro de competências da consultora em Portugal. Arranca com 43 colaboradores e tem o objetivo de chegar às 100 pessoas até ao final do ano.

Da esquerda para a direita: Teresa Espírito Santo, Global Chief of Staff; Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner; Margarete Mourão, Business Services Director; Sara Coelho Grizonic, Global Services HR Operations Director; Benjamin Reis, BCG X Global Finance Executive Director.

A Boston Consulting Group (BCG) abriu um centro de competências em Portugal para prestar serviços para apoiar a consultora tanto a nível global como nos mercados da Europa, Médio Oriente e América do Sul (EMESA). O BCG Lisbon Capability Center (LCC) é o primeiro centro de competências da consultora em Portugal e arranca com 43 colaboradores, com o objetivo de atingir as 100 pessoas até ao final do ano. Em 2027, a consultora quer ter 300 pessoas ligadas a este projeto.

“A equipa BCG Lisbon Capability Center (LCC) conta atualmente com 43 profissionais. Neste momento, temos mais de 30 vagas em aberto para aumentar rapidamente a nossa capacidade e dimensão. Dada a procura interna da BCG e a presença de grandes talentos em Lisboa, esperamos contar com cerca de 300 profissionais até ao final de 2027”, adianta Pedro Pereira, managing director e senior partner da BCG em Lisboa, ao ECO.

“O nosso objetivo é chegar aos 100 colaboradores até ao final de 2025”, precisa o responsável quando instado sobre os objetivos de recrutamento para este ano.

Procuramos uma gama diversificada de competências e experiências. O LCC irá integrar funções de apoio aos executivos, recrutamento, aprendizagem e desenvolvimento, finanças, risco global e compliance, serviços partilhados de Recursos Humanos, entre outros”, detalha o managing partner.

O centro tem um “modelo de trabalho híbrido, beneficiando assim tanto da flexibilidade do trabalho a partir de casa como da melhor experiência de trabalho no escritório”, adianta Pedro Pereira. “Os nossos escritórios foram concebidos para melhorar a experiência dos colaboradores, proporcionando espaços que inspiram a criatividade, facilitam o trabalho em equipa e apoiam o crescimento profissional, assegurando que as nossas equipas prosperam tanto a nível pessoal como profissional”, refere.

Pedro Pereira, managing partner BCG

Primeiro hub em Lisboa

Com um escritório em Lisboa desde 1995, o LCC é o primeiro centro de competências da consultora em Portugal. “Um marco significativo na nossa presença em Portugal e na região EMESA da BCG”, garante o responsável.

O hub “irá apoiar a BCG tanto a nível global como nos mercados da Europa, Médio Oriente e América do Sul (EMESA)”, detalha.

“Temos vários Capabilities Centers (ou conceitos de localização semelhantes que acolhem equipas globais) espalhados pelo mundo. Estas localizações estratégicas reúnem as nossas equipas de serviços empresariais e de capacidades avançadas para partilharem conhecimentos, aumentarem a sua dimensão e prestarem serviços especializados em grande escala”, diz Pedro Pereira.

Índia e Costa Rica são alguns dos países onde a BCG tem este tipo de hubs. “Estamos entusiasmados por acrescentar Lisboa às nossas localizações globais — foi uma escolha óbvia, dadas as competências linguísticas locais, a orientação para o cliente e outras capacidades da pool de talento”, refere quando questionado sobre o motivo da escolha da localização do novo centro.

Atualmente, com escritório e hub, a BCG conta com mais de 140 colaboradores em Portugal.

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PGR quer dados dos processos crime sob a sua alçada e não do Governo

Amadeu Guerra estreou-se como PGR na abertura do ano judicial e pediu uma revisão urgente para que os dados dos inquéritos do DCIAP e do DIAP deixem de estar na alçada do Ministério da Justiça.

“Coloquem-se à disposição do Ministério Público e dos órgãos de Polícia Criminal, que nos coadjuvam, todos os meios humanos, equipamentos, software de tratamento e análise de prova digital, meios técnicos, periciais (internos e externos) e, depois, peçam-nos responsabilidades.” As palavras são de Amadeu Guerra, Procurador-Geral da República desde outubro, que, esta segunda-feira, se estreou na abertura do ano judicial.

Hugo Amaral/ECO

Num discurso ‘fora da caixa’ e menos institucional face às suas antecessoras (Joana Marques Vidal e Lucília Gago), o novo titular da investigação criminal (e não só) falou da necessidade de uma Justiça mais célere e mais próxima dos cidadãos. Mas também pediu uma maior mobilização do Ministério Público no combate aos novos tipos de criminalidade, bem como a preservação do segredo de Justiça. E não deixou de referir “preocupação” pelos crimes de homicídio em contexto de violência doméstica, branqueamento de capitais, cibercriminalidade, criminalidade de gangues e a praticada por menores de 16 anos, assim como os crimes de terrorismo, tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e a criminalidade praticada contra pessoas vulneráveis, em particular os idosos e menores.

Mas Amadeu Guerra escolheu o que chamou de quatro “temas estruturantes”. São eles: a necessidade da autonomia dos meios financeiros da PGR, a situação dos dados dos inquéritos do DCIAP e dos vários DIAP estarem na alçada do Ministério da Justiça, a falta de magistrados e oficiais de Justiça e a estratégia do Ministério Público para o confisco de bens adquiridos como resultado de crimes.

Autonomia Financeira da Procuradoria-Geral da República

Amadeu Guerra começou por relembrar que Portugal é um país de poucos recursos e que já se foi habituando ao discurso de “fazer melhor com os recursos disponíveis”. “Ao sermos sempre confrontados com os atrasos e o pedido de responsabilidades – às quais não queremos fugir – dá-nos vontade de utilizar o discurso dos países ricos: coloquem-se à disposição do Ministério Público e dos Órgãos de Polícia Criminal, que nos coadjuvam, todos os meios humanos, equipamentos, software de tratamento e análise de prova digital, meios técnicos, periciais (internos e externos) e, depois, peçam-nos responsabilidades”, disse.

Referindo-se aos fundos recebidos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o líder do Ministério Público garantiu que “a Procuradoria-Geral da República não obteve ganhos significativos ao nível das tecnologias e sistemas de informação, dos quais está carenciada, não dispondo, sequer, de verba para assegurar a interoperabilidade dos seus sistemas com o CITIUS”.

Por isso, fez o alerta: “Dependemos da boa vontade dessas entidades, tuteladas pelo Ministério da Justiça, para podermos ter autonomia e calendarizar os nossos projetos. Ora é este estado de coisas que, em parte, afeta a autonomia dos tribunais que – não recebendo os meios destas entidades governamentais – ficam condicionados na concretização dos seus projetos, sem possibilidade de reverter as dificuldades que, sem razão aparente, lhe são colocadas.”

A autonomia financeira da Procuradoria-Geral da República está consagrada no Estatuto do Ministério Publico desde 2019, mas a concretização prática ainda não aconteceu. Apontando como exemplo o Conselho Superior da Magistratura (CSM) — dos juízes — Amadeu Guerra pediu que esta concretização da autonomia financeira da Procuradoria-Geral da República aconteça em 2026. Para permitir “ao Ministério Público gerir, de forma mais criteriosa, as verbas disponibilizadas, sem aumento de encargos para o erário público.

Hugo Amaral /ECO

Tratamento de dados pessoais dos inquéritos

O titular da investigação criminal queixou-se da falta de atenção do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) — o organismo tutelado pelo Ministério da Justiça que trata dos sistemas informáticos dos tribunais: “Não tem demonstrado disponibilidade para integrar, no sistema CITIUS, qualquer aplicação vocacionada para o inquérito.”

Pelo contrário, “tem criado dificuldades que, neste momento, se traduzem numa situação, no mínimo, insólita: os inquéritos do DCIAP anteriores a junho de 2023 estão registados na aplicação que o DCIAP sempre utilizou (ainda instalada em servidor da PGR) e os inquéritos posteriores a junho de 2023 estão registados no CITIUS, sem qualquer controlo efetivo dos acessos aos dados ou auditoria técnica, por parte da PGR, relativamente ao acesso à informação registada”, denunciou.

Por isso, o PGR quer que os inquéritos do DCIAP e dos vários DIAP – com informação sensível e mediática – estejam sob o seu controlo e não sob o controlo do Ministério da Justiça. “É uma questão de princípio e não implica qualquer desconfiança concreta em relação às pessoas que ocupam cargos no Ministério da Justiça ou no IGFEJ”, adiantou.

Dirigindo-se em concreto ao Presidente da República — que vetou, em 26 de julho de 2019, o Decreto da Assembleia da República por considerar que a solução legal prevista não garantia a “não interferência nas áreas específicas de natureza jurisdicional e do Ministério Público, no exercício das suas funções e competências processuais” –, Amadeu Guerra diz esperar que o Governo garanta que é a Justiça (PGR, CSMP e CSM) que cabe a gestão destes dados, já que “nos termos da legislação de proteção de dados é o responsável pelo tratamento que define as formas de tratamento e não um mero subcontratante que, por acaso, está sob a dependência Governo”.

Não nos podemos conformar com a situação atual e queremos que os inquéritos do DCIAP e dos DIAP – com informação sensível e mediática – estejam sob o nosso controlo e não sob o controlo do IGFEJ, entidade dependente do Ministério da Justiça. É uma questão de princípio e não implica qualquer desconfiança concreta em relação às pessoas que ocupam cargos no Ministério da Justiça ou no IGFEJ.

Amadeu Guerra

Procurador-Geral da República

Carência de Magistrados e de Oficiais de Justiça

Há falta de magistrados – em particular para os próximos anos – onde se prevê um número elevado de jubilações mas há ainda um maior constrangimento que é “a carência de oficiais de Justiça, a falta de motivação destes, bem como a não aprovação e publicação de um Estatuto dos Oficiais de Justiça que contribua para melhorar o seu estatuto profissional e que, em particular, estabeleça mecanismos que permitam tornar a carreira mais aliciante e atrativa”, diz o PGR.

Que concretiza, dizendo que se verificou “ao nível dos inquéritos em geral e nos inquéritos de violência doméstica em particular – que, em alguns tribunais, havia uma quantidade significativa de inquéritos por autuar ou de despachos para cumprir”.

Mas “o mais preocupante é que nem o recente concurso de oficiais de justiça – que pretende colocar nos tribunais 750 pessoas – contribui para colmatar, ao nível do Ministério Público, as insuficiências sentidas”.

Desta feita, com a entrada de 750 oficiais de Justiça, mesmo que não haja desistências, faltam ainda “na Procuradoria-Geral Regional de Coimbra – 81 oficiais de Justiça e nas Procuradorias-Gerais Regionais de Évora e de Lisboa – 123 oficiais em cada uma e na Procuradoria-Geral Regional do Porto, 155 oficiais de justiça”.

Estratégia de Recuperação de Ativos

O PGR não deixou de falar na recentemente divulgada estratégia do Ministério Público em matéria de recuperação de ativos.

“Todos os magistrados do Ministério Público interiorizam a indispensabilidade de realizar uma investigação patrimonial e financeira tendente a confiscar, aos criminosos, as vantagens que obtiveram com a prática do crime. Só deste modo conseguiremos intervir, eficazmente, numa das principais (senão a principal) causas da corrupção e crimes conexos”, disse.

Amadeu Guerra conta com o apoio do diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, “que se mostrou disponível e entusiasmado com a vontade de assegurar outra dinâmica ao GRA”, referindo-se ao Gabinete de Recuperação de Ativos.

Nomeadamente, dotá-lo de outros meios capazes de identificar, localizar, apreender e devolver aos cofres públicos, através do confisco, todos os benefícios económicos que os agentes do crime obtiveram. Mas não deixa de fazer o alerta: “Porém, para que este projeto tenha os resultados esperados é necessário reformular e conferir maior agilidade ao GAB. Volvidos mais de dez anos desde a criação destas entidades, será, eventualmente, este o momento certo para que se promova uma reflexão tendente a avaliar a necessidade de medidas estruturantes no domínio da organização e funcionamento destes gabinetes. Espera-se que o ano de 2025 seja a concretização destas nossas propostas, em benefício da boa administração Justiça e dos seus destinatários – os cidadãos”.

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Solução para caos na VCI do Porto deverá passar pelo desvio de pesados para a CREP

Imbróglio da VCI, entre Porto e Gaia, deverá ter um fim à vista em breve. Governo vai apresentar solução que vai ao encontro das recomendações dos autarcas da Área Metropolitana do Porto.

O Governo deverá anunciar, “dentro de dias”, a solução definitiva para o caos diário e congestionamento da Via de Cintura Interna (VCI), que liga Porto e Vila Nova de Gaia, e que passará pelo desvio dos pesados para a Circular Regional Externa do Porto (CREP), anunciou esta segunda-feira o presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP). Mas não só, assegurou Eduardo Vítor Rodrigues.

“De facto, passa por olharmos para a CREP [também denominada A41] como um instrumento de mobilidade, sobretudo dos pesados, e dos pesados de mercadorias, e isso, a ser assim e a consumar-se, vai significar um passo de gigante que é dado com coragem por parte do Governo e do ministro [das Infraestruturas e Habitação] Miguel Pinto Luz e que, no fundo, vem consumar aquilo que há vários anos os autarcas da AMP vêm pedindo”, disse Eduardo Vítor Rodrigues na sede da entidade.

À margem da cerimónia de assinatura da escritura de constituição da empresa Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) — constituída para gerir o sistema de bilhética Andante e a rede de autocarros Unir –, o líder da AMP assegurou que “o assunto está encerrado“. O imbróglio da VCI que se arrasta há vários anos e é uma dor de cabeça para os automobilistas parece ter um fim à vista.

Vai significar um passo de gigante que é dado com coragem por parte do Governo e do ministro Miguel Pinto Luz e que, no fundo, vem consumar aquilo que há vários anos os autarcas da AMP vêm pedindo.

Eduardo Vítor Rodrigues

Presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP)

“Os autarcas foram contactados pelo Governo, depois de um longo tempo de trabalho que tivemos. E, nos próximos dias, o Governo vai apresentar uma solução, que significa, muito provavelmente, um contributo absolutamente determinante para a qualidade da mobilidade, sobretudo neste miolo urbano”, avançou o líder da AMP, também presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

Em janeiro deste ano, a Assembleia Municipal do Porto decidiu recomendar ao Governo a colocação de portagens para pesados na VCI, de modo a retirar o tráfego e reduzir o congestionamento nesta via. Rui Moreira, autarca portuense, disse mesmo, na ocasião, que esta via “quando entra em colapso causa uma verdadeira trombose na cidade”. Como alternativa à VCI, o município propunha desviar os camiões para a A41 (CREP), e iria instar o Governo a isentar, durante um ano, o pagamento de portagens nesta via.

Na prática, o tráfego de camiões passaria a ser desviado da VCI, que é gratuita, para a A41, que tem cobrança com portagens e atravessa municípios como Matosinhos, Maia, Valongo ou Vila Nova de Gaia.

Tudo aponta para que a solução do Governo passe por algumas destas propostas, mas o presidente da AMP não quis adiantar pormenores. Será uma decisão “sistémica no sentido de não significar apenas uma medida isolada, mas é sobretudo uma solução que os autarcas já tinham há vários anos estudado e, aliás, pedido publicamente”.

Por fim, considerou, “vai ser uma solução que visa aliviar um centro da área metropolitana enquanto estão a ser construídos equipamentos, estruturas e acessibilidades que são absolutamente decisivas, mas que vão ter efeito apenas daqui a dois ou três anos, como por exemplo, a linha Rubi” do metro do Porto.

O ministro das Infraestruturas tinha-se comprometido de que iria anunciar uma “solução definitiva” para reduzir o volume de tráfego na VCI. Desde essa altura que se tem reunido com autarcas da AMP, com a Infraestruturas de Portugal (IP) e a AMP.

Interpelado pelos jornalistas se haverá um ajustamento nas portagens na autoestrada A4 no Grande Porto, Eduardo Vítor Rodrigues salientou que a retirada de portagens “significa sempre um trabalho que é, mais do que de mobilidade, de finanças, porque significa a alteração das regras de concessão”.

“Muitas vezes, aquilo que podemos ambicionar é complementar isso com portagens virtuais, por exemplo. Mas o Governo tem uma solução estudada que acho que vai validar a solução que o presidente [da câmara do Porto] Rui Moreira e eu próprio temos vindo a anunciar, ou a pedir e solicitar ao Governo”, conclui.

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Mais de 80% do investimento na PSP e GNR ficou na gaveta

Em 2023, execução foi a mais baixa em três anos devido à quebra no financiamento de veículos e infraestruturas. Tribunal de Contas critica baixa rentabilidade dos imóveis das forças de segurança.

Mais de 80% do investimento previsto nas forças de segurança, em 2023, ficou na gaveta, segundo uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) à Lei de Programação de Infraestruturas e Equipamentos das Forças e Serviços de Segurança (LPIEFSS), divulgado esta segunda-feira. Trata-se da mais baixa execução orçamental (14%) em três anos, sobretudo devido às quebras nas verbas previstas para veículos e infraestruturas. O regulador critica ainda a baixa rentabilização dos imóveis da GNR e PSP, quando era ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, do anterior Governo socialista de António Costa.

“Ocorreu uma reduzida taxa de execução orçamental e financeira da LPIEFSS, nomeadamente em 2021 (cerca de 41%), situação que se agravou progressivamente nos anos seguintes, em 2022 (15%) e em 2023 (14%)”, lê-se no mesmo documento. A análise do Tribunal de Contas baseou-se em 23 contratos com execução em 2022 e nos relatórios de execução anual daquela Lei e decreto-lei e nos relatórios anuais de segurança interna.

Em 2023, a taxa de execução de apenas 14% significa que 86% do financiamento previsto ficou por concretizar. Ou seja dos 167,6 milhões de euros que deveriam ter sido investidos, apenas 23,5 milhões foram efetivamente aplicados, segundo as contas do supervisor, liderada por Filipa Urbano Calvão.

Fonte: Tribunal de Contas
Fonte: Tribunal de Contas

Analisando a execução por medida, verifica-se que as verbas destinadas à compra de viaturas para a PSP e GNR apresentam a taxa mais reduzida, ainda que, em 2020 e 2021, tenha tido “a maior execução financeira com cerca de 100%, respetivamente com 13,7 milhões e 13,8 milhões de euros”, salienta o TdC.

No entanto, “durante os anos seguintes têm existido constrangimentos na aquisição de veículos, devido aos elevados prazos de entrega, em algumas situações superiores a 300 dias, factos que conduziram, em 2022, a uma taxa de execução de 18% (655 mil euros) e, em 2023, de 2,6% (138 mil euros), que corresponde a pagamentos transitados do ano anterior”, esclarece o regulador. O tribunal destaca, contudo, que, “em 2023 foram desenvolvidos os três procedimentos pré-contratuais para a aquisição de viaturas ligeiras, viaturas pesadas e motociclos para a GNR e PSP, sendo expectável a sua entrega em 2024 e 2025″.

Em sede do contraditório, a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI) “veio indicar que, relativamente aos procedimentos pré-contratuais, a eSPap – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (…) em tempo, não teve capacidade para desenvolver o procedimento (…)”, salientando ainda que a SGMAI “(…) deu início à tramitação de um novo procedimento pré-contratual, tendo em vista a aquisição de veículos ligeiros, veículos pesados e motociclos para a GNR e PSP para os anos 2025 e 2026 (…)”. Apesar destes esclarecimentos, “o TdC regista com preocupação o facto de o procedimento em apreço estar a sofrer os atrasos indicados, com reflexos na operacionalidade das forças de segurança”.

A rubrica das infraestruturas apresenta a segunda medida com a mais baixa execução, de apenas 3,7%, o que corresponde a 4,3 milhões de euros dos 117,1 milhões inscritos. “Apesar de a medida de Infraestruturas deter a maior dotação corrigida líquida de 2020 a 2023, verifica-se uma reduzida taxa de execução, sendo em 2021 de 9,8% e de 3,7% em 2023, a que correspondem respetivamente os valores de 6,2 milhões e 4,3 milhões de euros”, assinala a mesma entidade no relatório de auditoria.

O Governo anterior justificou a baixa execução com o “caráter plurianual” da rubrica e sublinhou ainda que “a complexidade e morosidade ao nível da tramitação e execução contratual” provoca uma baixa execução desta medida ao longo dos anos.

No que diz respeito ao investimento em armamento, a execução foi nula em 2022, “situação decorrente dos prazos dilatados de entrega do material devido à forte regulação nacional e internacional, sendo que, em 2020, a taxa de execução foi de 45,5%, a que corresponde um valor de 1,4 milhões de euros”, de acordo com o levantamento feito pelo TdC. “Durante o ano de 2023 foram celebrados seis contratos, cuja execução financeira ficou nos 9%, no valor de 440 mil euros”, constatou.

Quanto às verbas destinadas aos equipamentos de proteção individual (EPI) da PSP e GNR, “a execução foi condicionada pelos conflitos internacionais, existindo uma execução nula em 2022 e uma execução de 1,2 milhões de euros, em 2020, e de 314 mil euros, em 2021, a que corresponde uma taxa de execução de 62,1% e 22,4%, respetivamente”, refere o regulado. Em 2023, grande parte do investimento, cerca de 93%, não saiu da gaveta, tendo sido apenas possível “a celebração de nove contratos, cuja execução financeira foi de 739 mil euros, com uma taxa de execução de 8,7%, sendo que o remanescente ocorrerá em 2024″, refere o TdC.

Falta de controlo na cobrança de rendas de imóveis

Para além da baixa execução do investimentos nas forças e serviços de segurança, o Tribunal de Contas critica “a fraca taxa de rentabilização dos imóveis”detidos pela GNR e PSP e “falta de controlo” na cobrança das rendas.

“Verificou-se uma fraca taxa de rentabilização dos imóveis afetos às forças de segurança, sendo que, em 2022, apenas dois imóveis foram rentabilizados através de arrendamentos e, em 2023, foi aprovada a alienação de um imóvel e o arrendamento de outro”, conclui o TdC. Para além disso, sinaliza que “não foram identificados, de forma clara e evidente, os imóveis registados e afetos às forças de segurança nos dados extraídos do Sistema de Informação dos Imóveis do Estado (SIIE)”.

Dos 157 edifícios disponíveis, sendo que a grande fatia (151) pertence à GNR, “a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna informou que se encontravam pendentes os procedimentos de rentabilização respeitantes a 17 imóveis”. “Apesar das diligências desenvolvidas, verifica-se que apenas 10,8% dos imóveis suscetíveis de rentabilização foram objeto de tentativa de resolução das questões que impedem a sua otimização, o que evidencia um empenho pouco eficaz na procura de obtenção de receita pela rentabilização dos imóveis afetos às forças de segurança e não utilizados nas suas atividades operacionais”, alerta o regulador.

Fonte: Tribunal de Contas

Em sede do contraditório, a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, “veio indicar que “(…) a rentabilização dos imóveis depende da intervenção da Estamo – Participações Imobiliárias na sua prévia regularização e, posteriormente, venda no mercado (…)”. O TdC tomou “boa nota da informação”. “No entanto, salienta a importância de serem criados mecanismos que permitam aumentar a rentabilização dos imóveis”, recomendou.

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Bimbo lança campanha para agradecer aos portugueses

  • + M
  • 13 Janeiro 2025

Assinada pela Blank Design, a campanha está presente em redes sociais e pontos de venda. A mascote da Bimbo é a protagonista, procurando "reforçar o vínculo emocional entre a marca e as famílias".

A Bimbo, marca presente no mercado nacional há mais de 30 anos, lançou uma campanha sob o mote “obrigado”, precisamente para agradecer a preferência aos consumidores portugueses. O objetivo passa também por comunicar que a Bimbo “é a marca de fabricante líder no segmento de pão embalado a nível mundial”.

“É com muito orgulho que lançamos esta campanha pelo sétimo ano consecutivo, em que comunicamos que Bimbo é uma marca líder a nível mundial. Por isso, queremos expressar o nosso agradecimento aos consumidores que, ao longo de mais de três décadas, nos têm escolhido para fazer parte das suas rotinas e dos seus momentos especiais”, diz Joana Marques Silva, marketing manager da Bimbo Portugal, citada em comunicado.

“Esta campanha é uma celebração dessa relação de confiança e do nosso compromisso em continuar a oferecer produtos de qualidade para facilitar a vida aos nossos consumidores, para que possam desfrutar ao máximo dos melhores momentos em família”, acrescenta.

O conceito criativo “destaca o agradecimento da marca para com os consumidores, reconhecendo a confiança e preferência demonstradas ao longo dos anos”. A mensagem é protagonizada pela mascote da Bimbo, o Ursinho, procurando “reforçar o vínculo emocional entre a marca e as famílias“.

Assinada pela Blank Design, a campanha conta com materiais nos pontos de venda (ilhas especiais, topos e displays) para destacar a gama de produtos da Bimbo (pão de forma, wraps, hot dog, burger e bagels) e marca também presença nas redes sociais.

“Com esta campanha, a Bimbo reforça a sua posição como marca próxima dos consumidores, continuando a inovar e a garantir a qualidade que a tornou líder mundial no segmento de pão embalado”, lê-se ainda em nota de imprensa.

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Estes foram os principais tópicos abordados na abertura do ano judicial

  • ADVOCATUS
  • 13 Janeiro 2025

Arrancou oficialmente o novo ano judicial, numa cerimónia no Supremo Tribunal de Justiça. À porta decorre um protesto de funcionários judiciais.

Esta segunda-feira abre oficialmente o ano judicial, numa cerimónia no Supremo Tribunal de Justiça, que terá à porta um protesto de funcionários judiciais, contra a proposta de revisão da carreira.

Nos discursos será a estreia do novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, na cerimónia de abertura do ano judicial, empossado em outubro, assim como da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, novos titulares nestas funções na sequência das eleições legislativas de março.

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Espanha anuncia 12 medidas para o setor da habitação. Saiba quais

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Janeiro 2025

Desde mais casas para habitação pública a incentivos fiscais aos proprietários, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou uma dúzia de medidas para combater a crise habitacional no país.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou esta segunda-feira um pacote de 12 medidas para combater a crise da habitação no país, que nos últimos meses foi motivo de protesto em diferentes cidades.

O aumento do parque público habitacional — que, segundo Sánchez, representa atualmente pouco mais de 2% do total — para disponibilizar mais casas a preços acessíveis é uma das principais medidas anunciadas pelo líder do Governo de Espanha.

A nova Empresa Pública de Habitação, que nasceu da transformação da Entidade Estatal do Solo (Sepes), vai tutelar este processo, depois de, no final de dezembro, o Executivo espanhol ter aprovado a transferência de todas as habitações detidas por empresas públicas como a Muface, Invied, Adif e Siepse.

No que toca aos incentivos fiscais, o Governo de Sánchez vai conceder ajudas, ao longo dos próximos cinco anos, para a reabilitação de habitações para serem arrendadas a preços acessíveis, bem como uma isenção de 100% no IRS para quem arrendar um imóvel segundo o Índice de Preços de Referência, independentemente de estar ou não localizado numa zona classificada de tensão imobiliária.

Para limitar a especulação e a fraude no setor habitacional, o Executivo espanhol vai propor ao Congresso uma alteração à tributação das residências turísticas, de modo a que sejam tributadas como atividade económica, tal como os hotéis, nas zonas onde existe maior tensão no acesso à habitação ou saturação turística.

Conheça as 12 medidas:

  • Transferir mais de 3.300 casas e quase dois milhões de metros quadrados de terrenos residenciais para a recém-criada Empresa Pública de Habitação, com o objetivo de construir casas para habitação social a preços acessíveis. Adicionalmente, 13.000 casas que são propriedade do Sareb vão passar, no imediato, para as mãos da nova empresa pública, enquanto outras 17.000 serão incorporadas progressivamente.
  • Dar prioridade à nova Empresa Pública de Habitação na aquisição de habitações e de terrenos.
  • Garantir, por lei, que todas as habitações construídas pelo Estado espanhol permanecem indefinidamente como propriedade pública, impedindo a sua liberalização. “O que for construído ou reabilitado com dinheiros públicos continuará a ser público, para que não vá parar às mãos de especuladores ou de fundos abutres”, prometeu Pedro Sánchez.
  • Lançamento de um plano estratégico, no âmbito do PERTE (as agendas mobilizadoras do PRR espanhol), que visa modernizar o setor da construção, centrando esforços no pré-fabrico de casas e posterior montagem no local, que implica menos tempo e um custo mais baixo. O primeiro-ministro espanhol anunciou que este plano vai ser desenvolvido na província de Valência “para contribuir para a reconstrução do tecido económico [da região] após o fenómeno DANA”.
  • Criação de um sistema de garantias públicas que proteja quer os proprietários, quer os inquilinos em casos de arrendamento a preços acessíveis. O sistema vai começar a funcionar este ano para os senhorios que arrendem as suas casas a pessoas até aos 35 anos.
  • Criação de um novo programa de reabilitação de casas vazias para aluguer a preços acessíveis.
  • Isenção de 100% do IRS para os proprietários que arrendem as suas casas de acordo com o Índice de Preços de Referência, sem necessidade de estas estarem situadas em zonas declaradas de tensão. Esta é uma proposta que precisa da ‘luz verde’ do Congresso espanhol.
  • O Governo vai também propor aos deputados para que o alojamento turístico seja considerado uma atividade económica.
  • Condicionar os benefícios fiscais das “socimis”, sociedades de investimento imobiliário cotadas em bolsa, à promoção de habitação para arrendamento a preços acessíveis.
  • Limitar a aquisição de habitação por cidadãos não residentes na União Europeia, através de um aumento de imposto para 100%. Esta medida acompanha o fim dos vistos gold, que vai ser aplicado a partir de abril.
  • Endurecer o regulamento que persegue as fraudes no arrendamento sazonal e criar um fundo para que as comunidades autónomas e os governos municipais reforcem as inspeções às habitações turísticas ilegais e a usos fraudulentos de habitação.
  • Um novo Plano Estatal de Habitação, que entrará em vigor em 2026.

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Montenegro insiste que é preciso preservar segurança para atrair investimento

O primeiro-ministro adiantou que Portugal está hoje numa situação de vantagem face a outros países, que deve aproveitar para atrair novo investimento.

O primeiro-ministro Luís Montenegro voltou a reforçar, esta segunda-feira, a importância de preservar a segurança de Portugal, para garantir a qualidade de vida das pessoas, mas também para favorecer a captação de investimento estrangeiro. Para o líder do Governo, é preciso ser “prudente e preventivo” para salvaguardar este “importante ativo económico”.

Se falamos insistentemente de preservar Portugal como um dos países mais seguros do mundo é a pensar nas pessoas, na dinâmica social, mas também na competitividade económica que podemos tirar em comparação com outras geografias“, destacou o primeiro-ministro, numa visita à fábrica da Amkor, em Vila do Conde.

Montenegro realçou que a segurança é um aspeto essencial para atrair investimento externo, destacando que “ser responsáveis, prudentes e preventivos é essencial para este domínio”.

O chefe do Executivo sublinhou ainda a boa situação em que o país se encontra, permitindo-lhe tirar partido da fragilidade de algumas economias.

Portugal apresenta hoje uma “estabilidade política e financeira” na Europa que é uma oportunidade para o país, depois de um ano que Montenegro chama de “transformação”, marcado por eleições, uma crise nas duas principais economias europeias, desafios geopolíticos e uma viragem na política americana.

“O Governo está empenhado em fazer de Portugal um exemplo de país que potencia o seu capital humano e fá-lo multiplicar a criação de riqueza através da ligação à inovação e capacidade de fazer melhor, estando na vanguarda e em produto diferenciados no mercado, para concorrer com outras geografias e contextos industriais cujos fatores de produção são mais favoráveis”, acrescentou.

“A segurança em Portugal como porto de abrigo ao investimento é um argumento cada vez mais forte”, comentou o ministro da Economia, Pedro Reis, que acompanhou Montenegro na visita à Amkor e também à Nelo. Pedro Reis referiu ainda que “a segurança, no sentido da previsibilidade política e económica e a segurança do país, posicionam Portugal muito bem”.

Reis referiu ainda que Portugal oferece essa “previsibilidade e estabilidade”, que oferece as condições necessárias para captar investimento estrangeiro. “Há muito investidor que quer ancorar investimento em Portugal”, reforçou, dando o exemplo da Amkor, que atua na área dos semicondutores, uma “área hipersensível a nível global”.

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Veja aqui os melhores momentos do evento Eu conto com o turismo

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  • 13 Janeiro 2025

A campanha Eu conto com o Turismo, da autoria da Confederação do Turismo de Portugal, tem como objetivo dar voz a pessoas das mais variadas atividades que, de alguma forma, beneficiam com o setor.

O evento de lançamento da campanha “Eu Conto com o Turismo”, promovido pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), reuniu figuras de destaque do setor para debater o impacto do turismo na economia e na vida dos portugueses. Veja no vídeo os melhores momentos deste encontro que marcou o arranque da iniciativa.

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