“É tempo de refundar o Banco de Fomento”, diz Pedro Reis. “Não há espaço para errar”

Na apresentação do Plano de Ação do Banco de Fomento, o CEO Gonçalo Regalado garantiu que o BPF é um banco das empresas e prometeu agilidade nas decisões.

“É tempo de refundar o Banco de Fomento”, disse esta segunda-feira o ministro da Economia na apresentação do Plano de Ação do Banco Português de Fomento. Numa intervenção de “suporte institucional total”, Pedro Reis frisou que a “expectativa é elevada”. “Não há espaço para errar”, alertou o responsável, que deixou seis desafios à nova administração.

Questionado sobre quanto tempo tem para provar o que vale, o novo CEO explicou que a sua equipa tem “mil dias para entregar ao país um banco sólido”. Gonçalo Regalado reiterou ao longo da sua apresentação que pretende que o Banco de Fomento seja um banco das empresas e que quer tornar o banco mais ágil.

Pedro Reis na sua intervenção inicial deixou um caderno de encargos a Gonçalo Regalo e à sua equipa:

  • Ter capacidade de se constituir como agência de crédito à exportação;
  • Conseguir operacionalizar o instrumento de obrigações grupadas, podem ir mais longe do que apenas o Turismo com suporte de garantias públicas;
  • Ativar garantias que tenham aprovação simultânea do PRR e do PT2030;
  • Ter capacidade de reforçar o portfolio de garantias para mobilizar o financiamento. Ir tão longe quanto possível nas parcerias de member state compartment com o BEI e FEI
  • Alargar e redesenhar a rede de parcerias internacionais. Pedro Reis sublinhou a vista, na semana anterior aos Emiratos Árabes Unidos, que demonstraram um alto interesse em estabelecer uma parceria estratégica com o BPF. “Queremos fazê-lo com mais países”, disse Pedro Reis.
  • Reforçar os instrumentos de capital e de investimento. Pedro Reis sublinhou que a Portugal Ventures tem um importante papel para ajudar a lançar empresas ao do arranque (seed e pré-seed), apresentando um bom track record nesse modelo.

O ministro da Economia sublinhou a que a nova equipa do BPF “tem experiência bancária e complementar nas suas valências e com track recorde internacional”.

“Esperamos que seja uma equipa com integridade, atuação prudente e com alto nível de profissionalismo, com proximidade às empresas e articulação, que deve fazer com complementaridade virtuosa com a banca comercial”, disse Pedro Reis.

No início de fevereiro o ministro Adjunto e da Coesão, Castro Almeida, já tinha dado voz ao descontentamento do Executivo face ao Banco de Fomento dizendo que este “não teve o impacto esperado na economia nacional”, mas que o Governo não o pretendia deixar cair e estava “apostado em relançá-lo”.

Um relançamento que parece ter tido uma expressão pública esta segunda-feira com a apresentação do Plano de Ação, pelo qual esta administração vai ter de responder. Agradecendo e reconhecendo o trabalho da equipa anterior Pedro Reis disse que “o papel do BPF é de se reencontra e relançar” de modo a ter “competitividade nos seus produtos”, com linhas que colmatem as falhas de mercado, calibrando “as soluções com o devido apetite de risco como se espera de um banco promocional”.

O ministro disse que cabe a esta nova equipa ajudar a economia portuguesa a crescer e a internacionalizar-se, a reindustrializar-se, a executar os fundos europeus e a agenda climática e digital, e a procurar novos mercados.

“A expectativa é elevada. Não há espaço para esperar ou errar. O momento de refundar o Banco Português de Fomento é agora. Há um conceito por provar e uma realidade por justificar”, concluiu.

(Notícia atualizada com mais informação)

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António Costa diz que UE deve negociar nova arquitetura de segurança com a Rússia

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2025

"As negociações sobre a nova arquitetura de segurança devem ter em conta que a Rússia é uma ameaça global, não apenas uma ameaça para a Ucrânia", afirma Costa.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, defendeu esta segunda-feira que a União Europeia (UE) deve participar nas negociações com a Rússia para colocar um fim à guerra na Ucrânia, de forma a conceber a futura arquitetura de segurança da Europa.

A posição de Costa foi manifestada numa entrevista ao jornal Financial Times publicada antes da da reunião extraordinária em Paris que acontece esta segunda-feira entre os líderes europeus para abordar a segurança e a defesa do continente, após os representantes dos Estados Unidos e da Rússia terem demonstrado abertura para iniciar negociações sobre o conflito na Ucrânia, na Arábia Saudita.

“Se [o Presidente dos EUA, Donald] Trump quer realmente que os europeus assumam uma maior responsabilidade pela sua própria segurança, então é claro que os europeus devem ser fundamentais na conceção da nova arquitetura de segurança“, disse Costa ao jornal britânico.

“Não se trata apenas da Ucrânia”, disse Costa, que representa os 27 líderes do bloco, numa entrevista durante a Conferência de Segurança de Munique, que aconteceu no fim de semana.

“As negociações sobre a nova arquitetura de segurança devem ter em conta que a Rússia é uma ameaça global, não apenas uma ameaça para a Ucrânia”, disse.

No sábado, o enviado de Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, disse que os países europeus não teriam lugar à mesa das negociações, mas as suas opiniões poderiam ser tidas em conta.

É claro que são necessárias negociações entre a Ucrânia e a Rússia. Mas esta guerra na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia. É sobre a segurança europeia.

António Costa

Presidente do Conselho Europeu

“É claro que são necessárias negociações entre a Ucrânia e a Rússia. Mas esta guerra na Ucrânia não é apenas sobre a Ucrânia. É sobre a segurança europeia”, insistiu Costa.

Antes da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, o Presidente russo, Vladimir Putin, exigiu que a NATO reduzisse as suas deslocações de defesa nos Estados da Europa de Leste.

Costa disse ainda que a Rússia “é claramente uma ameaça à soberania do Báltico”, na fronteira leste do continente europeu.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse no domingo estar preparado para enviar tropas britânicas para a Ucrânia com o objetivo de ajudar a garantir a segurança daquele país.

“O Reino Unido está pronto para desempenhar um papel de liderança na aceleração do trabalho em garantias de segurança para a Ucrânia. Isto inclui um maior apoio ao exército ucraniano (…), mas também significa estar pronto para contribuir com as garantias enviando as nossas próprias tropas para o solo, se necessário”, disse Starmer num artigo do jornal The Telegraph.

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Estudos para linha ferroviária Porto – Madrid avançam “nas próximas semanas”

Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, prometeu também para breve a apresentação de um plano estratégico para os portos e um pacote de investimentos rodoviários.

As próximas semanas prometem várias novidades na pasta das Infraestruturas. Vão avançar os estudos para a linha ferroviária que ligará o Porto a Madrid, passando por Vila Real, Bragança e Zamora, será apresentado o plano estratégico para os portos e ainda um pacote de investimentos rodoviários.

“Nas próximas semanas vamos dar os passos subsequentes, depois do anúncio na cimeira Luso-ibérica, com o lançamento dos estudos para a linha Porto – Vila Real – Bragança – Zamora – Madrid“, anunciou o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, na conferência “Portugal 2030 Futuro Estratégico para o setor da Construção”, organizada pela AICCOPN, a associação do setor, que decorre esta segunda-feira no LNEC.

A intenção é fazer o mesmo para as ligações entre Faro, Huelva e Sevilha e entre Aveiro e Salamanca, conforme foi anunciado na última cimeira entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez.

O ministro das Infraestruturas e Habitação prometeu também para “as próximas semanas” a apresentação de um plano estratégico para os portos, “que sempre foram o parente pobre” nas políticas públicas, considerou.

A ambição é fazer de Sines um porto maior do que Valência, disse Miguel Pinto Luz. E durante a cimeira Luso-brasileira será celebrado “um protocolo para reforçar a ligação entre Sines e o porto de Santos, que é o maior da América Latina”.

Como já tinha afirmado a semana passada no Parlamento, Miguel Pinto Luz prometeu apresentar em breve “um grande pacote rodoviário”, defendendo a existência de ligação por autoestrada a Portalegre, Beja e Sines.

Falando na abertura da conferência da AICCOPN, o ministro das Infraestruturas deu também conta da preocupação do Governo com os concursos públicos para o PRR que ficam vazios. “Pode ter a ver com valores ou com a contratação pública, mas temos de dar as mãos e trabalhar em conjunto”, apelou. “Temos um setor mais adormecido e anestesiado nos últimos anos e, de repente, foi pedido um esforço monumental na habitação e nas infraestruturas”, acrescentou.

O governante avançou que está em circuito legislativo uma revisão das regras para o trabalho em estaleiro e que o Executivo está já a trabalhar na revisão do Código da Construção.

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Antigo hotel de Mário Ferreira em Gaia passa a ser operado pelo grupo Marriott

Vendido pela Pluris Investments à gestora de fundos espanhola Azora Capital, o antigo The Lodge Hotel muda de nome para Forte de Gaia - Autograph Collection, by Marriott International.

Dois anos e meio depois de ter sido vendido pela Pluris Investments à gestora de fundos espanhola Azora Capital, o The Lodge Hotel, no qual Mário Ferreira investiu mais de 30 milhões de euros e que está em funcionamento desde maio de 2021, foi agora integrado no grupo Marriott.

A unidade hoteleira de luxo com 119 quartos e suítes, construída sobre os antigos armazéns da Real Companhia Velha, na zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia, anunciou a transição para Forte de Gaia – Autograph Collection, by Marriott International, numa mudança que “consolida o seu posicionamento no segmento de luxo e integra-o num dos grupos hoteleiros mais prestigiados do mundo”.

Incorporada no portefólio da Marriott International, a Autograph Collection é composta por hotéis independentes, mas que não seguem o modelo padronizado do grupo, “permitindo que mantenham a sua individualidade, enquanto usufruem do alcance e reputação da marca Marriott”. Este é o terceiro em Portugal a integrar esta coleção, depois do The Ivens, em Lisboa, e do Domes Lake Algarve, em Vilamoura.

Quando foi comprado, em outubro de 2023, o The Lodge Hotel passou a ser o quinto ativo hoteleiro da espanhola Azora em Portugal. Nesse mesmo ano tinha comprado o Blue Alvor, unidade algarvia de cinco estrelas que continuou a ser operada o grupo Pestana e antes já tinha adquirido, igualmente na mesma região, o Tivoli Marina Vilamoura, o Tivoli Carvoeiro e o Vilalara Thalassa Resort.

No ano passado, a capital de risco espanhola voltou às compras em Portugal, com a aquisição à Oxy Capital da totalidade do capital da Hotel da Praia, sociedade que explora a unidade hoteleira de cinco estrelas Praia D’El Rey Marriott Golf & Beach Resort, em Óbidos.

“A integração na Marriott International e na Autograph Collection é um passo natural na afirmação do Forte de Gaia como referência de luxo na região. Mantemos a nossa identidade singular, agora aliada às vantagens de uma marca global reconhecida pelos seus elevados padrões de qualidade e hospitalidade”, refere, citado na mesma nota, o diretor do hotel gaiense, André Borges.

A mudança de identidade do The Lodge Hotel para Forte de Gaia – Autograph Collection foi conduzida pela agência NOHO, responsável pelo rebranding.

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Exportações da UE para os EUA sobem 5,6% e importações caem 10,8% em dezembro

Excedente comercial da União Europeia com os Estados Unidos subiu em dezembro. Exportações extra-UE de bens em dezembro subiu 3,7% face a dezembro de 2023, para 209 mil milhões de euros.

As exportações de bens da União Europeia (UE) para os Estados Unidos cresceram 5,6% em dezembro face a igual período do ano anterior, para 41,6 mil milhões de euros, e as importações diminuíram 10,8%, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Eurostat.

Os dados do organismo de estatística europeu, não ajustados à sazonalidade, revelam um aumento do excedente da balança comercial dos países da UE face aos Estados Unidos, passando de 10,1 mil milhões de euros em dezembro de 2023 para 15,4 mil milhões de euros em dezembro do ano passado.

As terras de ‘Uncle Sam’ foram o principal destino das exportações de bens produzidos na União Europeia (UE) em dezembro.

Fonte: Eurostat

Na fotografia geral, a União Europeia registou um excedente comercial (não ajustado) de 16,3 mil milhões de euros no comércio de bens com o resto do mundo em dezembro de 2024, o que compara com os 16,1 mil milhões de euros em dezembro de 2023.

As exportações extra-UE de bens em dezembro de 2024 foram de 209 mil milhões de euros, um aumento de 3,7% em comparação com dezembro de 2023. Já as importações do resto do mundo ficaram em 192,7 mil milhões de euros, um aumento de 3,9% em comparação com dezembro de 2023.

As exportações de bens manufaturados cresceram 3,7% para 170 mil milhões de euros, enquanto a de bens primários caíram 0,1% para cerca de 33 mil milhões de euros.

Na globalidade do ano, as exportações para países fora da União Europeia cresceram 1,1%, para 2.584 mil milhões de euros, enquanto as importações caíram 3,5% para 2.434 mil milhões de euros.

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Associação da construção defende pacto suprapartidário para grandes infraestruturas

O presidente da AICCOPN propõe um acordo entre vários partidos para projetos como o novo aeroporto ou a Alta Velocidade para permitir "o crescimento sustentável" do setor e, consequentemente, do país.

O presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) defendeu esta segunda-feira o estabelecimento de um pacto suprapartidário de longo prazo para as grandes infraestruturas nacionais.

Manuel Reis Campos considera que este acordo permitiria o crescimento sustentável e alinhado com os desafios de modernização e descarbonização da Europa. “Juntos, com ação coordenada e visão estratégica, podemos transformar desafios em oportunidades e consolidar a construção como um motor essencial do crescimento e desenvolvimento sustentável da economia, bem das pessoas, empresas e do país”, afirmou, na abertura da conferência “Portugal 2030: Futuro estratégico para o setor da construção”.

A Linha de Alta Velocidade, o novo aeroporto de Lisboa e a expansão das redes de metropolitano foram os principais exemplos de projetos de grande dimensão em Portugal, considerados “determinantes” para a competitividade e conectividade do país. Contudo, a associação alerta que estes projetos exigem medidas que os acelerem, sobretudo ao nível da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A concretização destes projetos exige um planeamento estratégico robusto, simplificação de processos administrativos e um compromisso firme com a qualidade e a responsabilidade ambiental. No entanto, e apesar de reconhecermos os esforços desenvolvidos nos últimos tempos, a execução do PRR mantém-se em níveis inferiores ao desejado para concretizar atempadamente os objetivos estabelecidos”, afirmou o presidente da AICCOPN, no encontro que decorre no LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Manuel Reis Campos diz que “é urgente” acelerar os processos de contratação pública em todas as suas fases para garantir que os investimentos chegam ao terreno e são concluídos nos prazos definidos, sem comprometer a sua qualidade. Já as empresas, mais do que acesso a financiamento, têm de capacitadas em termos organizacionais e operacionais, e investir na tecnologia, para tirar proveito destes recursos.

Segundo o líder da AICCOPN, os maiores obstáculos do setor são a escassez de oferta de habitação, o cumprimento das normas da Diretiva Europeia do Desempenho Energético dos Edifícios até 2030 e a integração de tecnologias inovadoras, pelo que urge agilizar os processos administrativos, incentivar o investimento privado, garantir maior disponibilização da mão de obra e promover a industrialização e digitalização da construção para os superar.

A AICCOPN voltou a defender a aplicação da taxa reduzida de IVA a um conjunto mais alargado de obras de reabilitação e construção de habitação a custos moderados e a criação de vias rápidas para a emissão de vistos de trabalho, um trabalho que está a ser desenvolvido no âmbito de um protocolo com o Governo. A descida do imposto de 23% para 6% estava na proposta de Orçamento do Estado para 2025, mas foi chumbada no Parlamento.

Manuel Reis Campos deixou ainda um alerta sobre o problema térmico das casas em Portugal e a necessidade de continuar a investir na renovação dos imóveis. “Os Censos de 2021 confirmam a urgência de uma maior aposta na reabilitação urbana: um terço dos edifícios em Portugal carecem de obras de conservação, um expressivo aumento de 25,8% em relação a 2011. Deste universo, cerca de 498 mil edifícios requerem intervenções significativas para garantir condições mínimas de habitabilidade. E cerca de 163 mil necessitam de reparações profundas”, argumentou.

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IA deverá impulsionar economia chinesa a partir de 2026, prevê Goldman Sachs

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2025

Apesar do impulso económico, o banco de investimento Goldman Sachs advertiu para o impacto da indústria no mercado de trabalho chinês.

O banco de investimento norte-americano Goldman Sachs acredita que a inteligência artificial (IA) vai dar um ligeiro impulso à economia da China nos próximos anos, mas adverte para o impacto da indústria no mercado de trabalho.

Numa nota enviada aos investidores, o banco de investimento, que tem sede em Nova Iorque, estimou que a IA vai começar a ter um impacto no crescimento da segunda maior economia do mundo a partir do próximo ano, e que, em 2030, terá estimulado a expansão entre 0,2% e 0,3% — maior do que as estimativas anteriores.

“O recente aparecimento da DeepSeek como concorrente global credível dos líderes de IA sediados nos Estados Unidos sugere um desenvolvimento e uma adoção mais rápidos da IA na China do que prevíamos anteriormente”, lê-se na mesma nota.

“Desenvolvimentos recentes demonstraram a capacidade das empresas chinesas de melhorar continuamente o desempenho enquanto reduzem os requisitos de potência de computação, abrindo caminho para uma adoção mais rápida da IA na China”, frisou.

A DeepSeek, sediada em Hangzhou, no leste da China, lançou dois modelos avançados de IA de código aberto por uma fração do custo e da capacidade de computação que as principais empresas de tecnologia normalmente exigem para projetos semelhantes.

Espera-se que a adoção da IA na China estimule o crescimento económico através da automatização de tarefas, que poupa custos com mão-de-obra e aumenta a produtividade, afirmou o banco de investimento.

Em causa está a utilização da IA na robótica humanoide, uma prioridade para Pequim. A utilização destes robôs, com cabeça, tronco, braços e pernas, em fábricas e armazéns, visa compensar o rápido envelhecimento da população da China.

O Goldman Sachs advertiu que, embora a IA e a robótica possam “dar uma resposta ao envelhecimento da sociedade”, a utilização da tecnologia poderá perturbar o mercado de trabalho da China, numa altura sensível.

O país enfrenta já uma “grave recessão no setor imobiliário” e uma taxa de desemprego jovem superior a 15%, combinada com relatos de perdas de postos de trabalho na construção, finanças e função pública.

“Por conseguinte, o ritmo de substituição da mão-de-obra pela tecnologia tem de ser gerido cuidadosamente”, afirmou.

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Jack Ma reaparece cinco anos depois num evento público com o Presidente da China

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2025

Queda de Ma remonta ao final de 2020, quando proferiu um discurso polémico, no qual atacou a estratégia de Pequim para minimizar os riscos no sistema financeiro e os bancos tradicionais.

Jack Ma, fundador do gigante do comércio eletrónico Alibaba, reapareceu esta segunda-feira, num evento oficial promovido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após se ter mantido longe dos holofotes desde 2020, na sequência de atritos com as autoridades.

Um vídeo divulgado pelo canal de televisão estatal CCTV mostra Ma a aplaudir, antes da entrada de Xi e de outros líderes do Partido Comunista da China (PCC), no início de um simpósio invulgar com executivos do setor privado, incluindo empresas como a Tencent, BYD, Huawei e DeepSeek.

A queda de Ma remonta ao final de 2020, quando proferiu um discurso polémico, no qual atacou a estratégia de Pequim para minimizar os riscos no sistema financeiro e os bancos tradicionais, que, segundo ele, eram geridos como “casas de penhores”.

Dias depois, os reguladores chineses forçaram a suspensão da entrada em bolsa da subsidiária fintech (tecnológica financeira) da Alibaba, a Ant Group, operadora da popular plataforma de pagamentos Alipay.

O negócio, que descarrilou apenas 36 horas antes da data prevista para a sua realização, deveria ter sido a maior entrada em bolsa da história, permitindo à empresa arrecadar 34,5 mil milhões de dólares (quase 33 mil milhões de euros).

Até então, Ma era o homem mais rico da China — é agora o oitavo com uma fortuna de 27,2 mil milhões de dólares (quase 26 mil milhões de euros), menos 44% do que em 2021. O empresário não só era o grande rosto visível do desenvolvimento do setor privado no país asiático, como também era considerado praticamente intocável.

Depois das disputas com Pequim, Ma manteve-se discreto, a ponto de se especular que as autoridades o teriam proibido de sair do país ou que teria sido detido.

A mudança, segundo os especialistas, chegou no início de 2023, quando o Ant Group cumpriu uma das principais exigências de Pequim: dissolver o poder de voto de Ma, o que muitos analistas interpretaram como o fim de uma campanha reguladora que tinha resultado em multas antimonopólio contra a Alibaba e outras empresas proeminentes como a Tencent ou a Didi, a “Uber chinesa”.

Nas palavras da empresa de consultoria Trivium China: “A campanha começou com Jack Ma e termina com Jack Ma”.

Em março do mesmo ano, o empresário reapareceu na China após notícias de que se tinha mudado para o exterior, e os especialistas anteciparam que Pequim esperava que o seu regresso servisse para estimular os esforços do Governo para recuperar a confiança do setor privado.

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Cidade FM apresenta nova grelha e locutores. Quer reforçar posição como “rádio de referência das gerações mais novas”

  • + M
  • 17 Fevereiro 2025

Combinando novos profissionais com outras vozes já conhecidas da estação, a Cidade FM apresenta uma nova programação "num momento de renovação e crescimento da marca".

A Cidade FM estreia esta semana uma nova grelha de programação, com um “lineup renovado de locutores” visando “reforçar a sua posição como a rádio de referência das gerações mais novas“.

“Esta nova fase da Cidade FM traduz a nossa identidade: irreverente, inovadora e próxima do nosso público. Acreditamos que esta equipa tem o talento e a energia certos para continuar a fazer da Cidade FM a rádio de referência das novas gerações. Estamos confiantes de que os ouvintes vão adorar esta nova grelha, a dinâmica que ela traz e, claro, a melhor música”, diz o diretor da Cidade FM, Manuel Cabral, citado em comunicado.

Leonor Carvalho e João Pedro Pereira a constituírem a nova dupla das manhãs da Cidade FM. A Leonor Carvalho, que já conduzia a emissão da estação entre as as 7h e as 10h, junta-se agora João Pedro Pereira, humorista que se estreia assim na rádio.

Catarina Silva, na Cidade FM desde 2021, vai continua, “com o seu estilo autêntico e criativo”, a animar o final das manhãs, entre as 10h e as 13h, abrindo caminho para Asize Topal que, vinda da Bulgária para a Cidade FM em 2023, passa a conduzir a emissão no horário das 13h às 16h.

Já o “Toque de Saída”, o programa de regresso a casa transmitido entre as 16h e as 20h, reforça a sua dinâmica com Artur Simões, “uma das vozes mais conhecidas da estação”, que se mantém em dupla com a humorista e apresentadora Joana Miranda, “prometendo continuar a dar ritmo às viagens de regresso a casa”.

Beatriz Pinto, até agora produtora da Cidade FM, passa a assumir os microfones da estação para conduzir as noites dos ouvintes, entre as 20h e as 22h.

Esta nova grelha “representa um passo importante na evolução da Cidade FM, num momento de renovação e crescimento da marca“, refere a estação em nota de imprensa.

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Ensino superior com mais 1.647 vagas, sobretudo para futuros professores

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2025

As universidades e institutos politécnicos oferecem este ano mais vagas nos concursos de acesso, disponibilizando 101.798 lugares em licenciaturas e mestrados integrados.

As universidades e institutos politécnicos oferecem este ano mais vagas nos concursos de acesso, disponibilizando 101.798 lugares em licenciaturas e mestrados integrados, segundo as listas divulgadas esta segunda-feira, que revelam um aumento de 20% em Educação Básica.

Entre instituições privadas e públicas, os alunos terão este ano mais 1.647 lugares, segundo os dados disponibilizados pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES).

Três em cada quatro vagas são abertas em instituições públicas, que este ano disponibilizam 76.818 lugares (mais 691 do que no ano passado), enquanto as instituições privadas decidiram abrir 24.980 lugares (mais 956 do que em 2024).

Este ano, as vagas são divulgadas dois meses mais cedo, permitindo aos alunos conhecer a oferta de cada instituição antes de se inscreverem para os exames nacionais do secundário.

No geral, volta a haver um ligeiro aumento de vagas, destacando-se os cursos que dão acesso à profissão de professor: As vagas nos ciclos de estudo de Educação Básica aumentaram 20%, passando agora a haver 1.197 vagas (mais 204 que no ano passado).

O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) alterou o diploma que define as orientações e limites na fixação de vagas para acesso e ingresso na Educação Superior em 2025, dando carta aberta às instituições para aumentar as vagas dos ciclos de estudo de Educação Básica sem qualquer limite além do limite máximo de admissões.

Com a fixação das vagas divulgadas esta segunda-feira, as Instituições de Educação Superior (IES) podem também agora aumentar as vagas dos mestrados de formação de professores.

O ministro da Educação, Fernando Alexandre, já tinha revelado que haveria um aumento de lugares para os cursos que permitem aos alunos virem a ser professores, mas sem nunca avançar o número concreto, optando por dizer que também iria haver mais lugares para formar futuros médicos.

Os números hoje divulgados mostram que no próximo ano letivo haverá mais 130 vagas em Medicina do que no ano passado através dos concursos e regimes especiais de acesso, mas a maioria (86) será para estudantes internacionais que entrem através do concurso especial, uma possibilidade introduzida este ano pelo Governo “em resposta às solicitações das instituições”, sublinha a tutela.

“Para a disponibilização destes lugares adicionais, as instituições pediram aumentos do limite máximo de admissões, subindo o número total de vagas que podem ser oferecidas nos cursos de Medicina”, explica o MECI, garantindo que este aumento não prejudicou o número de vagas em Medicina através do Regime Geral de Acesso, que se mantém em 1.594.

No universo das cerca de 75 mil vagas das instituições públicas, 55.956 são fixadas através do Regime Geral de Acesso e as restantes 20.862 vagas são fixadas no conjunto dos concursos e regimes especiais de acesso.

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L’AND Vineyards e Quinta do Monte d’Oiro em expedição eno-gastronómica 

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 17 Fevereiro 2025

No sábado, 22 de fevereiro, o L’AND Vineyards, hotel vínico em Montemor-o-Novo, recebe uma expedição eno-gastronómica única, em colaboração com a Quinta do Monte d’Oiro.

Estamos a contar os dias para esta verdadeira imersão no mundo do vinho e da gastronomia, onde a criatividade e os sabores serão os protagonistas. Esta expedição divide-se em dois momentos distintos, ambos desenhados para proporcionar uma viagem de sabores. O primeiro momento, limitado a 10 lugares, será uma masterclass exclusiva, que ocorrerá às 12h00. Durante a sessão, os participantes terão a oportunidade de descobrir os vinhos da Quinta do Monte d’Oiro, com uma seleção de colheitas de 2011 – o ano da inauguração do L’AND Vineyards. A prova, guiada por Francisco Bento dos Santos – filho de José Bento dos Santos, o vitivinicultor e gastrónomo qu colocou a Quinta do Monte D’Oiro no mapa – apresentará uma série de rótulos exclusivos e especiais, não disponíveis no mercado, que exemplificam a diversidade do terroir da quinta e as diferentes castas cultivadas na região.

Logo após a masterclass, os participantes serão convidados a viver um segundo momento de descoberta: um almoço eno-gastronómico no restaurante MAPA, às 13h30, onde o chef David Jesus, conhecido pela sua abordagem criativa à gastronomia, assina um menu de degustação. O almoço será harmonizado com vinhos da Quinta do Monte d’Oiro, permitindo uma fusão perfeita entre os sabores do menu e as notas dos vinhos de excelência da casa.

O almoço começa com um elegante atum dos Açores, acompanhado por uma marinada asiática, pickles de algas e tempura, harmonizado com o Quinta do Monte d’Oiro Arinto 2021 (Single Vineyard, Limited Edition). Segue-se o carabineiro do Algarve, com feijão branco, pezinhos e cantarelos, que se combina de forma sublime com o Quinta do Monte d’Oiro Reserva Branco 2022. O prato de carne chega com um leitão crocante, tempero de espeto, beringela fumada e alface grelhada, acompanhado pelo Quinta do Monte d’Oiro Touriga Nacional 2021. Para o prato seguinte, o novilho alentejano é servido com trompetas, cebolinhas e trufa preta, harmonizado com o Quinta do Monte d’Oiro Reserva Tinto 2021. O momento doce fica por conta da Bebinca, café, rum, e da encharcada, amêndoa e citrinos, prometendo uma finalização deliciosa.

A experiência completa
Para quem prefira viver a experiência em pleno, o evento oferece três planos de viagem distintos. O primeiro, a Expedição Salteadores, inclui a masterclass exclusiva e o almoço eno-gastronómico, por 255€ por pessoa. Para aqueles que preferem apenas o almoço, existe a Expedição Almoço Eno-Gastronómico, ao preço de 185€ por pessoa. Já os mais exigentes podem optar pela Expedição com Alojamento, que oferece uma noite ou duas no L’AND Vineyards, com descontos especiais, além da participação no evento eno-gastronómico. Esta última opção permite não só explorar a experiência vínica e gastronómica, mas também usufruir de uma estadia em uma das luxuosas suites ou villas do hotel.

O L’AND Vineyards é um refúgio no coração do Alentejo. Desde 2023 que o resort, membro da Relais & Châteaux, se tem sedestacado pela fusão do luxo contemporâneo com a autenticidade. Com 37 suites e 6 villas, o hotel proporciona aos hóspedes uma atmosfera de tranquilidade e exclusividade, onde o vinho, a gastronomia e a natureza se encontram em harmonia. Além disso, o L’AND oferece uma vasta oferta de experiências de enoturismo, como o restaurante MAPA, liderado pelo chef David Jesus, e o Café da Viagem, que refletem a identidade cultural e gastronómica do Alentejo.

Fundada em Alenquer, na região vitivinícola de Lisboa, a Quinta do Monte d’Oiro, por sua vez, é sinónimo de qualidade e tradição. Desde a sua fundação nos anos 80, que a quinta se tem afirmado como uma das mais prestigiadas da região, com vinhos que são referência no mercado nacional e internacional. Sob a direção de Francisco Bento dos Santos, a Quinta do Monte d’Oiro iniciou a conversão para a produção biológica em 2006, um passo decisivo para garantir a qualidade e a autenticidade de seus vinhos. Com 42 hectares de vinha, continua a ser uma referência, com uma produção focada na diversidade das castas e na preservação do terroir único da região.

As vagas para esta expedição são limitadas. Para mais informações, contacte o L’AND Vineyards.

L’AND Vineyards – Relais & Châteaux
Herdade das Valadas, Estrada Nacional 4, Apartado 122
7050-031 Montemor-O-Novo
Tel.: (+351) 266 242 400

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Os desafios e oportunidades da implementação da IA no jornalismo, segundo o OberCom

Perda de controlo editorial e produção de conteúdos de forma enviesada são os principais riscos apontados pelo Obercom, que vê na IA uma oportunidade de processar e análise um grande volume de dados.

Com a rápida evolução da inteligência artificial (IA) e com a sua integração nos mais diversos setores, também o panorama dos media e do jornalismo está a ser desafiado por esta tecnologia, que apresenta diversos riscos mas também oportunidades.

Desde a produção de conteúdos até à distribuição e ao consumo de notícias, multiplicam-se as possibilidades de utilização de tecnologias baseadas em IA que se estão a tornar cada vez mais sofisticadas, com a IA a apresentar-se como uma ferramenta poderosa (e potencialmente perigosa) para o jornalismo.

Perante este cenário, o Observatório de Comunicação (OberCom) lançou um relatório sobre a inteligência artificial e o seu uso e implementação no jornalismo, numa análise que “apresenta diversos estudos sobre oportunidades e riscos da aplicação desta nova tecnologia nas redações de notícias” e que tem por objetivo “fornecer uma análise crítica e abrangente da influência e implicações da IA generativa no campo do jornalismo“.

Esta análise aponta desde logo para a perda de controlo editorial sobre as notícias e o risco de os conteúdos serem produzidos de forma enviesada e imprecisa — fomentando maior desconfiança junto dos leitores –, como um dos riscos da implementação da IA generativa no jornalismo.

Nesse sentido, é destacada a necessidade de construção de regras para utilização da IA, tendo em conta as referências feitas às “alucinações” dos modelos de IA, ou seja, a prestação de informações inventadas e enviesadas, que reforçam estereótipos sociais.

Mas também a apropriação de conteúdos protegidos por direitos de autor por parte de modelos de inteligência artificial generativa suscita “consideráveis preocupações legais e éticas”, refere o OberCom. Estes modelos “são treinados para processar grandes volumes de dados (textos, fotografias, vídeos, áudios entre outros), alguns dos quais protegidos por direitos de autor, sem a permissão explícita dos detentores desses direitos”, lê-se em nota de divulgação.

Além disso, o problema do uso de dados protegidos por direitos de autor vai além de questões legais, entrando também no domínio da ética, uma vez que “os benefícios da IA são desproporcionalmente colhidos por grandes plataformas tecnológicas em detrimento dos indivíduos e das instituições que contribuem para o corpo de conhecimento global”.

Também os altos custos económicos da implementação de sistemas de IA são uma força de resistência à integração desta tecnologia no jornalismo, embora a diminuição de gastos financeiros ao substituir processos manuais por automação seja uma força de pressão para que ocorra essa implementação.

O OberCom assinala que a questão da transparência é também “fundamental”, sendo que 90% dos jornalistas considera que o uso da inteligência artificial no jornalismo deve ser tornado público.

Por outro lado, no que toca a vantagens do uso de inteligência artificial no jornalismo, aponta-se desde logo a sua capacidade de análise de grande volume de dados.

No entanto as utilizações da inteligência artificial no jornalista são diversas. Segundo o OberCom, citando um estudo de 2023 realizado pela Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA), esta tecnologia era sobretudo usada para a criação de textos (54%) e fazer pesquisas simplificadas (44%). No entanto, outro estudo do Reuters Institute for the Study of Journalism, que inquiriu profissionais com cargos de chefia sobre os usos mais relevantes da IA em 2024, concluiu que o uso da IA se destacava na transcrição e a revisão de texto (58%), seguindo-se a distribuição de conteúdo e recomendações personalizadas.

Entre outras aplicações desta tecnologia no jornalismo, o OberCom refere que a agência Reuters lançou em 2023 uma nova ferramenta de IA, com o objetivo de melhorar a produção e a descoberta de conteúdos em vídeo. Esta ferramenta “analisa vídeos brutos em tempo real, gerando transcrições automáticas, listas de cenas e traduções multilíngues”.

Por outro lado, a Google “está a preparar uma ferramenta que pretende auxiliar no processo de escrita de notícias, ajudando, por exemplo, os jornalistas com opções de títulos ou a adotar diferentes estilos de escrita”, refere a OberCom.

Os investigadores consideram inclusive que haverá uma procura por jornalistas especializados em interpretar e validar informações geradas por IA, o que aponta para que a IA, embora possa eliminar empregos, crie também outras oportunidades.

A procura por jornalistas “altamente qualificados em verificação de factos” (fact checking) também deverá aumentar, vaticina a OberCom, tendo em conta o aumento da produção de conteúdo online gerado artificialmente, o que potencia os riscos associados à desinformação.

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