Habitação: BE acusa PS de ter “piorado o problema” ao não concretizar medidas

  • Lusa
  • 24 Setembro 2023

Mariana Mortágua criticou ainda o anúncio do fim dos vistos 'gold', referindo que, após esse anúncio, o pedido desse tipo de vistos "disparou 50% em Lisboa e mais de 200% no Porto".

A coordenadora do BE acusou hoje o PS de ter “piorado o problema” na habitação, pedindo que “uma maioria social” se manifeste no próximo sábado por propostas como a proibição da venda de casas a não residentes.

“O PS não só não tem resolvido o problema [da habitação], como tem piorado o problema de forma irresponsável ao fazer anúncios que depois não concretiza”, criticou Mariana Mortágua em declarações à agência Lusa na Alameda, em Lisboa, onde o BE inaugurou esta semana um novo outdoor com a mensagem: “Proibir a venda de casas a não residentes, radical? Radical é o salário não chegar para a casa.”

A coordenadora do BE deu o exemplo do programa “Mais Habitação”, confirmado esta sexta-feira no parlamento, considerando que se trata de um “conjunto de medidas que acabaram por ser perversas” porque foram anunciadas e ainda não foram concretizadas.

“O Governo decidiu anunciar que ia limitar o aumento das rendas dos novos contratos, mas não o pôs em prática imediatamente: fez o anúncio em fevereiro de 2023 e essa medida ainda não entrou em prática. O resultado é que os novos contratos aumentaram mais de 10%, porque os senhorios anteciparam esse congelamento”, disse.

Da mesma maneira, Mariana Mortágua criticou o anúncio do fim dos vistos gold, referindo que, após esse anúncio, o pedido desse tipo de vistos “disparou 50% em Lisboa e mais de 200% no Porto”.

Para a coordenadora do BE, “isto quer dizer que o próprio anúncio do Governo, ao dizer que vai acabar com os vistos gold, mas ao não acabar com os vistos gold, fez com que houvesse uma corrida aos vistos”.

“Há medidas que não podem ser anunciadas com tempo, têm de ter uma entrada em vigor imediata”, sustentou.

Perante este cenário, Mariana Mortágua disse esperar que, na manifestação convocada pelo movimento “Casa para Viver” para o próximo sábado, uma “maioria social” se exprima a favor das propostas do BE para a habitação, como a proibição da venda de casas a não residentes.

A líder bloquista referiu que essa medida foi adotada no Canadá, “que tem um Governo liberal”, e justifica-se com estatísticas do Banco de Portugal segundo as quais 1,7 em cada dez euros de transações de casas são de não residentes, a que acresce ainda o facto de “as casas compradas por não residentes serem 95% mais caras do que as compradas por residentes”.

“Isto faz com que o Banco de Portugal tenha escrito no seu relatório de 2022 que os não residentes estão a inflacionar o preço das casas, porque têm muito mais disponibilidade de rendimento”, disse, acrescentando que o fenómeno tem uma incidência particular em Lisboa e no Porto.

A par desta proposta, o BE defende também que sejam impostos tetos às rendas, “determinados em cada localidade e por cada tipologia de imóvel, com valores justos, mas compatíveis com os salários”.

Em termos de prestações bancárias, o partido propõe que o aumento da taxa de esforço dos empréstimos seja limitado a 2% entre o valor que existia antes da subida das taxas de juro e o atual, sob pena de o banco ser obrigado a renegociar o crédito.

“Nós temos a certeza de que há uma maioria das pessoas que concorda com estas propostas porque vê os efeitos delas todos os dias: cada vez que olha para um prédio bonito, onde poderia ter uma casa para viver, sabe que aquela casa não é para o seu bolso, nem nunca será”, disse.

Mariana Mortágua defendeu que os portugueses não podem “estar destinados a ser espectadores de uma cidade” e “as pessoas com rendimentos em Portugal têm de conseguir comprar e alugar casas em Portugal”.

“A prioridade tem de ser o direito à habitação e é essa maioria que acreditamos que vai sair à rua no dia 30 de setembro para lutar por propostas que façam uma diferença”, afirmou.

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Legislativas da Madeira registam afluência às urnas de 20,98% até ao meio-dia

  • Lusa
  • 24 Setembro 2023

Até às 12:00 a afluência às urnas nas legislativas da Madeira era de 20,98%, semelhante à verificada em 2019 à mesma hora.

As eleições legislativas regionais na Madeira registaram hoje, até às 12:00, uma afluência às urnas de 20,98%, semelhante à verificada em 2019 à mesma hora, de acordo com os dados da secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.

No ato eleitoral anterior, em 2019, a afluência às urnas era de 20,97% até à mesma hora, enquanto em 2015 a taxa de participação era de 17,21%.

A abstenção acabou por ficar nos 44,5% em 2019 e nos 50,42% em 2015, batendo-se nesse ano o recorde desde 1976, quando se realizaram as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira.

Mais de 253.000 eleitores são hoje chamados a votar nas legislativas regionais da Madeira para escolher a nova composição do parlamento do arquipélago, com 13 candidaturas em escrutínio.

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Plano Municipal de Coimbra prevê a criação de mais de 200 kms de ciclovias

  • Lusa
  • 24 Setembro 2023

A execução do plano de ciclovias terá como prioridade a criação das vias estruturantes, num prazo de implementação de, pelo menos, dez anos. Plano implica um investimento de 25 milhões.

O Plano Municipal de Ciclovias apresentado hoje pela Câmara de Coimbra prevê a criação de 209 quilómetros de novas ciclovias no concelho, num projeto que deverá ter um prazo de implementação de, pelo menos, dez anos.

O documento, apresentado hoje no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, prevê a adição de 209 quilómetros de novas ciclovias à atual rede (que tem 26 quilómetros), num plano que irá provocar “uma reformulação completa da cidade”, disse à agência Lusa a vereadora da Câmara de Coimbra com as pastas da mobilidade, urbanismo e transportes, Ana Bastos.

O plano a que a agência Lusa teve acesso prevê uma rede de 110 quilómetros de ciclovias estruturantes e 125 quilómetros de rede local, incluindo as infraestruturas já existentes e planeadas e as propostas pelo próprio documento.

As ciclovias estruturantes (que ligam diferentes zonas da cidade) estão projetadas para a Rua do Brasil, Rua Miguel Torga, Avenida Dias da Silva, Rua Nicolau Chanterene, Avenida Calouste Gulbenkian e Avenida Sá da Bandeira, assim como nas ligações na margem esquerda ao Hospital dos Covões e à Escola Superior Agrária, entre outras.

“As estruturantes são vias voltadas para os grandes movimentos, que podem ter potencial de captação de maior quantidade de ciclistas e que ligam a cidade, entre grandes pontos de origem e grandes pontos de atração”, salientou Ana Bastos.

Para a vereadora, até ao momento, o município tinha ciclovias voltadas para “o lazer e para o desporto”, sendo necessário agora “entrar na cidade com ciclovias voltadas para a transferência modal”.

No entanto, Ana Bastos admite que este será também um processo de alteração “das mentalidades” e, por isso mesmo, propõe-se a ser um plano a longo prazo e executado “de forma gradual”, com medidas progressivas e acompanhadas de “uma campanha de sensibilização e envolvimento da população”.

Queremos agora também perceber até que ponto a cidade quer esta mudança ou manter a política tradicional de mais espaço para carros. Essa não é a minha visão da cidade. A cidade deve ser cada vez mais voltada para as pessoas, com bons passeios e ciclovias e a restante componente de distâncias mais longas deve ser garantida pelo transporte coletivo”, defendeu.

A execução do plano terá como prioridade a criação das vias estruturantes, numa expansão da rede que se quer “contínua e lógica”, aclarou.

Segundo Ana Bastos, algumas das ciclovias poderão começar por ser zonas de partilha com os carros, reduzindo a velocidade máxima para os automobilistas para “30 quilómetros por hora” e com “alteração física da infraestrutura, com gincanas e lombas”.

Como exemplo daquilo que o município pretende fazer, juntamente com o plano de ciclovias, foi apresentado hoje um projeto já consolidado entre o Alto de São João e o Cidral, abrangendo a Estrada da Beira, onde está prevista uma ciclovia bidirecional, arborização de todo o eixo e a transformação de parte do troço em sentido único.

A requalificação daquele troço já tinha um projeto do anterior executivo, já adjudicado, mas o município decidiu parar a empreitada, revê-la de forma acentuada e esperar agora por financiamento para a retomar, explicou.

Com a criação dessa ciclovia e aproveitando a rede já existente, será possível “ir da Estação Velha [na Baixa] até à Escola Eugénio de Castro, sempre de bicicleta”, notou.

O plano municipal implica um investimento de cerca de 25 milhões de euros, mas os custos poderão ser mais avultados, caso estejam associados à requalificação de infraestruturas subterrâneas, referiu a vereadora.

De acordo com Ana Bastos, a concretização da rede estará muito dependente de financiamento, criticando o facto de o Governo ter lançado, em 2019, a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável sem um pacote financeira associado.

A vereadora da Câmara de Coimbra espera agora que o próximo quadro comunitário possa dar “resposta a esse desiderato”, por forma a poder começar a executar o plano traçado.

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Polónia mantém bloqueio a cereais ucranianos mas quer aumentar trânsito

  • Lusa
  • 24 Setembro 2023

A Ucrânia tinha apresentado uma queixa contra a Polónia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e ameaçou proibir as importações de produtos agrícolas polacos.

O Presidente polaco, Andrzej Duda, afirmou hoje que vai manter o veto à entrada de cereais ucranianos no mercado polaco, mas propôs que o trânsito destes produtos pela Polónia seja aumentado.

Dias depois de a disputa entre Kiev e Varsóvia – onde há eleições daqui a três semanas – se ter agravado ao ponto de o Governo polaco ter colocado sobre a mesa a possibilidade de não doar mais armas ao país vizinho em guerra, as declarações de Duda apontam para uma tentativa de atenuar a tensão.

“Acho correto que o Governo polaco tenha mantido o veto à venda de cereais ucranianos no mercado polaco. No entanto, estou convencido de que tudo deve ser feito para garantir o maior trânsito possível”, disse Duda ao canal público TVP1.

“Infelizmente, durante a guerra, este cereal mal tem chegado aos países que realmente precisavam dele, ao mesmo tempo que tem inundado mercados como o polaco”, observou.

O Presidente polaco afirmou, no entanto, que é “completamente falso” que as importações tenham parado por completo e referiu que o trânsito pela Polónia continua a acontecer através de corredores especiais criados para o efeito.

Duda afirmou que a difícil situação obrigou o Governo de Varsóvia a tomar medidas “radicais” para apoiar os seus agricultores, na ausência de apoio de Bruxelas, estendendo unilateralmente o seu veto à importação de produtos ucranianos depois de expiradas as restrições que lhes foram impostas a nível comunitário.

O Presidente polaco evitou, no entanto, novas críticas à Ucrânia, depois de, numa escalada verbal na quarta-feira passada, ter descrito o Governo de Kiev como um “homem que se afoga e se agarra a tudo o que pode” e de quem é legítimo “proteger-se”.

Estas declarações surgiram depois de a Ucrânia ter apresentado uma queixa contra a Polónia na Organização Mundial do Comércio (OMC) e ter ameaçado proibir as importações de produtos agrícolas polacos.

Uma reunião com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que deveria ter acontecido na semana passada, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, foi cancelada, oficialmente por falta de tempo.

No sábado, na sua viagem de regresso à Ucrânia, Zelensky fez, no entanto, uma visita surpresa à cidade de Lublin, no leste da Polónia, onde se encontrou com membros da sociedade civil e agradeceu a “toda a Polónia” pelo seu “apoio inestimável”.

Após o levantamento das restrições comunitárias impostas a pedido dos países vizinhos da Ucrânia, Kiev chegou a um acordo de princípio com a Roménia e a Eslováquia, mas a Polónia e a Hungria ainda os mantêm.

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PRR para habitação não será concretizado, diz Ricardo Guimarães

Economista Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, considera ainda que o pacote "Mais Habitação" vai produzir "resultados ao contrário e severos aqueles que são os desejados".

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê a construção de 26 mil casas até 2026, mas o economista Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, não acredita que venha a concretizar-se devido ao aumento dos custos de construção. Já o pacote “Mais Habitação” vai produzir “resultados ao contrário e severos, daqueles que são os desejados”.

Dificilmente os objetivos de construção previstos no PRR serão alcançados. “Por falta de capacidade de encaixar as verbas naquilo que são o aumento dos custos de construção. Tem havido vários processos em que acaba por não haver concorrentes para construir”, refere o economista em entrevista ao programa Conversa Capital, à Antena 1 e Jornal de Negócios.

“Tem havido um aumento dos custos pelo lado da mão de obra. Era muito bom que houvesse capacidade para entregar esse nível de construção, mas acho que os níveis de investimento em causa são absolutamente incompatíveis com aquilo que é o track record, avalia.

O economista defende o aumento do investimento em arrendamento para combater a escalada do aumento de preços das rendas. “A procura o que precisa é de oferta. O nosso problema é falta de oferta. As rendas, os preços sobem assim pela falta de oferta. Os proprietários sentem que têm capacidade de aumentar preços em resultado da falta de oferta. O que há que fazer é tirar aos proprietários essa capacidade, promovendo essa oferta com mais investimento em arrendamento”, refere ainda.

Já o Pacote “Mais Habitação” vai produzir “resultados ao contrário e severos aqueles que são os desejados”, diz. “Quando foi anunciada a medida travão (às rendas) para os contratos existentes nesse mesmo trimestre as rendas subiram 10% nos novos contratos e acumulam 30% de crescimento desde então em termos homólogos. Na prática o que acontece é que estas medidas protegem, outra vez, quem está dentro do mercado e ignora os efeitos negativos para quem está fora”, alerta.

“Quem está fora do mercado e quer entrar tem muita dificuldade em encontrar uma solução”, diz, lembrando o impacto destas medidas ao nível dos operadores. “Recentemente um operador muito importante em Portugal a tentar fazer o build to rent saiu de Portugal. Temos em Espanha grandes operações de investimento. Um operador privado em Espanha tem uma carteira do tamanho do PRR“, aponta.

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Governo italiano altera projeto para taxar a banca

  • Lusa
  • 24 Setembro 2023

Mudança surge depois de críticas do Banco Central Europeu à medida proposta pelo Governo de Giorgia Meloni.

O Governo italiano alterou o seu controverso projeto para taxar os lucros extraordinários dos bancos, depois de várias críticas, nomeadamente do Banco Central Europeu (BCE), indicaram as agências noticiosas italianas.

Os bancos poderão escolher entre pagar a taxa ou aumentar as suas reservas não distribuíveis — reservas que não podem ser pagas como dividendos — num montante equivalente a duas vezes e meia o imposto, segundo a proposta de alteração.

A alteração do texto deve ser aprovada pelo Parlamento e pode ainda sofrer mais alterações.

O Governo de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni anunciou em agosto que iria aplicar uma taxa única de 40% aos “lucros excessivos” dos bancos resultantes das subidas das taxas de juro decididas pelo BCE desde julho do ano passado.

A decisão levou as ações dos bancos italianos a registarem quedas acentuadas e, dois dias depois de ser anunciada, o Governo esclareceu que a nova taxa sobre os bancos “prevê um limite máximo para a contribuição que não pode exceder 0,1% do total dos ativos”, um nível substancialmente inferior ao inicialmente estimado.

No passado dia 13, o BCE alertou para os efeitos do imposto, particularmente nos níveis de capital das instituições ou na constituição de provisões, e para o risco de maior fragmentação no sistema financeiro europeu.

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Taxa turística, redução de impostos e habitação pública. Conheça as propostas eleitorais na Madeira

  • Joana Abrantes Gomes
  • 24 Setembro 2023

Esquerda quer habitação pública e controlo de rendas, com a baixa de impostos a centrar discursos do PS e liberais e a coligação de direita a privilegiar o crescimento. Hoje há eleições na Madeira.

Este domingo, mais de 250 mil madeirenses são chamados às urnas para escolher os 47 novos ocupantes do Parlamento regional. Nos boletins de voto constam 13 opções políticas, entre partidos e coligações, que defendem propostas como habitação pública a custos controlados, a criação de uma taxa turística regional, o aumento dos salários ou a redução da carga fiscal. Conheça as principais promessas eleitorais, por setor de atividade.

Habitação

A resolução dos problemas habitacionais no arquipélago faz parte das prioridades de vários partidos nestas eleições. Sérgio Gonçalves, cabeça de lista e líder do PS/Madeira, deu conta das soluções que os socialistas têm para este setor, desde a celebração de contratos-programa com todas as autarquias até à promoção de habitação cooperativa com incentivos fiscais e cedendo terrenos do governo regional “para que se possa disponibilizar habitações a custos controlados”.

A oferta pública de habitação a preços reduzidos é a solução apresentada pelo Juntos Pelo Povo (JPP), que surge como a terceira força política nas sondagens. Segundo Élvio Sousa, candidato do partido nascido em Santa Cruz, a habitação cooperativa, os créditos bonificados e os apoios à renda aos casais são “fundamentais”. Pagar mil euros por um T1 ou um T2 é “incomportável”, disse.

Apontando que existe construção na região, mas que esta se destina ao negócio imobiliário, o Bloco de Esquerda (BE) tem mesmo a habitação como principal tema no programa eleitoral. É, aliás, o motivo número um para votar no partido nas regionais deste domingo, nas palavras da coordenadora nacional do partido. Numa ação de campanha na Madeira, Mariana Mortágua lançou duras críticas a Miguel Albuquerque nesta matéria: “Não é um presidente para os madeirenses”, mas “um promotor imobiliário de estrangeiros ricos”.

Entre as propostas dos bloquistas para o setor, destacam-se o reforço da construção de habitação pública e a preços controlados; um teto máximo para as rendas; a extinção dos vistos gold; o fim dos benefícios fiscais para a reabilitação de casas que se destinam a outros fins que não a habitação; e a limitação às licenças para Alojamento Local.

À semelhança da restante esquerda, o Livre, que concorre pela primeira vez às eleições regionais madeirenses, propõe criar habitação inclusiva, a custos controlados, que integre pessoas de diferentes estratos sociais; alargar os programas públicos de apoio ao arrendamento de casa por jovens; pôr fim aos vistos gold e eliminar os programas de apoio à fixação de nómadas digitais.

“Mais e melhores apoios à habitação, com a atualização dos apoios às rendas das casas, assim como isenção das taxas em vigor na aquisição de habitação permanente”, defende o PAN, com Mónica Freitas como cabeça de lista. Além disso, diz ser “fundamental” um levantamento do património público para fins de habitação.

No poder desde a autonomia da região e à procura da maioria absoluta, o PSD-Madeira, em coligação com o CDS, reconhece os problemas no setor da habitação e pretende construir 800 novos fogos destinados a jovens e à classe média. Simultaneamente, quer promover apoios às cooperativas de habitação e promotores privados com vista à construção de fogos a custos controlados, bem como dinamizar a reabilitação urbana.

Nas medidas da Iniciativa Liberal (IL) para a habitação, por sua vez, destaca-se a simplificação da carga fiscal sobre o setor da construção e demais custos de contexto, como forma de impulsionar a oferta e atrair capital de longo prazo para investimento no mercado de arrendamento. Ainda assim, a lista encabeçada por Nuno Morna tem por objetivo aumentar a oferta de habitação como forma de promover a baixa dos seus preços e tornar a habitação mais acessível.

Impostos e emprego

O discurso dos socialistas na Madeira em matéria fiscal faz lembrar o do PSD no Continente. Sérgio Gonçalves defende a baixa de impostos, começando pelo IVA, que será para reduzir dos 22% para os 16%, mas também o IRS, como parte do esforço para valorizar os rendimentos e os salários dos madeirenses, bem como para inverter a situação de pobreza no arquipélago, cuja taxa é a mais alta do país. O candidato do PS promete também repor o subsídio de insularidade de 2% para todos os funcionários públicos do arquipélago e aumentar para 100 euros mensais o complemento regional para idosos.

À procura de manter a presença na assembleia regional, o PCP enfatiza os números da pobreza na Madeira. “Ao nível nacional, os 5% mais ricos detêm 42% da riqueza criada. Na Madeira, na sociedade mais desigual do país, 5% detêm 58% da riqueza criada”, disse Edgar Silva, histórico comunista que é novamente candidato no arquipélago. Entre os muitos problemas da região, destaca o dos baixos salários e pensões, pelo que o seu aumento é a medida que se impõe para enfrentar o aumento do custo de vida.

O JPP, à semelhança do PS, estipula um complemento de 100 euros mensais para pensionistas e reformados, despesa que poderia ser suportada com a redução dos gastos do atual Governo. O candidato Élvio Sousa justificou a necessidade deste complemento de reforma com o aumento do custo de vida, considerando que leva muitos dos idosos a terem de “escolher entre ir ao supermercado ou comprar medicação”.

A criação de um Estatuto do Pensionista está entre as propostas do Livre nesta matéria, para garantir que os reformados a residir na Madeira têm prioridade, por exemplo, na atribuição de habitação social, tarifa social da água, acesso gratuito a atividades culturais e desportivas e benefícios fiscais, bem como um passe gratuito nos transportes públicos para toda a ilha. O partido defende ainda o aumento do salário mínimo regional, o reforço dos apoios sociais e eliminar, a prazo, o offshore da Madeira, assegurando a justa taxação das grandes empresas.

A coligação de direita, no entanto, tem um discurso diferente. “Têm de votar [no PSD] se querem continuar com um governo de crescimento económico”, apelou Miguel Albuquerque, dizendo que foi o seu Executivo que “resolveu reduzir os impostos na Madeira”. O Executivo regional “devolveu 420 milhões de euros” aos contribuintes, garante o candidato, acrescentando que o arquipélago, “possivelmente, vai atingir este ano seis mil milhões de euros de Produto Interno Bruto (PIB), o mais alto de sempre, e uma taxa de desemprego residual”.

Não obstante, Miguel Albuquerque considera que urge rever a Lei de Finanças Regionais, ideia igualmente defendida pelos socialistas. “Neste momento, as regiões já pagam os custos de soberania e serviços médicos dos agentes das autoridades públicas e das Forças Armadas. As transferências diminuem de ano para ano”, assinalou.

Acusando outros candidatos de tentarem passar o mesmo tipo de mensagens e revindicações, a Iniciativa Liberal promete lutar “afincadamente” contra a “brutal carga de impostos” na região. No IMT (Imposto Municipal sobre Transações Onerosas de Imóveis), por exemplo, o partido propõe a eliminação do imposto até 250 mil euros na compra de habitação própria e permanente, além de eliminar o Imposto de Selo sobre transações imobiliárias.

Neste campo, e à semelhança do que acontece a nível nacional, o cabeça de lista do Chega a esta região, Miguel Castro, definiu o combate à “subsidiodependência” como um dos seus principais motes eleitorais.

Saúde

A duplicação das listas de espera no setor da saúde desde 2015, quando Miguel Albuquerque ganhou a primeira eleição para o Governo regional, é uma das principais preocupações do PS. As propostas da lista de Sérgio Gonçalves passam, neste âmbito, pela implementação de tempos máximos de resposta garantidos, definindo prazos clinicamente adequados para que as pessoas sejam atendidas. Não sendo cumprido esse prazo, os utentes poderão recorrer ao privado, sem que tenham de pagar.

O PAN surge aqui com uma proposta diferente, destinada em particular aos residentes na ilha de Porto Santo. “Uma das nossas propostas é a criação de um Passe Saúde para garantir que os porto-santenses quando têm de se deslocar à ilha da Madeira vejam os custos reduzidos, não só da viagem, mas também de uma possível estadia, que é quase obrigatória devido aos horários das viagens, que nem sempre coincidem com o horário das consultas e exames”, explicou Mónica Freitas, que procura que o partido regresse ao Parlamento regional.

Nesta matéria, o Livre defende o reforço do Serviço Regional de Saúde, o que passa por investir na modernização e na ampliação dos equipamentos e infraestruturas existentes. Ainda à esquerda, o BE quer um incentivo à exclusividade no setor público e reforço dos recursos humanos (profissionais de saúde, técnicos e assistentes operacionais), propondo ainda uma reestruturação da rede de centros de saúde.

Se o PSD-Madeira quer concluir a construção do Hospital Central e Universitário da Madeira, os liberais argumentam que é necessário reforçar o orçamento para a recuperação de listas de espera cirúrgicas e fazer a sua gestão de modo eficiente. Adicionalmente, propõem a criação de unidades de Serviço de Atendimento Permanente (em Santo António e Bom Jesus, esta última já criada) estrategicamente localizadas de modo a evitar a habitual sobrecarga do Serviço de Urgência do Hospital Central.

Transportes e Educação

Transportes públicos gratuitos é um dos destaques dos programas eleitorais dos partidos de esquerda. O Livre propõe um passe gratuito nos transportes públicos em cada uma das ilhas (Madeira e Porto Santo) e descontos especiais nas viagens marítimas inter-ilhas, enquanto o BE defende ainda a constituição de uma empresa de transportes públicos regional com autocarros não poluentes, maioritariamente pública, e para a qual “sejam convidadas as outras empresas de transportes públicos a fazer parte dessa mesma empresa”.

“Temos diferentes empresas a fazer diferentes transportes da ilha [da Madeira]. Portanto, são passes diferentes e que têm custos diferentes e este passe único conjugaria todas as companhias de autocarros existentes e as pessoas pagariam um único valor e poderiam usufruir de qualquer tipo de transporte público para qualquer parte”, defende, igualmente, a candidata do PAN. Mónica Freitas acrescenta que deve haver um reforço do número de carreiras e uma maior flexibilidade de horários.

No que toca à educação, o PAN defende a criação de um polo universitário em Porto Santo para fixação dos jovens e para atrair também para estudos e investigação nas economias mais ligadas à economia verde e à economia azul através de energias renováveis”.

Por seu lado, os socialistas comprometem-se, se forem Governo, com a criação de um apoio de até 200 euros aos estudantes universitários deslocados, para fazerem face às despesas com alojamento. O candidato Sérgio Gonçalves apontou também o objetivo de implementar a gratuitidade da escolaridade obrigatória, fazendo com que nenhum aluno até ao 12.º ano tenha de pagar pelos manuais, transportes e alimentação.

O PSD visa a modernização da rede escolar, onde se gaba da adoção de kits de ciência e de robótica em todas as escolas do primeiro ciclo, uma medida que faz parte da aposta do atual Governo nas empresas tecnológicas. O cheque ensino é a proposta central da IL para o sistema educativo.

Turismo e Agricultura

Numa região que em 2022 atingiu números recorde de turistas, a principal proposta para o setor turístico passa pela aplicação de uma taxa turística na região. A ideia, que o PSD admite avaliar, é defendida pelo menos pelo PAN e pela IL, enquanto o Livre defende a promoção de um turismo “ecologicamente responsável”. Nas propostas dos liberais destaca-se ainda a criação de uma app para promover e divulgar o património cultural, patrimonial e turístico da Madeira.

Na Agricultura, um dos grandes temas é o da produção de banana. A candidata do PAN alerta que o dinheiro que chega aos agricultores é “efetivamente muito menos do que aquele que é ganho” pela GESBA, empresa pública de gestão do setor. “Os agricultores sentem-se desmotivados porque há uma falta de apoios mesmo a nível material e de recursos humanos”, aponta Mónica Freitas, destacando ainda a importância da promoção da agricultura biológica e dos produtos regionais.

O Bloco de Esquerda propõe, nesse sentido, um apoio à agricultura tradicional e a elaboração de um programa de desenvolvimento rural, que canalize os apoios diretamente para os agricultores e valorize os produtos madeirenses. À direita, em particular a IL, as propostas para o setor passam por conceder benefícios fiscais através, por exemplo, do IMI, para os proprietários de terrenos agrícolas que apresentem as suas propriedades cuidadas e ordenadas.

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Habitação: Novas medidas do Governo “passam ao lado do alvo”, diz PCP

  • Lusa
  • 23 Setembro 2023

"Insuficientes, tardias" e "passam ao lado do alvo", deixando a banca "intocável por opção" é como Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, classifica medidas do pacote Habitação, aprovado na AR.

O secretário-geral do PCP considerou hoje que as novas medidas do Governo sobre os créditos à habitação são “insuficientes, tardias” e “passam ao lado do alvo”, deixando a banca “intocável por opção”.

Num discurso na sessão pública “Os problemas da habitação e as propostas do PCP”, em Almada, Paulo Raimundo considerou que as novas medidas, “podendo ter importância para quem lhes pode aceder, deixam intocável por opção, e só por opção, a principal responsável, e simultaneamente a principal beneficiária” da situação que se vive na habitação, referindo-se à banca.

São “medidas insuficientes, tardias e, sobretudo, que passam completamente ao lado do alvo fundamental”, criticou Paulo Raimundo.

O secretário-geral do PCP defendeu que “são insuficientes porque, aliviando o aperto da corda, deixam o nó no pescoço de quem tem um crédito à habitação” e são “tardias porque não há nada que justifique medidas, ainda que limitadas, ao fim do décimo aumento das taxas de juro”.

“E passam ao lado do alvo, porque o alvo deveriam os lucros da banca e garantir que eram esses lucros que suportavam e suportam o aumento das taxas de juro. Nem uma medida, nem sequer um princípio, uma linha, uma aproximação mínima de uma medida que belisque os 11 milhões de lucros por dia da banca”, criticou.

Paulo Raimundo sustentou que “não é aceitável, não é justo e não é possível aguentar mais esta situação”.

“Estas decisões do Governo não só prolongam o nível insuportável das prestações pagas aos bancos, como em nada garantem que estas mesmas prestações não venham voltar a subir, como aliás o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a admitir”, referiu.

O dirigente do PCP afirmou que, apesar de o Governo falar em “reduzir e estabilizar as prestações ao banco”, está “na prática a empurrar as famílias para um atraso daqueles pagamentos que, sendo agora um pouco mais reduzidos durante dois anos, terão de ser pagos na totalidade na íntegra num futuro próximo”.

“Tocar nos lucros da banca, nada. Carregar sobre quem tem crédito à habitação, tudo”, lamentou.

O secretário-geral do PCP acrescentou ainda que as medidas aprovadas esta semana comprovam que o pacote “Mais Habitação” não resolve “nenhum problema” e, na prática, significa “mais transferências para a banca e mais benefícios para os fundos imobiliários”.

“Se dúvidas houvesse sobre a utilidade deste pacote, que o PS votou teimosamente sozinho novamente, elas dissipavam-se na quinta-feira passada [com o anúncio das novas medidas]. Se o pacote “Mais Habitação” fosse assim tão eficiente, não precisavam certamente de apresentar novas medidas”, disse.

O secretário-geral do PCP defendeu que o que se impõe neste momento “é coragem, determinação” e uma política que “enfrente a banca” e ponha “os seus milhões a suportar o aumento das taxas de juro”.

“É preciso dizer ‘basta de conversa’, é preciso proteger a habitação própria, travar as penhoras e os despejos, impedir a especulação e impor um limite de 0,43% em todas as rendas no próximo ano. É hora de concretizar uma moratória de dois anos, suspendendo a amortização de apital e pagando juros apenas à taxa igual àquela a que os bancos se financiam”, sustentou.

Na quinta-feira, o Conselho de Ministros aprovou três medidas no crédito à habitação para mitigar nas famílias o impacto da subida das taxas de juro.

Uma das medidas garante que a taxa de juro não ultrapassa 70% do indexante (Euribor) e outra alarga de 720 para 800 euros o apoio à bonificação dos juros do crédito à habitação.

O Governo mantém ainda a suspensão da comissão por reembolso antecipado do empréstimo da casa.

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Intermediação de crédito já vale seis vezes mais que os restaurantes no franchising

Negócio da intermediação de crédito e seguros já vale 6.000 milhões de euros, a larga distância dos supermercados e da restauração. Veja o ranking das marcas e os setores mais valiosos no franchising.

A perda de rendimentos durante a pandemia de Covid-19, a redução do poder de compra por via da escalada da inflação e a subida em flecha das taxas de juro estão a engrossar o negócio da intermediação de crédito e seguros em Portugal. Com um volume de faturação próximo dos 6.000 milhões de euros e várias cadeias a multiplicarem o número de lojas, como a MaxFinance ou a DS (grupo Decisões e Soluções), é o setor de atividade mais valioso no franchising em Portugal. A larga distância da distribuição alimentar (3.700 milhões) e da restauração e fast food, que fecha o pódio, mas vale seis vezes menos que o líder.

De acordo com os dados finais relativos ao final do ano passado, que acabam de ser apurados e compilados pela Associação Portuguesa de Franchising (APF), apesar de os supermercados também terem reforçado o número de lojas e de vendas nos últimos três anos – as principais retalhistas estão a apostar neste modelo para a expansão da rede, através de insígnias como a Meu Super (Sonae), MyAuchan, Spar ou o recentemente comprado Minipreço –, “o maior destaque face a 2019 é na intermediação de crédito e seguros, talvez pelo facto de termos vivido uma pandemia e termos uma economia que se fragilizou”, indica Cristina Matos. A faturação da rede nesta categoria ascendeu a 370 milhões de euros no ano passado.

A categoria que ganhou um destaque significativo, em número de unidades e em volume de negócios, é a intermediação de crédito. Não só as marcas se adaptaram a estas novas circunstâncias e cresceram, como o próprio mercado tem um índice de procura elevadíssimo neste momento.

Cristina Matos

Diretora-geral da Associação Portuguesa de Franchising

“A categoria que ganhou um destaque significativo, em número de unidades e em volume de negócios, é mesmo a intermediação de crédito. Não só as marcas se adaptaram a estas novas circunstâncias e cresceram, como o próprio mercado tem um índice de procura elevadíssimo neste momento. Há novas marcas e outras que já existiam e se reinventaram porque entenderam que o mercado tinha muito mais para oferecer. Este setor está em contraciclo total com tudo o resto porque as pessoas precisam: estão a recorrer ao crédito, a tentar rever as suas contas e finanças, a renegociar contratos”, contextualiza a diretora-geral da APF.

Entre 2019 e 2022, o volume de negócios do franchising em Portugal subiu mais de 40%, de 12.000 milhões para 17.000 milhões de euros, refletindo-se igualmente num salto em função do PIB nacional, com o peso a evoluir de 5,78% para 7,23%, segundo a associação de setor, salientando que estes “são números que demonstram que o setor não está adormecido e que está dinâmico”. O número de marcas que trabalham neste formato teve igualmente um “crescimento substancial” de 601 para 730 neste período.

Na liderança do ranking das marcas associadas com maior volume de vendas, acima dos 1.000 milhões de euros, surge a MaxFinance, empresa de intermediação de crédito que na primeira metade deste ano abriu 42 novas lojas nos distritos de Braga, Porto, Aveiro, Santarém, Lisboa e Setúbal. Com este alargamento da rede (+60% em termos homólogos), passou a somar 350 franchisados e 900 profissionais no país, calcula a MaxFinance Portugal, que é liderada por Beatriz Rubio e controla também marcas como a Remax, MDS Finance, Max Renting, Melom ou LeaseCapital.

franchising, marcas

Por outro lado, o emprego foi o indicador em que o franchising teve um comportamento mais modesto ao longo dos últimos três anos, passando a representar 3,6% do total a nível nacional, o que compara com a percentagem de 3,34% em 2019. No final do ano passado, as empresas deste universo asseguravam quase 177 mil postos de trabalho em Portugal. Cristina Matos justifica ao ECO que “notou-se o fenómeno da falta de mão-de-obra”, o que obrigou as empresas a “apostar mais na tecnologia para substituir os funcionários que não estavam disponíveis” no mercado português.

O setor do franchising, que entrou oficialmente em Portugal no final da década de 1980 e depois explodiu nos anos 1990, volta a juntar-se na próxima semana no Norte Franchise, agendado para dia 28 de setembro no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos. Apresentado pela organizadora APF como “o maior evento de franchising” nesta região do país e um “espaço que privilegia o networking e a interação com as marcas” estão inscritos cerca de 500 participantes.

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🎥 Como funciona a moratória da prestação da casa?

  • ECO
  • 23 Setembro 2023

O Governo acabou de lançar um mecanismo para estabilizar a prestação da casa. Quem pode aceder à medida? Vou pagar menos pelo crédito? Veja o vídeo para perceber como vai funcionar a moratória.

http://videos.sapo.pt/YjQtZpSOc9CRuY4PAOSm

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Presidente do Supremo pede reformas urgentes do processo civil e processo penal

  • Lusa
  • 23 Setembro 2023

No processo penal, "é urgente intervir para imprimir mais celeridade aos recursos e filtrar a sua admissão para o Supremo", defende Henrique Araújo, presidente do Supremo.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça apelou hoje para a necessidade de se “tornarem mais ágeis e claras as regras de processo civil e de processo penal”, sendo neste último “urgente intervir para imprimir mais celeridade aos recursos”.

Henrique Araújo discursava na cerimónia em Lisboa que assinalou os 190 anos daquele tribunal (STJ), que abriu portas pela primeira vez em 23 de setembro de 1833. No evento marcou presença o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.

Após fazer uma resenha histórica deste tribunal superior, Henrique Araújo falou do futuro para apontar duas das dificuldades e insistir “na necessidade de se tornarem mais ágeis e claras as regras de processo civil e de processo penal”.

No processo penal, referiu que “é urgente intervir para imprimir mais celeridade aos recursos e filtrar a sua admissão para o Supremo”, vincando que “aí, ainda se torna mais visível a série de expedientes processuais usados para tentar obstaculizar a ação da Justiça, principalmente por quem tem capacidade financeira para sustentar tal litigância”.

Henrique Araújo relembrou uma crónica de Fernão Lopes que citava D.Pedro I: “As leis e a justiça são como a teia de aranha. Se nela caem os mosquitos pequenos, aí ficam retidos e morrem; Se nela caem as moscas grandes, que são mais rijas, rompem a teia e vão-se. A lei e a justiça apenas se cumprem nos mais pobres; os outros, que têm ajuda e socorro, delas escapam”.

Neste capítulo, o presidente do STJ admitiu que, “na substância, este problema mantém-se, apesar de negado por quem nisso vê vantagem”, pelo que “importa, assim, rever as fases da instrução e julgamento, a recorribilidade das decisões e o próprio regime de recursos”.

Quanto ao processo civil, referiu que houve uma proposta do Governo que promovia a alteração do Código de Processo Civil, visando “a agilização da apreciação dos recursos”, mas a iniciativa viria a caducar em 22 de março de 2022, em consequência da dissolução do Parlamento.

“Daí para cá não são conhecidas novas iniciativas, continuando o arrastamento de questões referentes à admissibilidade dos recursos (civis) e à sua tramitação. Seria muito importante reanimar essa intenção”, enfatizou.

Volvidos 190 anos, Henrique Araújo observou que o STJ assenta, agora, numa “outra realidade organizacional e numa dinâmica jurídico-processual bem diferente”, indicando que atualmente o quadro deste tribunal é composto por 60 juízes conselheiros, três juízes militares, nove procuradores-gerais adjuntos e 54 funcionários, havendo ainda uma estrutura administrativa de apoio ao presidente.

Na atualidade, admitiu persistirem ainda dificuldades várias, especificando: “Umas, respeitam à insuficiência de meios humanos, especialmente ao nível da assessoria, cujo contingente continua inalterado desde há 28 anos, e de oficiais de justiça e funcionários administrativos; outras relacionam-se com as atribuições jurisdicionais e processamento dos recursos, na medida em que o STJ é chamado a decidir questões de diminuta relevância económica, social ou criminal; outras ainda dizem respeito ao espaço físico das instalações”.

O projeto de digitalização do Arquivo do STJ, a conclusão em breve da base de dados jurisprudenciais e avançar para a criação de estruturas de rede de internet compatíveis com os equipamentos informáticos e com as plataformas digitais usadas por magistrados e funcionários foram outras metas traçadas por Henrique Araújo para este tribunal que dentro de 10 anos completa dois séculos de existência.

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Três dezenas marcham em Lisboa a favor do Rendimento Básico Incondicional

  • Lusa
  • 23 Setembro 2023

Participantes na marcha em Lisboa defendem a implementação de um Rendimento Básico Incondicional (RBI) aos cidadãos, independentemente dos rendimentos e da situação laboral.

Cerca de três dezenas de pessoas participam hoje numa marcha em Lisboa para defender a implementação de um Rendimento Básico Incondicional (RBI), no âmbito de um conjunto de ações de sensibilização para esta ideia.

“O RBI consiste na atribuição de um valor mensal a cada indivíduo – não ao agregado familiar – de forma incondicional, porque não depende dos rendimentos nem da situação laboral, e que se distingue do Rendimento Social de Inserção porque, e é diferente do salário mínimo nacional, porque não impede que a pessoa esteja a trabalhar”, disse uma das organizadoras desta marcha que faz o percurso entre o Saldanha e a Alameda, em Lisboa.

Questionada sobre o montante que serviria de ponto de partida para a implementação do RBI, Inês Cesdeiros afirmou: “Mais do que o valor, a ideia é tratar todos por igual, é um montante básico, nem sequer tem de ser igual ao salário mínimo nacional, pode ser inferior. Não depende da prestação de trabalho nem dos rendimentos da pessoa, e o montante depende da possibilidade e da forma de o implantar, que é isso que tem de ser discutido”.

“O que é consensual é que tem de se começar a colocar em prática esta ideia, para conhecer as especificidades do modelo que corresponde mais aos efeitos que queremos que se concretizem”, acrescentou Inês Cesdeiros. O objetivo, salientou, é lançar o debate e colocar o tema na agenda política.

“Serve de base, ninguém vai ser rico nem viver à vontade, o RBI é o mínimo para ninguém viver na rua, com 300 euros por mês, por exemplo, já se consegue pagar uma série de contas sem depender da atividade laboral”, acrescentou a organizadora.

O RBI, concluiu, “não se substitui ao Estado social, sendo antes um complemento a todas as prestações que o Estado social possa ter previstas”.

A marcha que hoje percorre algumas ruas de Lisboa insere-se na 16.ª Semana Internacional do Rendimento Básico, que termina no domingo. Com o mote ‘Pelo direito incondicional a uma vida digna’, a marcha reúne cerca de 30 pessoas com cartazes que essencialmente apresentam o que é o RBI.

Segundo a organização, de acordo com um inquérito independente sobre o tema, realizado em 2021 em seis países europeus pela YouGov, o número de inquiridos favorável a esta ideia em Portugal é de 83%, um pouco acima de um estudo semelhante realizado pela Marktest, no qual foram entrevistadas 1.450 pessoas, e no qual 76% dos inquiridos mostraram-se a favor da ideia e com a maioria destes a defender a implementação de um projeto-piloto de RBI em Portugal.

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