Mais de 700 detidos na quinta noite consecutiva de distúrbios em França

  • Lusa
  • 2 Julho 2023

Pelo menos 718 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos na quinta noite consecutiva de distúrbios em França por causa da morte de um adolescente abatido na terça pelas forças de segurança.

Pelo menos 718 pessoas foram detidas e 45 polícias ficaram feridos na quinta noite consecutiva de distúrbios em França por causa da morte de um adolescente abatido na terça-feira pelas forças de segurança, indicou hoje o Ministério do Interior.

Numa publicação na conta pessoal na rede social Twitter, o ministro do Interior francês, Gérard Darmanin, indicou que, apesar dos incidentes, a noite de sábado para domingo foi mais calma que as anteriores, facto que, no seu entender, se deve a uma maior presença das forças de segurança nas ruas.

Às 08h00 locais de hoje (7h00 em Lisboa), o Ministério do Interior francês atualizou os números, dando conta da detenção de 718 pessoas, quando no dia anterior, à mesma hora, tinham sido comunicadas 994. No entanto, ainda no sábado, pouco depois, esse número seria atualizado para 1.311.

Entre os incidentes registados na noite de sábado para domingo, reportou a agência noticiosa France-Presse (AFP), está um ataque à residência de um presidente de câmara de uma pequena cidade da região parisiense perpetrado por “desordeiros”, que provocou ferimentos na mulher e num dos dois filhos menores.

Vincent Jeanbrun, presidente da Câmara Municipal de L’Haÿ-les-Roses, nos arredores de Paris, denunciou numa declaração publicada no Twitter “uma tentativa de assassínio indescritível e cobarde”.

Por volta das 01h30 (00h30 de Lisboa), enquanto Jeanbrun se encontrava na Câmara Municipal, “tal como há três noites”, para fazer face à violência urbana, os desordeiros “atiraram um veículo blindado contra a sua casa antes de o incendiarem para incendiar a residência”, onde a mulher e os dois filhos menores dormiam, declarou, num comunicado publicado no Twitter.

Segundo Jeanbrun, depois de alertado, foi ao tentar “proteger” a família e “escapar aos agressores” que a mulher e uma das crianças ficaram feridas.

Entretanto, a polícia abriu um inquérito sobre a tentativa de assassínio, disse à AFP fonte judicial.

Segundo a fonte, os autores do crime incendiaram o veículo blindado bem como o carro da família do presidente de Câmara antes de serem dispersados pela polícia e pelos bombeiros, que “intervieram muito rapidamente”.

“Hoje à noite foi atingido um novo nível de horror e de ignomínia […] Embora a minha prioridade hoje seja cuidar da minha família, a minha determinação em proteger e servir a República é maior do que nunca”, disse o presidente da câmara desta cidade de mais de 30.000 habitantes num comunicado.

O ministro do Interior francês anunciou no sábado que seria mantida a mobilização de 45.000 polícias e guardas nacionais para enfrentar uma potencial noite de protestos e tumultos pela morte de Nahel M., um jovem de 17 anos que foi na passada terça-feira alvejado à queima-roupa por um polícia durante um controlo de trânsito.

As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado em Nanterre, nos arredores de Paris, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram centenas de pessoas.

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Twitter impõe temporariamente limites diários para leitura de publicações

  • Lusa
  • 2 Julho 2023

Twitter impôs temporariamente limites diários no número de publicações que um utilizador pode ler, para evitar "níveis extremos de recolha de dados e manipulação do sistema".

O dono do Twitter, Elon Musk, disse no sábado que a rede social impôs temporariamente limites diários no número de publicações que um utilizador pode ler, para evitar “níveis extremos de recolha de dados e manipulação do sistema”.

No Twitter, o empresário indicou que as “contas verificadas” podem ler até “6.000 publicações por dia”, enquanto as “contas não verificadas” podem ler 600 e no caso das “novas contas não verificadas” são 300 mensagens. Limites que podem “em breve” ser elevados para 8.000, 800 e 400, respetivamente, de acordo com Musk.

O anúncio não especifica se esta contagem diária de tweets se aplica quando são selecionadas publicações específicas ou se abrange todas aquelas que aparecem, por exemplo, quando se percorre o ecrã principal, quando se visualizam tópicos ou analisam respostas a mensagens.

Algumas horas antes de Musk ter revelado esses limites, milhares de utilizadores comunicaram à plataforma de monitorização de falhas em sites Downdetector que estavam a ter problemas de acesso à rede social.

Após o anúncio, os problemas continuaram, embora em menor escala.

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Banco de Portugal vai aliviar taxa de esforço para aumentar acesso ao crédito à habitação

  • Lusa
  • 2 Julho 2023

Regulador da banca vai rever o cálculo da taxa de esforço para permitir que mais famílias possam aceder ao crédito à habitação.

A vice-governadora do Banco de Portugal, Clara Raposo, revelou que o banco central vai rever o cálculo da taxa de esforço, permitindo, assim, que mais famílias possam aceder ao crédito à habitação.

Numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Clara Raposo revelou que essa decisão vai ser tomada ainda este ano para os novos créditos. “Acho que faz sentido revermos a recomendação macropudencial”, referiu.

Até porque, afirmou a representante, “agora temos aqui este período do verão e uma melhor capacidade da previsibilidade da evolução futura das taxas de juro” para o fazer.

Atualmente, os bancos têm de aplicar uma taxa de esforço de 3% acima da taxa de juro do contrato para avaliar a capacidade do cliente em pagar o empréstimo da casa numa situação de stress. Esta regra começou a ser aplicada numa altura em que as Euribor estavam em baixa. Contudo, o disparo das Euribor nos últimos meses veio tornar esta medida ainda mais restritiva para quem procura agora um empréstimo à habitação, quando a subida dos juros já está perto do fim.

“Estamos a olhar no sentido de baixar aqui um pouco o choque extra”, e se isto for feito, segundo prosseguiu, “em princípio teremos mais famílias que poderão vir a aceder a crédito”.

Há “essa vontade” de a medida vir a ser tomada ainda este ano, revelou na mesma entrevista.

Sobre as renegociações dos créditos à habitação, Clara Raposo não avançou com números concretos, mas adiantou que os dados que existem não são preocupantes. “No diálogo com a banca e nos números que temos até agora, ainda não encontramos um número que nos preocupe assim muito quanto a incumprimentos ou dificuldades das famílias em cumprir as suas obrigações”, afirmou.

E segundo a vice-governadora, os valores do crédito malparado não sofreram alterações significativas entre o final do ano passado e o primeiro trimestre deste ano.

Clara Raposo referiu igualmente que compreende as preocupações dos ministros das Finanças que acham que as subidas das taxas de juro já foram suficientes para evitar um efeito mais recessivo.

Mas esclarece que as medidas implementadas pelo Governo português para minimizar o impacto da subida das taxas de juro e da inflação, não vão contra as determinações do BCE (Banco Central Europeu), admitindo, no entanto, que possa existir uma revisão cirúrgica para manter alguma disciplina orçamental.

Questionada sobre a política do BCE de aumento das taxas de juro, Clara Raposo afirmou não ter certezas sobre a necessidade de aumento das mesmas em julho, porque é preciso dar tempo para que as subidas anteriores produzam efeitos na economia. Ainda assim considerou que, psicologicamente, os agentes já estão preparados para esse aumento.

A vice-governadora apelou ainda às empresas para que façam refletir nos preços ao consumidor e nas suas margens de lucro a reversão que já se verificou no mercado da energia e que levou ao aumento dos custos nas empresas.

Porém, não considera que tenha havido um aproveitamento deliberado das empresas do aumento da inflação. O que houve foi um aproveitamento da situação por alguns setores já identificados e isso, disse a representante, “tem um limite”.

Neste sentido, Clara Raposo apela a um contributo geral de empresas e trabalhadores.

Ainda na entrevista hoje divulgada, a vice-governadora pediu igualmente “um compasso de espera para que se consiga uma descida de inflação que convença todos na Europa”.

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Do défice aos salários, o estado do SNS em cinco gráficos

Do défice ao salário dos médicos e enfermeiros, passando pela atividade assistencial, o ECO apresenta-lhe o raio-X ao setor, tendo por base cinco indicadores.

Esta semana, o Conselho das Finanças Públicas passou a “pente fino” o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Do défice ao salário dos médicos e enfermeiros, passando pela atividade assistencial, o ECO apresenta-lhe um raio-X ao setor, tendo por base cinco indicadores.

Défice do SNS encolhe para 1.066 milhões de euros

No ano passado, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou um défice de 1.066 milhões de euros, isto é, uma “melhoria de 214 milhões face a 2021, assim como um défice menor do que esperado no orçamento inicial (1.260,6 milhões de euros)”, de acordo com o relatório do Conselho de Finanças Públicas (CFP) divulgado esta semana.

“Para este resultado contribuiu um valor da despesa do SNS sistematicamente superior
ao valor da receita para todos os anos analisados”, justifica a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral. Em 2022, a despesa atingiu os 131.168 milhões de euros, isto é, um aumento de 4,6% face a 2021, impulsionado pelo “crescimento de 5,2% da despesa corrente”. Por sua vez, a receita do SNS ascendeu a 12.102 milhões de euros, o que representa um aumento de 798 milhões de euros face ao período homólogo (7,1%).

Médicos ganharam, em média, quase quatro mil euros por mês

Em 2022, houve um reforço de quase todos os grupos profissionais que trabalham para o SNS, à exceção dos técnicos superiores de saúde. No final do ano passado, havia mais “864 enfermeiros (1,6%), 720 médicos (2,2%), 81 técnicos de diagnóstico e terapêutica (0,7%)”.

 

Quanto aos salários, os médicos ganhavam, em média, 3,973 euros por mês, os enfermeiros 1.838 euros, os técnicos de diagnóstico e terapêutica 1.697 euros e os técnicos superiores de saúde 2.162 euros mensais. O relatório indica ainda que foram contratadas 5,7 milhões de horas a prestadores de serviços médicos, o que representa uma despesa de 170 milhões, o que representa um aumento de 22,4% face a 2021.

Dívida a fornecedores acima dos 1,5 mil milhões

A dívida do SNS a fornecedores externos aumentou pelo segundo ano consecutivo e, no final do ano passado, mantinha-se acima dos 1,5 mil milhões de euros. “O montante de injeções de capital acumulado desde 2017, quando estas operações se tornaram mais representativas, supera os 4,5 mil milhões de euros e tem sido, ainda assim, incapaz de contribuir para a redução estrutural da dívida do SNS, que apenas recuou 252 milhões de euros neste período”, adianta o CFP.

Nesse contexto, a entidade liderada por Nazaré Costa Cabral sublinha que “têm-se repercutido apenas na melhoria dos pagamentos em atraso”, que estão a descer desde 2018 e atingiram os 19 milhões de euros em 2022.

Só 11 entidades do SNS pagam dentro do prazo

Por outro lado, o relatório indica ainda que o prazo médio de pagamento das entidades do SNS ascendia a 109 dias no final de 2022, isto é um aumento de sete dias face ao ano anterior. De acordo com o relatório, apenas 11 entidades do SNS respeitavam a meta que dita que o pagamento seja feito num prazo inferior a 60 dias. Entre as entidades que respeitam o prazo está as ARS do Norte, ARS Centro, ARS LVT, ARS Alentejo, ARS Algarve ou o Hospital de Vila de Franca de Xira.

 

Consultas nos hospitais superam pré-pandemia, mas listas de espera aumentam

Em 2022, foram realizadas cerca de 12,7 milhões consultas médicas nos hospitais do SNS, isto é, mais 358 mil face a 2021. Já comparativamente com 2019, são mais 356 mil consultas, o que demonstra que atividade está a recuperar do impacto da pandemia. Ainda assim, as cirurgias urgentes ainda estão abaixo de 2019, tendo sido realizadas 97 mil atos destes no ano passado.

“O maior número de consultas médicas hospitalares e cirurgias programadas não foi suficiente para evitar a diminuição da capacidade de resposta do SNS nestas áreas, uma vez que o número de utentes em lista de espera para a primeira consulta voltou a aumentar em 2022, bem como o número de utentes em lista de inscritos para cirurgia”, lê-se no relatório.

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Bielorrússia aprova alteração à lei que pode limitar media estrangeira

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

Alexander Lukashenko aprovou uma alteração à lei dos meios de comunicação social, que permite ao Governo proibir notícias estrangeiras.

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, aprovou este sábado uma alteração à lei dos meios de comunicação social que permite ao Governo proibir notícias estrangeiras.

A emenda à lei dos mass media foi aprovada, tendo em vista “melhorar os mecanismos de proteção dos interesses nacionais na esfera mediática”.

A nova disposição também prevê uma “ampliação das ferramentas para responder a ações inimigas”, segundo um texto do executivo.

Esta alteração facilita a proibição das atividades dos meios estrangeiros de comunicação social, se “os estados estrangeiros mostrarem ações de inimizade contra os meios da Bielorrússia”.

Adicionalmente, a emenda redefine as características que determinam a validade dos agregadores de notícias.

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Eleições antecipadas em Espanha “roubam” foco da presidência do Conselho da UE

  • Joana Abrantes Gomes
  • 1 Julho 2023

Pedro Sánchez assume a presidência semestral da UE a poucas semanas das eleições legislativas espanholas. Analistas e eurodeputados rejeitam que vitória da direita altere as prioridades de Madrid.

A Espanha assume, a partir deste sábado, a presidência rotativa semestral do Conselho da União Europeia (UE), apenas três semanas antes das eleições legislativas, que foram antecipadas pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez após a pesada derrota dos partidos da coligação governamental de esquerda, liderada pelo PSOE, nas regionais de maio.

As sondagens mostram fortes probabilidades de o cenário se repetir nas legislativas, o que pode colocar em causa o avanço dos importantes dossiês europeus que Madrid terá em mãos nos próximos seis meses, naquela que é a última presidência em pleno antes do final do atual mandato das instituições da UE.

A democracia nunca é um problema, declarou Sánchez, em meados de junho, defendendo o próximo escrutínio nacional ao mesmo tempo que anunciava os planos da presidência espanhola. “Não é a primeira vez que se realizam eleições durante uma rotação. Também houve mudanças de Governo”, acrescentou o primeiro-ministro espanhol.

De facto, não é a primeira vez que se realizam eleições no país que assume a presidência rotativa. O caso mais recente aconteceu em França, que presidiu ao Conselho da UE durante a primeira metade de 2022 e teve eleições presidenciais e legislativas nesse período. Dois anos antes, fora a Croácia a ir às urnas eleger o próximo Governo. Em nenhuma destas situações houve uma mudança do partido no poder, como agora existe a séria possibilidade de acontecer em Espanha.

“As eleições de julho em Espanha podem ser, obviamente, o início de um novo ciclo. O Partido Popular (PP) está neste momento, aparentemente, à frente nas sondagens. Será uma alternativa de direita com extrema-direita: do PP com o Vox”, afirma, cauteloso, o especialista em assuntos europeus Paulo Sande, em declarações ao ECO.

Embora reconheça que a mudança de Governo complicaria a gestão da presidência espanhola, o também professor no Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica identifica algumas vantagens que facilitam as negociações dos vários dossiês europeus diante de um cenário eleitoral no país que lidera as reuniões entre os 27 Estados-membros do bloco.

A primeira é o cargo de presidente do Conselho Europeu — ocupado atualmente pelo belga Charles Michel –, uma alteração implementada desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, em 2009. “Acaba por ser o rosto formal do Conselho, portanto dos chefes de Estado e de Governo. Desse aspeto, não é tão grave como seria antes, em que o primeiro-ministro espanhol teria um papel muito mais importante e imprescindível do que agora“, explica.

Não é decisivo, não é dramático para o processo europeu. É obviamente um incómodo, um problema, uma situação que não devia existir. Mas a democracia é assim e a Espanha decidiu fazer eleições agora em vez de dezembro. Mesmo em dezembro, estaríamos a aproximar-nos do fecho do ano e de um Conselho Europeu importantíssimo, que é normalmente o do final do ano, portanto, desse ponto de vista, também acaba por não ser muito diferente.

Paulo Sande

Especialista em Assuntos Europeus

Outra vantagem, segundo Paulo Sande, é o facto de, após as semanas de campanha eleitoral e o dia das eleições espanholas em julho, haver um período de férias: “Agosto é sempre um período morto na Europa – apesar da incerteza da guerra na Ucrânia –, mas depois só em meados de setembro começa mais a sério“. Foi por isso, aliás, que Sánchez adiou o discurso no Parlamento Europeu sobre as prioridades da presidência espanhola, que estava agendado para o dia 13 de julho, para a sessão plenária de setembro.

Apesar de um primeiro mês praticamente perdido, há também o fator do funcionamento por trílogos. “Os programas das presidências funcionam de 18 em 18 meses”, pelo que “há uma continuidade”, nota o especialista em assuntos europeus. Espanha, neste caso, dá início a um novo trio de presidências, do qual fazem parte a Bélgica e a Hungria.

Além disso, “é evidente que a Espanha tem muito treino, tem uma administração forte, tem uma experiência a nível de gestão muito grande, a sua REPER (Representação Permanente de Espanha em Bruxelas) vai continuar a funcionar“, características necessárias para agendar reuniões e gerir os dossiês, aponta.

Paulo Sande considera, nesse sentido, que as consequências das eleições espanholas “não são assim tão graves como seriam noutras circunstâncias antes do Tratado de Lisboa”. “É obviamente um incómodo, um problema, uma situação que não devia existir, mas a democracia é assim e Espanha decidiu fazer eleições agora em vez de dezembro”, realça, notando que, mesmo em dezembro, há “um conselho europeu importantíssimo”, pelo que “desse ponto de vista também acaba por não ser muito diferente”.

Para o eurodeputado Paulo Rangel, uma mudança no Governo espanhol também “não seria altamente dramático”. O parlamentar do PSD dá o exemplo da presidência sueca, que terminou na sexta-feira e foi preparada pelo Executivo anterior, liderado pela social-democrata Magdalena Andersson, tendo o Governo do liberal-conservador Ulf Kristersson herdado a presidência.

Ao ECO, o eurodeputado do Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política em Bruxelas, constata que “a máquina política de Espanha, desde logo a do Governo e a diplomática, está totalmente voltada para as eleições” de julho. Daí que somente a partir de setembro “haverá capacidade de decisão política por parte das autoridades espanholas”, diz.

As instituições europeias têm, por isso, acautelado alguns preparativos para “manter a máquina a funcionar”, independentemente de quem estiver no Governo. “Fizemos um calendário para adiantar o mais possível tudo o que é do ponto de vista técnico“, estando a decorrer “imensas negociações” — até porque não vão haver grandes propostas legislativas novas tendo em conta a existência de eleições europeias em 2024 — e, portanto, “muitas coisas já estão mais do que adiantadas“, conta.

Contudo, o eurodeputado avisa para um aspeto “preocupante” na presidência espanhola. “O PP e o PSOE, que são os partidos que alternam normalmente no poder, têm ambos um problema muito sério: não dialogam. É sabido que o primeiro-ministro Pedro Sánchez não teve uma reunião com (o líder da oposição) Alberto Núñez Feijóo para lhe dar nota da presidência espanhola“.

“Se houver continuidade do PSOE, os objetivos que foram traçados são os mesmos. Senão, o que vai acontecer é que o novo Governo espanhol virá com uma agenda que não será exatamente a que tinha sido anunciada – embora hoje em dia as agendas das presidências semestrais sejam ajustadas em trios”, antecipa Paulo Rangel.

Mas Javier Moreno Sánchez, que preside à delegação socialista espanhola em Estrasburgo, está convencido de que as prioridades espanholas “não estão em perigo”. Em declarações ao ECO, o eurodeputado espanhol do PSOE diz esperar que, a 23 de julho, seja renovada “a maioria progressista que permitiu a Espanha melhorar as condições de vida das classes média e trabalhadora”.

Há, no entanto, um aspeto que é preocupante na presidência espanhola. O PP e o PSOE, que são os partidos que alternam normalmente no poder, têm ambos um problema muito sério: não dialogam. É sabido que o primeiro-ministro Pedro Sánchez não teve uma reunião com o Alberto Núñez Feijóo para lhe dar nota da presidência espanhola.

Paulo Rangel

Eurodeputado (PSD)

Neste âmbito, o consultor de assuntos públicos Javier Garrido escreveu, num artigo publicado no website do SEC Newgate EU, que as eleições espanholas “poderão constituir um problema mais para as posições e interesses de Espanha do que para a própria presidência e para os outros parceiros da UE”.

“Embora o PP e o PSOE tenham posições divergentes sobre algumas questões que serão debatidas durante a presidência espanhola, como a Lei da Restauração da Natureza que foi rejeitada pelos conservadores no Parlamento Europeu, é pouco provável que uma mudança no Executivo espanhol altere a agenda da presidência. O PSOE e o PP estão de acordo sobre as questões fundamentais, pelo que a abordagem da presidência será semelhante”, argumentou Garrido.

Já o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, assume que Portugal tem “plena confiança” de que, independentemente do resultado eleitoral no país vizinho, as autoridades espanholas conduzirão “de forma empenhada, profissional e responsável” os trabalhos da presidência ao longo do próximo semestre.

“Portugal apoia as principais prioridades identificadas pela Espanha para a sua presidência e confia que as autoridades espanholas serão bem-sucedidas na respetiva concretização”, afirma ainda o governante, num comentário enviado ao ECO.

Entre essas prioridades, Tiago Antunes destaca o apoio à Ucrânia, o debate sobre o alargamento e o futuro da UE, o reforço da autonomia estratégica do bloco, as relações com a América Latina e a Vizinhança Sul e a reforma da governação económica.

Um dos momentos altos da presidência espanhola é uma cimeira entre a UE e a América Latina (UE-CELAC), que decorrerá em Bruxelas já nos dias 17 e 18 de julho, no qual se espera que seja dado um sinal significativo quanto à conclusão dos acordos comerciais com o México, com o Chile e também com o Mercosul.

Como primeiro ato oficial da presidência espanhola, Pedro Sánchez desloca-se sozinho a Kiev este sábado. A visita, que pretende simbolizar o apoio político, humanitário, económico e militar da UE à Ucrânia, prevê um encontro do primeiro-ministro espanhol com o Presidente ucraniano e um discurso no Parlamento. Na segunda-feira, o Colégio de Comissários realiza a habitual visita a Madrid para a apresentação das prioridades para o próximo semestre.

Por sua vez, o PP, que segue à frente nas sondagens para as legislativas de 23 de julho, apelou ao Governo espanhol e às instituições europeias para que todos os eventos da presidência previstos acontecer em território espanhol durante o período de campanha eleitoral sejam alterados para Bruxelas.

A lista de dossiês legislativos para fechar ou “dar passos significativos” na presidência espanhola é longa: a reforma do mercado da eletricidade; o pacto sobre migração e asilo; os acordos comerciais com o Mercosul (Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), o Chile e o México; a reforma das regras de governação económica da UE; a reforma intercalar do quadro financeiro plurianual; a lei sobre a recuperação da natureza; a diretiva sobre a qualidade do ar; o apoio à Ucrânia; entre outros.

Resta saber se será Pedro Sánchez a assumir a “batuta europeia” durante os próximos seis meses.

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📹 Os destinos de férias preferidos dos portugueses

  • ECO
  • 1 Julho 2023

Quando se trata de viajar para o estrangeiro os portugueses preferem destinos em países próximos como Espanha, França, Itália e Grécia.

O turismo intensificou-se em 2023 e as pesquisas dos hóspedes portugueses no Airbnb para estadias nos meses de junho a agosto tiveram um crescimento superior a 50%. O alojamento local já representa 40% das dormidas em Portugal e o aumento da procura de destinos de férias através de plataformas digitais traduz esse peso acrescida.

Veja o que os portugueses procuram para as férias deste ano.

http://videos.sapo.pt/dwZV9EmjhUBLVg9mdy7e

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Miranda Sarmento avisa deputados que críticas anónimas são “cobardia que só prejudica” PSD

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

O líder parlamentar do PSD transmitiu aos deputados que considera que fazer críticas anónimas na comunicação social sob anonimato é uma "profunda cobardia que só prejudica" o partido.

O líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, transmitiu aos deputados que considera que fazer críticas anónimas na comunicação social sob anonimato é uma “profunda cobardia que só prejudica” o partido.

A mensagem de Miranda Sarmento foi enviada aos deputados na sexta-feira à noite, na sequência de uma notícia do Observador que dava conta de que o líder parlamentar do PSD teria travado, na semana passada, um requerimento sobre saúde por ligações profissionais da sua mulher ao visado.

Aos deputados, Miranda Sarmento nega esta versão e reitera que a retirada do requerimento em causa, noticiada pela Lusa,ficou a dever-se apenas a questões processuais” e aproveitou para deixar um recado à bancada.

“Que haja deputados que entendem que eu não sou um bom líder parlamentar, que não tenho perfil político e que outros seriam melhores líderes, é algo que posso aceitar, sem qualquer problema, quando as críticas são diretas e frontais”, referiu, na mensagem noticiada pelo Público e a que Lusa teve acesso.

No entanto, acrescentou, “que o façam nos jornais, a coberto do anonimato, parece-me de uma profunda cobardia que só prejudica o PSD”.

O líder parlamentar do PSD repudiou que, neste caso, tenha sido envolvida a sua mulher, “que nunca teve nada a ver com a política e que é médica em Santa Maria há mais de vinte anos”.

É algo tão baixo, reles e indigno que quem o fez só me merece absoluto desprezo”, concluiu.

Na semana passada, o líder parlamentar do PSD disse à Lusa que a direção da bancada tinha decidido retirar um requerimento — enviado à comunicação social horas antes – em que pedia a audição parlamentar urgente do diretor exonerado do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Medicina de Reprodução do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Diogo Ayres de Campos, e do Conselho de Administração do mesmo centro.

Miranda Sarmento justificou então a retirada do pedido por ser “extemporâneo” realizar, naquele momento, qualquer audição sobre o tema.

Na sexta-feira, o Observador noticiou um alegado conflito de interesses denunciado por deputados do PSD, sob anonimato, uma vez que a mulher de Miranda Sarmento trabalhava no departamento dirigido por Ayres de Campos.

No esclarecimento enviado ao jornal e que também partilhou com a bancada, Miranda Sarmento refere que a mulher “trabalha no serviço de ginecologia no Hospital de Santa Maria, respondendo apenas diretamente ao diretor do serviço de Ginecologia, Alexandre Valentim Lourenço (e este reporta diretamente ao Conselho de Administração)”, considerando que tais insinuações carecem de qualquer fundamento.

Este é mais um de uma série de episódios de tensão entre a bancada — herdada da anterior direção de Rui Rio — e a liderança parlamentar. Na última reunião do grupo, na quinta-feira, Miranda Sarmento sentiu necessidade de “esclarecer os deputados” face a notícias que têm sido publicadas nas últimas semanas sobre uma eventual saída antecipada, assegurando que não pretende ir para o Parlamento Europeu e tenciona cumprir o mandato até julho do próximo ano.

Também o presidente do PSD, Luís Montenegro, que cumpre na segunda-feira um ano de mandato, reiterou, no semanário Expresso, “confiança máxima” no líder parlamentar que escolheu pouco depois de ser consagrado em Congresso, e que substituiu no cargo Paulo Mota Pinto, eleito três meses antes.

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Mais de 1.300 detidos nos tumultos em França

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

O Ministério do Interior francês atualizou de 994 para 1.311 o total de detenções feitas na sexta-feira ligadas aos tumultos desencadeados pela morte de um jovem de 17 anos abatido pela polícia.

O Ministério do Interior francês atualizou de 994 para 1.311 o total de detenções feitas na sexta-feira ligadas aos tumultos que assolam a França desde terça-feira, desencadeados pela morte de um jovem de 17 anos abatido pela polícia.

Segundo o Ministério do Interior francês, citado pela rádio pública FranceInfo e num balanço atualizado divulgado às 12h00 locais (11h00 em Lisboa), 752 detenções foram feitas pela polícia nacional, 153 pela gendarmeria e 406 pela prefeitura de Paris.

O Governo francês enviou na sexta-feira cerca de 45.000 polícias para todo o país para tentar controlar a violência, mas não conseguiu impedir que, durante a noite, jovens manifestantes entrassem em confronto com a polícia, ateassem cerca de 2.500 fogos, saqueassem lojas e provocassem ferimentos em 79 agentes da polícia.

As cerimónias fúnebres de Nahel, o jovem de ascendência árabe que foi morto pela polícia em Nanterre, nos subúrbios de Paris, começaram este sábado com um velório privado, a que se seguirá uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local.

“Sábado, 01 de julho, será um dia de luto para a família de Nahel”, escreveram os advogados da família, apelando aos meios de comunicação social para que não participem na cerimónia, “a fim de dar à família enlutada a privacidade e o respeito de que necessita”.

Segundo o ministério, os protestos e os tumultos urbanos desencadeados terça-feira após a morte, abatido a tiro pela polícia, de um jovem de 17 anos que não respeitou uma “operação stop”, tiveram menos intensidade do que nos dias e noites anteriores.

Segundo o Ministério do Interior, “79 polícias e gendarmes ficaram feridos”, cerca de 1.350 veículos foram incendiados, 234 edifícios foram queimados ou danificados e cerca de 2.560 incêndios foram registados na via pública.

Marselha, a segunda maior cidade do sul de França, teve uma noite agitada, o que levou o Ministro do Interior francês, Gérard Darmanin, a enviar reforços para a cidade.

A polícia já tinha registado 88 detenções por volta das 02h00 (01h00 em Lisboa) desde o início da noite, com grupos de jovens muitas vezes mascarados e “muito móveis”.

Durante uma visita ao noroeste de Paris, Darmanin informou, a meio da noite, que a violência era “menos intensa”, com 471 pessoas já detidas em todo o país e focos de tensão, nomeadamente em Marselha e Lyon, grandes cidades do sudeste.

Na manhã deste sábado, o número de pessoas detidas rondava o milhar, mais do que nas noites anteriores, quando a polícia deteve cerca de 900 pessoas.

Ainda antes do funeral, Darmanin anunciou que sairão para as ruas mais “unidades mais especializadas”, como o RAID (unidade de forças especiais) e o GIGN (Grupo de Intervenção da Gendarmeria Nacional), tropas de elite da polícia e da gendarmaria.

Para as ruas foram também enviados veículos blindados ligeiros da gendarmeria para tentar reduzir a tensão em relação à noite anterior, em que 492 edifícios foram alvo de ataques, 2.000 veículos foram queimados e dezenas de lojas saqueadas.

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Zelensky agradece “visita simbólica” e apoio de Espanha

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

O Presidente da Ucrânia agradeceu ao primeiro-ministro espanhol o apoio e a "visita simbólica" a Kiev, quando Espanha inicia a sua presidência da União Europeia.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao primeiro-ministro espanhol o apoio e a “visita simbólica” a Kiev, quando Espanha inicia a sua presidência da União Europeia.

“Obrigado pela sua importante visita e pelo apoio ao nosso povo”, afirmou o Presidente da Ucrânia, citado pela Agência France Presse (AFP).

Para Zelensky é “extremamente simbólico” que a visita ocorra no primeiro dia da presidência espanhola da União Europeia.

Durante a sua visita a Kiev, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que o país vai enviar mais quatro tanques Leopard para a Ucrânia.

“Vamos enviar mais material militar pesado muito em breve”, incluindo tanques Leopard e veículos blindados de transporte, adiantou, em conferência de imprensa.

Em fevereiro, Sánchez tinha anunciado o envio de seis tanques Leopard para a Ucrânia, que entretanto já chegaram.

Na altura, o governante espanhol tinha falado na possibilidade de enviar, posteriormente, outros quatro.

O primeiro-ministro espanhol chegou este sábado a Kiev para uma reunião com o Presidente ucraniano, com uma mensagem de apoio às aspirações da Ucrânia.

Queria que o primeiro ato da presidência espanhola do Conselho da UE fosse na Ucrânia, com Volodymyr Zelensky”, escreveu Sánchez na conta pessoal na rede social Twitter, ao anunciar a sua chegada à capital ucraniana, onde irá dar conta da possibilidade de a Ucrânia poder iniciar este ano as negociações de acesso aos 27.

Transmitirei ao Governo e Parlamento [da Ucrânia] toda a solidariedade europeia. Continuaremos a apoiar o povo ucraniano até que a paz regresse à Europa”, acrescentou o primeiro-ministro espanhol, que publicou um vídeo da chegada de comboio à estação de Kiev.

A Ucrânia é palco de um conflito militar com a Rússia, que invadiu o país em 24 de fevereiro de 2022.

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Ministério Público investiga contratação de funcionários na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

O Ministério Público está a investigar contratações externas de funcionários na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, após ter recebido uma queixa de que entravam para o índice remuneratório mais alto

O Ministério Público (MP) está a investigar contratações externas de funcionários na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), após ter recebido uma queixa de que entravam para o índice remuneratório mais alto, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Confirma-se a receção de queixa relacionada com o assunto mencionado. A mesma deu origem a inquérito que se encontra em investigação no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa“, informou a PGR, em resposta à agência Lusa.

Em causa estão contratações externas de funcionários na SCML, que entraram para a instituição no índice remuneratório mais alto, enquanto os demais trabalhadores permaneciam com as progressões congeladas.

A notícia foi avançada pelo jornal Novo Semanário, na sexta-feira, que indicou que “o MP está a investigar contratações estranhas na instituição“, referindo que, segundo os sindicatos, a situação envolve “funcionários que logo à entrada auferem salários correspondentes ao índice mais elevado das remunerações, ao passo que os demais funcionários permanecem com as progressões das carreiras congeladas”.

No âmbito da intervenção da SCML, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) pediu uma auditoria externa à Santa Casa Global, criada para gerir lotarias e jogos de apostas no mercado externo.

De acordo com fonte do gabinete da ministra Ana Mendes Godinho, estão atualmente a decorrer dois processos distintos, por um lado a reavaliação dos Relatórios de Gestão e Contas da SCML relativos aos anos de 2021 e 2022, e, por outro, uma “avaliação externa e independente à Santa Casa Global, no âmbito do processo de internacionalização de jogos”.

Os dois processos surgem “na sequência da tomada de posse da nova Mesa da SCML”, refere o gabinete da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

A reavaliação dos Relatórios de Gestão e Contas de 2021 e 2022 surge depois da “avaliação profunda” pedida pelo MTSSS para homologar as contas da instituição, e da qual a ministra deu conta em abril numa audição no parlamento, a pedido do PSD, sobre a gestão da SCML.

Fonte do MTSSS explicou que depois de concluída essa “avaliação profunda”, foi pedida à SCML uma reavaliação das contas dos anos de 2021 e 2022, o que está a decorrer.

Em abril, quando a ministra Ana Mendes Godinho foi chamada ao Parlamento para esclarecer as razões por que não tinha homologado as contas da SCML, a governante explicou estar em curso “uma avaliação profunda a todas as rubricas” e justificou a decisão de não homologação com a “grande variação que houve, seja na despesa seja na receita, que implicou uma avaliação e uma análise profunda das contas, até para garantir o futuro […] e garantir a sua sustentabilidade”.

Paralelamente, o MTSSS pediu uma auditoria externa à Santa Casa Global, uma empresa com a participação da SCML, “operadora de lotarias e jogos de apostas orientada para a criação de parcerias internacionais para implementar e gerir operações fora do território português”, cujo despacho data de 12 de junho.

“Com sede em Portugal e apoiada pela vasta experiência dos Jogos Santa Casa, o objetivo da Santa Casa Global é implementar um modelo de negócio socialmente responsável, utilizando tecnologia inovadora para oferecer a melhor experiência aos clientes, adaptando-se às suas necessidades e preferências”, lê-se na página da internet da empresa, que acrescenta que opera atualmente no Peru, Brasil, Moçambique e “a desenvolver o processo de expansão para outros países”.

Em abril, a Santa Casa Global foi escolhida para explorar, em exclusividade, os jogos e as lotarias no estado de Brasília, no Brasil, mas o Tribunal de Contas do Distrito Federal de Brasília suspendeu o acordo com o argumento de que poderia violar a lei local, noticiou a CNN Portugal.

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Transferências para offshores sobem 10% para 7,4 mil milhões em 2022

  • Lusa
  • 1 Julho 2023

As transferências de Portugal para offshores e territórios com tributação especial aumentaram 10% em 2022, para 7,4 mil milhões de euros e mais de um terço deste valor teve por destino a Suíça.

As transferências de Portugal para offshores e territórios com tributação especial aumentaram 10% em 2022, para 7,4 mil milhões de euros e mais de um terço deste valor teve por destino a Suíça, segundo dados publicados pela Autoridade Tributária.

Ao longo do ano passado, e segundo mostram as estatísticas publicadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), um total de 16.141 entidades transferiram dinheiro para países, territórios e regiões que Portugal classifica como tendo um regime de tributação privilegiada mais favorável.

Daquele total, cerca de 8.800 foram efetuadas por pessoas em nome individual e as restantes (cerca de 7.300) por pessoas coletivas.

Em causa estão as transferências e envios de fundos de residentes e não residentes para esta tipologia de territórios e países e que os bancos obrigados a reportar à AT todos os anos através da chamada declaração Modelo 38.

De acordo com estes dados em 2022 o valor das transferências ascendeu a 7.409.492.216 euros, uma subida de 10% face aos 6.698.118.054 reportados em 2021.

À semelhança do que revelavam os dados divulgados há exatamente um ano, também os que hoje foram divulgados indicam que a Suíça é o principal destino destas transferências, tanto por parte de residentes como de não residentes, com os primeiros a terem movimentado para este país 2,54 mil milhões de euros, e os segundos 1,31 mil milhões de euros.

Hong Kong surge — e também sem alterações face ao ano anterior — como o segundo maior destino destas transferências, tendo sido reportados (entre residentes e não residentes) cerca de 1,22 mil milhões de euros.

Seguem-se os Emiratos Árabes Unidos, para onde foram transferidos 533 milhões de euros e Singapura, destino de 441 milhões de euros.

O principal motivo destas transferências é o cash management transfer, que totaliza 3,5 mil milhões de euros.

No total, a concretização destas transferências implicou 109.872 operações, segundo a mesma informação.

A publicação destes dados decorre da lei, que obriga a Autoridade Tributária e Aduaneira a tornar estas transferências públicas.

A informação, segundo uma portaria publicada em 2017, “deverá incluir o número e valor das transferências e envio de fundos efetuados para os destinos previstos”.

O portal das Finanças deve detalhar “a tipologia do sujeito passivo ordenante, autonomizando a informação relativa a contribuintes especiais – não residentes com retenção na fonte a título definitivo (NIFs iniciados por 45 ou 71)”, lê-se na portaria.

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