Banco Central da Rússia suspende compra de moedas estrangeiras no mercado de câmbios nacional

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

A partir de 10 de agosto de 2023 e até ao final de 2023, o Banco Central decidiu deixar de comprar moedas estrangeiras no mercado nacional para reduzir a volatilidade dos mercados financeiros.

O Banco Central da Rússia vai suspender a compra de moedas estrangeiras no mercado de câmbios nacional a partir de quinta-feira, para limitar o enfraquecimento do rublo.

Atualmente, o rublo está no nível mais baixo face ao euro e ao dólar desde março de 2022.

“A partir de 10 de agosto de 2023 e até ao final de 2023, o Banco Central decidiu deixar de comprar moedas estrangeiras no mercado nacional (…) a fim de reduzir a volatilidade dos mercados financeiros”, anunciou o Banco Central da Rússia (BCR) num comunicado divulgado na quarta-feira à noite.

Este anúncio, esperado por vários intervenientes do mercado, marca o abandono pelo BCR da regra orçamental segundo a qual a Rússia compra ou vende divisas estrangeiras, armazenadas no seu Fundo Nacional de Riqueza, para equilibrar o orçamento federal em função das variações das receitas dos hidrocarbonetos.

A medida surge numa altura em que o rublo caiu a pique nas últimas semanas, levando muitos russos a recear a queda do seu nível de vida.

Esta quinta-feira de manhã eram necessários 107 rublos para trocar um euro e 97 rublos para um dólar, os níveis mais baixos do rublo desde as primeiras semanas após o início da ofensiva russa na Ucrânia.

No entanto, em meados de janeiro, o BCR, que atua em nome do Ministério das Finanças russo, retomou a compra e venda de divisas no mercado de câmbios nacional, depois de quase dez meses de suspensão, marcados por uma série de sanções adotadas em resposta à intervenção militar na Ucrânia.

Até fevereiro de 2022, a Rússia utilizou, sobretudo, dólares e euros para equilibrar o seu orçamento. Mas Moscovo está agora empenhada numa corrida para ‘desdolarizar’ a sua economia, de modo a ficar menos dependente de Washington, o seu rival diplomático, e anunciou em janeiro que queria negociar principalmente em yuan, a moeda do seu parceiro chinês.

Qualquer decisão sobre o reinício das operações do BCR “será tomada tendo em conta a situação atual dos mercados financeiros”, declarou o organismo que garante a estabilidade financeira do país em comunicado.

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Comissão Europeia diz que Rússia não é parceiro económico de confiança

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

A Comissão Europeia considerou hoje que, como parceiro económico, a Rússia é "irrealista, imprevisível", "tem falta de transparência" e que apenas faz o que quer para atingir a sua agenda política.

A Comissão Europeia considerou hoje que, como parceiro económico, a Rússia é “irrealista, imprevisível”, “tem falta de transparência” e que apenas faz o que quer para atingir os seus objetivos políticos.

A atual postura comercial da Rússia “apenas tem demonstrado que é irrealista, imprevisível”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Peter Stano, em conferência de imprensa em Bruxelas.

O representante comunitário apontou ainda “a falta de transparência” de que Moscovo tem “enquanto parceiro económico”.

Depois da suspensão, em 17 de julho, do acordo para a exportação de cereais provenientes da Ucrânia pelo Mar Negro, o Kremlin (Presidência russa) tem-se apresentado aos países que mais necessitam destes cereais, em particular os africanos, como o principal fornecedor.

Contudo, para Bruxelas, a saída do acordo que foi negociado com os dois países em guerra, sob mediação das Nações Unidas e da Turquia, demonstra a incapacidade da Rússia para respeitar quaisquer acordos. “Faz diariamente o que quer para atingir os seus objetivos políticos, reforçando a sua imagem como um parceiro económico e comercial instável”, acrescentou o porta-voz.

Peter Stano defendeu que “há um consenso internacional de que é necessário” o regresso da Rússia à iniciativa que vigorava desde julho do ano passado. “Não é só importante para a Ucrânia, é também para [impedir que aumentem] os preços da alimentação globais”, concluiu.

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Exportações de componentes automóveis sobem 21% em 2023 e já superam os 6 mil milhões de euros

  • ECO
  • 10 Agosto 2023

As exportações de componentes automóveis estão a subir há 14 meses, contabilizando este ano mais de 6 mil milhões de euros, cerca de 21,1% acima do registado no mesmo período do ano passado.

As exportações de componentes automóveis aumentaram 20,1% em junho, face a igual período do ano passado, ultrapassando a fasquia dos 1.000 milhões de euros pelo segundo mês consecutivo, anunciou esta quinta-feira a Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA).

Em comunicado, a AFIA adianta que este crescimento “representa uma subida pelo 14.º mês consecutivo, continuando a mostrar também um ritmo de crescimento superior às exportações nacionais de bens”, que neste período caíram 3,4%, “apresentando-se como um dos motores do crescimento económico de Portugal”.

O bom momento do setor é visível nas vendas contabilizadas no primeiro semestre do ano. Segundo a AFIA, entre janeiro e junho, “as exportações de componentes automóveis ultrapassaram os 6.000 milhões de euros”, o que representa uma subida de 21,2% face aos primeiros seis meses de 2022. Esta dinâmica foi reforçada pelo comportamento registado no segundo trimestre, com as exportações de componentes automóveis a registarem um crescimento homólogo de 21,9%.

A associação realça ainda que “70% das exportações portuguesas de componentes automóveis continuam a pertencer a 5 países principais – Espanha, Alemanha, França e Eslováquia e, agora também o Reino Unido, substituindo os Estados Unidos da América neste top 5”.

Espanha continua a ser o principal cliente dos componentes fabricados em Portugal, absorvendo cerca de 1.714 milhões de euros das vendas, seguida pela Alemanha (1.332 milhões de euros), França (662 milhões de euros), Eslováquia (263 milhões) e Reino Unido (237 milhões de euros). “Por outro lado, as exportações para os Estados Unidos da América registaram novamente uma queda, 18,9%”, nota a AFIA, referindo que este país ocupa agora a sexta posição.

“É importante destacar que a indústria de componentes automóveis tem mantido a sua resiliência e encontrado formas de se manter competitiva e enfrentar os desafios que se mantém ativos no panorama nacional e internacional, como o aumento dos custos da inflação, transportes, energia e matérias-primas, que afetam este e outros setores de atividade”, conclui.

A análise da AFIA tem como base os dados divulgados na quarta-feira pelo INE referentes ao comércio internacional de bens, que apontaram que as exportações portuguesas registaram uma diminuição de 3,4% em junho, enquanto as importações recuaram 7,6%. É o terceiro mês que recuam.

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Mobi.E regista novo recorde de carregamentos de carros elétricos em julho. Há 50 tomadas por cada 100 km de estrada

Em média, nos setes primeiros meses do ano, cada utilizador efetuou 19 carregamentos na rede Mobi.E. Existem atualmente 50 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia.

A Mobi.E contabilizou 378.669 carregamentos na sua rede no mês de julho, o que representa uma subida de 63% face ao mesmo mês do ano passado. Desta forma, também os consumos de energia atingiram um novo máximo, de 6.348.476 quilowatts-hora, um aumento de 83% em comparação com o mesmo período homólogo.

No conjunto deste ano já se realizaram um total de cerca de 2,3 milhões de carregamentos, o que representa um aumento de cerca de 68% face ao ano passado.

“O contínuo crescimento da rede é um dos principais fatores que contribui para estes números, uma vez que tem acompanhado o incremento do parque de viaturas elétricas”, justifica a Mobi.E, no comunicado em que faz o balanço destes números.

No final de julho, integravam a rede Mobi.E um total de 4.809 postos (3.673 públicos). Cerca de 1.347 postos de carregamento eram rápidos ou ultrarrápidos, o que representa mais de um terço (36%) do total. A potência da rede é atualmente superior a 206.528 quilowatts (kW), um aumento de 44% em relação ao ano anterior. Existem atualmente 50 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia em Portugal.

Desde o início deste ano, acederam à rede pública nacional mais de 119.226 utilizadores distintos, uma subida de 59% face a 2022. Em média, nos sete primeiros meses do ano, cada utilizador efetuou 19 carregamentos na rede Mobi.E.

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Só a Polónia superou Portugal na subida do PIB per capita no arranque do ano

Apesar de ser um dos países da OCDE com maior crescimento do PIB per capita no primeiro trimestre, Portugal é também um dos países em que as famílias mais viram os seus rendimentos cair neste período.

Há oito trimestres consecutivos que Portugal regista um crescimento do PIB per capita. No primeiro trimestre voltou a registar-se esta dinâmica, com a riqueza por habitante a subir 1,7%, colocando Portugal na segunda posição do ranking dos países da OCDE com o maior crescimento do PIB per capita neste período. É apenas superado pela Polónia.

No entanto, isso reflete-se pouco no bolso das famílias. De acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgados esta quinta-feira, o rendimento real das famílias portuguesas contraiu 0,5% entre janeiro e março. Entre os 23 países com dados recolhidos pela OCDE, apenas sete registaram uma contração maior que Portugal neste indicador e no mesmo período.

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Segundo dados da OCDE, as famílias destes 23 países contabilizaram um crescimento dos seus rendimentos reais de 0,9% no primeiro trimestre, excedendo o crescimento de 0,3% do PIB per capita. “Este é o terceiro trimestre consecutivo em que o rendimento real das famílias per capita cresceu na OCDE e o maior aumento trimestral desde o primeiro trimestre de 2021, quando os rendimentos foram impulsionados por programas de assistência relacionados com a pandemia”, refere em comunicado.

A dinâmica de Portugal é outra. No último ano, apenas por uma ocasião — no último trimestre de 2022 – os rendimentos reais das famílias portuguesas tiveram um aumento. E também foi numa única vez que registaram uma taxa de crescimento acima da taxa de crescimento do PIB per capita, o que aconteceu precisamente no mesmo trimestre.

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Além disso, os dados divulgados esta quinta-feira revelam ainda que, entre janeiro e março deste ano, os rendimentos reais das famílias nacionais foram 7,7% inferiores à média dos rendimentos reais das famílias dos países da OCDE.

Apesar de ainda distante, o fosso de rendimentos é hoje metade do que era em 2021, quanto os rendimentos reais das famílias nacionais eram 15% inferiores aos rendimentos das famílias da OCDE. E há um ano, no primeiro trimestre de 2022, a diferença era de 7,8%.

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Disney+ perde 11,7 milhões de subscritores e vai aumentar preços

O saldo de balanço trimestral do conglomerado de media foi negativo, com o lucro homólogo de 1,4 mil milhões de dólares de 2022 invertido agora para um prejuízo de 460 milhões.

O serviço de streaming Disney+ registou uma perda recorde de 11,7 milhões de subscritores globalmente no segundo trimestre do ano. Nos planos da empresa está um aumento de preços e a proibição da partilha de passwords.

O número de subscritores caiu assim no segundo trimestre do ano de 157,8 milhões para 146,1 milhões, um decréscimo de 11,7 milhões de assinaturas, onde se incluiu uma quebra de 300 mil subscritores (para 46 milhões) nos EUA e no Canadá.

Esta quebra de subscritores a nível mundial deveu-se, em grande parte, a uma notória perda de subscrições na Índia, onde o serviço local Disney+ Hotstar registou uma quebra de 24%, passando de 52,9 milhões para 40,4 milhões de assinantes.

Esta descida já era esperada na medida em que a Disney perdeu os direitos de uma importante liga de críquete na Índia (Indian Premier League), desporto bastante relevante no país asiático, que levou ao cancelamento de um grande número de assinaturas. Os direitos acabaram por ser adquiridos pela Viacom18, num empreendimento conjunto com a Reliance Industries, por 2,6 mil milhões de dólares (cerca de 2,36 milhões de euros), refere a Forbes.

Se não for considerado o serviço da Disney+ Hotstar, o total das subscrições a nível mundial até cresceu em cerca de um milhão. A Hulu e a ESPN+ – também detidos pela Disney – mantiveram praticamente o mesmo número de subscritores em relação ao trimestre passado.

Bob Iger, CEO da Disney, já admitiu que a fixação de preços da Disney+ é um “trabalho em curso”, segundo a Forbes, adiantando que o serviço de streaming vai aumentar três dólares nos EUA, passando de 10,99 dólares para 13,99, a partir do dia 12 de outubro.

Em Portugal o serviço vai encarecer dois euros. Os subscritores vão assim passar a pagar 10,99 euros mensalmente, em vez dos anteriores 8,99. Anualmente, o preço fixado também aumentou de 89,90 euros para 109,99.

A Disney vai também alargar a sua modalidade de subscrição com publicidade (com a assinatura mais baixa) ao Canadá e a vários países da Europa – entre os quais não se encontra Portugal – como a França, Suíca, Alemanha, Itália, Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca e Reino Unido, revela a Variety.

Segundo o CEO da Disney, em 2024 a empresa vai também tentar combater a partilha de passwords, que tem o peso “significativo”, embora a empresa não saiba exatamente em que medida, pelo que “conformo o eliminarmos, veremos a relação no aumento de subscrições”, cita a Forbes.

Esta ação é vista pelos investidores como uma “verdadeira possibilidade de crescer o negócio”.

No trimestre, o conglomerado do entretenimento apresentou um ligeiro aumento da faturação (de 4%), mas abaixo das expectativas dos analistas, para 22,3 mil milhões de dólares, conforme o seu comunicado de divulgação de resultados.

Mas o saldo de balanço trimestral foi negativo, com o lucro homólogo de 1,4 mil milhões de dólares de 2022 invertido agora para um prejuízo de 460 milhões.

“Os nossos resultados trimestrais refletem o que temos conseguido na transformação sem precedentes que estamos a fazer na Disney, para a reestruturar, melhorar a efetividade e devolver a criatividade ao centro do nosso negócio”, argumentou o presidente, Bob Iger, no texto do comunicado.

No trimestre em causa pesaram encargos de 2,44 mil milhões de dólares relacionados com a reestruturação, a retirada de conteúdos das plataformas de transmissão em contínuo e o fim das licenças de utilização a terceiros, bem como outros 210 milhões de dólares relativos a indemnizações por despedimento.

(Notícia atualizada às 15h45 com os novos preços em Portugal)

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Maçã de Carrazeda de Ansiães com perdas de 95 a 98% nesta colheita

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

Devido ao granizo que caiu entre finais de maio e inícios de junho, produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães estimam perdas "entre os 95 e os 98%". Pedem ao Governo apoio para sistemas anti-granizo.

Os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães, distrito de Bragança, estimam perdas na colheita “entre os 95 e os 98%”, por causa do granizo que caiu entre finais de maio e inícios de junho, disse esta quinta-feira à Lusa o presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), Luís Vila Real.

“Este ano, não tivemos o problema da falta de água, mas tivemos o granizo extremamente intenso. Caiu cinco vezes no concelho. As perdas estão apuradas entre os 95 e os 98%, na parte mais crítica. No resto, rondarão os 80 a 90%”, avançou Luís Vila Real.

O responsável disse ainda que “o produto ficou sem qualidade, não tem valor de mercado, e, obviamente, os compradores não querem esse tipo de produto, porque o consumidor final também não”.

Por isso, o destino de grande parte da maçã é a indústria, essencialmente para fabrico de concentrado ou sumo fresco.

Luís Vila Real não tem um número exato da quebra a nível económico, mas não tem dúvidas de que é muito elevada.

“São uns milhões, porque somos um concelho que produz entre 25 a 30 mil toneladas de maçã de qualidade por ano. Temos uma redução na ordem 95 a 98% desse valor. Se o preço por quilo andar na ordem dos 35 cêntimos, é só fazer as contas do descalabro económico que vem por aí”, assinalou.

Este preço pago por quilo ao agricultor – em média entre os 30 e os 35 cêntimos em fruta de qualidade – é considerado baixo para fazer face ao aumento dos fatores de produção no pós-pandemia.

“O produtor vende a preços ridículos, que, muitas vezes, já nem estão a cobrir os custos da produção. O custo por quilo para produzir já se aproxima muito dos 30 cêntimos. O que significa que quase não fica nada para o produtor”, afirmou Luís Vila Real, que disse ainda que não conseguem “traduzir o aumento de custo no produto que é vendido aos operadores do mercado”.

Considerando que “o preço justo, em média, seriam 50 cêntimos por quilo na colheita de fruta de qualidade”, Luís Vila Real explicou ainda que os produtores “acabam por ceder” aos preços pagos pelos grandes grossistas, porque “os agricultores não têm uma organização que faça a gestão da comercialização”. Por isso, quem compra a fruta são as “grandes unidades fruteiras, que estão nas mãos dos grandes armazenistas. Têm câmaras de frio de grande capacidade”.

O produto vai depois encarecendo ao longo da cadeira de distribuição: “Neste processo, não vem nada para o produtor. A responsabilidade do encarecimento não é do agricultor”, lamentou Luís Vila Real.

Carrazeda de Ansiães é o maior produtor de maçã de Trás-os-Montes. São 600 hectares de pomar, cultivados por cerca de 45 agricultores. O concelho dedica aos produtos de maior expressão a Feira da Maçã, do Vinho e do Azeite, entre 25 e 27 de agosto. Luís Vila Real diz que haverá maçã para as montras do certame e garante ainda que as preocupações dos agricultores também vão estar presentes.

“Também vamos lá pôr o nosso produto deteriorado, para que as pessoas tenham consciência do que realmente se passou”, disse.

A campanha de colheita começa dentro de cerca de duas semanas.

Produtores de maçã de Carrazeda pedem apoios para sistemas anti-granizo

O presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), Luís Vila Real, pediu esta quinta-feira apoios para os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães instalarem sistemas anti-granizo na região.

“Nós precisamos de apoios para instalação de sistemas de proteção. Sejam sistemas de telas anti-granizo, ou então uns mais fáceis de instalar e muito mais baratos, que são as torres anti-granizo. Já têm provas dadas em Movimenta da Beira, em Armamar e pelo mundo. Só que o Governo insiste em não apoiar essa medida e estamos de mãos atadas”, afirmou ainda.

Dos 600 hectares de pomar do Planalto de Ansiães, cultivados por cerca de 45 agricultores, apenas cerca 10% têm atualmente proteção com telas anti-granizo.

“As telas têm um custo de 30 mil euros por hectare e é de difícil e demorada implementação. Tendo em conta que nos anteriores programas de financiamento que estiveram abertos os valores de referência eram pré-pandemia, e que agora os custos subiram exponencialmente, não há qualquer capacidade dos agricultores”, justificou Luís Vila Franca.

Para o presidente da AFUVOPA, a solução mais vantajosa seria a torre anti-granizo.

“A torre anti-granizo é um sistema que faz um disparo de uma onda de choque para as altas camadas da atmosfera onde se forma o granizo e dissipa-o antes de atingir o solo”, explicou Luís Vila Real.

Luís Vila Rela lança contas à instalação destas proteções em Carrazeda de Ansiães.

“No concelho de Carrazeda de Ansiães, a instalação das telas rondaria os 18 milhões de euros e as torres anti-granizo entre os 750 e os 800 mil euros e seria possível instalá-las num mês. É uma diferença brutal. Só que continua a haver uma resistência enorme por parte do Estado em apoiar essa medida. Por exemplo, com uma comparticipação de 50% do Governo, entre os 350 ou 400 mil euros de ajuda do Estado, conseguiríamos proteger o núcleo-duro da produção”, concluiu.

Quanto aos apoios anunciados pelo Governo em junho, de um máximo 55 euros por hectare de área afetada para minimizar os efeitos do granizo, Luís Vila Real disse à Lusa serem insuficientes.

“É uma brincadeira de mau gosto. Porque só um tratamento de uma aplicação foliar fica muito mais caro do que isso. E estamos a falar de 17 a 18 tratamentos por campanha. Alguns tratamentos ultrapassam os 150 euros por hectare. E nestes casos não resolve absolutamente nada. O mal já está no terreno”.

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Comunicação dos Armazéns do Chiado e fóruns Algarve, Coimbra e Viseu entregues à LPM

Agência vai desenvolver as estratégias de public relations nas áreas de consultoria de comunicação, assessoria mediática, gestão de crise e redes sociais dos cinco espaços geridos pela Multi Portugal.

A LPM ganhou a conta de comunicação da Multi Portugal, empresa que gere os Armazéns do Chiado, B Planet, Forum Algarve, Forum Coimbra e Forum Viseu.

“Será uma mais-valia para o nosso posicionamento em Portugal. Contamos com a sua experiência e conhecimento para valorizar a comunicação e o trabalho das nossas equipas”, afirma João Cruz, iberia managing director da Multi, citado em comunicado, sobre a colaboração com a LPM.

A agência vai desenvolver as estratégias de public relations nas áreas de consultoria de comunicação, assessoria mediática, gestão de crise e redes sociais, ficando responsável pela comunicação corporativa da Multi Portugal e também dos Armazéns do Chiado, B Planet, Forum Algarve, Forum Coimbra e Forum Viseu.

“É mais um desafio que abraçamos com muito entusiasmo, profissionalismo e empenho. Trata-se de um setor muito dinâmico e relevante em termos económicos e sociais, com uma forte política de gestão ao nível da sustentabilidade”, acrescenta Catarina Vasconcelos, diretora-geral da LPM.

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Salário médio sobe 2,4% em termos reais no segundo trimestre

É a "segunda vez consecutiva em que são registados aumentos reais nas remunerações desde novembro de 2021", assinala o INE. Salários no privado registaram maiores subidas reais do que no público.

O salário bruto médio mensal subiu 2,4% em termos reais no segundo trimestre, tendo a sua componente regular aumentado 2,7%, à boleia da desaceleração da inflação. É a “segunda vez consecutiva em que são registados aumentos reais nas remunerações desde novembro de 2021”, destaca o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quinta-feira. Resultados abrangem 4,6 milhões de postos de trabalho, mais 4,1% do que há um ano. Salários subiram mais no privado do que no público.

Em termos nominais, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador aumentou 6,7%, para 1.539 euros no período de referência e em termos homólogos. A componente regular e a componente base daquela remuneração subiram 6,8% e 7,2%, situando-se em 1.215 euros e 1.144 euros, respetivamente.

“Em termos reais, tendo por referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total mensal média aumentou 2,4%, assim como a sua componente regular, enquanto a componente base aumentou 2,7%”, concretiza o gabinete de estatísticas.

Face ao primeiro trimestre do ano, “assistiu-se a uma forte desaceleração dos preços (de 8,0% para 4,4%) e a uma menor desaceleração das remunerações (de 7,8% para 6,7%, no caso das remunerações totais)”, destaca o INE.

Salários aumentam mais no privado

Na administração pública, no segundo trimestre o salário médio total por trabalhador subiu para 2.328 euros, mais 6,4% do que os 2.188 euros de há um ano. Já as componentes regular subiram 6,2%, para 1.689 euros, e a base registou uma subida de 6,5%, para 1.596 euros. Mas em termos reais — apesar da desaceleração da inflação — as subidas não foram tão significativas: com a remuneração total a subir 2,2%, a regular 1,8% e a base 2,1%, respetivamente.

No setor privado, “as remunerações aumentaram de forma mais expressiva”, tanto ao nível nominal, como real.

Em termos nominais, em junho, face ao ano anterior, o salário médio total subiu 7,5%, para 1.387 euros, tendo a componente regular aumentado o mesmo valor percentual, para 1.124 euros, com a base a assinalar uma subida de 7,9%, para 1.057 euros. Mas, em termos reais, as subidas foram de 3,1% na total e na regular e 3,4% na base, revela o INE.

Por setores, em termos nominais, os maiores aumentos da remuneração bruta total mensal média ocorreram nas “Atividades administrativas e dos serviços de apoio” (9,2%), nas empresas de 1 a 4 trabalhadores (7,7%), no setor privado (7,5%) e nas empresas de “Serviços de mercado com forte intensidade de conhecimento” (9,3%).

As subidas menos expressivas, em termos homólogos, ocorreram nas empresas com 100 a 249 trabalhadores (5,3%), na Administração Pública (6,4%) e nas empresas de “Serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento” (3,6%).

“A remuneração bruta total mensal média teve uma variação homóloga negativa nas atividades de “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (0,2%).

Tendo por referência a inflação, a “maioria” das atividades teve “variações reais positivas da remuneração total”, com destaque para as “Atividades administrativas e dos serviços de apoio” (4,7%) e para as “Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais” (4,7%), refere o INE.

“Três secções registaram variações reais negativas da remuneração total, a maior das quais nas atividades de “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (4,3%)”, pode ler-se no boletim.

(Última atualização às 12h33)

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Euribor sobe a três meses para novo máximo desde novembro de 2008

  • Lusa
  • 10 Agosto 2023

Esta quinta-feira, as taxas Euribor subiram a três e a seis meses para 3,788% e 3,937%, respetivamente. No prazo mais longo, a Euribor recuou para 4,052%.

A taxa Euribor subiu esta quinta-feira a três e a seis meses, no prazo mais curto para um novo máximo desde novembro de 2008, e desceu a 12 meses em relação a quarta-feira.

  • A taxa Euribor a 12 meses, que atualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, recuou esta quinta-feira para 4,052%, menos 0,001 pontos, depois de ter subido até 4,193% em 07 de julho, um novo máximo desde novembro de 2008. Segundo dados referentes a maio de 2023 do Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses representava 40,3% do stock de empréstimos para habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a seis e a três meses representava 34,4% e 22,8%, respetivamente. A média da taxa Euribor a 12 meses avançou de 4,007% em junho para 4,149% em julho, mais 0,142 pontos.
  • Em sentido contrário, no prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 7 de julho de 2022, avançou esta quinta-feira, ao ser fixada em 3,937%, mais 0,010 pontos do que na quarta-feira e contra o máximo desde novembro de 2008, de 3,972%, verificado em 21 de julho. A média da Euribor a seis meses subiu de 3,825% em junho para 3,942% em julho, mais 0,117 pontos.
  • A Euribor a três meses subiu esta quinta-feira, para 3,788%, mais 0,029 pontos e um novo máximo desde novembro de 2008. A média da Euribor a três meses subiu de 3,536% em junho para 3,672% em julho, ou seja, um acréscimo de 0,136 pontos percentuais.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

Na mais recente reunião de política monetária, realizada em 27 de julho, o BCE voltou a subir os juros, pela nona sessão consecutiva, em 25 pontos base — tal como em 15 de junho e 4 de maio –, acréscimo inferior ao de 50 pontos base efetuado em 16 de março, em 2 de fevereiro e em 15 de dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas.

Antes, em 27 de outubro e em 8 de setembro, as taxas diretoras subiram em 75 pontos base. Em 21 de julho de 2022, o BCE tinha aumentado, pela primeira vez em 11 anos, em 50 pontos base, as três taxas de juro diretoras. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 14 de setembro.

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Redução nos preços dos alimentos ajudou inflação a abrandar para 3,1% em julho, confirma INE

Desaceleração da inflação deve-se em parte à diminuição de preços dos alimentos e bebidas não alcoólicas, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A inflação recuou para 3,1% em julho, confirmou o Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quinta-feira. “Esta desaceleração está parcialmente associada a um decréscimo de preços verificado na classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”, explica o gabinete de estatísticas português.

Este é o nono mês consecutivo de abrandamento da inflação, que ainda assim acaba por ser afetada por um “efeito de base” devido aos aumentos significativos de preços durante 2022.

Este ano, tem sido nos alimentos que os aumentos mais se estão a sentir, uma tendência que está a abrandar. A subida dos preços dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas abrandou de 8,6% em junho para 7,3% no mês passado, permitindo um alívio da inflação. Além disso, o vestuário e calçado desacelerou de 1,2% em junho para 0,1% em julho.

Já os preços dos transportes e da habitação, água, eletricidade, gás e outros continuaram a recuar face a julho de ano passado. No entanto, tiveram quedas menos expressivas do que em junho.

Quanto ao indicador de inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, que são mais voláteis, “registou uma variação de 4,7% (5,3% em junho)”. Na energia, o índice relativo aos produtos energéticos recuou 14,9% face ao mesmo período do ano passado, uma queda menos expressiva que em junho. Já o índice referente aos produtos alimentares não transformados desacelerou para 6,8% (8,5% no mês anterior).

O INE indica também o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, indicador que é utilizado para comparações europeias e que apresentou uma variação homóloga de 4,3%, valor inferior em 0,4 pontos percentuais (p.p.) ao registado no mês anterior e inferior em 1,0 p.p. ao valor estimado pelo Eurostat para a área do Euro.

(Notícia atualizada às 11h45)

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Mais de 100 empresas e associações ajudam Guimarães a atingir neutralidade climática até 2030

Município minhoto está a desafiar tecido empresarial e as associações locais a contribuírem para descarbonização do território. Objetivo é atingir a neutralidade climática até 2030.

Mais de 100 empresas e associações já aderiram ao pacto climático de Guimarães, como parceiros vitais para a descarbonização do território, num repto lançado pelo município para atingir a neutralidade climática até 2030. São chamadas a contribuir para a economia circular, mobilidade sustentável ou transição energética. E respondem com avultados investimentos em painéis fotovoltaicos, caldeiras a biomassa, carros elétricos e até a plantação de árvores para reflorestar uma zona da cidade.

“É um desafio que lançamos a estes setores para que assumam o compromisso de alterarem comportamentos e apostarem na inovação para conseguirmos atingir a neutralidade climática até 2030″, avança ao ECO/Local Online a vereadora do Ambiente e da Ação Climática da autarquia vimaranense, Sofia Ferreira. O repto surge porque “Guimarães foi uma das 100 cidades europeias selecionadas para a Missão Cidades Inteligentes”, explica a vereadora da autarquia liderada pelo socialista Domingos Bragança.

Além de Guimarães, Porto e e Lisboa são as outras localidades portuguesas nesta missão. Mas, no caso da cidade vimaranense, a meta a atingir representa mais um passo na disputa ao título de Capital Verde Europeia 2025 ao lado de mais duas finalistas — Graz, na Áustria, e Vílnius, na Lituânia. O vencedor será anunciado em outubro em Talin, na Estónia, e receberá um apoio de 600 mil euros para promover estratégias de sustentabilidade.

É um desafio que lançamos a estes setores para que assumam o compromisso de alterarem comportamentos e apostarem na inovação para conseguirmos atingir a neutralidade climática até 2030.

Sofia Ferreira

Vereadora do Ambiente e da Ação Climática da Câmara Municipal de Guimarães

“Em setembro, seremos convocados a entregar um contrato climático, com medidas e ações bem definidas e orçamentadas, e que nos levem a atingir a neutralidade climática até 2030″, adianta Sofia Ferreira. Conta, por isso, com o contributo do tecido empresarial e institucional na concretização deste desígnio que, entretanto, respondeu em peso. Mais de cem empresas e associações assumiram o compromisso, como organizações não-governamentais, clubes desportivos, associações culturais, universidades ou institutos superiores, empresas privadas de áreas tão diversas como a construção civil, têxtil, panificação, recolha e tratamento de resíduos ou a área da mobilidade.

Ao subscrever este pacto climático, o tecido empresarial e institucional “acredita que este caminho tem de ser realizado em conjunto, e que todos temos uma quota-parte de responsabilidade ambiental para que consigamos atingir a neutralidade climática”, frisa a vereadora. Ao mesmo tempo, completa, a autarquia “está a fortalecer as condições para o apoio a estas empresas para as mudanças que podem conseguir, através do cálculo da pegada carbónica ou do desenvolvimento de planos de sustentabilidade específicos, com recurso ao Laboratório da Paisagem, um centro de investigação e educação na área da sustentabilidade participado pelo município.

Empresas apostam em eficiência e poupança de água

O tecido empresarial local tem trabalho feito na área e já concretizou vários investimentos em projetos de poupança energética, redução do consumo de água ou em construção sustentável. A indústria reconhece, por isso, ter responsabilidade na matéria e quer ter uma voz ativa e o município agradece.

A têxtil JF Almeida é uma destas empresas que aderiu ao pacto climático a 5 de junho deste ano, a convite da autarquia de Guimarães, e que vê a indústria como um parceiro essencial à descarbonização. A empresa já tinha trabalho feito nesta área, na última década, no âmbito de uma “clara estratégia, com investimentos e resultados expressivos”, como os mais de 10 milhões de euros investidos neste campo. “Nos últimos 10 anos, ultrapassámos já os 10 milhões de euros de investimento no que diz respeito a eficiência energética e descarbonização“, avança Sandra Carvalho, da empresa vimaranense, em declarações ao ECO/Local Online.

“As medidas já implementadas e as que serão realizadas, nos próximos dois anos, permitirão reduzir as emissões em 50%, já em 2025, face ao ano de referência que é 2021″, frisa a engenheira da JF Almeida que emprega 830 pessoas no polo industrial, em Guimarães.

Nos últimos 10 anos, ultrapassámos já os 10 milhões de euros de investimento no que diz respeito a eficiência energética e descarbonização.

Sandra Carvalho

Engenheira na têxtil JF Almeida

Só em 2022, a empresa injetou seis milhões de euros no âmbito da descarbonização com a aquisição e instalação de equipamentos, como painéis fotovoltaicos ou “permutadores de calor que substituem a queima direta de gás natural nas máquinas de acabamentos — com redução de emissão de 1.600 toneladas de CO2 por ano”, avança. Ou ainda as “caldeiras a biomassa que substituem gás natural na produção de vapor, com redução de emissão de 3.600 toneladas de CO2 por ano”, completa. A empresa aposta ainda na implementação de um sistema de monitorização — para controlo e otimização de processos – com redução de emissão de 100 toneladas de CO2 por ano.

Mas o contributo da empresa para este movimento pela transição verde, para a redução das emissões de carbono global não fica por aqui. Ainda há muito a fazer, tendo em conta que o “trabalho nas áreas da sustentabilidade, eficiência e melhoria contínua de processos e produtos é permanente”, realça a engenheira da têxtil JF Almeida.

Para a responsável, “a indústria tem um papel fundamental na descarbonização porque movimenta grandes quantidades de energia e resíduos. Nos últimos anos, há cada vez mais investimentos na implementação de processos mais eficientes e utilização cuidada dos recursos”. Sandra Carvalho entende, por isso, que “cabe à indústria apresentar portefólios de produtos que cumpram com este desígnio e possam ir ao encontro de mercados cada vez exigentes no domínio da sustentabilidade”.

Consultora investe na plantação de árvores

Também a empresa de sourcing e consultoria Win-Win Textiles, que presta serviços a marcas de moda na indústria do vestuário, em Guimarães, aderiu ao pacto climático para contribuir para este movimento pela transição verde, para a redução das emissões de carbono global. Uma das medidas mais emblemáticas e que está a desafiar o tecido empresarial a participar é um evento anual até 2030, cuja primeira edição acontecerá a 28 de outubro deste ano, para plantação de centenas de árvores.

“Investimos 3.000 euros na compra de árvores e colocamos os recursos da empresa à disposição para o planeamento e promoção do evento. E convidámos empresas, principalmente de Guimarães, a investir e participar na iniciativa”, conta ao ECO/Local Online o gerente da Win-Win Textiles, Lars Skou Gøtterup.

O objetivo é tentar acelerar os projetos de reflorestação, substituindo a monocultura de eucaliptos por árvores autóctones típicas de áreas montanhosas. Pode servir para compensar a nossa pegada.

Lars Skou Gøtterup

Gerente da Win-Win Textiles

Já aderiram à iniciativa a Guimabus — com o transporte dos participantes em autocarros elétricos –, a Foco Criativo, Luipex, Cristextil, EIGUI, Etistatos, YOGADHIPA Yoga Studio, Nova Lega, RDA Climate Solutions, PIEP, SMSA. A Câmara Municipal de Guimarães também tem voz ativa na definição do local da plantação das árvores. “O Laboratório da Paisagem está a contribuir com recursos e definiu, juntamente com a autarquia de Guimarães, onde plantar a floresta. Isto vai ser um bom exemplo de como podemos fazer a diferença em conjunto”, sustenta o empresário.

“O objetivo é tentar acelerar os projetos de reflorestação, substituindo a monocultura de eucaliptos por árvores autóctones típicas de áreas montanhosas. Pode servir para compensar a nossa pegada”, completa Lars Skou Gøtterup. Com esta iniciativa, a empresa quer ainda contribuir para a redução do risco de incêndios na área. “A nossa empresa trabalha e investe muito na redução desta pegada no ambiente, fazendo pesquisa e investigação para identificar e recomendar novos materiais e métodos de produção”, refere o gerente da Win-Win Textiles.

Além de avançar com a plantação de centenas de árvores para contribuir para a neutralidade climática até 2030, a empresa também investiu 40 mil euros na aquisição de um veículo 100% elétrico, para substituir uma viatura a gasóleo, e em painéis fotovoltaicos, que deverão ser instalados ainda este ano. Também aumentou a oferta de produtos feitos com algodão e lã regenerativos, além de materiais recicláveis e reciclados. “Estamos a promover tingimentos naturais sem corantes artificiais e sem uso de químicos“, adianta o empresário e a “consciencializar as marcas e propor soluções de preferência climática”.

Consciente dos “danos causados pelo excesso de consumo e produção”, a Win-Win Textiles considera que “as empresas continuam a ter um papel muito importante“, enaltecendo a colaboração entre políticos, setor civil e empresarial na cidade vimaranense.

“Conseguir uma situação de neutralidade climática é algo bastante difícil e complexo. A maior parte das empresas tem-se focado na compensação, que pode neutralizar uma pegada, mas fica facilmente um descanso falso”, frisa Lars Skou Gøtterup. “Precisamos evitar ou reduzir o impacto. Como empresa, nós queremos ser neutros, mas também positivos e, por isso, promovemos conceitos regenerativos na gestão da empresa e nos produtos, que recomendamos as marcas estrangeiras”, conclui o gerente da Win-Win Textiles.

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