Limitação no acesso a ‘chips’ dificulta captação de uma Gigafábrica de IA para Portugal

Bruxelas reconhece que restrições a Portugal no acesso a 'chips' são "considerações práticas relevantes" para qualquer projeto tecnológico. Mas admite que o país também tem outros pontos a favor.

Portugal parte em desvantagem na corrida às novas Gigafábricas de IA. A Comissão Europeia admite que as restrições impostas ao país pelos EUA, que limitam o acesso aos processadores necessários para o treino e uso de modelos de inteligência artificial (IA), são “considerações práticas relevantes” para qualquer grande projeto tecnológico, podendo assim prejudicar a viabilidade de avaliar uma eventual candidatura nacional. Porém, Bruxelas também admite que Portugal tem aspetos positivos “importantes”, pelo que incentiva a apresentação de candidaturas.

A equipa de Ursula von der Leyen pretende viabilizar a construção de, pelo menos, cinco Gigafábricas de IA na União Europeia (UE) com subsídios e outros apoios, em regime de parcerias público-privadas. Até 20 de junho, está em curso uma consulta não vinculativa ao mercado para aferir o interesse de consórcios privados em darem corpo a esta ambiciosa iniciativa. Serão necessários investidores com bolsos fundos, pois cada gigafábrica exigirá um investimento entre três e cinco mil milhões de euros, estima a Comissão.

Estas Gigafábricas de IA “serão instalações de grande escala dedicadas ao desenvolvimento e treino de modelos de IA complexos, com centenas de biliões de parâmetros”, e terão mais de 100 mil processadores avançados de IA cada uma. No entanto, em janeiro, Portugal foi alvo de novas restrições à compra de processadores avançados de IA por parte da anterior administração norte-americana. A decisão ainda será reavaliada, como noticiou o ECO em abril, mas poderá prejudicar uma eventual candidatura portuguesa, na medida em que, a confirmar-se, o país fica impedido de comprar mais de 50 mil processadores por um período de dois anos.

A desvantagem de Portugal é ainda agravada pelo facto de Estados-membros como Espanha, França e Itália terem escapado a esta limitação. Questionada sobre se as limitações impostas pelos EUA representam uma potencial desvantagem para trazer uma Gigafábrica de IA para Portugal, na medida em que a empresa norte-americana Nvidia fabrica os chips de IA mais avançados do mercado, fonte oficial da Comissão mostra-se preocupada com o assunto e sinaliza que sim, embora sublinhe que tal não deve desmotivar nenhuma candidatura à partida.

“A avaliação das propostas durante o futuro concurso oficial será baseada nos méritos intrínsecos consoante o que for definido nessa altura. Apesar de os fatores externos como o acesso à cadeia de abastecimento serem considerações práticas relevantes para qualquer grande projeto tecnológico, não impedem nenhum Estado-membro de participar nesta fase exploratória inicial”, responde ao ECO fonte oficial da Comissão Europeia.

A mesma fonte explica ainda que não existe nenhuma localização definida neste momento. “Em última análise, a seleção no concurso formal será baseada no mérito geral e viabilidade das propostas submetidas, não apenas na localização proposta”, refere, reconhecendo, contudo, que “a localização em si será um elemento importante a ser considerado no contexto de cada proposta”. Mas não existem “quotas por país” nem nenhum critério geográfico a ser considerado neste momento, assegura a Comissão Europeia. No fundo, “muitos outros critérios serão tidos em conta” além do país da candidatura, remata.

Apesar de os fatores externos como o acesso à cadeia de abastecimento serem considerações práticas relevantes para qualquer grande projeto tecnológico, não impedem nenhum Estado-membro de participar nesta fase exploratória inicial.

Fonte oficial da Comissão Europeia

Restrição dos EUA afugenta investidores

Portugal vinha a captar o interesse de investidores estrangeiros na área dos data centers, devido à disponibilidade de energia renovável a preços acessíveis e à proximidade aos cabos submarinos. E esses fatores podem acabar por favorecer Portugal: “Parâmetros como o acesso a energia renovável e uma rede de conectividade robusta são indiscutivelmente importantes para infraestruturas de larga escala como as Gigafábricas de IA e serão elementos relevantes dentro das propostas detalhadas a serem avaliadas numa fase posterior”, garante a Comissão Europeia.

Contudo, há já um exemplo de como o impacto negativo das restrições dos EUA poderá acabar por se sobrepor a todos os outros aspetos positivos do país. Na semana passada, a Merlin Properties, uma promotora imobiliária espanhola que está a construir um data center na região de Lisboa — em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira — em conjunto com uma empresa norte-americana, a Edged Energy, decidiu cortar a capacidade da infraestrutura para um terço do que estava inicialmente previsto.

Como se não bastasse, a redução da ambição da Merlin em Portugal irá ser compensada com um reforço da aposta da empresa em Madrid, um mercado concorrente. “Tirámos 72 MW [megawatts] que iríamos instalar em Portugal e acrescentámos 78 MW aos ativos localizados em Madrid”, disse na assembleia geral de acionistas o diretor executivo da Merlin, Ismael Clemente, citado pela imprensa espanhola.

De resto, a Comissão Europeia assume ter “fortes preocupações sobre potenciais efeitos negativos” do cerco americano às exportações de chips, na medida em que estes componentes “permitem o desenvolvimento de aplicações e sistemas de IA de ponta”. “A UE e os seus Estados-membros têm um interesse legítimo em desenvolver IA segura, resiliente e fiável em benefício dos nossos cidadãos e economia”, diz ao ECO fonte oficial.

“Acreditamos que é também do interesse dos EUA, do ponto de vista económico e de segurança, que a UE compre chips de IA avançados aos EUA: nós cooperamos de perto, em particular no campo da segurança, e representamos uma oportunidade económica para os EUA, não um risco de segurança. Estas restrições são também um potencial impedimento à cooperação em IA e suas aplicações entre as empresas dos EUA e da UE e instituições de investigação”, aponta Bruxelas, pelo que a Comissão espera para discutir “construtivamente” este assunto com a nova Administração Trump, depois de já ter apresentado “as suas preocupações” às autoridades norte-americanas.

Depois do período de manifestação de interesse para a captação de Gigafábricas de IA, a Comissão Europeia irá discutir com os consórcios interessados e aprofundar as propostas, que, nesta fase, já requerem um certo nível de detalhe, incluindo uma análise dos clientes-alvo e exigências de mão de obra. Depois, a Comissão espera poder lançar oficialmente o concurso no final deste ano.

Para já, sabe-se que, pelo menos, a PortugalDC, uma associação que representa mais de uma centena de entidades ligadas ao setor dos data centers, está a iniciar esforços preliminares para tentar mobilizar uma candidatura nacional, em resposta a um repto lançado pelo CEO do Banco de Fomento, Gonçalo Regalado, durante uma reunião com a associação no Ministério da Economia. Contactado no mês passado, o Banco de Fomento ainda não deu qualquer resposta ao ECO sobre este assunto.

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Todos contra Montenegro num debate que quase esqueceu a economia

Ao fim de quase duas horas e meia de discussão, em que a Spinumviva e a imigração transpiraram do arranque da campanha, só os liberais mostraram abertura para conferir estabilidade governativa à AD.

Poucos dias depois de o INE ter confirmado que a economia portuguesa contraiu no primeiro trimestre deste ano, face aos últimos três meses de 2024, e com as contas públicas e a vida das empresas prestes a serem pressionadas pela guerra comercial e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, os temas económicos passaram quase ao lado do debate de domingo à noite em que participaram os oito líderes dos partidos com representação parlamentar. Ao fim de quase duas horas e meia de discussão, em que a Spinumviva e a imigração ‘transpiraram’ do arranque da campanha, no palco televisivo foram quase todos contra Luís Montenegro, que lidera as sondagens e confirmou que só poderá contar com os liberais como governar com maior estabilidade.

O caso da Spinumviva, que conduziu à queda do Governo depois do chumbo parlamentar de uma moção de confiança, dominou a primeira parte do debate, em que Pedro Nuno Santos insistiu que Luís Montenegro “não tem credibilidade e idoneidade para o cargo que ocupa”, em que o Chega garantiu que não deixará cair uma comissão de inquérito na próxima legislatura e em que o candidato da AD repetiu que fez “tudo de boa-fé”.

Ao fim de várias rondas, Montenegro quis encerrar o caso ao concluir que “nenhuma destas sete personalidades se vai sentir algum dia esclarecida” porque “o objetivo é a luta política pura e dura”. Tal como viria a demonstrar noutras matérias, em que mostrou ser o mais próximo da coligação de direita, só a Iniciativa Liberal lamentou que nenhum partido tenha “interpretado o interesse do país” de não ir a eleições, com Rui Rocha a atirar mesmo que “a IL está disponível para assegurar ao país que tem condições para quebrar um ciclo político” de instabilidade.

No tema da imigração, que marcou o fim de semana depois de o Governo anunciar que nas próximas semanas milhates de imigrantes terão de sair do país por estarem em situação irregular, ficaram bem vincadas as diferenças entre a esquerda e a direita, embora o secretário-geral socialista tenha assinalado que o Executivo apenas está a “aproveitar o trabalho normal da AIMA para proveito próprio” e que “nunca nenhum primeiro-ministro fez gáudio ou revelou ter prazer em expulsar imigrantes”. Pedro Nuno Santos acusou Montenegro de “eleitoralismo na sua disputa com o Chega”, mas André Ventura puxou dos galões do Chega ao lembrar que o PSD votou contra as suas propostas para introduzir quotas e realizar um referendo e que há um ano foi “o único partido a dizer que este era um problema sério”.

Na resposta, Montenegro acusou o rival socialista de ter uma posição em ziguezague sobre a imigração e defendeu que “a lei é para cumprir” e que “aqueles que não cumprem as regras têm de ter uma consequência para o incumprimento”. “O PS deixou-nos uma situação de balbúrdia efetiva. O PS não sabia quem estava efetivamente no país”, acrescentou, considerando que “o que está a acontecer hoje é o desenvolvimento de um processo de normalização”. “Há 177 mil que foram notificados, mas não apareceram. Não se sabe onde estão, alguns deles até terão abandonado, e há algum tempo, o país. Como não havia organização e o PS decidiu escancarar a porta e não controlar, não há hoje essa possibilidade”, completou.

“Falhanço” do Governo na saúde e habitação. Pedro Nuno não escapou a críticas

A crise na saúde e habitação também foi usada como arma de arremesso por todos os partidos da oposição contra Luís Montenegro. No entanto, o primeiro-ministro quis destacar a obra feita com o aumento da capacidade de resposta no SNS e a entrega de casas. Montenegro começou por afastar “um falhanço” do Executivo na implementação do plano de emergência do SNS, que disse ter sido executado em 80%, ainda que tenha reconhecido que se trata de “uma política em execução com muitas dificuldades porque o ponto de partida era calamitoso”.

Perante os argumentos invocados, o líder do PS concluiu que Montenegro “está em negação” sobre o SNS e acusou até o Governo de desviar recursos do público para o privado, notando que se fosse dada maior autonomia aos gestores públicos seria possível evitar as parcerias público-privadas (PPP). O líder do Chega fez mira à AD, mas também ao PS, gracejando que Montenegro e Pedro Nuno “parecem aliens que chegaram agora a Portugal e não têm nada a ver com o que se passa”.

Já a Iniciativa Liberal avisou o PSD que “não é aceitável” que privados e setor social só sejam alternativas depois de os utentes passarem por “meses de sofrimento” pela falta de resposta do SNS e avisou para uma “divergência fundamental” para um eventual acordo pós-eleições: “a AD diz que é o SNS que está no centro do sistema de saúde; para nós são os portugueses que estão no centro”, resumiu.

À esquerda, Bloco e PCP defenderam o reforço do SNS, a contratação de mais profissionais e a valorização dos seus salários. E o Livre quer criar “programa Regressar Saúde” para atrair médicos e enfermeiros portugueses que emigraram, para “as unidades locais de saúde ULS de modelo B, públicas”, indicou Rui Tavares.

No setor da habitação, Montenegro foi igualmente alvo de duras críticas, embora o líder do PS tenha até reconheceu que, no ponto de ser “preciso construir mais”, se aproxima da AD. Ainda assim, Pedro Nuno argumentou que a reversão de restrições ao Alojamento Local fez “aumentar a pressão do lado da procura”, com Montenegro a ripostar que “ninguém deu uma machadada maior no mercado de arrendamento do que o PS” e a enumerar as conquistas do Governo: “Mais do que duplicámos o objetivo de construção e reabilitação na esfera pública, passámos de 26 mil para 59 mil casas. Estamos a trabalhar com Banco Europeu de Investimento para obter uma linha de financiamento para autarquias”, salientou.

Muitos projetos de habitação dirigidos à classe média não avançam por questões fiscais. Os portugueses são sujeitos a um martírio até conseguirem o licenciamento de uma casa.

Rui Rocha

Presidente da Iniciativa Liberal

Do lado do PS, Pedro Nuno Santos acenou com uma solução que consta do programa eleitoral socialista: “Defendemos uma conta-corrente do Estado não apenas com os lucros da CGD, mas também com verbas do Orçamento do Estado para que as autarquias construam casas que as pessoas possam pagar ou arrendar”. O socialista destacou que “a regulação do mercado é importante”, mas afastou-se das soluções à sua esquerda: o controlo das rendas proposto pelo BE, ou o alargamento dos contratos de arrendamento para 10 anos, como sugere o PCP, podem ter um “efeito perverso” no médio e longo prazo.

Lamentando que o Estado não esteja a conseguir executar as verbas disponíveis para aumentar a construção pública, o líder da Iniciativa Liberal insistiu na proposta para baixar para 6% o IVA da construção, alegando que “muitos projetos dirigidos à classe média não avançam por questões fiscais”. Outra solução dos liberais passa pela simplificação, com Rocha a dizer que “os portugueses são sujeitos a um martírio até conseguirem o licenciamento de uma casa”.

Economia quase desaparecida do debate (e Montenegro agradeceu)

Foi já na reta final do debate, com escassos dez minutos para discussão, que a economia entrou em cena. Numa breve troca de argumentos, Luís Montenegro defendeu o desempenho da economia portuguesa, enquanto Pedro Nuno Santos considerou que as previsões do Governo terão de ser revistas em baixa.

O crescimento da economia portuguesa desacelerou para 1,6% no primeiro trimestre em termos homólogos, contra uma expansão do PIB de 2,8% nos três meses precedentes. O cenário traçado pelo INE fica mais cinzento quando a comparação é feita em cadeia. Aí, o PIB contraiu-se 0,5% no arranque do ano, após um crescimento de 1,4% no último trimestre de 2024, resultado do contributo nulo da procura interna (após ter sido positiva nos últimos três meses de 2024) e do contributo negativo da procura externa líquida.

A desaceleração já era esperada pela generalidade dos economistas, uma vez que o quarto trimestre registou um forte crescimento, apoiado em larga medida no consumo. Contudo, os dados do INE surpreenderam, com as taxas a fixarem-se abaixo das expectativas. No debate televisivo, porém, o primeiro-ministro recusou a “expressão” de contração da economia. “Não é aplicável à economia portuguesa, estamos num bom momento da economia”, afirmou, com o moderador Carlos Daniel a sublinhar que a contração do PIB é uma expressão técnica.

Legislativas 2025, debate com todos os partidos na RTP. Luís Montenegro (PSD), Pedro Nuno Santos (PS) e André Ventura (Chega)Pedro Pina - RTP 4 Maio, 2025

Montenegro desvalorizou a questão e atribuiu os resultados “ao último trimestre de 2024”, sublinhando que este “teve uma taxa de crescimento muitíssimo elevado” e que “não tem paralelo” desde a entrada no Euro, “com exceção da pandemia”. “Temos todas as condições para chegar ao final com todas as nossas estimativas cumpridas. Evidentemente que temos de ser prudentes, mas também temos de ser ambiciosos”, garantiu, considerando que a redução do IRS e o do IRC permite criar condições para mais investimento. “Mantenho o otimismo independentemente de estar consciente das incertezas que a situação internacional acarreta”, afirmou o líder da AD.

Um otimismo que não é partilhado pelo líder do maior partido da oposição. Para Pedro Nuno Santos, o crescimento é “outra das áreas em que Luís Montenegro falhou”, apontando os dados do INE como sintomáticos disso mesmo. “Não dá para celebrar. O crescimento económico para 2025 já vai ter de ser revisto em baixa, o que torna o programa da AD uma impossibilidade completa. É uma mentira”, atirou o líder do PS. Pedro Nuno Santos defendeu, por isso, que o programa socialista “é mais realista porque custa metade e está mais adaptado a um cenário de incerteza económica”.

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Recorde os principais momentos do debate de quase todos contra um

Frente-a-frente com os oito líderes partidários com assento parlamentar dominado pelo 'caso Spinumviva'. Imigração foi tema quente num debate onde habitação e SNS também estiveram em cima da mesa.

No dia do arranque oficial da campanha para as legislativas de 18 de maio teve lugar o debate com os oito líderes partidários com assento no Parlamento. O encontro agendado para as 21h30, durou mais de duas horas, e foi transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir das instalações da Nova School of Business and Economics (Nova SBE) em Carcavelos, no distrito de Lisboa.

O debate acontece numa altura em que o ‘caso Spinumviva’ entrou em força na campanha, com desenvolvimentos recentes sobre a lista de clientes da empresa. Mas não foi tema único esta noite. A anunciada expulsão de 18 mil imigrantes ilegais nas próximas semanas também esteve em cima da mesa, assim como o SNS e a habitação. De economia pouco se falou.

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Seguro só cobre perdas de exploração do apagão se houver dano no material

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

Seguradoras excluem compensações por paragens de produção se não houver dano material direto. Coberturas variam caso a caso.

A corretora de seguros MDS veio esclarecer que as consequências económicas do recente “apagão” que afetou parte significativa das infraestruturas elétricas e tecnológicas em Portugal não estão automaticamente cobertas pelos seguros padrão, incluindo o que diz respeito a perdas de exploração.

“A redução, ou paragem total de produção ou prestação de serviços, os quais, não tendo como origem um dano material nas próprias instalações do segurado, não terão por tal enquadramento no âmbito da cobertura de Perdas de Exploração”, explicou fonte oficial da MDS. Na prática, se uma empresa não sofreu um dano físico direto – como uma máquina danificada por uma descarga elétrica – mas apenas ficou inoperacional devido à interrupção da rede, dificilmente poderá acionar o seguro por essa via.

No campo dos danos materiais, a MDS indica que os prejuízos causados por efeitos diretos de corrente elétrica em máquinas, transformadores, aparelhos ou instalações elétricas podem estar cobertos, mas apenas se a apólice de seguros patrimoniais incluir a cláusula de Riscos/Danos Elétricos, estando ainda sujeitos a franquias específicas. Já os stocks de bens refrigerados que se tenham deteriorado poderão estar protegidos ao abrigo da cobertura de Deterioração de bens refrigerados, também dependente do contrato.

Ainda assim, a corretora sublinha a aplicação destas coberturas “não é automática, devendo por isso serem lidos os clausulados caso a caso”

Quanto aos seguros de viagem, a MDS é clara: os efeitos do “apagão” são tratados como acontecimentos raros e, tal como sucedeu com a pandemia de covid-19, as consequências não estão abrangidas pela maioria das apólices standard. Não obstante, existem contratos que preveem compensações por cancelamentos ou atrasos de viagens provocados por falhas na rede elétrica ou tecnológica.

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Royalties musicais atraem investimento de seguradoras

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

Direitos musicais de Katy Perry, Keith Urban e Benny Blanco entram no interesse das seguradoras por ativos de longo prazo com fluxos de rendimento estáveis.

A Carlyle Group está a ultimar a venda de 464 milhões de dólares em obrigações garantidas por direitos musicais de artistas como Katy Perry, Keith Urban e Benny Blanco, numa operação que contou com forte interesse por parte de companhias de seguros e gestores de ativos ligados ao setor segurador, avançou o Insurance Business.

Os direitos musicais de artistas como Katy Perry, entram como garantia de obrigações subscritas por seguradoras.

De acordo com uma fonte próxima do processo, mais de uma dúzia de investidores, incluindo seguradoras, vão participar nesta transação. A emissão tem uma maturidade de 40 anos, com reembolso antecipado previsto ao fim de cinco anos, e está garantida por um portefólio musical avaliado em mais de 750 milhões de dólares. O produto da venda será utilizado para refinanciar dívida existente e distribuir um dividendo aos acionistas da Litmus Music, a plataforma criada pela Carlyle em 2022 com um compromisso de investimento de 500 milhões de dólares, entre capital próprio e dívida.

O interesse das seguradoras por este tipo de operação insere-se na estratégia de diversificação e procura por ativos de longo prazo com fluxos de rendimento estáveis, características valorizadas especialmente no segmento de seguros de vida, produto em que as seguradoras têm compromissos a longo prazo.

O mercado de financiamento baseado em direitos musicais tem ganho tração entre investidores institucionais, apoiado no crescimento das plataformas de streaming e na estabilidade das receitas geradas por catálogos com histórico comprovado. Em 2024, a Hipgnosis Song Management, apoiada pela Blackstone, concretizou uma emissão de 1,47 mil milhões de dólares com base em catálogos de artistas como Red Hot Chili Peppers e 50 Cent. No mesmo ano, Ares Management e HPS Investment Partners participaram num financiamento privado para apoiar a aquisição da Global Music Rights, uma entidade de gestão de direitos sediada em Los Angeles.

Apesar de algum abrandamento no crescimento do streaming e da descida nos preços de aquisição de catálogos, os investidores continuam a considerar os royalties musicais como um ativo relativamente resiliente à volatilidade dos mercados financeiros tradicionais.

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Petrolífera britânica Shell avalia aquisição da BP

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A petrolífera Shell está a avaliar uma potencial aquisição da BP, embora esteja a aguardar novas quedas nas ações e no preço do petróleo antes de decidir se fará uma oferta.

A petrolífera Shell está a trabalhar com consultores para avaliar uma potencial aquisição da BP, embora esteja a aguardar novas quedas nas ações e no preço do petróleo antes de decidir se fará uma oferta. A informação foi avançada pela Bloomberg, que cita pessoas familiarizadas com o assunto.

A gigante do petróleo tem discutido mais seriamente a viabilidade e os méritos de uma aquisição da BP com os consultores nas últimas semanas, disseram as fontes ligadas ao processo, que pediram para não serem identificadas por se tratar de informação confidencial. Qualquer decisão final provavelmente dependerá da continuação da queda das ações da BP, segundo foi sinalizado.

As ações da BP já perderam quase um terço do seu valor nos últimos 12 meses, com o fracasso de um plano de recuperação com os investidores e a queda dos preços do petróleo.

A Shell também pode esperar que a BP entre em contacto ou que outro pretendente dê o primeiro passo, e este trabalho que está a desenvolver pode ajudar a preparar-se para este cenário.

As deliberações estão numa fase inicial e a Shell pode optar por se concentrar em recompra de ações e aquisições complementares em vez de uma megafusão, disseram as fontes.

Outras grandes empresas de energia também estão a analisar uma eventual oferta sobre a BP, segundo as pessoas próximas do assunto. “Como já dissemos diversas vezes, estamos fortemente focados em trazer valor para a Shell, continuando a focar em desempenho, disciplina e simplificação“, afirmou um porta-voz da petrolífera em comunicado enviado por e-mail à Bloomberg, enquanto a BP não quis comentar.

Uma combinação bem-sucedida entre a Shell e a BP seria uma das maiores aquisições da história da indústria petrolífera, unindo as grandes empresas britânicas num acordo que tem sido discutido há décadas.

A BP tem lutado com um desempenho inferior e registou, no primeiro trimestre deste ano, um lucro atribuível de 604 milhões de euros (687 milhões de dólares) uma descida de 69% em relação ao mesmo período do ano passado, devido à queda dos preços do petróleo.

Desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas globais, o preço do petróleo caiu acentuadamente no início do mês e está atualmente a ser negociado a cerca de 65 dólares por barril.

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Emirados Árabes Unidos incluem IA no currículo educativo desde o jardim de infância

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) aprovaram a inclusão da disciplina de Inteligência Artificial (IA) no currículo educativo de todos os níveis académicos, incluindo o jardim de infância.

Dubai, 04 mai 2025 (Lusa) — Os Emirados Árabes Unidos (EAU) aprovaram hoje a inclusão da disciplina de Inteligência Artificial (IA) no currículo educativo de todos os níveis académicos, incluindo o jardim de infância, a partir do próximo ano letivo. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do país, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, na rede social X.

O governo dos EAU “aprovou hoje o currículo final da disciplina de IA em todos os níveis da educação pública […], desde o jardim de infância até ao 12.º ano, a partir do próximo ano letivo“, escreveu. Mohammed bin Rashid al-Maktoum explicou que a medida faz parte dos planos a longo prazo do Estado para preparar as gerações futuras para “um futuro diferente, um novo mundo de competências avançadas”.

Neste sentido, manifestou o seu apreço pelos esforços do Ministério da Educação no desenvolvimento do currículo e afirmou que a IA “vai mudar a natureza da vida do mundo”. “O nosso objetivo é ensinar às crianças e às nossas gerações uma compreensão da IA numa perspetiva técnica“, mas também “incutir nas consciências a ética desta nova tecnologia, fortalecendo a sua compreensão dos seus dados, algoritmos, aplicações, riscos e como se liga a sociedade à vida“, detalhou.

A ministra da Educação, Sarah Bint Yousef Al Amiri, confirmou que a nova disciplina abrange sete áreas principais de conceitos fundamentais: dados, algoritmos, aplicações de ‘software’, consciência ética em IA, aplicações de IA no mundo real, inovação e ‘design’ de projetos liderados por IA, políticas e envolvimento social.

De acordo com Sarah Bint Yousef Al Amiri, o novo currículo oferece módulos adequados à idade, desde o jardim de infância até ao 12.º ano.

Em 2017, os EAU tornaram-se o primeiro país do mundo a nomear um ministro de Estado para a IA e foram pioneiros no desenvolvimento e investimento nesta tecnologia, com o objetivo de se tornarem líderes no setor e diversificarem a sua economia altamente dependente de hidrocarbonetos.

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Montenegro recusa processo acelerado de saída de imigrantes, Pedro Nuno fala em ‘trumpização’

  • Lusa e ECO
  • 4 Maio 2025

O líder do PSD recusou que o processo de notificação a milhares de imigrantes para deixarem Portugal tenha sido acelerado devido às eleições. Secretário-geral do PS acusa-o de 'trumpização'

A imigração entrou de rompante no primeiro dia da campanha eleitoral, depois do anúncio do Governo de que notificou mais de 4500 imigrantes a deixarem o país por estarem em situação ilegal. O líder do PSD recusou que o processo de notificação a milhares de imigrantes tenha sido acelerado devido às eleições, mas as críticas de Pedro Nuno Santos já tinham sifo particularmente duras. O secretário-geral do PS disse que Montenegro está mais preocupado em se aproximar do Chega e falou numa “trumpização” de Luís Montenegro.

A meio de uma visita à Feira das Cantarinhas, em Bragança, no primeiro dia da campanha oficial, a comitiva da AD parou para um café e Luís Montenegro voltou a ser questionado sobre o tema que marcou o sábado de pré-campanha: o anúncio do Governo de que a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) vai começar a notificar 4.574 cidadãos estrangeiros, na próxima semana, para abandonarem o país voluntariamente em 20 dias. “As coisas não estão a acontecer por haver eleições. As coisas estão a acontecer porque o processo começou em junho do ano passado. Não foi acelerado agora. Não foi acelerado mesmo“, assegurou, dizendo que “o processo tem de correr e não pode parar” devido às legislativas antecipadas de 18 de maio.

Sobre este tema, Montenegro referiu que o Governo começou por criar uma estrutura de missão e centros de atendimento, e multiplicou “por sete a capacidade de atendimento da AIMA”. “Nós temos mais de 450 colaboradores espalhados pelo país, mais de 500 advogados envolvidos nesta operação. A operação que nós estamos neste momento a executar é muito, muito significativa. São mais de 400 mil processos que nós estamos a recuperar e a tratar“, salientou.

Pouco tempo antes, o secretário-geral do PS tinha criticado aquela iniciativa. “Ainda ontem [sábado] assistimos a um líder da AD que está mais preocupado em se aproximar do Chega e em se dirigir ao Chega. Eu queria dizer-vos que o número que a AD e que o Governo tem feito à volta da imigração tem como único objetivo disputar com o Chega, aproximarem-se do Chega porque na realidade não há nenhuma diferença do ponto de vista da política e das notificações para abandono voluntário este ano, têm sido prática ao longo dos últimos anos”, afirmou Pedro Nuno Santos, no início de uma ação de contacto de rua com a população de Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo.

Questionado sobre as críticas do PS, de que se está a assistir a uma ‘trumpização’ da campanha da AD, Montenegro disse não querer comentar “o que os outros dizem”, mas acabou por responder. “Há um problema com as oposições em Portugal neste momento: é que elas estão muito focadas só em dizer mal do Governo. Eu já fui da oposição, eu às vezes dizia bem do Governo, eu também reconhecia as coisas que o Governo fazia bem. E eu acho que os eleitores gostam disso, gostam de alguém que está na oposição e mesmo assim reconhece que é preciso trabalhar no mesmo sentido“, afirmou.

A lei é obviamente para cumprir por todos e quando a lei não é cumprida há notificações para abandono voluntário. Em 2019, por exemplo foram mais do que os 4.500 que soubemos agora, desse ponto de vista não há diferença”, clarificou Pedro Nuno Santos.

A diferença, realçou o líder do PS, é que “desta vez temos um primeiro-ministro que diz que há pessoas que tem de ser expulsas do território nacional, diz isso a sorrir e ainda pede ao Chega para elogiar a sua política”. “É verdadeiramente a única diferença e nesse caso há uma ‘trumpização’ de Luís Montenegro”, afirmou, referindo-se às políticas do presidente norte-americano Donald Trump.

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Marshmallow: seguradora para emigrantes levanta 79,4 milhões de euros de investidores

  • ECO Seguros
  • 4 Maio 2025

A seguradora quer expandir a sua proposta para uma gama mais ampla de serviços financeiras, com o objetivo de ser o único fornecedor para quem se muda para o Reino Unido.

A insurtech Marshmallow levantou 79,4 milhões de euros numa nova ronda de investimentos para expandir a sua oferta e a sua presença global. Segundo avançou a EU-Startups, o investimento, numa combinação de capital próprio e dívida, contou com a participação da Portage, BlackRock e Columbia Lake Partners.

Oliver Kent-Braham, Co-CEO e Co-fundador da Marshmallow: “Ainda existem grandes barreiras nos serviços financeiros que dificultam a integração e participação dos recém-chegados na vida quotidiana. Este financiamento dá-nos o capital necessário para resolver esses problemas e cumprir a nossa missão”.

Este anúncio surge três anos após a seguradora automóvel sediada no Reino Unido ter duplicado o seu valor para pouco mais de 1,7 mil milhões de euros numa ronda de série B.

O público-alvo da seguradora são as pessoas recém-emigradas no Reino Unido. Segundo a empresa, o seu objetivo é tornar a vida no Reino Unido economicamente mais acessível, pois acredita que os emigrantes encontram preços mais elevados do que os nativos.

Após esta angariação de fundos, a empresa pretende expandir a sua proposta para apoiar os recém-chegados numa gama mais ampla de serviços financeiras ainda não satisfeitos. O objetivo é tornar-se no único fornecedor de serviços financeiros para quem se muda para o Reino Unido.

A Marshmallow também quer expandir a sua proposta a nível internacional, com planos para oferecer produtos financeiros a pessoas que se mudaram para outros países, indo além do apoio exclusivo a quem se mudou para o Reino Unido.

“A nossa ambição é tornar-nos uma solução financeira completa para os recém-chegados, para que sintam que é fácil mudar-se e viver num país diferente. Já apoiámos mais de um milhão de pessoas no Reino Unido com as suas necessidades de seguro, mas estamos apenas a começar”, afirma Oliver Kent-Braham, Co-CEO e Co-fundador da Marshmallow. “Ainda existem grandes barreiras nos serviços financeiros que dificultam a integração e participação dos recém-chegados na vida quotidiana. Este financiamento dá-nos o capital necessário para resolver esses problemas e cumprir a nossa missão.”, acrescenta.

Devon Kirk, Sócia Geral e Co-Responsável da Portage Capital Solutions, comentou: “A Marshmallow é claramente uma líder na inovação para resolver desafios financeiros importantes para os consumidores. Confiamos na capacidade da empresa para continuar a desenvolver soluções que contribuam para um ecossistema financeiro mais justo, e estamos entusiasmados por apoiar esta equipa sólida na sua próxima fase de crescimento.”

A insurtech foi fundada em 2017 pelos irmãos gémeos Alexander Kent-Braham e Oliver Kent-Braham e o engenheiro de software David Goaté.

A Marshmallow já prestou cobertura a mais de um milhão de clientes, sendo a maioria recém-chegados ao Reino Unido. A empresa alcançou o estatuto de unicórnio em 2021 e apresenta um volume de negócios anual superior a 439 milhões de euros. Conta com uma equipa de 700 colaboradores distribuídos entre Londres e Budapeste.

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Culpar energias renováveis pelo apagão “é irresponsável”

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é "irresponsável e simplista" culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha.

A ministra da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhola, Sara Aagesen, disse que é “irresponsável e simplista” culpar as energias renováveis pelo apagão que afetou Portugal e Espanha na segunda-feira passada. Numa entrevista publicada este domingo, Aagesen admitiu que serão necessários “muitos dias” para determinar a origem da falha e não descartou nenhuma causa possível, incluindo um ciberataque, acrescentando que o Governo agirá quando houver certezas.

Ao jornal El País, a vice-ministra defendeu ainda que é absurdo ligar o apagão ao calendário de encerramento das centrais nucleares em Espanha, acordado pelas empresas de energia com o Governo. “Estamos a investigar com extrema cautela e responsabilidade“, explicou Aagesen, “para termos certezas e podermos comunicá-las com total transparência. E para procurar medidas para evitar que isto volte a acontecer.”

Por outro lado, a ministra disse acreditar que a França deve perceber que “as interligações devem ser implementadas, independentemente do que aconteça”, para tornar a rede eléctrica da Península Ibérica mais segura. “Houve algumas flutuações, uma primeira e uma segunda, e que o sistema finalmente chegou a zero com a desconexão com a Europa. Milhares e milhares de pontos de dados precisam de ser analisados e, assim que possível, descobriremos a causa“, garantiu.

O apagão foi “algo completamente invulgar” porque nunca tinha acontecido nada semelhante em Espanha, sublinhou Aagesen. “É difícil determinar a causa porque, nos cinco segundos em que estas flutuações ocorrem, há muitas variáveis em cada milissegundo que agora precisam de ser analisadas. Além disso, os diferentes operadores precisam de ser analisados“, explicou.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou na segunda-feira passada Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade e também uma parte do território de França.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

Na quinta-feira, o Ministério da Saúde português anunciou que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte de uma mulher septuagenária que estava ventilada e que terá morrido, alegadamente, em consequência do apagão.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade vai criar um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” que deixou Portugal e Espanha às escuras na segunda-feira, foi anunciado na quinta-feira.

A organização disse que vai “investigar as causas essenciais, elaborar uma análise exaustiva e avançar com recomendações num relatório final” sobre o incidente de segunda-feira.

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Campanha para as legislativas arranca hoje com debate entre todos os partidos parlamentares

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa marcada pelo debate entre todos os partidos, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país.

A campanha eleitoral para as legislativas de maio começa este domingo marcada pelo debate entre todos os partidos com assento parlamentar, mas também com agenda na estrada, com AD e PS a arrancarem no norte do país. Apesar de a chamada pré-campanha já estar a decorrer, o período de campanha eleitoral inicia-se hoje, 14 dias antes das eleições – agendadas para 18 de maio -, e termina à meia noite da antevéspera da ida às urnas. O dia terá como destaque o debate televisivo entre os oito líderes da forças atualmente representadas no parlamento.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

Durante o dia, apesar do debate na capital, os três maiores partidos optam por começar o contacto com os eleitores no norte do país, com a AD, liderada por Luís Montenegro, a ter agenda nos distritos de Bragança, onde estará, de manhã, em contacto a população na Feira das Cantarinha, e Braga, onde passará a tarde no concelho de Barcelos, na Festa das Cruzes.

A comitiva socialista, liderada pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai começar o dia no distrito de Viana do Castelo, no concelho de Ponte de Lima, e segue daí para, tal como Montenegro, passar a tarde no distrito de Braga, mas no concelho de Guimarães, numa ação de contacto com a população.

O debate está agendado para as 21h30 e será transmitido em simultâneo pela RTP1 e RTP3 a partir da faculdade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos, Lisboa, com moderação do jornalista Carlos Daniel.

André Ventura, líder do Chega, estará pelo centro do país, tendo na agenda um almoço de campanha no distrito da Guarda.

Num dia que terminará em Carcavelos para todos os líderes, IL, Livre, CDU, BE e PAN mantêm-se por perto, com agendas distribuídas entre os distritos de Lisboa e Setúbal.

A comitiva liberal, no primeiro dia de campanha oficial, passará a manhã no distrito de Setúbal numa visita ao Mercado do Livramento, seguida de uma ação de contacto com a população e um almoço.

O Livre tem agenda na manhã de domingo, com uma ação de campanha, às 10:00, no Mercado da Vila em Cascais.

A CDU tem marcado um almoço em Vila Franca de Xira de onde seguirá para a Marcha do Trabalho, no Seixal.

O Bloco de Esquerda estará por Almada, distrito de Setúbal, numa iniciativa intitulada “A Esquerda Europeia com o Bloco”, que contará com a intervenção de figuras de partidos da esquerda da Finlândia, Espanha e França. A líder do PAN, Inês de Sousa Real, tem agenda em Cascais.

As eleições legislativas realizam-se a 18 de maio, pouco mais de um ano e dois meses depois das últimas (também antecipadas), na sequência da demissão do Governo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro imposta pela rejeição pelo parlamento da moção de confiança ao executivo a 11 de março. Concorrem 21 partidos e/ou coligações às eleições.

 

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Autarquias de todo o país afetadas por concursos desertos

  • Lusa
  • 4 Maio 2025

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

A falta de mão-de-obra e o aumento dos custos de construção são os dois fatores apontados por autarquias de todo o país para justificar o número de concursos públicos sem empresas concorrentes.

No Algarve, o vice-presidente da Câmara de Loulé, David Pimentel (PS), afirma que “a tendência está a agravar-se“, exemplificando que só este ano, até abril, ficaram desertos um quarto dos 32 concursos públicos lançados, quando em 2024 e 2023 esse valor tinha sido residual.

Em Albufeira, também no distrito de Faro, o presidente do executivo, José Carlos Rolo (PSD), aponta, além dos vários concursos desertos, casos em que surge apenas um candidato, como um concurso de cerca de nove milhões de euros que está a decorrer no concelho e cujo avanço ficará comprometido se o concorrente desistir.

A Universidade do Algarve, só nos últimos dois anos, ficou com seis concursos públicos desertos, e, segundo a reitoria, cinco das nove empreitadas no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), começaram por ficar desertas. A sua adjudicação só foi possível devido à “reabertura dos concursos com um preço base mais elevado”.

O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem.

Fonte oficial da Câmara do Porto

No Alentejo, “as empresas queixam-se de que os preços dos concursos são baixos e, mesmo após rever e subir preços, não os consideram atrativos“, diz à Lusa o presidente da Câmara de Montemor-o-Novo (distrito de Évora), Olímpio Galvão (PS), acrescentando que “todas elas se queixam da falta de mão-de-obra e da falta de capacidade para fazerem face a tanta pressão de obras”.

No concelho – onde têm ficado desertos, sobretudo, concursos para a reabilitação de escolas primárias e postos médicos -, o autarca refere ainda a reabilitação do Convento da Saudação, no Castelo de Montemor-o-Novo, cujo concurso “estava valorizado em 6,1 milhões de euros mais IVA, teve 17 empresas a mostrarem interesse, mas nenhuma apresentou proposta“, alegando que “o valor era baixo”. A reabilitação acabou dividida em duas fases, com a primeira associada a um concurso de 3,7 milhões, financiado pelo PRR.

No distrito de Setúbal, a autarquia de Santiago do Cacém teve de aumentar os preços base de concursos como o do Bairro dos Serrotes, em Vila Nova de Santo André, ou do pré-escolar de Ermidas-Sado.

No mesmo distrito, a Câmara de Palmela admite que “o aumento exponencial dos preços dos materiais de construção é uma das causas” para vários concursos terem ficado deserto, situação que se mantém “mesmo com a repetição de concursos com valores-base mais altos”. Segundo o executivo, “o maior exemplo reside, talvez, nas centenas de Estratégias Locais de Habitação, um pouco por todo o país — e, também, em Palmela – que implicam um enorme esforço, quer de reabilitação urbana, quer de nova construção de edifícios para habitação com arrendamento a custos controlados, com financiamento do PRR, e que será impossível concretizar até ao final de 2025“.

No distrito de Lisboa um dos municípios que têm “enfrentado, com alguma frequência“, situações de concursos desertos é o de Odivelas, onde o presidente, Hugo Martins (PS), deu como exemplos a requalificação e ampliação do Pavilhão Honório Francisco, a Unidade de Saúde da Pontinha e a Divisão Policial de Odivelas.

A Oeste, em Alcobaça (distrito de Leiria), quatro dos cinco concursos lançados pela Câmara este ano ficaram desertos, dos quais dois referentes a reabilitações no Mosteiro de Santa Maria: num deles o preço base teve de ser aumentado e no outro a autarquia “só recebeu uma proposta”.

Para o município de Leiria, ainda é prematuro concluir-se que se está perante dificuldades na contratação e adjudicação de empreitadas, já que em 2022, dos 24 concursos públicos lançados, apenas um ficou deserto. Em 2023 não se registou qualquer concurso sem apresentação de propostas (foram lançados 27) e em 2024 “verificaram-se três concursos desertos de um total de 42″, pelo que se avançou “com concursos posteriores com valor base mais elevado“.

Situação diferente, na região Centro, registou o concelho da Mealhada, distrito de Aveiro, onde tiveram que ser repetidos os concursos da reconversão de antigos lavadouros em Núcleo Museológico do Luso, do melhoramento de acessibilidades na Escola Secundária da Mealhada e Avenida Comendador Messias Batista, da reconversão dos antigos talhos da feira de Santa Luzia num espaço de apoio a peregrinos e da construção de três fogos de habitação na Pedrulha (freguesia de Casal Comba).

O mesmo aconteceu com as empreitadas no âmbito da Estratégia Local de Habitação em Oliveira do Bairro e o concurso para a reabilitação do parque de estacionamento subterrâneo de Oiã (no mesmo concelho, no distrito de Aveiro), a construção do novo Centro de Saúde e Serviço de Urgência Básica de Arganil (distrito de Coimbra) e a construção do Centro de Saúde de São Pedro e a requalificação da Escola Secundária Bernardino Machado na Figueira da Foz, também no distrito de Coimbra.

No Norte, no concelho do Porto, nos últimos três anos, cerca de duas dezenas de concursos não tiveram concorrentes, entre os quais a requalificação da Escola Básica dos Correios. “O mercado tem crescido significativamente e as empresas debatem-se cada vez mais com falta de mão-de-obra, o que as leva, certamente, a uma maior seleção dos concursos aos quais concorrem“, assinala a autarquia portuense.

No município de Braga, no último ano, ficaram desertos três concursos públicos e, em Viana do Castelo, o concurso para a construção de um novo mercado municipal já ficou deserto três vezes.

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