Empresa de M&A portuguesa vai duplicar transações e entrar na Escandinávia

Após assinar parcerias estratégicas no Reino Unido e em Espanha, a Valuing Tools – que começou como uma loja online de avaliações de empresas até entrar no advisory financeiro – foca-se nos nórdicos.

A área das fusões e aquisições (M&A), apesar de estar a atravessar uma fase mais conturbada em termos de volume de negócios e capital mobilizado, tem conseguido motivar os empreendedores que pretendem utilizar esta estratégia para expansão e desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME) em Portugal.

Depois da pandemia, nasceram várias startups dedicadas a este setor, entre as quais a Valuing Tools. A empresa nacional, fundada em 2021 por António Gomes e João Vaz Leite, prepara-se agora para voar para os países nórdicos através de parcerias.

Neste segundo semestre, o foco estará na internacionalização para países como a Suécia, a Noruega e a Dinamarca, depois de fechar acordos estratégicos no Reino Unido e em Espanha.

“Atuamos maioritariamente em Portugal, mas convém estarmos presentes, fazermo-nos representar nas empresas ou em visitas a fábricas”, afirma o sócio João Vaz Leite. Nas geografias nórdicas “existe um nível de literacia financeira muito elevado e podem-nos ajudar a crescer como empresa, pegar nessas lições e dinamizá-las aqui em Portugal”, completa António Gomes.

O plano da fintech, que começou por ser uma mera loja online de avaliações de empresas e evoluiu para assessoria financeira, passa ainda por avaliar cerca de 400 empresas este ano – o quadruplo de 2024 – e duplicar as transações (empresas vendidas através da sua plataforma digital) para entre 10 a 15, revelaram ao ECO os sócios fundadores da Valuing Tools. Para tal, irá contratar mais duas pessoas e chegar a uma dezena de trabalhadores.

‘Escola de avaliação e M&A’

A dupla de gestores apercebeu-se de que as empresas de menor dimensão também enfrentam problemas de sucessão e necessidades de capital, mas não podem estar dependentes de grandes consultoras com elevados honorários, portanto era preciso encurtar os seus prazos de entrega e aumentar a literacia financeira em processos de fusão, compra e venda.

“Estes processos não são claros para os donos das empresas. Avaliar uma empresa para venda é turvo e partilhar documentação com uma entidade externa requer confiança. O nosso objetivo é desmistificar através da pedagogia – quase ser uma escola de avaliação e de M&A para todos – e explicar que não é assim tão penoso”, refere António Gomes.

Simultaneamente, nessa lógica de literacia, contam com um simulador de avaliação gratuito e digital, cujo software foi desenvolvido internamente e também funciona como anzol de clientela, que já variou de avaliações de 100 mil euros para 170 milhões de euros.

A diferença perante concorrentes como a Matoaka ou a Trespasse.com é que a Valuing Tools não é um marketplace de compra e venda de empresas. Ou seja, a sua equipa de assessores financeiros apoia os gestores tanto na aquisição como na venda, mas online só é possível vender (seller side). “Antes de ir para ali [website] existe consultoria por detrás”, esclarece João Vaz Leite, reconhecendo que existe uma concorrência significativa no mercado.

João Leite, partner da Valuing Tools

A faturação, em torno dos 200 mil euros, divide-se na metade entre as duas unidades de negócio: avaliação e advisory/M&A. “80% das leads [‘encomendas’] vêm para avaliação e 20% para a componente da M&A, onde o ticket [valor] é maior e equilibra”, acrescenta o engenheiro industrial que está responsável pela componente go-to-market na Valuing Tools.

Entre os quatro principais objetivos de fazer uma avaliação empresarial, preparar a entrada de investidores ou a venda é o que os empresários mais procuram, além de reforçar o poder negocial junto de bancos e parceiros, identificar áreas críticas e oportunidades de melhoria e tomar decisões estratégicas baseadas em dados concretos.

Idealmente, deviam pensar ‘para o ano vou vender a empresa, então vou avaliá-la agora para perceber o que posso fazer para melhorar até lá, para maximizar o valor e depois então voltar a avaliar para a venda‘. Felizmente, começamos a ter mais clientes com este sentido, de planeamento da saúde operacional e comparação com o seu setor”, assinala o sócio António Gomes, confesso apaixonado pela área de corporate finance.

António Gomes, partner da Valuing Tools

Questionado sobre o mercado transacional, o cofundador e sócio João Vaz Leite mostra-se otimista em relação à segunda metade do ano. “No início do ano, houve um travão autêntico em vários setores, mas acreditamos que o segundo semestre será melhor. Julho começou com outra abordagem. Nem se sente a silly season, porque há decisões tomadas, o IRC pago… Parece que as portas se abriram”, diz.

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“Não sentimos muitos obstáculos para atrair talento” para o hub de Lisboa da Iterable, diz CTO

Samya DasSarma, chief technology officer da Iterable, esteve em Lisboa e faz o balanço da evolução do hub da unicórnio americana.

O hub de Lisboa da Iterable está já a desenvolver certas funcionalidades para a plataforma de marketing assente em IA do unicórnio americano, inclusive para o novo Agente IA, o Nova. É o único hub fora dos Estados Unidos com equipas de desenvolvimento tecnológico e de produto.

“Estamos a embarcar numa visão impulsionada pela IA para a empresa, chamada Nova. Nessa visão, há uma parte de experimentação, que permite aos nossos clientes realizar diferentes experiências na nossa plataforma usando IA. Essa camada de experimentação está a ser construída em Lisboa”, adianta Samya DasSarma, chief technology officer da Iterable, ao ECO.

Um projeto a ser acompanhado por Andrew Boni, cofundador da Iterable e até agosto CEO do unicórnio, altura em que dará lugar na presidência executiva da empresa a Sam Allen, assumindo como chief scientist.

De visita a Lisboa, o CTO não esconde o entusiasmo em torno do hub da companhia, o terceiro fora dos Estados Unidos e o único com equipas a fazer desenvolvimento tecnológico e de produto. Em setembro, altura em que assinala um ano, o hub deverá atingir as 25 pessoas. E está a recrutar.

“À nossa escala, não sentimos muitos obstáculos para atrair e reter talento neste momento. E atraímos talento não apenas de Lisboa e Portugal, mas também do exterior. Temos engenheiros vindos de diferentes países: Amesterdão [Holanda], Eslováquia e Ucrânia. Cerca de 20% da nossa equipa de engenharia são estrangeiros e 80% locais”, diz Samya DasSarma.

Samya DasSarma, Chief Technology Officer da Iterable, em entrevista ao ECO.Hugo Amaral/ECO

O objetivo é, daqui a “dois, três anos” atingir as 100 pessoas. O CTO não se mostra preocupado com um potencial impacto negativo da política mais restritiva de imigração e nacionalidade nos seus esforços de recrutamento. “Estou a prever um crescimento de mais 60-70 pessoas nos próximos dois anos. Há talento suficiente na União Europeia para que possa responder a isso“, considera.

Nem considera que o AI ACT que levou startups, VC e grupos de lobbying de tecnológicas a pedir a sua suspensãotenha particular efeito na capacidade da empresa colocar cá fora inovação, dentro dos parâmetros de regulação.

“Todas as empresas de tecnologia querem agir rápido e quebrar barreiras. E, às vezes, olhamos para esses requisitos de conformidade como atrapalhando a inovação. Acredito que esses requisitos são absolutamente necessários para proteger os consumidores e as empresas, os seus dados, a sua privacidade e tudo mais”, diz o CTO.

“Estamos a observar atentamente essas mudanças e estamos preparados no nosso pipeline de desenvolvimento para integrar essas políticas para que nossos developers não desacelerem, e possamos vender produtos às empresas que lhes permita permanecer dentro da conformidade”, afirma.

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Autárquicas em Lisboa. Carlos e Alexandra disputam eleição na ‘fábrica’ de primeiros-ministros e Presidentes

Alexandra Leitão apresentou-se como candidata em janeiro, mas só agora anuncia coligação à esquerda. Carlos Moedas esperou por quarta-feira, já com a equipa completa. Quem sorrirá a 12 de outubro?

A Câmara de Lisboa é reconhecida como berço de líderes nacionais, com dois primeiros-ministros e um Presidente da República a passarem pela cadeira do poder na Praça do Município desde 1989, antes de chegarem aos mais altos cargos da política nacional. Este ano, as personagens principais são a ex-ministra e até há poucos meses número dois do PS nacional, Alexandra Leitão, e o atual presidente de Lisboa, surpreendente vencedor em 2021, quando interrompeu um ciclo vitorioso iniciado pelo edil António Costa.

O momento que se vive atualmente, com dois blocos a formarem-se para ganhar a câmara, remete-nos para 1989. Nesse ano, e sem saberem ainda, os lisboetas tiveram no boletim de voto dois futuros chefes de Estado, com Jorge Sampaio a levar de vencida Marcelo Rebelo de Sousa, a quem nem um mergulho no Tejo o fez desaguar na Praça do Município.

A vitória de Sampaio após uma década de poder de CDS e PSD sob a liderança do democrata-cristão Nuno Krus Abecassis (que Carlos Moedas não se esqueceu de nomear na sua apresentação decorrida nesta quarta-feira, chamando-o de “inesquecível”) foi possibilitada por uma inesperada aliança à esquerda com o PCP, que precedeu em 26 anos a “geringonça” criada por outro dos autarcas da história de Lisboa, António Costa.

Há 36 anos, PS, PCP, PEV e MDP/CDE, que se candidataram unidos, tiveram 181 mil votos. Na outra frente, a coligação do PSD de Marcelo, do CDS e o PPM não passaram dos 155 mil eleitores. Dos 17 vereadores em Lisboa, ficou 9/8 para Sampaio. Quatro anos antes, na derradeira vitória de Krus Abecassis, o PSD tivera 177.439 votos, a APU 109.013 e o PS, acabado de sair da primeira derrota legislativa para Cavaco Silva, ocorrida dois meses antes, ficou pelos 71.275 votos. Somados, PS e PCP poderiam ter batido a direita por 2.800 votos, e foi isso que Sampaio percebeu em 1985 e levou para 1989.

Só a destreza política do socialista a chamar a si um feroz rival do PS – o PCP de Álvaro Cunhal (secretário-geral que daria o seu lugar a Carlos Carvalhas ainda durante esse mandato autárquico –, permitiu levar a melhor sobre a direita em 1989. Lisboa, nesses anos iniciais da pertença do país à CEE (precursora da União Europeia) já era muito diferente da de 1976, quando o CDS teve cerca de 85 mil votos, mais que os 68 mil do PPD-PSD.

Numa esquerda com várias forças, as candidaturas mais votadas foram a FEUP (antecessora da APU e depois da CDU), que juntava PCP, MDP/CDE e a Frente Socialista Popular (cisão do PS de Soares), e o Partido Socialista. A primeira somou 92 mil votos, o PS conquistou 158 mil lisboetas. A capital era claramente de esquerda.

Mas voltando a 1989, é essa dinâmica de blocos que se repete agora em Lisboa, com coligações à direita e à esquerda (a confirmação de Alexandra Leitão chegou apenas nesta quinta-feira, um dia após o lançamento da candidatura liderada por Moedas) nos boletins de voto a 12 de outubro.

O que deve ser muito medido, pesado e até responsabilizado é se, na noite eleitoral, o Partido Socialista, numa coligação progressista que exista para a cidade, não conseguir ganhar as eleições pelo diferencial de votos correspondente aos votos no PCP — isto é, se os votos do PCP, juntando-se aos votos de uma coligação de esquerda progressista, fossem suficientes para retirar a câmara à direita –, os eleitores de esquerda vão ter que saber tirar as consequências e as conclusões dessa matéria.

André Rijo

Coordenador autárquico do Partido Socialista

De um lado, a equipa encabeçada pelo ainda presidente, Carlos Moedas, numa frente com PSD, CDS e Iniciativa Liberal, apresentada nesta quarta-feira, num evento decorrido na Estufa Fria e onde não faltou Luís Montenegro, a quem Moedas nunca se dirigiu como líder do PSD, mas sim como primeiro-ministro.

Do outro, a frente de esquerda encabeçada pela socialista Alexandra Leitão, juntando PS, Livre, Bloco de Esquerda e PAN. Ainda antes de ser oficial, era já uma coligação assumida dentro do PS lisboeta, e não desmentida pelo coordenador autárquico socialista na entrevista concedida ao ECO/Local Online este mês.

Nela, André Rijo deixava uma mensagem a João Ferreira, o comunista que tem conseguido manter a força do seu partido na capital. “O que deve ser muito medido, pesado e até responsabilizado é se, na noite eleitoral, o Partido Socialista, numa coligação progressista que exista para a cidade, não conseguir ganhar as eleições pelo diferencial de votos correspondente aos votos no PCP — isto é, se os votos do PCP, juntando-se aos votos de uma coligação de esquerda progressista, fossem suficientes para retirar a câmara à direita –, os eleitores de esquerda vão ter que saber tirar as consequências e as conclusões dessa matéria”.

Na mesma entrevista, o responsável pela coordenação autárquica do PS considerava que, nas autarquias em geral, os incumbentes levam vantagem. Por isso, e sinalizando este princípio, diz que Carlos Moedas leva vantagem sobre Alexandra Leitão.

Os bairros sociais “do” Chega e o PCP em oposição à “geringonça”

Enquanto a chamada direita democrática parte associada e deixa à parte o Chega, à esquerda há um avanço quase em uníssono, faltando o PCP para fazer o pleno. Que capacidade de tomar votos às duas frentes tem um Chega em crescendo nacional e, do outro lado, um PCP que tem perdido base eleitoral? Mas que, note-se, no cenário da frente de esquerda sem a sua chancela, será o único deste espetro político a dar alternativa aos eleitores de esquerda. Duas dúvidas a esclarecer a 12 de outubro.

Para estas eleições, o PS de Alexandra Leitão acredita que a coligação de Moedas teme a força entretanto ganha pelo Chega nos chamados bairros sociais da cidade, e que nas legislativas significou, como realça ao ECO/Local Online um presidente de junta socialista, a vitória do partido de Ventura na freguesia de Marvila com praticamente o dobro do resultado do PSD.

Marvila tem uma particularidade: concentra uma dezena dos designados bairros sociais. Talvez por isso, Moedas foi prolixo a referir-se a Marvila no seu discurso de apresentação de candidatura, onde não houve referências aos Novos Tempos, vencedores em 2021, e se destacou um “Por ti, Lisboa”. No outro extremo da cidade, no bairro da Boavista, o Chega levou a melhor nas três mesas de voto.

Para 12 de outubro, o Chega optou por não propor aos lisboetas um deputado do Parlamento nacional, ao contrário do que fez em Sintra, Amadora e Seixal, por exemplo. Na capital, prefere ir a jogo com um deputado municipal, Bruno Mascarenhas, eleito em 2021 para a Assembleia Municipal de Lisboa, numa candidatura liderada pelo apresentador de televisão Nuno Graciano (falecido em 2023), com quem Ventura se cruzava nos corredores do Correio da Manhã nos seus tempos de comentador de futebol.

Com Graciano, o Chega não iria além de 10.713 votos, abaixo dos 15.054 votos do BE e dos 25.520 do PCP-PEV. E muito aquém dos 80.869 do PS-Livre e também da coligação de direita, que somou 83.163 votos e levou Moedas a presidente de câmara por uns exíguos 2.294 votos, num universo de 243 mil lisboetas que foram às urnas.

O PCP, cujos votos de 2021, somados aos de Medina, teriam valido uma governação folgada de esquerda na câmara – nas autarquias não há possibilidade de coligações a posteriori e vence quem tem mais votos – repete o nome do vereador João Ferreira, que, conforme é público e o ECO/Local Online confirmou junto de fontes socialistas, se recusa terminantemente a alinhar numa versão autárquica da “geringonça” de 2015.

Contudo, pelo menos a nível nacional, o PCP de 2021 não é mesmo de 2025, e isso poderá significar que as forças da esperada coligação de esquerda absorvam parte deste eleitorado. Desde 2021, o país passou por três eleições legislativas de emagrecimento contínuo para os comunistas, acelerado pela invasão da Rússia à Ucrânia.

Em 2019, o PCP elegeu 12 deputados para São Bento, em 2022, já com a guerra em curso, caiu para metade, baixou para quatro em 2024 e após as eleições de 18 de maio soma três, um quarto dos lugares em que se sentava no Parlamento quando João Ferreira foi eleito para o atual mandato autárquico, com o melhor resultado municipal dos comunistas desde 2005.

Facas longas a 12 de outubro

Mas mesmo sem PCP na coligação, os dados de 2021 mostram potencial para uma noite de facas longas nas sedes de campanha de PS e PSD a 12 de outubro: se o bejense Carlos perder, será a segunda vez consecutiva que o incumbente em Lisboa sai derrotado. Moedas, que nesta quarta-feira se apresentou na Estufa Fria, não poupou nas críticas aos adversários.

Sem surpresa, Alexandra Leitão recebeu o ataque mais mordaz e Moedas até se permitiu lançar um repto “a todos os socialistas moderados que saibam que em comigo têm um porto de abrigo”. Apesar de o nome da destinatária não ser proferido, para bom entendedor uma rajada de palavras bastou: “O radicalismo que já conseguiu minar grande parte do PS e que tanto prejudicou o país, e que agora querem trazer este modelo falido para a nossa Lisboa”

Ainda nas contas que se preveem para 12 de outubro, se a lisboeta Alexandra não conseguir derrotar a direita, muitos socialistas questionarão, talvez mais ainda do que a sua prestação, a escolha de Pedro Nuno Santos, então líder do partido e ainda deputado em São Bento. É que pelo caminho ficou Marta Temido, a quem alegadamente as sondagens socialistas para 2025 sorriam.

Lisboa está a ser mal governada pelo PSD e pelo presidente de câmara atual. O PS tinha de fazer a sua maior aposta. Alexandra Leitão é a líder parlamentar do PS e a figura mais importante do PS depois de mim e do presidente [do partido]

Pedro Nuno Santos

À data, secretário-geral do PS

Em outubro de 2023, a ex-ministra da Saúde, “estrela” na luta contra a pandemia, surgiu numa entrevista ao Expresso após a sua eleição para presidente da concelhia de Lisboa. Ali, era apontada como a responsável pela preparação do programa para as autárquicas de 12 de outubro próximo. Questionada sobre se gostaria de liderar o município, mostrou-se enfática: “Gostaria de ser autarca!

E mais, quando questionada se poderia ser candidata: “Se isso for importante para Lisboa e para os lisboetas sim, claramente estarei presente e não virarei costas às dificuldades e a um combate por um projeto”.

Como se sabe, a 9 de junho de 2024, Temido seguia para outra capital europeia, Bruxelas, a liderar a comitiva socialista que venceu por menos de 40 mil votos os sociais-democratas, numa desforra da vitória ainda fresca e igualmente por “poucochinho” de Montenegro sobre Pedro Nuno Santos. A vitória que tirou espaço a Moedas para uma hipotética corrida ao PSD nacional.

Já para Lisboa, Pedro Nuno optou pela sua braço-direito e explicou porquê na apresentação da candidata, em janeiro, ainda sem qualquer coligação anunciada: “Lisboa está a ser mal governada pelo PSD e pelo presidente de câmara atual. O PS tinha de fazer a sua maior aposta. Alexandra Leitão é a líder parlamentar do PS e a figura mais importante do PS depois de mim e do presidente [do partido]”.

Pedro Nuno prosseguia: “O que é para nós claro é que da esquerda à direita começa a ser muito presente a ideia de que Carlos Moedas trabalha bem a sua imagem mas não consegue resolver problemas aos lisboetas. A escolha de Alexandra Leitão tem a ver com o perfil, com a dimensão política que granjeou ao longo dos últimos anos em Portugal, em representação do PS, o perfil de realização, de concretização que ela tem, e que nos oferece a possibilidade de podermos disputar a Câmara Municipal de Lisboa”.

Moedas com a IL, Leitão associa-se ao BE

Em 2021, o boletim de voto dos lisboetas registava Fernando Medina (PS/Livre) e Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/Aliança/PPM/MPT), e ainda Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Fialho (PDR), Bruno Horta Soares (Iniciativa Liberal), João Ferreira (PCP), João Patrocínio (Ergue-te), Manuela Gonzaga (PAN), Nuno Graciano (Chega), Ossanda Líber (Somos Todos Lisboa), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Tiago Matos Gomes (Volt).

Na apresentação da candidatura de Fialho, o presidente da IL, João Cotrim Figueiredo dizia, sobre a não adesão à coligação liderada por Moedas, acreditar que os liberais seriam “capazes de retirar mais votos à esquerda, ao Partido Socialista e a Fernando Medina indo sozinhos, do que integrados numa frente eleitoral que acabará dominada pelos partidos que a compõem”.

Uma visão que Mariana Leitão, atual líder, não secunda. Numa entrevista publicada pela Lusa neste sábado, a recém-eleita presidente da IL dava nota da expectativa de estar presente em executivos autárquicos por via das coligações que fará com PSD e CDS, designadamente em Lisboa e no Porto.

Quanto ao Bloco de Esquerda, aplica-se a incógnita que vale para o PCP, mas numa interrogação ainda mais profunda, proporcional à crise visível nas últimas legislativas. Aquando das autárquicas de 2021, estavam na Assembleia da República 19 deputados bloquistas. Chegados a 2025, resta Mariana Mortágua.

Em Lisboa, nas legislativas de 2019, o BE conquistou 26.619 eleitores em Lisboa, bem acima dos resultados autárquicos ao longo do século na capital. Na eleição para a câmara em 2021, somou 15 mil, o que acentua a adesão superior dos alfacinhas ao Bloco quando se trata de legislativas.

Já a 18 de maio, a base eleitoral do partido no concelho encolheu até aos 8.500 votos, cerca de um terço do que obtivera em 2019. Num mero exercício matemático, numa proporção similar o BE não irá além dos 5.000 votos. Em 2021, até o PAN, também esperado nesta frente de esquerda, teve melhor resultado.

 

Nota: Artigo atualizado com a confirmação da coligação à esquerda, dada por Alexandra Leitão na manhã desta quinta-feira

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Mais defesa, fundo para a competitividade e clima. Os grandes números do novo orçamento europeu

Von der Leyen apresentou esta quarta-feira o plano "mais ambicioso de sempre" para a Europa, incluindo novos instrumentos e o reforço de verbas para áreas prioritárias como a defesa e a inovação.

A Comissão Europeia propôs um reforço do orçamento europeu para dois biliões de euros, para os próximos sete anos, naquele que a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, classificou como o plano “mais ambicioso de sempre”. Bruxelas reforça as verbas a gastar com defesa, inovação, ambiente, controlo de fronteiras e, até, dá maior flexibilidade aos Estados-Membros para investir em cenários inesperados. Já a agricultura “perde” 22% do orçamento.

O quadro financeiro plurianual para o período de 2028 a 2034 vai articular-se em torno de três funções fundamentais: o apoio aos Estados-membros através de planos de parcerias nacionais e regionais, apoios a empresas através do fundo de competitividade e aos parceiros através da Europa global. O bolo total do próximo orçamento de longo prazo tem de enquadrar novos desafios da União Europeia, sobretudo a defesa, bem como o pagamento da dívida emitida para financiar o Next Generation UE a partir de 2027.

Estados gerem 865 mil milhões

Os Planos de Parceria Nacionais e Regionais, com 865 mil milhões de euros, constituem a base para o investimento no quadro plurianual da UE depois de 2027. “No seu cerne, continuam a ser a coesão e a agricultura. São os pilares centrais da solidariedade europeia e do investimento no modelo europeu”, disse Ursula von der Leyen.

Ursula von der Leyen apresentou o próximo orçamento comunitário.European Union, 2025

O orçamento prevê investir 300 mil milhões de euros na agricultura. No domínio da Coesão, as verbas ascendem a 218 mil milhões de euros e na pesca a dois mil milhões de euros.

Estes planos, que vão ser geridos a nível local terão uma “forte ambição social”, com 14% dos fundos a serem destinados à inclusão, melhoria de qualificações e combate à pobreza.

Proteger a Europa: Defesa e fronteiras

Tal como já era esperado, a área da defesa teve um forte reforço do investimento. A Comissão Europeia quer alocar 131 mil milhões de euros à área da defesa e do espaço no próximo orçamento de longo prazo da União Europeia. A verba significa cinco vezes mais do que o montante destinado no atual quadro.

“Estamos a propor 131 mil milhões de euros para a rubrica defesa e espaço dentro do Fundo de Competitividade. Isto é cinco vezes o que temos hoje. Sabemos que a segurança é uma das principais preocupações dos cidadãos e dos governos e isto irá fortalecer a nossa base industrial e as nossas capacidades”, adiantou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa.

Além desta verba, Bruxelas propõe ainda 34 mil milhões de euros para a gestão da migração, o que triplica o financiamento em relação ao Quadro Financeiro Plurianual (QFP) anterior.

Fundo para Competitividade capta 410 mil milhões

O orçamento prevê ainda o Fundo Europeu para a Competitividade com cerca de 410 mil milhões de euros, que inclui a duplicação do Horizonte Europa, o programa para a ciência e a inovação.

O executivo comunitário avança também com a proposta de 200 mil milhões de euros para o Instrumento Europa Global, uma subida de 75% para responder às responsabilidades europeias a nível global”. Estas verbas irão abarcar também o apoio ao alargamento, bem como 100 mil milhões de euros para a Ucrânia (uma duplicação face ao valor atual.

Von der Leyen adiantou ainda que, pela primeira vez, o orçamento da UE irá apoiar a possibilidade dos Estados-membros investirem mais nos objetivos da UE com empréstimos de até 150 mil milhões de euros. “Iremos chamar-lhe Catalisador Europa. Os empréstimos são apoiados pelo orçamento da UE e visam prioridades europeias comuns. Poderá investir, por exemplo, na indústria da defesa, na infraestrutura energética ou em tecnologias estratégicas”, esclareceu.

Mais de um terço para o clima

O ambiente volta a ser uma prioridade. É definido o objetivo de dirigir 35% do Quadro Financeiro Plurianual na concretização dos objetivos ambientais da UE. “Isto soma cerca de 700 mil milhões de euros”, concluiu a presidente do Executivo europeu.

No documento que resume os planos orçamentais da UE quanto à transição limpa, a Comissão escreve que “este novo orçamento vai ajudar a Europa a atingir as metas ambientais propostas para 2040”, assim como a fazer o percurso até à neutralidade carbónica, que a UE quer alcançar em 2050.

Olhando aos diversos pacotes disponíveis, a Comissão espera alocar ao clima e ambiente 43% dos fundos dos Planos de Parceria Nacionais e Regionais, a mesma percentagem do Fundo de Competitividade Europeu e 40% do Quadro programático para a Investigação e Inovação. O Mecanismo Interligar a Europa vai contribuir com a maior fatia, de 70% do seu total, e o Instrumento Europa Global contribui com 30%.

Cinco novos recursos próprios

Comissão Europeia propõe arrecadar cerca de 58,5 mil milhões de euros por ano (a preços de 2025) com cinco novos recursos próprios, entre os quais um imposto sobre os lucros das grandes empresas, para ajudar a pagar o próximo orçamento de longo prazo da União Europeia.

Bruxelas propõe assim, tal como tinha feito em 2021, que as receitas do Sistema de Comércio de Licenças de Emissão da UE, com o qual espera um retorno de, em média, 9,6 mil milhões de euros por ano, sejam canalizadas para o orçamento da UE, bem como um ajustamento dos recursos gerados pelo Mecanismo de Ajustamento de Carbono nas Fronteiras (CBAM), prevendo que possa gerar cerca de 1,4 mil milhões de euros por ano, em média.

A estes dois recursos, somam-se as propostas de um recurso próprio baseado nos resíduos eletrónicos não recolhidos, do qual espera mais de 15 mil milhões de euros por ano, um imposto especial de consumo sobre o tabaco, baseado na aplicação de uma taxa sobre a taxa mínima do imposto especial de consumo específica do Estado-membro cobrada sobre os produtos do tabaco e com o qual prevê arrecadar 11,2 mil milhões de euros por ano, em média.

Paralelamente, propõe ainda uma contribuição anual única das grandes empresas, que operem e vendam na UE com um volume de negócios líquido anual de, pelo menos, 100 milhões de euros. Nas contas do executivo este imposto pode gerar cerca de 6,8 mil milhões de euros por ano, em média.

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Bruxelas revoluciona funcionamento do orçamento comunitário. Vêm aí planos nacionais e menos programas

Comissão Europeia propôs um orçamento de longo prazo de dois biliões de euros. Há 865 mil milhões para as políticas previstas nos planos e 410 mil milhões para o novo Fundo da Competitividade.

A Comissão Europeia propôs esta quarta-feira um orçamento de dois biliões de euros, o correspondente a 1,26% do Rendimento Nacional Bruto da União Europeia (UE), para financiar as suas políticas a longo prazo. Mais do que o valor global, que subiu face ao quadro atualmente em vigor, a proposta do executivo liderado por Ursula von der Leyen destaca-se por avançar efetivamente com uma revolução na forma como as verbas serão distribuídas.

O documento para o período entre 2028 e 2034 apresentado na quarta-feira à tarde por Ursula von der Leyen representa uma subida do valor global face aos 1,2 biliões de euros previstos no atual quadro financeiro plurianual, depois de intensas negociações na noite de terça-feira e quarta de manhã. No entanto, o valor ainda pode descer uma vez que a proposta é apenas um ponto de partida para as duras negociações que se advinham com o Parlamento Europeu e com os Estados-membros.

Entre os grandes números assinalam-se 300 mil milhões de euros para a agricultura, 218 mil milhões de euros para a coesão, dois mil milhões para as pescas e 131 mil milhões de euros para a área da defesa e espaço. Montantes que deverão ser alvo de contestação dos lobby.

No entanto, o grande marco da proposta é a verdadeira revolução no funcionamento do orçamento comunitário. Caso avance, a estrutura do orçamento passa de sete para quatro rubricas, de 52 para 16 programas e de 540 documentos de programação para 27 Planos de Parceria Nacionais e Regionais.

Para memória futura, há dois grandes números: 865 mil milhões de euros estarão alocados às políticas previstas nos planos e 410 mil milhões de euros para o novo Fundo Europeu para a Competitividade, que inclui o Horizonte Europa e o Fundo de Inovação.

Os planos passam a ser o principal garante da implementação da estratégia de políticas da União Europeia, com a Comissão Europeia a argumentar que permite maximizar o impacto dos fundos e serão mais simples e adaptados. Irão abranger as verbas da política de coesão, a política social, a Política Agrícola Comum (PAC), a política marítima e das pescas, a migração, a gestão das fronteiras e a segurança interna.

No seu cerne continuam a estar a coesão e a agricultura. São os pilares centrais da solidariedade europeia e do investimento no modelo europeu. Estamos a salvaguardar mais de 300 mil milhões de euros para apoio ao rendimento dos agricultores e dos pescadores. Isto inclui uma reserva agrícola duplicada, para que os meios de subsistência dos nossos agricultores sejam protegidos”, sublinhou von der Leyen.

No domínio da coesão, estão previstos no mínimo 218 mil milhões de euros de investimento nas regiões menos desenvolvidas e, pela primeira vez, existe uma meta de despesa social de 14%. Com a informação divulgada pela Comissão Europeia ainda é difícil compreender que impacto terá para os fundos que Portugal recebe.

Na prática, o objetivo dos planos é que a libertação das verbas esteja associada ao cumprimento de metas de reformas, num modelo inspirado nos Planos de Recuperação e Resiliência. No entanto, Bruxelas garante que o financiamento será desembolsado de forma a garantir que as regiões não vejam o seu financiamento cortado quando surgirem problemas relacionados com reformas pelas quais não são responsáveis.

“Os planos irão promover a convergência e reduzirão as disparidades regionais. Identificarão investimentos e reformas para responder melhor aos desafios do futuro para os Estados-membros e as nossas regiões”, assinala o executivo comunitário, que detalha que serão concebidos e executados em “estreita parceria” entre a Comissão, os Estados, as regiões, as comunidades locais e todas as outras partes interessadas pertinentes.

A estrutura do orçamento passa de sete para quatro rubricas, de 52 para 16 programas e de 540 documentos de programação para 27 Planos de Parceria Nacionais e Regionais.

Para garantir o alinhamento com os objetivos da União Europeia, Bruxelas irá emitir recomendações a cada Estado-membro sobre as áreas prioritárias necessárias. A Comissão Europeia garante ainda que cada Estado-membro poderá aceder ao mesmo montante de fundos que dispõe atualmente e haverá um montante mínimo obrigatório para as regiões menos desenvolvidas, bem como uma salvaguarda que garanta que estas receberão globalmente, pelo menos, tanto financiamento como no âmbito da atual dotação de coesão.

Segundo Bruxelas, os Estados-membros terão flexibilidade para estruturar os planos de modo a refletir as suas próprias estruturas e preferências constitucionais e administrativas. Por exemplo, podem optar por estruturar os planos com capítulos nacionais, regionais ou setoriais.

Segundo Bruxelas, os Estados-membros terão flexibilidade para estruturar os planos de modo a refletir as suas próprias estruturas e preferências constitucionais e administrativas.

Entre os argumentos defendidos por Bruxelas está que estes planos permitem uma maior flexibilidade e adaptabilidade, com a atribuição progressiva de fundos ao longo do período de programação, uma revisão mais fácil dos planos e uma reserva a nível da UE, incluindo o novo mecanismo para responder a perturbações nos mercados agrícolas, permitindo uma margem adicional para adaptação a novas prioridades e crises.

O documento divulgado pela Comissão Europeia assinala que o apoio aos agricultores e aos pescadores será “circunscrito, incluindo medidas ambientais, investimentos nas explorações agrícolas, apoio aos jovens agricultores e instrumentos de gestão dos riscos”, mas as regras de financiamento para a agricultura e as comunidades rurais “serão mais simples, nomeadamente em matéria de pagamentos, controlos e auditorias”.

Grande pote junta agricultura e coesão

Será no âmbito deste novo modelo que os fundos para a agricultura, até agora geridos através da PAC, serão centralizados nos governos, onde serão geridos juntamente com os fundos para a coesão. O Executivo português defendia que estes fundos mantivessem uma gestão separada. Numa carta enviada recentemente à entidade liderada por Ursula von der Leyen, o Governo português sustentou que coesão e agricultura devem ser fundos autónomos com financiamento adequado, marcando assim posição contra os possíveis cortes na Política de Coesão e nas verbas para a Agricultura.

Numa primeira reação ao plano apresentado por Bruxelas, o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, critica esta “nacionalização” dos fundos para a agricultura e defende que não faz sentido juntar os valores da Política Agrícola Comum com a Coesão e garante: “Portugal vai defender que é muito importante garantir fundos específicos para a agricultura”.

Portugal vai defender que é muito importante garantir fundos específicos para a agricultura.

Ministro da Economia e da Coesão Territorial

“Tem de haver uma diferenciação entre os fundos da PAC e os fundos da Coesão”, disse em declarações à RTP3. A proposta apresentada pela Comissão refere a possibilidade de serem criadas sinergias, permitindo criar “uma estratégia mais coerente para revitalizar as áreas rurais e garantir a renovação geracional”.

Bruxelas propõe um orçamento de 300 mil milhões de euros para o setor, abaixo dos 387 mil milhões de euros alocados até 2027 à Política Agrícola Comum.

O executivo comunitário refere que além da PAC, os agricultores poderão ser apoiados por outros planos, “como investimentos em zonas rurais apoiados por fundos de coesão; ferramentas de cooperação como o LEADER para desenvolver atividades de formação rural; ou apoio a reformas em benefício do setor agrícola (por exemplo, reformas fiscais para facilitar a transmissão de propriedades agrícolas ou benefícios sociais para jovens agricultores, a fim de incentivar a renovação geracional)”.

Os Estados-membros poderão ainda utilizar os montantes de flexibilidade não programados para apoiar os agricultores afetados por desastres naturais. “A ‘rede de segurança da unidade”, incluída no Instrumento da UE, permitirá à Comissão reagir rapidamente a perturbações de mercado que afetem o setor agrícola. O Instrumento da UE também permitirá que os Estados-membros recebam financiamento para desastres naturais, outras crises ou novas prioridades que possam afetar o setor agrícola”, detalha o documento divulgado pela Comissão Europeia.

A Comissão Europeia propõe ainda 131 mil milhões de euros para a defesa e cinco novos recursos próprios para financiar o orçamento, bem como um montante anual fixo para o reembolso da dívida entre 2028 e 2034, incluindo juros e capital, de 24 mil milhões de euros ao ano a preços correntes, emitida ao abrigo do Next Generation EU.

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Novobanco aprova PER das imobiliárias de Vieira que devem 140 milhões

Processos de recuperação das sociedades do antigo presidente do Benfica foram aprovados. Novobanco vai financiar empresas para 'desbloquear' venda dos terrenos e assim recuperar parte das dívidas.

O Novobanco aprovou os planos de recuperação (PER) das sociedades imobiliárias que pertenciam a Luís Filipe Vieira e cujas dívidas ascendem a mais de 140 milhões de euros. A medida visa dar algum fôlego financeiro às empresas que eram do ex-presidente do Benfica para ‘desbloquear’ a venda de ativos imobiliários e pagar as dívidas ao banco.

Em causa estão a Royal Iberia, a Overbrick e a MuscateInvest Portugal, que se encontram em situação financeira muito difícil. Sem dinheiro para funcionarem, estas sociedades imobiliárias não conseguem avançar para a venda dos terrenos de que são donos e que se encontram avaliados em dezenas de milhões de euros.

É por isso que, no âmbito dos processos de revitalização que foram aprovados pelos credores nas últimas semanas, o Novobanco – que é o maior credor das sociedades – se comprometeu a injetar dinheiro nas empresas para suportar a atividade, de acordo com os planos consultados pelo ECO. O dinheiro servirá, entre outros, para pagar as dívidas à Autoridade Tributária relativas aos terrenos e ainda despesas de funcionamento.

No caso da MuscateInvest Portugal, com dívidas de 25,1 milhões de euros, dos quais 14,7 milhões ao Novobanco e 8,6 milhões ao Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) — detido pelo banco, mas gerido por outra entidade –, a instituição financeira liderada por Mark Bourke vai emprestar 1,85 milhões. Isto permitirá abrir caminho à venda dos terrenos detidos por esta sociedade e que se encontram avaliados em 7,2 milhões, incluindo o chamado Páteos da Luz, em Tavira.

Na Overbrick, que deve perto de 40 milhões, está previsto um financiamento do Novobanco na ordem dos 400 mil euros. Esta sociedade tem ativos imobiliários avaliados em cerca de 17 milhões, destacando-se a Quinta dos Salgados, localizado em Santa Iria da Azóia.

Não foi possível reunir informação sobre os processos da Royal Iberia e ainda da sociedade Imocochão, outra empresa que era de Vieira e também está em recuperação. O Novobanco não comentou.

Novobanco recebe pelo menos 85% da venda

A expectativa é que se possa agora desencadear novamente os processos de venda destes ativos com o objetivo de pagar as dívidas ao Novobanco e restantes credores.

Os planos de recuperação foram elaborados na perspetiva “meramente indicativa” de venda dos terrenos em dois anos e por 90% do valor das avaliações realizadas em 2020. Nessa situação, o Novobanco não irá recuperar todo o dinheiro que está por saldar.

Até porque o que ficou acordado é que o banco recebe “um montante não inferior” a 85% do produto da venda de cada um dos ativos imobiliários para abater à dívida.

O montante remanescente deverá ser usado para pagar dívidas ao Fisco em primeiro lugar, seguindo-se custos com o processo de recuperação (incluindo administrador judicial, advogados e consultores), credores comuns e, no final, custos de financiamento (gestão, contabilidade, avaliações).

Estes ativos (e outros que Vieira tinha em Espanha, Brasil e Moçambique) encontram-se a ser ‘parqueados’ no FIAE que é gerido pela C2 Capital, detida pelos chineses da Gaw Capital.

Em 2017, o grupo económico do ex-presidente das águias tinha uma dívida que ascendia a cerca de 400 milhões de euros, incluindo os chamados VMOC no valor de 160 milhões da Promovalor e da Inland, que o tribunal considerou terem sido saldados por parte de Vieira com a conversão dos títulos.

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Mastercard escolhe Portugal para estrear ferramenta de diagnóstico ESG a pensar nas PME

A Mastercard traz para Portugal, em parceria com a Unicre, uma ferramenta gratuita que pretende ajudar as pequenas e média empesas a fazerem uma "autoavaliação" da sua integração de fatores ESG.

A Mastercard uniu-se à Unicre para lançar uma nova ferramenta para as pequenas e médias empresas (PME) fazerem uma avaliação do seu desempenho em termos ambientais, sociais e de governança (ESG). Desta forma, a solução gratuita pretende ajudar a que estas empresas deem o pontapé de partida no seu percurso na área da sustentabilidade.

O nosso objetivo é oferecer ao mercado uma solução dedicada e adaptada às necessidades das PME, privadas ou públicas, contribuindo para a evolução do ecossistema de apoio às empresas nas áreas ESG”, explica Inês Saltão, responsável de ESG da Unicre. Através desta ferramenta, as PME vão poder avaliar o seu ponto de partida na jornada de sustentabilidade, identificar áreas de melhoria e definir estratégias de evolução.

A solução chama-se ESG Quant e é de utilização gratuita. A empresa terá de aceder à plataforma online e preencher o inquérito com as informações solicitadas. A responsável de ESG da Unicre garante que o preenchimento dos dados requer apenas cerca de 15 minutos, e não exige formação prévia nem conhecimentos técnicos. “Trata-se de um primeiro diagnóstico, não de uma auditoria completa, e é exatamente nesse papel de ponto de partida que a ferramenta se posiciona”, esclarece Inês Saltão, já que “para muitas PME, o verdadeiro desafio é saber por onde começar, e o ESG Quant dá-lhes esse começo, estruturado e pragmático”.

Os dados solicitados procuram avaliar a integração de fatores de sustentabilidade na estratégia da empresa, a preparação e maturidade da liderança neste campo, a adaptação à regulamentação e a preparação para reporte de sustentabilidade. “Na sequência da análise destas informações, a empresa recebe um relatório com recomendações ajustadas ao seu nível de maturidade ESG”, explica Inês Saltão. É um processo que demora “poucos minutos”. As recomendações são geradas automaticamente, em poucos minutos e sem requerer análise manual. Depois são apresentadas divididas em categorias, nomeadamente estratégia, liderança, regulamentação, monitorização e reporting.

Desta forma, a plataforma ajuda a evidenciar as principais barreiras que podem estar a limitar o progresso da empresa. Com base nesse diagnóstico, os utilizadores podem definir planos de ação, promovendo uma melhoria do seu desempenho sustentável. “É, no fundo, uma ferramenta estratégica que permite às empresas darem os primeiros passos de forma confiante, informada e sem complexidade”, resume Inês Saltão. No caso dos clientes da Unicre, a empresa garante “proximidade e orientação adicional”, assim como a disponibilização futura de conteúdos.

Inês Saltão, responsável de Sustentabilidade na Unicre.

A Unicre é a primeira entidade a representar e implementar o ESG Quant a nível mundial, o que torna Portugal o primeiro mercado a acolher esta ferramenta. Nesse sentido, a Unicre entende que Portugal pode vir a servir como mercado de teste e referência para futuros lançamentos.

Apesar de alívio na regulação, Unicre deteta “interesse crescente” de PME em ESG

Confrontada com a pertinência deste tipo de ferramentas num contexto de alívio da regulação de sustentabilidade na Europa, através do pacote Omnibus, Inês Saltão entende que “a relevância de ferramentas como a ESG Quant não só se mantém, como aumenta, colocando as empresas num momento de decisão ainda mais consciente”. Isto porque, o “Omnibus pode simplificar alguns aspetos do reporte, mas não elimina a complexidade nem a exigência crescente em torno dos temas ESG, especialmente para as PME, que continuam a enfrentar desafios significativos de recursos e conhecimento técnico”.

No contexto do Omnibus, que reduziu o número de empresas obrigadas a reportar fatores de sustentabilidade, muitas PME fazem parte da cadeia de valor de empresas que terão de fazer o devido reporte, sublinha Saltão, pelo que serão chamadas a contribuir com dados. “Ter uma ferramenta que as ajude a organizar essa informação e a iniciar o seu caminho ESG continua a ser fundamental”, conclui. A ESG Quant está alinhada com as principais diretivas e regulamentos internacionais, como a Diretiva Europeia de Relato de Sustentabilidade (CSRD).

No que diz respeito ao interesse demonstrado pelas PME neste tipo de soluções, em particular após o alívio do Omnibus, Saltão afirma que existe “um interesse crescente por parte das empresas em integrar práticas ESG”, à medida que estas reconhecem o seu impacto na competitividade, no acesso a financiamento e na permanência em cadeias de valor mais exigentes. “Há mais consciência e mais vontade de agir, mas falta, muitas vezes, o apoio certo”, o que a ESG Quant vem tentar colmatar.

Em relação a metas quanto ao número de utilizadores, Inês Saltão indica que não estão definidas, pois a ferramenta não faz parte da atividade principal da Unicre. O objetivo, para já, é “contribuir para enraizar uma cultura de sustentabilidade no tecido empresarial”.

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Alemanha rejeita proposta de orçamento da UE de von der Leyen

  • Lusa
  • 16 Julho 2025

"Um aumento global do orçamento da UE é inaceitável numa altura em que todos os Estados-membros estão a fazer esforços consideráveis para consolidar os seus orçamentos nacionais, criticou o chanceler.

O governo alemão rejeitou o projeto de orçamento da União Europeia, apresentado esta quarta-feira pela Comissão Europeia, para o período 2028-2034 de dois biliões de euros.

Um aumento global do orçamento da UE é inaceitável numa altura em que todos os Estados-membros estão a fazer esforços consideráveis para consolidar os seus orçamentos nacionais. Por conseguinte, não poderemos aceitar a proposta da Comissão”, lê-se no comunicado emitido pelo chanceler Friedrich Merz.

“Também não apoiamos a tributação adicional das empresas proposta pela Comissão Europeia”, refere o comunicado, numa reação ao projeto de orçamento para o período 2028-2034. A Europa está a enfrentar desafios históricos aos quais o próximo quadro financeiro deve dar resposta.

“Temos de melhorar a nossa competitividade e estar preparados para a defesa. A Europa deve ser capaz de atuar globalmente”, acrescenta o comunicado do Governo alemão, que reconheceu o empenho da Comissão na “reforma” e a vontade de estabelecer “novas prioridades”.

“Esta é a direção certa para tornar a Europa forte para o futuro”, concluiu o comunicado. A Comissão Europeia propôs um orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo, até 2034, de dois biliões de euros, acima dos 1,2 biliões do atual quadro, que inclui mais contribuições nacionais e novos impostos.

“O próximo QFP [Quadro Financeiro Plurianual] será um ambicioso orçamento da UE com uma dimensão total de dois biliões de euros”, anunciou o comissário europeu do Orçamento, Piotr Serafin, falando numa audição no Parlamento Europeu antes da apresentação oficial da proposta à imprensa em Bruxelas.

Após várias horas de negociações entre os comissários europeus, foi apresentado o primeiro pacote de proposta sobre o próximo QFP 2028-2034, com um envelope total de dois biliões de euros em autorizações (a preços correntes), assente em contribuições nacionais (com base no rendimento bruto nacional) de 1,26%.

O atual orçamento da UE a longo prazo é de 1,21 biliões de euros (o que inclui cerca de 800 mil milhões de euros a preços correntes do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que financia os PRR), envolvendo contribuições nacionais de 1,1%.

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Cadeia do Goldman Sachs explora novo hotel em Sintra

  • ECO
  • 16 Julho 2025

Grupo Mais começou já as intervenções no terreno para avançar com a construção do hotel que vai ser explorado pela cadeia B&B Hotels. Conclusão da obra no final de 2026.

O Grupo Mais vai avançar com um novo hotel em Sintra, já aprovado pela Câmara Municipal, que vai ser explorado pela B&B Hotels, marca da cadeia francesa de hotelaria controlada pelo Goldman Sachs. As obras já começaram e deverão estar concluídas no final de 2026, num investimento global da ordem dos 8,5 milhões de euros.

Depois de Setúbal, o grupo promotor imobiliário Grupo Mais, liderado pelo empresário Rafael Coelho, vai assim desenvolver um novo projeto com fins hoteleiros na zona da Abrunheira, em Sintra. Será um hotel com 115 quartos.

Fundado em 2015, o Grupo Mais iniciou a sua atividade na área da mediação imobiliária, com a abertura de várias agências sob a marca Imóveis Mais, localizadas em Fátima, Ourém, Leiria e Santarém. Atualmente, o Grupo Mais dedica-se à construção de edifícios residenciais em diversos pontos do país, com o compromisso de oferecer apartamentos modernos, bem projetados e a preços mais justos. E tem empreendimentos já concluídos ou em desenvolvimento em locais como Fátima, Leiria, Nazaré, Montijo e Setúbal.

Por seu lado, a rede francesa B&B Hotels conta com 600 unidades na Europa e tem vindo a apostar em Portugal onde já está a gerir 12 unidades hoteleiras de norte a sul do país. Os planos da cadeia para “os próximos anos” é ainda somar outras “oito unidades” em Portugal.

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EUA anunciam acordo para parar ataques israelitas contra a Síria

  • Lusa
  • 16 Julho 2025

Israel efetuou múltiplos ataques na Síria, dois na capital, Damasco, contra o quartel-general do exército sírio e outro junto ao palácio presidencial.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou um acordo para parar já esta quarta-feira à noite os bombardeamentos de Israel contra a Síria. “Entrámos em contacto com todas as partes envolvidas nos confrontos na Síria. Acordámos medidas específicas que porão fim esta noite a esta situação preocupante e assustadora”, adiantou o chefe da diplomacia norte-americana nas redes sociais.

Após os últimos bombardeamentos israelitas em Damasco, o Governo sírio acusou Israel de ser responsável por uma “perigosa escalada e pelas consequências” das hostilidades. Israel efetuou múltiplos ataques na Síria, dois na capital, Damasco, contra o quartel-general do exército sírio e outro junto ao palácio presidencial.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) relatou pelo menos dois ataques de aviões israelitas na cidade de Sweida, no sul da Síria.

Antes do anúncio de Rubio, o governo sírio e líderes da minoria religiosa drusa, apoiada por Israel, anunciaram um novo cessar-fogo, após dias de confrontos que ameaçaram desestabilizar a transição política pós-guerra do país do Médio Oriente.

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Lamas da ETAR da Lactogal vão ser exportadas para operador em Espanha

  • Lusa
  • 16 Julho 2025

Depois da descarga da Lactogal no rio Onda, que interditou banhos em duas praias, o Governo indica que a empresa vai avançar com a exportação imediata das lamas para um operador em Espanha.

As lamas da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Lactogal, em Vila do Conde, serão exportadas para um operador licenciado em Espanha para evitar a poluição da água dos rios e do mar, anunciou esta quarta-feira o Governo.

Em comunicado, o Ministério do Ambiente e da Energia informou que a solução encontrada permitirá “resolver a acumulação crítica de resíduos, com total conformidade legal e proteção ambiental garantida”.

Na sexta-feira, as praias de Labruge [em Vila do Conde] e Angeiras Norte [Matosinhos] foram interditadas a banhos, devido a “alteração significativa” da qualidade da água do rio Onda, segundo resultados preliminares da análise da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), “presumivelmente associada” a descargas da empresa Lactogal em Vila do Conde, no distrito do Porto. A interdição foi levantada na segunda-feira.

Em comunicado, o Governo assinala a solução a que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Lactogal chegaram, com a exportação imediata das lamas, relevando ainda que, “em paralelo, decorre processo para viabilizar solução nacional de tratamento, com operadores licenciados, que assegure resposta estrutural e sustentável a médio prazo”.

“O Governo pugnou por resposta urgente, legalmente enquadrada e ambientalmente segura à situação crítica da acumulação de lamas na ETAR da Lactogal de Vila do Conde, garantindo o cumprimento das normas ambientais e a proteção da saúde pública”, lê-se ainda na nota de imprensa.

O comunicado refere ainda que a ministra do Ambiente e Energia (MAEN), Maria da Graça Carvalho, reuniu com a administração da Lactogal, na sequência das diligências desencadeadas pela APA e das reuniões técnicas realizadas entre a APA e a empresa, nos dias 14 e 15 de julho. “À empresa de Vila do Conde foi transmitido que o Governo exige uma solução imediata, responsável e em conformidade com a lei, tendo sido comunicada a intenção conjunta de avançar com uma resposta operacional de curto prazo”, lê-se ainda.

Ainda no encontro, o MAEN foi informado da decisão de avançar com “a exportação das lamas para a empresa espanhola Agroamb Prodalt SL, devidamente licenciada para a receção e tratamento deste tipo de resíduos” e que a operação “decorrerá ao abrigo da classificação europeia de resíduos “laranja”, cumprindo integralmente a legislação comunitária e nacional aplicável a resíduos perigosos”, acrescenta o comunicado.

A APA assegurará o acompanhamento técnico e administrativo necessário, incluindo o apoio no preenchimento e tramitação do Movimento Transfronteiriço de Resíduos (MTR), esclarecimentos legais e técnicos e a agilidade processual para garantir uma resposta eficaz e ambientalmente segura, destaca a publicação.

Citada pelo comunicado, a ministra assinalou que “a proteção ambiental exige decisões concretas e espírito de cooperação. Esta resposta traduz exatamente isso: uma solução responsável e imediata, construída com diálogo entre a Lactogal e a Agência Portuguesa do Ambiente”.

O Governo fez saber também que, em paralelo, a empresa “deu início à identificação de operadores nacionais com capacidade para tratar as lamas da ETAR, com o objetivo de desenvolver uma solução alternativa, de base nacional e ambientalmente sustentável, reduzindo a dependência de soluções externas.

O ministério informou que “continuará a acompanhar de perto o processo, em articulação com a APA, garantindo o cumprimento de todas as obrigações ambientais e promovendo uma gestão de resíduos mais resiliente, eficaz e transparente”.

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Assembleia da República volta a reunir-se em plenário a 17 de setembro

  • Lusa
  • 16 Julho 2025

A eleição do novo provedor de Justiça, que estava prevista para quinta-feira, no último plenário antes da interrupção dos trabalhos parlamentares para férias de verão, foi adiada para setembro.

A conferência de líderes agendou, esta quarta-feira, para 17 de setembro a primeira reunião plenária da Assembleia da República após as férias do verão, que acontecerá sete dias depois da reunião da comissão permanente do parlamento.

Estas marcações da Comissão Permanente do parlamento para 10 de setembro e do primeiro plenário para 17 do mesmo mês foram transmitidas aos jornalistas pelo porta-voz da conferência de líderes, o deputado social-democrata Francisco Figueira.

Tal como se esperava, Francisco Figueira confirmou que a eleição do novo provedor de Justiça, que estava prevista para quinta-feira, no último plenário antes da interrupção dos trabalhos parlamentares para férias de verão, foi adiada para setembro. “Não foi apresentada nenhuma candidatura e, como tal, não haverá votação na quinta-feira”, referiu o porta-voz da conferência de líderes.

O nome do substituto de Maria Lúcia Amaral na Provedoria de Justiça deverá ser proposto pelo PS e terá de alcançar uma aprovação por dois terços dos votos dos deputados, implicando assim uma negociação dos socialistas com o PSD e o Chega. Com a posse em junho do novo Governo PSD/CDS, liderado por Luís Montenegro, a até então Provedora de Justiça, a constitucionalista Maria Lúcia Amaral, passou a desempenhar as funções de ministra da Administração Interna.

Esta mudança tornou por isso prioritária do ponto de vista político a escolha pela Assembleia da República do sucessor de Maria Lúcia Amaral à frente da Provedoria de Justiça, a instituição responsável por receber queixas de cidadãos que vejam os direitos fundamentais violados.

Ouro ponto discutido em conferência de líderes foi a proposta do PS para ouvir em breve no parlamento a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, o que não foi possível agendar. Como solução de último recurso, o PS propôs a realização da audição com a ministra da Saúde, em sede de comissão, para o próximo dia 28 – uma altura já depois da data prevista para a interrupção dos trabalhos parlamentares.

No entanto, segundo o porta-voz da conferência de líderes, numa alusão ao PSD, “não houve consenso para que a audição fosse realizada nessa data”.

“O Regimento da Assembleia da República impõe que haja consenso para que isso aconteça. E não houve consenso para esse efeito”, frisou Francisco Figueira.

Já sobre a polémica causada pelo facto de o líder do Chega, André Ventura, ter lido em plenário, no parlamento, na semana passada, uma lista de nomes de crianças estrangeiras e frequentar escolas portuguesas, Francisco Figueira assumiu que o assunto foi debatido nesta reunião a conferência de líderes.

“O assunto foi abordado, mas sem nenhuma conclusão. Cada partido manifestou aquilo que entendeu quanto a essa questão. Quer o presidente da Assembleia da República que se encontrava exercício nesse momento [o socialista Marcos Perestrello), quer o presidente da Assembleia da República [José Pedro Aguiar-Branco], pronunciaram-se quanto a essa questão, mantendo a posição que antes já tinham tomado”, referiu.

Sobre este assunto, José Pedro Aguiar-Branco declarou na semana passada que os nomes próprios dos menores “não eram identificáveis”, não tendo existido uma violação do ponto de vista jurídico e constitucional. “Foi a interpretação que o presidente da Assembleia da República em exercício, Marcos Perestrello, fez e que eu acompanho no que diz respeito ao enquadramento que deu ao tema daquele momento”, acrescentou.

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