Canais Dazn passam a ser auditados pela MediaMonitor

"Esta auditoria independente irá reforçar a confiança dos anunciantes e parceiros na Dazn como um destino premium para publicidade no segmento desportivo", aponta Sara Pastor, SVP ibérica.

Os três canais lineares da Dazn vão passar a ser auditados pela MediaMonitor. A análise, descreve ao +M Sara Pastor, senior vice president de Ad Media Sales da Dazn Iberia, “inclui o visionamento de programas e blocos publicitários, garantindo dados fiáveis e auditados que estarão acessíveis ao mercado”.

O objetivo é então “reforçar a transparência na medição de audiências e no impacto da publicidade nos canais, permitindo que os anunciantes tomem decisões informadas”, prossegue. O canal 5 é um dos três a ser auditados, por ser onde são transmitidas as provas relacionadas com a Dazn Motores. A este, juntam-se o Dazn 1 e 2.

A parceria com a MediaMonitor, explica a responsável, “representa um passo natural na estratégia para oferecer dados auditados e acessíveis ao mercado publicitário português”. “Os anunciantes e parceiros procuram cada vez mais dados fiáveis e precisos, que transmitam credibilidade e confiança. Atualmente, não existia no mercado português um canal premium desportivo que disponibilizasse de forma independente dados reais de audiências e publicidade”, aponta Sara Pastor.

Com esta auditoria, “a Dazn torna-se a primeira plataforma a fazê-lo, garantindo um modelo mais transparente e confiável para marcas e agências. O nosso compromisso é que este seja um passo para elevar a confiança e a credibilidade do setor. Idealmente, acreditamos que esta transparência deveria ser uma prática comum na indústria, pois beneficia todos os players e contribui para um mercado publicitário mais sólido e sustentável, acrescenta a responsável ibérica.

Sem avançar objetivos concretos em termos do impacto que a medida possa ter nas receitas, a senior vice president de Ad Media Sales diz que “esta auditoria independente irá reforçar a confiança dos anunciantes e parceiros na Dazn como um destino premium para publicidade no segmento desportivo“.

“Embora não possamos divulgar valores específicos, podemos afirmar que a publicidade é uma área estratégica e em crescimento para a Dazn. A criação do cargo de SVP de Ad Media Sales para a Ibéria, em julho, reforça essa aposta da marca, que pretende consolidar-se como a principal plataforma de entretenimento desportivo do mundo. O crescimento da receita publicitária é também um passo vital neste percurso” conclui.

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Na Helexia a “dar palco” aos clientes com uma comunicação B2B, João Guerra, na primeira pessoa

Na Helexia há cinco anos, João Guerra tem como missão mostrar às empresas como a marca as pode ajudar a descarbonizar. É lisboeta mas optou por viver na Chamusca. Adora ciclismo e fazer mergulho.

Depois de cerca de 20 anos no setor das telecomunicações, João Guerra sentiu uma necessidade de mudança, aventurando-se no setor da energia e sustentabilidade e juntando-se à Helexia, empresa que trabalha no desenvolvimento de soluções integradas de energia e descarbonização para um desenvolvimento sustentável das empresas. Há cerca de cinco anos marketing & communication director da Helexia em Portugal, João Guerra explica que a sua comunicação, que é B2B2 (business-to-business), passa por “dar palco” a estas empresas que compõem o seu portefólio de clientes.

“Quem está a fazer a transformação são as empresas. Nós somos um enabler, ajudamos as empresas a descarbonizar, mas são elas que estão a fazer essa transformação. E toda a nossa comunicação vai muito nesse sentido, ou seja, de dar o palco às empresas que são nossas clientes, mostrando porque é que estão a fazer essa transformação e quais são os benefícios“, explica em conversa ao +M.

Ao mesmo tempo a marca quer “ajudar as empresas a perceber porque é que este caminho é importante e o motivo pelo qual esta transformação, até do ponto de vista competitivo, as torna mais capazes de enfrentar o mercado“, desde logo pela redução de custos que advém de uma autossuficiência do ponto vista energético através do autoconsumo solar, por exemplo.

A comunicação da Helexia e encarada por João Guerra como um desafio “muito grande” mas também “fascinante”.

“No B2C eu estou a comunicar diretamente com o consumidor final e, na maior parte das vezes, a decisão deste consumidor é muito emocional e muitas vezes rápida. Já no B2B é completamente diferente, porque não existe apenas um decisor, mas sim vários que fazem parte da cadeia de decisão, a qual é muito racional. Ou seja, não é uma decisão emocional”, refere.

“Ninguém acorda de manhã a dizer que quer autoconsumo solar na sua fábrica e que isso tem de acontecer logo nesse dia. Estas são tomadas de decisão conjuntas e que demoram tempo. O papel do marketing aqui passa muitas vezes por esclarecer quais são os benefícios desta transformação, porque é que é importante e como é que pode ser feita, recorrendo também a muitos casos de estudo e mostrando quem é que já está a fazer este caminho e o que está a beneficiar. No fundo, o marketing acaba por construir um ecossistema para que depois a venda possa acontecer“, acrescenta.

Quanto ao risco de greenwashing no que toca à comunicação das marcas sobre temas relacionados com a sustentabilidade, João Guerra defende que as empresas “têm de ser sempre responsáveis na forma como comunicam“, reconhecendo que “às vezes existe uma tendência para se exagerar o que se está a comunicar“.

Este é sempre um jogo em que, obviamente temos que arriscar um bocadinho, temos que criar tensão no mercado para que exista a necessidade, mas ao mesmo tempo temos que ser responsáveis e nunca passar dados que não sejam reais ou exagerar benefícios que depois no fundo não são reais“, afirma.

Concedendo que “houve um bocadinho de exagero” por parte das marcas, o marketing & communication director, de 51 anos, considera que o mercado está agora a “corrigir” esse exagero. Para evitar greenwashing, é importante que as marcam tenham dados e factos: “não há nada como ter factos que sustentem a comunicação que se faz“.

Segundo João Guerra, as empresas já estão habituadas a reportar dados financeiros, mas a exigência que é feita agora passa também por reportar outro tipo de dados, nomeadamente aqueles relacionados com a forma “de como o ambiente pode afetar a empresa, mas também como a empresa afeta o ambiente”.

“É o conceito de dupla materialidade. E isto requer olhar para dados e envolver uma série de equipas, que se calhar não eram envolvidas. Mas acima de tudo, temos que basear a nossa comunicação em factos muito concretos. Acho que isso é a melhor forma de as empresas terem uma comunicação responsável“, acrescenta.

 

“Eu acho que as empresas e marcas que acreditam que é importante descarbonizar têm agora o momento de se mostrarem e defenderem o que realmente acreditam. Acho que há aqui uma boa oportunidade para que isso aconteça sem que seja greenwashing. Quem acredita que a descarbonização e a sustentabilidade são um tema importante, é agora que tem palco para o fazer. Acho que agora vamos começar a separar o trigo do joio“, entende João Guerra, dando até como exemplo o recuo de algumas nações — nomeadamente os EUA, que no final de janeiro anunciaram a saída do acordo climático de Paris — no caminho da sustentabilidade.

No desenvolvimento do seu trabalho, o marketing & communication director da Helexia conta com outras três pessoas, duas designers e uma pessoa de gestão de marca. No entanto, a empresa trabalha também com dois freelancers (em termos de vídeo e fotografia), bem como com duas agências, que são uma “extensão da equipa”, a The Square (comunicação) e a Bardo (marketing).

Nascido em Lisboa, João Guerra morou durante os seus primeiros cinco anos de vida em Troia, uma vez que o pai trabalhava no complexo petroquímico de Sines, onde brincou muito na rua e no campo. Com seis anos mudou-se com a família para Lisboa, com o profissional a considerar ter tido a “sorte” de ir morar para o bairro de Alvalade.

“Na altura que eu morei lá, havia muitas crianças e como aquilo eram ruas sem saída e com pouco trânsito, acabei por conviver muito também com crianças da minha idade, a brincar na rua. Esta parte social sempre me influenciou muito e acho que isso depois teve muita influência na minha forma de ser“, refere.

E tal veio a verificar-se com a sua opção de ir viver para a vila ribatejana da Chamusca, no distrito de Santarém, terra natal da mulher e onde mora há 25 anos, numa mudança que considera que lhe trouxe uma qualidade de vida “muito, muito grande”.

“Eu tenho dois filhos, a Maria de 23 anos e o Vasco de 15 anos. E na Chamusca eles puderam crescer num ambiente que é seguro e que lhes proporcionou um contacto social muito grande. Cresceram a brincar e a conviver na rua, e isso é possível nestes sítios onde ainda sentimos segurança e onde as pessoas se conhecem. Foi uma opção de vida de que não estou nada arrependido e estou super contente“, refere.

De início, no entanto, a mudança foi difícil, uma vez que continuou sempre a trabalhar em Lisboa o que implicou muitas vezes passar algumas semanas ou grande parte da semana em Lisboa. No entanto, atualmente, com a tecnologia, “mas acima de tudo com a mudança de mentalidade”, já reparte os seus dias de trabalho entre casa e Lisboa.

Mas eu gosto deste modelo híbrido porque gosto de sentir a calma do campo, mas também preciso da adrenalina da cidade. Não consigo cortar com a adrenalina da cidade, também sabe bem“, refere.

Além de gostar muito de andar de bicicleta, tanto de estrada como BTT, faz trekking, principalmente de montanha, e mergulho. “Vou alternando essencialmente aqui entre estes desportos, mas gosto muito de tudo o que são desportos de natureza”, diz.

“Entretanto a minha mulher deixou de mergulhar, mas eu continuei e adoro. Adoro mergulhar e agora é engraçado porque até o meu filho também já mergulha comigo. É a sensação mais perto que temos de estar no espaço, mas também é fantástico ver o que existe no oceano e isso também acaba por ser uma motivação muito grande para preservar o planeta e fazer a ligação ao setor onde estou”, afirma sobre uma paixão que o leva inclusive a dizer que, se não fosse o marketing e comunicação, seria biólogo marinho.

Mas, verdade seja dita, que o seu percurso não começou nem pela comunicação e marketing nem pela biologia, sendo a sua formação de base tecnológica. Depois de se formar em informática de gestão e de trabalhar na área, acabou por ser desafiado para ir para marketing. “Isto porque estava a tomar conta de uma equipa que fazia suporte ao cliente e passava a vida a fazer sugestões às equipas de marketing que tomavam conta dos produtos a um ponto tal que me disseram para ir trabalhar para essa área. E foi aí que mudei a minha carreira e descobri uma paixão“, recorda.

Quando acabou os estudos, em 1996, as empresas de telecomunicações estavam em revolução, com a possibilidade de mobilidade das comunicações, tendo João Guerra iniciado a sua carreira na Telecel (hoje em dia Vodafone), permanecendo no setor das comunicações móveis durante cerca de 20 anos. “Acompanhei desde o início até o mercado ficar bastante maduro“, refere.

Na Telecel ainda trabalhou em Espanha durante dois anos, regressando em 2000 a Portugal “quando estava a haver toda aquela liberalização das comunicações móveis”, tendo trabalhado na Oni Comunicações e depois na Optimus, onde esteve durante 15 anos, acompanhando também o processo de fusão que deu origem à Nos.

Passados 20 anos nas telecomunicações, e estando já “um bocadinho cansado do setor” quis mudar. “E tive sorte porque apanhei um setor, que estava também em transformação, que é este setor da energia. Na minha carreira tive essa sorte de acompanhar dois setores numa fase inicial e de grande transformação e de impacto no mundo“, refere.

No setor da sustentabilidade trabalhou primeiro na ZEEV, que “foi pioneira na mobilidade elétrica”, passando depois pela Magnum Capque produzia carregadores para a mobilidade e que foi depois comprada pela italiana Scame Parre — até chegar à Helexia, onde está há já cinco anos.

A fazer um mestrado em Gestão de Impacto e Sustentabilidade na Católica, João Guerra defende a aprendizagem em contínuo a importância de se ser curioso, “principalmente para quem trabalha em marketing”. “Temos que ser curiosos, temos que continuar a aprender, temos que ser humildes“, refere.

Numa fase mais avançada na sua carreira gostava inclusive de transmitir, de alguma forma, um pouco da experiência e conhecimentos que foi adquirindo. “Vejo-me a terminar a minha carreira a dar formação ou eventualmente a colaborar com universidades. Fascina-me muito o ensinar, porque o ensinar é também enriquecermo-nos muito, uma vez que estamos a transmitir conhecimento mas, ao mesmo tempo, também estamos a absorver conhecimento”, diz.

Esse é um desafio que eu tenho. Não para agora, acho que ainda tenho uma vida ativa pela frente , mas mais tarde, quando tiver perto da reforma, gostava de ligar-me ao ensino de alguma forma“, acrescenta.

João Guerra em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Em termos nacionais, uma das primeiras campanhas da Telecel, o famoso “Tou xim;” com o pastor a atender o telemóvel (na altura, uma novidade). Foi a junção perfeita entre tecnologia e ruralidade, numa clara mensagem de que a inovação é para todos, independentemente do contexto. Já a nível internacional, a campanha “Think Different” da Apple, por colocar o propósito das marcas em primeiro plano. Não se tratava apenas de vender produtos, mas de desafiar o status quo e celebrar aqueles que mudam o mundo com a sua visão. Uma campanha intemporal, que reforçou a identidade da Apple e inspirou gerações.

2 – No (seu) top of mind está sempre?

A competitividade. Para sermos competitivos, temos de compreender as necessidades do mercado e antecipar soluções, sempre com excelência. Significa identificar os fatores críticos de sucesso e responder com inovação, qualidade e agilidade.

3 – O briefing ideal deve…

Ter informação sobre o contexto, sobre o que se pretende atingir mas que deixe muita liberdade à criatividade. Deve inspirar, orientar e desafiar, garantindo que há espaço para inovação e soluções inesperadas.

4 – E as agências ideais são aquelas que…

São aquelas que caminham connosco, atuando como uma extensão da equipa. Desafiam-nos a ver além do óbvio, trazem novas perspetivas e, quando necessário, têm coragem para colocar o dedo na ferida. Mais do que prestar um serviço, são parceiros essenciais para a evolução e melhoria contínua.

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

O equilíbrio é essencial, mas arriscar tem de fazer parte do jogo. A comunicação que realmente marca é aquela que desafia convenções, gera conversa e cria impacto. Jogar pelo seguro pode evitar erros, mas também impede grandes conquistas.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?

Vou cair num chavão mas tenho que mencionar, encara-las sempre como uma oportunidade. Depois da “tempestade” passar, existem sempre lições que nos ajudam a crescer e melhorar.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Não era para mim. Eu gosto de orçamentos limitados, obriga-me a utilizar a “massa cinzenta” e a decidir prioridades.

8 – A comunicação/publicidade em Portugal, numa frase?

Forte na narrativa e na emoção.

9 – Construção de marca é?

É um privilégio. A marca é um ativo da empresa e ajudar na construção do seu propósito, é um desafio continuo que exige coerência, visão e capacidade de criar conexões autenticas, tanto internamente, como no mercado.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação/marketing?

Eu adoro mergulhar, é entrar em outra dimensão, é o mais parecido a estar no espaço. Talvez fosse biólogo marinho.

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“Queremos entrar no capital de uma empresa por ano”, diz CEO da Matoaka

Consultora de Paulo Lima, Sara do Ó e Miguel Marecos, que criou site para compra e venda de micro e PME, vai integrar a área de M&A de uma auditora nacional e lançar-se no ‘equity’ este ano.

MatoakaMatoaka

A empresa portuguesa Matoaka, que faz consultoria a micro e pequenas e médias empresas (PME) e criou um site para compra e venda de negócios, está prestes a iniciar uma parceria com uma auditora para a área de fusões e aquisições (M&A) e a tornar-se investidora.

Com uma ‘tribo’ de oito pessoas, a Matoaka criou uma plataforma digital de M&A (Transfer) e um departamento de consultoria moderna (Energize) no final de 2023 e fechou o primeiro ano completo de atividade com quatro negócios assinados – três operações de compra/venda realizadas diretamente no site e outra offline – e seis clientes de assessoria. Agora, a empresa cofundada por Sara do Ó, presidente do conselho de administração da Ó Capital, está pronta para dar o salto e tornar-se também acionista das empresas que vai assessorando.

“Queremos participar numa das empresas que vamos apoiar. Queremos fazer parte da estrutura de equity de uma empresa que vamos apoiar, sem ter success fees, portanto apenas trocar equity pelo nosso serviço e entrar no capital de, pelo menos, uma empresa por ano. Mostra a nossa lógica de tribo. Estamos na fase a negociar com uma empresa. Já fizemos a nossa proposta, mas ainda não está fechado”, avançou ao ECO o sócio e co-CEO da Matoaka, Paulo Lima.

O plano passa também por iniciar em breve uma colaboração com uma auditora para que a empresa fique corresponsável pela área de M&A das micro e PME, a maior franja do tecido empresarial português. O acordo, que surgiu por convite, implica agilizar operações entre empresas de valor mais elevado do que trabalhavam até então. O nome da auditora ainda está sob anonimato.

“A partir do final do primeiro semestre [2024], começámos a ter mais reconhecimento, a atrair micro e PME e a acreditar que podíamos avançar para empresas com uma dimensão um pouco maior. Sem entrar nas grandes, mas ir além do intervalo de avaliações que temos na plataforma (150 mil euros a 1,5 milhões de euros) para as que valem entre 1,5 milhões de euros e 10 milhões de euros. São empresas que não têm um espaço concreto no mercado de M&A, porque as Big Four não se focam nestes volumes”, detalha o co-CEO da empresa que foi batizada com o nome de nascença da Pocahontas.

"Vamos trabalhar com empresas que valem entre 1,5 e 10 milhões de euros, que não têm um espaço concreto no mercado de M&A, porque as Big Four não se focam nestes volumes.”

Paulo Barata Lima

Sócio e co-CEO da Matoaka

Paulo Lima começou a carreira profissional na Deloitte e participou na fundação de uma startup que se dedicava a ajudar marcas a expandir e através da qual trabalhou com a Fitness Hut ou a Prego Gourmet. Mais tarde, em 2015, lançou-se no ramo da restauração enquanto managing partner do grupo NovaCasta, que explora em Portugal insígnias como 100 Montaditos, Pomodoro e Red – We like it raw. Neste projeto, conta com a coliderança de Miguel Marecos.

É um fervoroso defensor do empreendedorismo por aquisição, o que quase faz reviver da história da Pocahontas (Matoaka) quando a indígena salva o colono inglês John Smith da morte em 1607. Tudo porque acredita que é “muito difícil começar do zero”, que existe “imenso espaço de consolidação” e o país beneficiaria “imenso” desses processos por uma questão de escala ou salvação.

“Ganha-se dimensão. Há exemplos de empresas que se tivessem feito fusões com concorrentes não teriam tido resultados tão prejudiciais e até evitariam o encerramento. Basta vermos que estão a diminuir o número de criações de novas empresas e a aumentar as insolvências. Muitas vezes, adquirir para mudar para crescer é um caminho mais fácil do que o do empreendedorismo tradicional”, garante.

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“Eu gosto de ganhar dinheiro, mas às vezes parece que é crime”

  • ECO
  • 17 Fevereiro 2025

Celso Lascasas, fundador da Laskasas, é o 17.º convidado do podcast E Se Corre Bem? Descubra a sua trajetória, de aprendiz de marceneiro a empresário de sucesso.

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Celso Lascasas, o fundador da marca portuguesa de mobiliário Laskasas, começou a trabalhar como aprendiz de marceneiro aos 14 anos com um tio, depois de ter deixado de estudar. Desde cedo, tinha um objetivo claro: “Eu quando era puto, nos meus 14, 15 anos, dizia aos meus colegas de trabalho que queria ser rico”. Por volta dessa altura, decidiu deixar a escola e afirmou para si mesmo: “Não quero depender de ninguém, nem estar sempre a pedir dinheiro”.

Este espírito independente e ambicioso levou-o a construir uma marca que hoje emprega 500 pessoas e fechará 2024 com um volume de negócios de cerca de 40 milhões de euros.

Celso Lascasas encontrou na marcenaria uma paixão e, ao mesmo tempo, um desafio. “Eu dou-me muito bem com o meu tio, que foi um professor para mim. Foi ele que me ensinou a arte. Mas ia muitas vezes para a casa de banho chorar, porque havia situações que passavam a linha do razoável”. Ainda assim, nunca perdeu o foco. “Sempre quis ter algo meu”. E, aos 29 anos, fundou a Laskasas, começando com uma pequena loja em Ermesinde. Durante um ano e meio, não obteve qualquer salário, reinvestindo tudo na empresa.

"Conheço muitos que só pegam no Mercedes ao domingo para ir almoçar, porque os trabalhadores não podem saber. Eu acho que isso é um pensamento de pobre. Mas porque é que não pode? Só se não cumprir”

Celso Lascasas, o fundador da marca portuguesa de mobiliário Laskasas

O crescimento foi constante. Primeiro, expandiu-se no norte do país e, depois, para Lisboa. Quando tomou esta decisão disse que ia “exportar para Lisboa”, por achar que a capital tinha um potencial diferente do resto do país.

A abertura da loja em Alfragide foi um risco calculado. “Foi um passo maior do que a perna. A renda desta loja era superior às quatro que eu tinha”, explica. Mas a estratégia revelou-se acertada. “Posso dizer que se essa loja não tivesse funcionado, eu teria caído”. Hoje, das 12 lojas que a marca tem em Portugal, as três na Grande Lisboa – Estoril, Rua Castilho e Alfragide – chegam a faturar mais do que todas as outras juntas.

A cultura empresarial em Portugal também não lhe passa despercebida. “Eu gosto de ganhar dinheiro, mas às vezes parece que é crime”, diz. Sobre o facto de não esconder o seu sucesso, o empresário é claro: “Não tenho nada a esconder. Eu fiz acontecer e tenho moral”. Acredita que muitos empresários receiam exibir conquistas por medo do julgamento. “Conheço muitos que só pegam no Mercedes ao domingo para ir almoçar, porque os trabalhadores não podem saber. Eu acho que isso é um pensamento de pobre. Mas porque é que não pode? Só se não cumprir”, explica.

Olhando para o futuro, tem uma meta clara que passa por reformar-se aos 55 anos. Mas não acredita no equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. “Se tu quiseres ter sucesso tem que haver desequilíbrio”. Afinal, foi esse desequilíbrio que, de certa forma, o trouxe até aqui.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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LALIGA bloqueia as emissões das plataformas ilegais DazcFutbolios e RBTV77 em Espanha

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

LALIGA bloqueou durante o fim de semana as transmissões ilegais das plataformas DazcFutbolios e RBTV77, que permitiam a transmissão não autorizada de jogos de futebol tanto na Web como na aplicação.

Segundo a LALIGA, em comunicado, as duas plataformas “utilizaram a infraestrutura e os recursos da Cloudflare para esconder a sua atividade criminosa ao lado de domínios legítimos, que são utilizados como escudo digital, numa tentativa de contornar os controlos de segurança”.

A LALIGA sublinhou que conseguiu assim demonstrar a sua capacidade de resposta à fraude audiovisual, com uma “ação eficaz levada a cabo por uma equipa especializada que evidencia a eficácia dos bloqueios dinâmicos” implementados durante a jornada 24 da LALIGA EA SPORTS e a jornada 27 da LALIGA HYPERMOTION.

A federação espanhola de futebol sublinhou que estes bloqueios “não são maciços nem indiscriminados” e serviram também para desativar “uma série de IPs especificamente identificados como alojando serviços piratas e serviços de streaming não autorizados que estavam a funcionar em paralelo”.

Neste sentido, salientou que a defesa dos direitos de propriedade intelectual continua a ser uma das suas “prioridades” e, para tal, trabalha em conjunto com as diferentes empresas de telecomunicações “para identificar e encerrar plataformas ilegais, protegendo assim a integridade, a sustentabilidade económica e a principal fonte de rendimento dos clubes e da indústria desportiva em geral”.

Por último, a LALIGA denunciou “a influência da Cloudflare no processo de pirataria”, entendendo que esta protege as organizações criminosas “de forma consciente e com fins lucrativos”.

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ISDIN doa 25 000 euros à Fundação FERO para a luta contra o cancro da mama

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

ISDIN, o laboratório líder em fotoprotecção e dermatologia, fez uma doação de 25.000 euros à Fundação FERO para ajudar na investigação e deteção precoce do cancro da mama.

A contribuição, que foi possível graças à campanha “Juntos” organizada pelo laboratório em outubro, será destinada à investigação sobre a biópsia líquida. Este projeto, liderado pela Dra. Ana Vivancos, chefe do Laboratório de Genómica do Instituto de Oncologia Vall d’Hebron (VHIO), desenvolve uma técnica de deteção do cancro através de uma gota de sangue, evitando assim biópsias invasivas e cirurgias.

A campanha “Juntos” celebrou a sua sétima edição em outubro, coincidindo com o Dia Mundial do Cancro da Mama. A iniciativa, que visa sensibilizar para a importância da investigação e da deteção precoce desta doença, assenta em três pilares: prevenção, apoio e investigação do cancro. Para além disso, este ano, quis-se realçar o papel dos acompanhantes e o seu apoio emocional.

Com a ideia de “o laço que nos une”, a iniciativa procura explicar a “união infinita” que se gera entre os doentes e os seus acompanhantes. Um laço essencial que foi protagonizado pela imagem de angariação de fundos, ilustrada por Steffi Mallebrein, coautora do guia do acompanhante para o cancro da mama que o ISDIN apresentou no ano passado, e pela sua filha Laura.

Ambos foram também incluídos numa série de testemunhos comoventes apresentados em outubro, que o ISDIN manterá no sítio Web da instituição de caridade ao longo do ano. Juntamente com o guia de oncologia e as dicas de auto-exame, criam uma base de recursos essencial para abordar as preocupações que as mulheres podem sentir durante um processo tão delicado, bem como para nos recordar a importância de cuidarmos de nós próprias (e de nos explorarmos) de forma holística.

Os farmacêuticos têm desempenhado um papel fundamental nesta campanha, com uma participação acrescida este ano. Mais de 2500 farmácias aderiram à dádiva, mais 50% do que no ano passado. Em 2024, estima-se que cerca de 36.000 mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama, uma doença que afetará uma em cada oito mulheres ao longo da sua vida.

Graças aos avanços científicos, a taxa de sobrevivência aumentou significativamente, atingindo atualmente 85%, em comparação com 65% há 25 anos. Estes dados encorajam-nos a manter o nosso compromisso com a investigação como um caminho essencial para o futuro sem cancro que a ISDIN tem tentado inspirar desde o seu nascimento há 50 anos.

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AstraZeneca impulsiona o investimento da indústria nos cuidados de saúde na Bioregião da Catalunha, segundo o Biocat

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

É o que destaca o “Relatório BioRegião da Catalunha 2024” do Biocat, a instituição que promove o ecossistema das ciências da vida e da saúde nesta comunidade autónoma.

A Catalunha está a consolidar a sua posição como “referência internacional em biomedicina” graças à colaboração entre empresas, instituições académicas e o setor público, que está a fomentar o desenvolvimento de terapias inovadoras e soluções disruptivas e a reforçar o papel da região como “motor essencial do progresso no domínio dos cuidados de saúde”.

Apresentado em Barcelona, o documento revela a situação e as tendências do setor, que ocupa o terceiro lugar em termos de valor acrescentado e emprego na economia catalã, destacando o compromisso de investimento da indústria farmacêutica como catalisador deste boom.

Com mais de 1.500 empresas e 93 entidades de investigação em saúde, o ecossistema gera um impacto económico total equivalente a 7,6% do PIB da Catalunha (4,1% da indústria e 3,5% das atividades de saúde). O volume de negócios total, que inclui tanto as empresas como as atividades de saúde, é de cerca de 44.800 milhões de euros, o que representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior.

Em termos de emprego, o setor gerou 17.500 novos postos de trabalho, atingindo um total de quase 75.400 empregados, o que equivale a 7,3% da população empregada na Catalunha.

O relatório destaca a aposta crescente das empresas multinacionais no setor como um fator-chave para o desenvolvimento da “Bioregião”. A Catalunha concentra atualmente cerca de 50% da indústria farmacêutica em Espanha e alberga pólos de inovação, filiais, instalações de I&D, produção e logística de um grande número de empresas.

Entre 2020 e 2024, o setor recebeu um total de 2.106 milhões de euros em Investimento Direto Estrangeiro (IDE), um aumento de 25% em comparação com o período anterior (2019-2023). Este crescimento teve também um impacto significativo no emprego, com a criação de 5.819 novos postos de trabalho, mais 24% do que no período anterior.

A este respeito, em 2024, o investimento da indústria estrangeira estabeleceu um novo recorde, atingindo 542 milhões de euros e criando quase 1.700 postos de trabalho. Este impulso veio em grande parte do AstraZeneca Global Hub em Barcelona, que desde a sua abertura em março de 2023 atingiu 1.100 empregados e espera fechar 2025 com 2.000 empregados.

Com um investimento previsto de 1,3 mil milhões de euros até 2027, a empresa afirmou em comunicado que este centro internacional de inovação científica “está a consolidar a sua posição como um dos centros líderes na Europa”. Está centrado no desenvolvimento de estratégias disruptivas, como a medicina de precisão, a genómica, a terapia celular, a imuno-oncologia, a ciência dos dados e a inteligência artificial.

Através do centro, a AstraZeneca “está a ajudar a estimular o investimento no setor, gerando um poderoso efeito de bola de neve no ecossistema de inovação biomédica da Catalunha”. A empresa planeia transferir as operações do AstraZeneca Global Hub para o emblemático edifício Estel, que foi a sede da Telefónica até 2011.

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Galp obteve segundo maior lucro de sempre em 2024. Dividendo vai subir 15%

Os lucros da Galp caíram 4% em 2024, para 961 milhões de euros, mas foi o segundo melhor ano de sempre para a petrolífera. Administração vai propor reforçar o dividendo em 15%, para 0,62 euros/ação.

A Galp GALP 0,06% fechou 2024 com lucros de 961 milhões de euros, menos 4% do que em 2023, ano em que tinha alcançado um resultado líquido recorde superior a mil milhões de euros, revelou a empresa esta segunda-feira.

Apesar de o lucro da petrolífera ter afundado 75% no quarto trimestre em relação ao período homólogo, o lucro anual da Galp em 2024 foi o segundo mais elevado de sempre. Neste contexto, a administração vai propor aos acionistas reforçar em 15% o dividendo, para 0,62 euros por ação, e executar ao longo de 2025 um programa de recompra de ações de 250 milhões de euros.

“Fechámos 2024 com mais um trimestre forte, num ano de entrega consistente, em linha ou acima das perspetivas em todas as unidades de negócio”, comentam Maria João Carioca e João Diogo Marques da Silva, que em janeiro assumiram a liderança bicéfala da empresa, depois da demissão do anterior CEO, Filipe Silva, na sequência de uma investigação interna tornada pública pelo ECO.

À luz desse caso, os novos líderes comentam, na nota que acompanha os resultados trimestrais: “A nossa governance está desenhada para garantir a continuidade estratégica e foco na execução. Temos grandes pessoas e o apoio da administração e, juntos, esperamos concretizar o caso de investimento único da Galp no ano corrente.”

Evolução das ações da Galp em Lisboa:

No ano completo de 2024, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da Galp encolheu 7%, para 3.297 milhões de euros. O EBITDA do segmento Upstream, que inclui a exploração de petróleo, diminuiu 8%, para 2.078 milhões. A empresa aponta para a venda de ativos em Moçambique e para a descida de 5% da produção no mercado brasileiro.

No segmento midstream, onde consta o negócio da refinação, a quantidade de matéria-prima processada atingiu em 2024 os 91 milhões de barris de petróleo ou equivalente (mboe), um “máximo histórico”, segundo a empresa. O EBITDA deste segmento, ainda assim, desceu 6%, para 876 milhões de euros, num ano em que a margem de refinação da Galp baixou 32%, para 7,4 dólares por barril.

Enquanto isso, as vendas totais de produtos petrolíferos estagnaram no segmento comercial, tendo a Galp conseguido, ainda assim, uma melhoria de 1% do EBITDA, para 306 milhões. Já no segmento das renováveis, o EBITDA afundou 64% em 2024, para 47 milhões de euros. O facto de o preço realizado ter caído 47% em 2024, para 43 euros por MWh (megawatt-hora), ajuda a explicar a quebra.

No ano passado, a Galp reforçou o investimento em 23%, tendo atingido 1.291 milhões de euros. Mais de metade deste valor foi canalizado para a exploração petrolífera, principalmente para os mercados do Brasil e da Namíbia.

A empresa também foi capaz de reduzir a sua dívida líquida, de 1.471 milhões de euros no final de setembro para 1.207 milhões no final de dezembro de 2024.

“Em 2025 e 2026 iremos continuar a executar os nossos projetos-chave, a marca distintiva do portefólio da Galp, aliando uma abordagem disciplinada a um plano de baixa intensidade de capital”, acrescentam os novos líderes da Galp na referida nota.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h41)

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Fundação Jiménez Díaz presta homenagem ao seu legado e aspira a continuar a fazer história com o seu trabalho de saúde, ensino e investigação

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

No seu 90.º aniversário, a Fundação presta homenagem ao pessoal com 25 anos de experiência e entrega prémios de investigação, ensino, iniciativas de saúde, experiência do doente e eficiência.

A Fundación Jiménez Díaz celebrou o 90º aniversário do Instituto de Investigaciones Clínicas y Médicas e o 70º aniversário da Clínica de la Concepción num evento em que destacou a sua capacidade de inovação e adaptação como motor para “liderar” a transformação do sistema de saúde espanhol. Tudo isto em torno do Campus Hospitalar da Fundación Jiménez Díaz, que, segundo a instituição, continuará a ser uma referência nos domínios da assistência, do ensino e da investigação.

Durante a cerimónia de aniversário do centro sediado em Madrid, o diretor da Fundación Jiménez Díaz, Dr. Javier Arcos, sublinhou que o “horizonte” fundador da instituição “continua a ser válido hoje em dia”. “Se há algo que caracteriza os ‘conchitos’, para além do seu amor pela profissão, é a sua capacidade de inovação e de adaptação à mudança”, observou.

Sublinhou que “é nesta capacidade, bem como no talento e no empenho dos seus profissionais, que o hospital se baseou para enfrentar desafios, melhorar a atividade e a segurança clínica e otimizar os processos de cuidados ao longo das nove décadas em que tem liderado a transformação do sistema de saúde a nível nacional, como atestam todos os anos numerosos prémios clínicos e de gestão, e o que é mais importante: a confiança dos doentes e a evidência dos resultados de qualidade e segurança alcançados e publicados no Observatório de Resultados da Comunidade de Madrid”.

“Tudo isto fez com que a nossa instituição se tornasse mais do que um hospital: um ecossistema que nunca parou de evoluir até unificar tudo o que representa atualmente sob um único conceito: o Campus Hospitalar Fundación Jiménez Díaz”, explicou o Dr. Arcos. Segundo ele, tudo isto é motivo para se sentirem “profundamente orgulhosos” do caminho percorrido “juntos” e “convencidos” de que estão “na direção certa para continuar a deixar a sua marca no futuro”.

CENTRO TOTAL

Neste aniversário, foi sublinhada a origem de um projeto em que “o objetivo era o ‘centro total’”. Este centro “combinará a investigação com a clínica que, de acordo com os critérios de Carlos Jiménez Díaz, dará origem a mais ideias à cabeceira para dar aos doentes a possibilidade de serem estudados, assistidos e tratados como nos grandes hospitais estrangeiros e para dar uma volta ao ensino para conseguir a fórmula de um centro ligado à universidade, mas sem estar sujeito à legislação”, recordou Mariano Jiménez Casado em “Historia de la Fundación Jiménez Díaz”.

Jiménez Casado referia-se à criação, há 90 anos, do Instituto de Investigaciones Clínicas y Médicas que, depois de unificado com a Clínica de la Concepción, inaugurada 20 anos mais tarde, deu origem ao Hospital Universitario Fundación Jiménez Díaz.

O Professor Jiménez Díaz foi o fundador deste centro que transformou o conceito de hospital num lugar dedicado à ciência, combinando os aspetos de assistência, ensino e investigação, e que desde então tem sido um exemplo de inovação, excelência, segurança clínica, profissionalismo e compromisso com o bem-estar da sociedade. Tudo isto foi resumido por Laín Entralgo quando o definiu como um “conhecedor de todos os saberes”. Todo este legado é sintetizado num vídeo que propõe também o desafio de “continuar a fazer história”.

25 ANOS DE TRAJETÓRIA

Paralelamente à resenha histórica, tal como se informa num comunicado de imprensa, o Dr. Arcos entregou mais de trinta diplomas de reconhecimento àqueles que dedicaram um quarto de século à Fundación Jiménez Díaz, juntamente com a Subdiretora, Ana Posada; a Dra. Marta Cremades e a Dra. Ana Leal, Diretora e Subdiretora Médica, respetivamente, do centro; Óscar Gómez, Diretor de Continuidade de Cuidados; e Ana Gloria Moreno, Diretora de Enfermagem.

O Dr. Antonio Blanco, chefe do Serviço de Urgência, e María José Checa, subdiretora de Enfermagem, agradeceram em nome de todos os homenageados, felicitaram os seus colegas e partilharam com eles a sua experiência e aprendizagem na instituição durante este período.

Foram também entregues os XXI Prémios de Investigação, os II Prémios de Ensino e os IX Prémios às Melhores Iniciativas em Saúde, Experiência do Doente e Eficiência. Os prémios foram entregues pela Dra. Carmen Ayuso, Diretora do Instituto de Investigação Sanitária da Fundação Jiménez Díaz (IIS-FJD); pela Dra. Victoria del Pozo, Subdiretora de Investigação do IIS-FJD; e pela Dra. Cristina Caramés, Diretora de Cuidados e Investigação do Quirónsalud. Na investigação, destacaram-se as teses de Claudia Vales-Villamarín, Guillermo Santamaría Corral, María Herrera e Beatriz Álvarez, entre outros.

Leandro Soriano, Diretor de Ensino da Fundación Jiménez Díaz e Chefe do Departamento de Pediatria, juntamente com Ana Gloria Moreno, entregaram o Prémio de Ensino ao novo Campus Pintor Rosales da Escola de Enfermagem da Fundación Jiménez Díaz-Universidade Autónoma de Madrid, inaugurado este ano letivo, e cujo reconhecimento foi recolhido pela sua Diretora, Paloma Rodríguez, juntamente com membros da equipa diretiva.

Quanto aos Prémios para as melhores iniciativas em Saúde, Experiência do Paciente e Eficiência, destacaram os projetos que mais contribuem para promover estes três eixos estratégicos da instituição e para continuar a ser uma referência nestas áreas.

A nona edição destes prémios reconheceu na primeira destas categorias duas iniciativas que contribuíram para a prevenção e promoção da saúde da população, cujos diplomas foram entregues pelo Dr. Arcos e pelo Dr. Cremades. Trata-se da incorporação na carteira de serviços do hospital do tratamento com ultra-sons focalizados guiados por ressonância magnética (HIFU), que foram recolhidos pelo Dr. Pedro García, especialista do Serviço de Neurologia e coordenador da Unidade de Distúrbios do Movimento da Fundación Jiménez Díaz; Jorge Cabrera, especialista do Serviço de Neurocirurgia, e Cici Feliz, especialista do Serviço de Neurologia; e o Programa de Alimentação Saudável, lançado este ano no centro sob a direção de Rubén Jiménez, chefe da cozinha, e Jorge Chaves, chefe do catering.

Por sua vez, Marta del Olmo, diretora corporativa de Experiência do Paciente, e o Dr. Gómez entregaram o prémio na categoria “Experiência do Paciente” a Eva Rueda, chefe do Serviço de Informação e Assistência ao Paciente da Fundación Jiménez Díaz, pelo projeto de Digitalização do Serviço de Assistência ao Paciente Online SIAP, que melhora a experiência do utilizador neste serviço.

AXON: Centro Integral de Excelencia y Seguridad Hospitalaria” foi o vencedor deste ano na categoria ‘Eficiência’, representado no evento por Raquel Martín, Diretora de Admissões da Fundación Jiménez Díaz; e Ana Isabel Cortés, Analista de Dados de Saúde no Departamento de Sistemas, que recebeu o prémio das mãos de Ana Posada e da Dra. Leal.

Por último, Daniel Blanco, Diretor do Departamento de Sistemas do Hospital Universitário Infanta Elena; Alba Caballero, Gestora de Projectos TIC no Departamento de Sistemas da Fundación Jiménez Díaz; e a Dra. Carolina Gotera, especialista do Serviço de Pneumologia da Fundación Jiménez Díaz; David Saez, Chefe do Serviço de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia do Hospital Universitário Rey Juan Carlos; Eduardo Useros, especialista do Serviço de Cirurgia Ortopédica e Traumatologia do Hospital Universitário Rey Juan Carlos; e o Dr. Eduardo Useros, especialista do Serviço de Pneumologia da Fundación Jiménez Díaz, que receberam o prémio; Eduardo Useros, especialista do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Infanta Elena; e Gonzalo Díaz, chefe adjunto do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Universitário General de Villalba, receberam o “Accésit Premio 4H” atribuído ao projeto “Scribe”, como reconhecimento especial e exemplar dos três eixos estratégicos do centro e da colaboração em rede da Fundação Jiménez Díaz com os outros hospitais de Quirónsalud integrados na rede pública de Madrid (Sermas).

O Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, fundado há mais de 80 anos pelo Dr. Carlos Jiménez Díaz, mantém desde 1953 um convénio com o sistema público de saúde, através do qual presta serviços de saúde pública à sociedade espanhola. De acordo com os compromissos do grupo a que pertence, Quirónsalud, os seus profissionais desenvolvem atividades de assistência, ensino e investigação. Tem acordos com a Universidade Autónoma de Madrid, entre outras, e dispõe de uma Escola de Enfermagem própria. O seu Instituto de Investigação em Saúde foi criado em 2009 ao abrigo de um acordo com a UAM e acreditado em 2010 e reacreditado em 2021 pelo ISCIII por um período de cinco anos.

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Hospital Infanta Elena incorpora uma nova tecnologia de ressonância magnética baseada em IA que proporciona rapidez, precisão e qualidade às imagens

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

O Hospital Universitário deu mais um passo na sua trajetória de inovação sanitária e tecnologia de ponta com a incorporação de uma tecnologia de ressonância magnética impulsionada pela IA.

O Dr. Anthony Vizarreta, chefe do Departamento de Radiologia do hospital de Valdemora, explicou que “a chegada desta ferramenta responde à crescente procura de exames de imagem devido ao envelhecimento da população, ao aumento das patologias crónicas e ao papel fundamental dos exames de imagem nas necessidades de diagnóstico da população”.

“Um cenário que obriga as tecnologias de imagiologia médica a avançar com rapidez, precisão e qualidade: com esta tecnologia reforçamos a nossa excelência diagnóstica, porque otimiza tanto a precisão dos exames como a experiência dos doentes e dos profissionais, e contribui para oferecer cuidados mais eficientes num contexto de crescente pressão sanitária”, afirmou.

Concretamente, “este novo equipamento é um software avançado que melhora o processo de aquisição de imagens de RM”, explicou, acrescentando que “se baseia num algoritmo de reconstrução de IA aplicado na fase inicial do sinal, que elimina o ruído e preserva os pormenores com uma resolução melhorada. Além disso, ao integrar-se no motor de aceleração MR Compressed Sense do hospital, reduz os tempos de exame tradicionais até três vezes sem comprometer a qualidade da imagem.

Ao contrário dos sistemas de RM tradicionais, a nova tecnologia integra algoritmos de IA no motor, uma característica já presente no equipamento anterior do Infanta Elena. No entanto, enquanto as gerações anteriores limitavam a velocidade ou a resolução para evitar o ruído nas imagens, esta inovação utiliza a reconstrução baseada em IA a partir da fonte do sinal, eliminando as interferências e preservando os pormenores críticos. Isto traduz-se numa maior resolução de imagem e numa redução significativa dos erros de imagem (chamados “artefactos”) que complicavam os diagnósticos, o que, por sua vez, significa uma redução drástica dos exames não diagnósticos.

BENEFÍCIOS

As principais vantagens desta ferramenta incluem rapidez e precisão (exames significativamente mais rápidos sem sacrificar a qualidade); imagens de maior resolução, com um aumento de 65% na definição; detalhe milimétrico (maior confiança no diagnóstico, com a capacidade de detetar pequenas lesões, como tumores incipientes); menor ruído e menos artefactos, o que melhora a interpretação dos resultados; versatilidade (é compatível com 97% dos protocolos clínicos, desde estudos cerebrais a cardíacos); maior acessibilidade para os doentes, com menos tempo no scanner (sendo ideal para crianças, idosos ou pessoas com claustrofobia), maior conforto e diagnósticos mais precoces; e impacto nos doentes e profissionais.

Para os doentes, a principal vantagem é a redução do tempo de permanência no scanner, o que diminui a ansiedade e melhora o conforto, especialmente para os doentes claustrofóbicos ou pediátricos. Além disso, a melhor qualidade de imagem reduz a necessidade de repetir os exames, evitando deslocações desnecessárias.

Para os profissionais, melhora a eficiência e a fiabilidade do diagnóstico. A possibilidade de obter imagens mais precisas em menos tempo otimiza o fluxo de trabalho no departamento de radiologia, permitindo que mais pacientes sejam atendidos com o mesmo nível de recursos.

“Esta tecnologia é utilizada em 97% dos protocolos clínicos atuais, abrangendo aplicações de imagem quantitativa no cérebro (doenças degenerativas), coração, fígado (maior nitidez nas lesões/patologias) e sistema músculo-esquelético (análise de tecidos e lesões com contraste avançado)“, o que permite diagnósticos mais precisos em doenças complexas como o cancro”, afirmou o Dr. Vizarreta.

A sua implementação no hospital de Valdemoreño não exigiu mudanças estruturais significativas, uma vez que está integrado na tecnologia existente, mas requer uma atualização dos protocolos clínicos e formação específica para o pessoal, o que resulta numa melhoria dos cuidados prestados aos pacientes.

Esta aquisição está de acordo com os padrões internacionais de vanguarda do Hospital Universitário Infanta Elena e reforça a sua aposta na incorporação de tecnologia de diagnóstico de última geração nas mãos dos melhores profissionais, em benefício de diagnósticos mais rápidos, precisos e acessíveis.

De acordo com o especialista, “o futuro da ressonância magnética é marcado pela inteligência artificial e pela aprendizagem profunda, e tecnologias como esta representam um passo crucial nesta evolução”. “A aplicação da IA na imagiologia médica não só melhora a qualidade do diagnóstico, como também otimiza os recursos de saúde, permitindo-nos enfrentar os desafios do envelhecimento da população e o aumento da procura e da pressão dos cuidados”, acrescentou.

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As novas medidas anti-corrupção são suficientes? Setor responde

Conselho de Ministros aprovou mudanças na orgânica do MENAC, o organismo que fiscaliza as políticas de prevenção da corrupção. Atual diretor sai com efeitos imediatos. Nova direção escolhida em breve.

“Dar uma nova vida à instituição que luta contra a corrupção”. Foi a razão dada pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, para a mudança na orgânica do Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), aprovada em Conselho de Ministros na quinta-feira.

O Conselho de Ministros aprovou quatro diplomas para a prevenção da corrupção e aceleração processual. “Este é um dia bom para a Justiça”, disse a ministra.

O MENAC passa a ter um conselho de administração com três elementos e um quadro de pessoal próprio, “alterando a gestão assente num órgão unipessoal”. Os três membros do Conselho de Administração serão nomeados por resolução do Conselho de Ministros para mandatos de quatro anos. O mandato atual – liderado por António Henriques da Graça, Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça – acaba de forma automática, mas a nova equipa da direção ainda não está escolhida.

Paralelamente, o Governo aprovou ainda um plano plurianual de recrutamento de 50 inspetores alocados à inspeção de autarquias. Mas não só. O Executivo, numa primeira fase ainda este ano, vai recrutar 30 inspetores entre a IGF e a IGAMAOT.

Estas medidas surgem numa altura em que a maioria das denúncias sobre suspeitas de corrupção apresentadas ao MENAC e ao Ministério Público dizem respeito à atividade desenvolvida nas autarquias locais. “Isso foi o suficiente para fazer soar o alerta sobre a necessidade de rever o modelo de controlo interno do Estado”, referem.

Na apresentação das medidas, o Governo sublinhou que perante esta situação haviam três cenários em “cima da mesa”: a criação de uma entidade nova, a transferência dessas competências para outra entidade pública ou o reforço de meios das entidades que já receberam essas competências: a IGF e o IGAMAOT, optando pela última opção.

A ministra da Justiça, Rita Júdice. ANTÓNIO COTRIM/LUSAANTÓNIO COTRIM/LUSA

 

E o que pensa o Ministério Público destas alterações?

“Nunca é demais recordar que a melhoria da celeridade e eficácia da resposta à corrupção é essencial para a credibilidade do próprio sistema de Justiça e, por essa via, para a afirmação de um verdadeiro Estado de Direito”, referiu Paulo Lona, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP).

O SMMP congratulou-se, essencialmente, com a proposta de alteração das regras de distribuição dos processos judiciais, deixando de ser necessária a presença de magistrados judiciais e do Ministério Público e sendo apenas obrigatória a presença de um funcionário judicial.

O sindicato sublinhou também a importância da aposta na prevenção da corrupção nas autarquias locais e a alteração das regras de acesso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

No caso das regras de acesso ao STJ, o objetivo é permitir a entrada de juízes mais novos. Já no caso do combate à corrupção nas autarquias, foi aprovado um diploma para contratação de 30 inspetores especializados em matérias autárquicas durante este ano e mais 20 até 2027.

No entanto, apontou o SMMP, “é igualmente necessário lembrar que o combate eficaz à corrupção depende, em primeiro lugar, de uma genuína vontade política para dotar o Ministério Público e as forças policiais dos recursos materiais, humanos e tecnológicos necessários. As lacunas nos recursos humanos para combater este tipo de criminalidade têm sido apontadas tanto interna como externamente”, acrescentou o sindicato.

O que dizem os advogados?

Alexandra Mota Gomes, advogada e sócia da Antas da Cunha ECIJA, defende que “estas medidas vêm materializar a concretização do Governo relativamente a alguns pontos da Agenda Anticorrupção, de 20 junho de 2024. Neste sentido, considero que as medidas anunciadas são positivas e tentam ultrapassar as entropias enfrentadas pelo MENAC desde a sua criação, bem como a urgência no apoio aos autarcas no âmbito da prevenção e na própria necessidade de fiscalização da corrupção ao nível das autarquias”. Ressalvando, porém, que “estas medidas não podem ser vistas como a resolução do problema da corrupção, mas sim mais um passo importante no caminho a percorrer”.

Destacando como “muito positivo”o envio à Assembleia da República do relatório anual do MENAC (e não apenas ao Governo), “medida que aumenta a transparência e o acompanhamento da atividade do MENAC, que, uma vez, reforçado, poderá estar sujeito a maior escrutínio”.

Juliana Vasconcelos Senra, advogada associada da MFA Legal, defende que estas medidas “representam apenas uma parte do esforço do executivo de implementar a Agenda Anticorrupção, vindo efetivar algumas das várias propostas desta Agenda. Não são medidas isoladas nem serão as últimas a ser anunciadas, pelo que não é possível ainda, como um todo, avaliar a eficácia desta Agenda. Relembre-se que a Agenda Anticorrupção é bastante abrangente, com 32 focos de intervenção, e que os diplomas aprovados ontem em Conselho de Ministros apenas vêm responder a uma fração destes”.

Salientando a relevância da atenção particular ao tema das autarquias locais, já que, “segundo esclarecimentos do Governo, quase metade das denúncias do MENAC ao Ministério Público dizem respeito a autarquias locais, atendendo também à proliferação de processos mediáticos de corrupção e infrações conexas nas autarquias locais. É ainda certo que o tema tem sido preponderante em discussões legislativas recentes, como é exemplo da questão da nova Lei dos Solos, que atribui mais competências às assembleias municipais. O reforço de medidas de prevenção neste contexto assume assim todo o interesse quando se estendem às autarquias locais mais atribuições, que naturalmente geram mais riscos da prática de infrações”.

Colocando o foco nas mudanças do MENAC, a advogada salienta que “este é um importante passo para o dotar da eficácia de que precisa. As medidas colocam alguma pressão ao MENAC para ser um elemento-chave da Agenda Anticorrupção e demonstram uma certa insuficiência do seu papel até agora – nas palavras da Ministra da Justiça, vamos querer mais do MENAC. Só o tempo demonstrará se o MENAC assume o papel que lhe está destinado nesta Agenda”.

Como a MFA Legal já havia sugerido na sua resposta à Consulta Pública da Agenda Anticorrupção, “não deve deixar de considerar-se a constituição de um gabinete de apoio e de acompanhamento de Denunciantes de corrupção e infrações conexas no MENAC. Um tal gabinete viria dar resposta à preocupação do Considerando 89 da Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019, a partir da qual foi transposta a Lei n.º 93/2021, de 20 de dezembro – a lei de proteção dos denunciantes. A efetivação de medidas de proteção dos denunciantes é essencial para assegurar a maximização das denúncias, para que sejam vistas como procedimentos seguros e em que o denunciante de boa-fé beneficia de um apoio institucional sério”, explica a advogada.

Concluindo que “acresce que será necessária a revisão do Regime Geral da Prevenção da Corrupção (RGPC), nomeadamente para efeitos de clarificação de diversas zonas cinzentas, que só têm aumentado com a implementação da nova plataforma do MENAC. Subsistem algumas incertezas, sobretudo quanto às entidades privadas abrangidas”.

“Quem disse que a Agenda Anticorrupção era apenas um PowerPoint, enganou-se”

A alteração da estrutura do MENAC foi um dos quatro diplomas aprovados pelo Governo, num dia que a ministra considerou ser “bom para a Justiça” e “bom para a luta contra a corrupção”. Em dezembro, à margem de uma conferência sobre corrupção, a ministra tinha justificado a já anunciada reestruturação do MENAC, afirmando que o organismo instituído há cerca de três anos ficou “aquém da sua função”.

A ministra fez ainda um breve balanço da implementação das 32 medidas da agenda anticorrupção do Governo: “De todas elas temos resultados para apresentar. Mais de metade está em execução, algumas já foram totalmente concretizadas e estão a dar bons resultados – como a tramitação eletrónica do inquérito no processo penal. Quem disse que a Agenda Anticorrupção era apenas um PowerPoint enganou-se”.

Sobre uma das medidas mais emblemáticas, o diploma da perda alargada de bens obtidos por via de corrupção, cujo anteprojeto o Ministério da Justiça tinha prometido para o final de janeiro, Rita Alarcão Júdice disse que “está na reta final”, para ser aprovado pelo Governo e depois remetido ao parlamento.

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LALIGA nega o bloqueio indiscriminado e acusa a Cloudflare de “colaborar com a pirataria, utilizando os sítios Web como escudo digital”

  • Servimedia
  • 17 Fevereiro 2025

Chegou mesmo a denunciar dois IPs de pornografia infantil, que considera estarem alegadamente protegidos pela Cloudflare.

A LALIGA negou, no sábado, que esteja a promover o bloqueio indiscriminado de sítios Web para impedir a transmissão pirata de jogos de futebol dos principais clubes espanhóis e acusou a Cloudflare de “colaborar com a pirataria, utilizando os sítios Web como escudo digital”.

Em comunicado, explica que, nos últimos dias, se verificou “a disfunção de vários sítios Web em toda a Espanha”, o que relaciona “com o bloqueio de alguns endereços IP pelos fornecedores de serviços Internet”.

Estes bloqueios “são efetuados em resposta aos pedidos da LALIGA para lutar contra o acesso ilegal aos seus conteúdos, que a Cloudflare facilitou ao proteger conscientemente organizações criminosas com fins lucrativos”.

Por conseguinte, acusou a Cloudflare de “colaborar com atividades ilegais como o proxenetismo, a prostituição, a pornografia, a contrafação, a fraude e a burla, entre outras”.

Acrescentou que dois endereços IP cobertos pela Cloudflare foram solicitados no pressuposto “de que forneciam acesso a pornografia infantil, facto que a LALIGA documentou e apresentou como objeto de uma queixa policial”.

Sublinhou ainda que “esta ação foi levada a cabo com endereços IP utilizados para aceder ilegalmente aos conteúdos da LALIGA, que estavam sob a proteção da Cloudflare que, tal como outras grandes empresas tecnológicas norte-americanas, permite às máfias e organizações criminosas branquear digitalmente os conteúdos ilegais que roubam, o que as torna colaboradoras necessárias nos crimes contra a propriedade intelectual, tal como estabelecido no artigo 270.2 do Código Penal espanhol”.

O comunicado da LALIGA argumenta que “não se trata de um bloqueio massivo e indiscriminado” porque tem “certeza absoluta e provas credenciadas de que estes IPs são utilizados para distribuir conteúdos ilegais e são partilhados com conteúdos legítimos”.

Neste sentido, afirmou que “as empresas legais que são afetadas por estes bloqueios são aquelas que a Cloudflare utilizou conscientemente como escudo digital para as esconder, sem o seu conhecimento e lucrando com isso”.

Acrescentou que “mais de 50% dos IPS piratas que distribuem ilegalmente os conteúdos da LALIGA são lavados pela Cloudflare e, apesar de a LALIGA ter feito vários pedidos à empresa para que cessasse a sua colaboração com os sites piratas, a Cloudflare optou por não colaborar e lucrar com a atividade criminosa que ajuda a encobrir”.

Por último, sublinhou que “contactou repetidamente a Cloudflare para solicitar a sua colaboração voluntária, à qual a empresa tecnológica norte-americana respondeu na sexta-feira, 7 de fevereiro, de forma surpreendente, ratificando a sua conduta, com desculpas tecnológicas implausíveis e incoerentes”.

Por conseguinte, entende que “a LALIGA esgotou o seu dever de diligência antes de recorrer a esta medida” e advertiu que “esta situação não é exclusiva de Espanha”, pelo que “foram aplicadas medidas semelhantes noutros países para combater a pirataria de conteúdos desportivos”.

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