Mais de 36 mil jovens compraram casa com isenção de IMT e Imposto de Selo

Dados do Ministério das Finanças indicam que, até ao final de abril, foram adquiridos 25.275 imóveis ao abrigo deste regime, sendo o valor médio por imóvel de 190,9 mil euros.

Mais de 36 mil jovens compraram casa com isenção do pagamento de Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e Imposto de Selo (IS). Uma medida que se traduz na aquisição de mais de 25 mil imóveis para habitação própria permanente.

A isenção de IMT e Imposto de Selo para jovens na aquisição da primeira habitação própria permanente já beneficiou 36.378 jovens“, revela o Ministério das Finanças aos deputados do grupo parlamentar do PS, após insistência no acesso à informação.

O Ministério tutelado por Joaquim Miranda Sarmento indica ainda que, “até ao final de abril, foram adquiridos 25.275 imóveis ao abrigo deste regime, sendo o valor médio por imóvel de 190,9 mil euros“.

O número revela uma subida face aos dados divulgados em março, que indicavam que 25.933 jovens tinha beneficiado da medida, com o número de casas adquiridas a ascender a 18.213 e com um valor médio das habitações transacionadas a fixar-se nos 189 mil euros.

A medida em vigor desde agosto do ano passado abrange jovens até aos 35 anos e estipula a isenção total dos dois impostos para casas de valor até ao quarto escalão do IMT, isto é, até aos 316.772 euros e parcial para imóveis até aos 633.453 euros, aos quais se aplica a taxa correspondente a este escalão (8%). Para serem elegíveis, os jovens também não podem ter sido considerados dependentes para efeitos de IRS no ano da compra da casa.

De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, divulgados na reta final de maio, no primeiro trimestre, apenas três meses após o seu lançamento, o mecanismo que permite aos jovens até aos 35 anos financiar a totalidade do valor da casa representou 9% do número de contratos e 13% do montante total dos novos contratos de crédito à habitação.

Os dados do supervisor bancário indicam ainda que as instituições bancárias que aderiram ao protocolo para aceder à garantia pública na compra da primeira habitação dos jovens já utilizaram 10% do montante máximo disponível entre janeiro e março. “No entanto, a utilização da garantia variou entre instituições; algumas usaram mais de 30% do limite atribuído, enquanto outras não chegaram a 5%”, destaca.

O retrato traçado pela entidade liderada por Mário Centeno revela ainda que as áreas metropolitanas lideram a utilização do apoio. A maioria dos imóveis adquiridos ao abrigo deste regime localizou-se nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, destacando-se os concelhos de Sintra, Vila Nova de Gaia e Seixal como os mais procurados. O montante médio dos contratos com garantia atingiu 190 mil euros, superior aos 173 mil euros dos contratos de mutuários elegíveis que não recorreram à garantia.

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Burocracia, simplificação e celeridade na Justiça. O que pensa Gonçalo Matias sobre a reforma que o Estado precisa

Gonçalo Matias tem defendido o combate à burocracia e simplificação da Administração Pública, bem como medidas como aposta na digitalização para maior celeridade na Justiça e aposta na rede consular.

É preciso é começar. Em Portugal, temos sempre esta ideia de que as coisas são muito grandes, demoram muito tempo e nada se consegue – veja-se o caso do aeroporto. Enquanto estivermos a olhar para o cume da montanha, nunca lá chegamos. É preciso começar a subi-la”. A frase é de Gonçalo Saraiva Matias, o ministro escolhido para liderar o recém-criado Ministério da Reforma do Estado, que tem defendido um combate à burocracia e a simplificação da Administração Pública.

Em entrevista ao Expresso, publicada em dezembro 2023, o até agora presidente do conselho de administração e da comissão executiva da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) defendia a necessidade de o país avançar com mudanças estruturais. Um desafio que se propõe agora a implementar a partir do Governo. Mas o que pensa o professor de Direito da Universidade Católica, repetente num Governo de coligação PSD/CDS-PP, onde tomou posse como secretário de Estado Adjunto e para a Modernização Administrativa no segundo Executivo de Pedro Passos Coelho, entre outubro e novembro de 2015?

A Administração Pública é um importante mecanismo ao serviço dos cidadãos para satisfazer as necessidades coletivas. Não se trata de uma estrutura ao serviço do Estado nem, muito menos, de conjunturais interesses ideológicos ou político-partidários. É totalmente instrumental a missão de servir os cidadãos, não constituindo um fim em si mesma. Por isso, um crescimento desmesurado de uma Administração Pública pesada, burocrática, fechada em si mesma, que não sirva os cidadãos é, não apenas inútil, como contrário à Constituição“, afirmou num vídeo divulgado na plataforma de cidadania Nossa Europa.

Um crescimento desmesurado de uma Administração Pública pesada, burocrática, fechada em si mesma, que não sirva os cidadãos é, não apenas inútil, como contrário à Constituição.

Gonçalo Saraiva Matias

Nessa mesma intervenção defendeu que a modernização e a simplificação administrativas são uma necessidade de qualquer Administração moderna, mas também uma imposição constitucional. “Os governos, topo da hierarquia administrativa, devem promover, na sua ação e no seu programa, medidas de simplificação administrativa. A Administração Pública está sujeita a um conjunto de princípios fundamentais do Estado de Direito Democrático, que a Constituição explicitamente estabelece, entre os quais o da legalidade. A Lei é o limite e fundamento de toda a atividade da Administração. Ao contrário dos cidadãos, que possuem liberdade de atuação em tudo o que a lei não proíbe, a Administração Pública só pode atuar onde a lei especificamente permite”, argumentou.

É, por este motivo, que apelou à “transparência no funcionamento da Administração Pública” e sublinhou que “os cidadãos têm o direito de ser informados pela Administração sobre o andamento dos processos em que sejam interessados, bem como conhecer as decisões que sobre eles sejam tomadas“. “Os cidadãos têm, ainda, o direito de acesso aos arquivos e registos administrativos, com exceção das matérias de segurança nacional e intimidade da vida privada”, apontou.

Para o estreante no segundo Governo de Montenegro que conquistou o título de ministro-adjunto, “quando as decisões administrativas ofendam os direitos das pessoas, seja por lhes serem desfavoráveis, seja por não resolverem uma questão pendente, os cidadãos têm direito a ver essas decisões julgadas por um Tribunal“, que “não deve proteger a posição da Administração, que não possui qualquer privilégio, mas aplicar de forma imparcial a lei, condenando a Administração quando seja caso disso”.

Os funcionários e agentes da Administração são responsáveis pelos seus atos, devendo responder perante os cidadãos pelos danos que lhes causarem“, afirmou.

Em março do ano passado, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, no programa Conversa Capital, considerou, com base nos inquéritos do Eurobarómetro, que “os portugueses revelam-se, em geral, satisfeitos com a sua democracia, ali na média” e que “não há uma vontade geral de mudança de regime, de mudança da Constituição, de mudança das instituições”.

Os funcionários e agentes da Administração são responsáveis pelos seus atos, devendo responder perante os cidadãos pelos danos que lhes causarem.

Gonçalo Saraiva Matias

Gonçalo Matias é também um defensor da adaptar procedimentos, como a digitalização, para tornar a Justiça mais célere. “A grande questão na Justiça é a celeridade. Não são as garantias, os direitos fundamentais — isso no essencial já está assegurado –, o grande problema da Justiça é a celeridade. De nada nos serve proteger os direitos das pessoas se depois quando é necessário exercê-los não é possível exercê-los em tribunal. A Justiça não é justa se não for célere. Todos os esforços devem ser colocados, incluindo no plano das infraestruturas, no plano informático, da digitalização são aspetos fundamentais e têm demorado algum tempo a chegar à Justiça, isso é essencial”, afirmou em declarações ao podcast “Quais os grandes desafios que Portugal enfrenta em 2022?”.

Um ano mais tarde, considerou após ser conhecido o caso Influencer, que é preciso “confiar na Justiça”. “Temos de confiar que a Justiça compreende a importância da sua função em cada momento. Aí não pode haver interferência, esse é um campo em que nem a política, nem a sociedade civil devem poder intervir. Podemos falar na questão da celeridade da Justiça e da sua importância. Agora, olhar para casos concretos e impor timings específicos para a Justiça se pronunciar, isso não é legítimo para ninguém”, afirmou em entrevista ao Expresso.

“Portugal tem muito essa tentação de mexer nas coisas quando elas estão em crise ou a arder. Isso é de evitar porque não dá estabilidade. Quando olhamos para os dados da Pordata, curiosamente a celeridade da Justiça não é tão má como parece. Há zonas da Justiça que funcionam relativamente bem e outras onde há estrangulamentos. Uma reforma da Justiça tem de ser feita com ponderação e com muito conhecimento dos factos e dos dados. A pior coisa que podia haver neste momento era mexer-se na Justiça de forma casuística e sem conhecimento dos factos porque aí é que se pode dar razão à crítica de que se está a mexer com objetivos [políticos] concretos”, defendeu.

Na mesma entrevista, considerou também que “a questão do lobby tem que ser regulada até para defesa dos próprios decisores”, argumentando ser “muito importante para a confiança dos portugueses nas instituições”.

Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos
Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, alerta para a necessidade de conhecer a fundo o fluxo migratórioHugo Amaral

Em setembro de 2024, num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, Gonçalo Matias escreveu que “quando se fala da qualidade da nossa democracia, o tema da ética na política e a corrupção surgem como centrais”. “É essencial para a democracia a confiança dos cidadãos nas instituições. Só assim podem acreditar que o seu voto conta, que as suas aspirações e expectativas são respeitadas, que os seus representantes colocam o interesse público em primeiro lugar e não interesses particulares, dos próprios ou de terceiros”, disse.

Também em entrevista à Renascença assinalou o tema. “Por qualidade da democracia, entendemos temas relativos à corrupção, à ética na política, à confiança dos portugueses nas instituições, mas também à participação política, à polarização, à qualidade e fundamentação das decisões. Está ligada até à qualidade das pessoas que estão na política, à confiança que depositamos em quem está na política“, disse.

Gonçalo Matias tem ao longo dos anos alertado para o impacto do envelhecimento da população em Portugal, bem como posicionando-se sobre a imigração. Em entrevista à Renascença em junho do ano passado, concordou com o fim do mecanismo das manifestações de interesse, mas advertiu que o plano do Governo servia para apenas alguns meses e mostrou-se favorável criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo. Entre as medidas para ultrapassar constrangimentos defendeu a necessidade de pôr no terreno “o melhor funcionamento das redes consulares” e “um trabalho ativo de captação de imigrantes”.

Por qualidade da democracia, entendemos temas relativos à corrupção, à ética na política, à confiança dos portugueses nas instituições, mas também à participação política, à polarização, à qualidade e fundamentação das decisões. Está ligada até à qualidade das pessoas que estão na política, à confiança que depositamos em quem está na política.

Gonçalo Saraiva Matias

O que eu espero que aconteça amanhã é o controlo da nossa política migratória, pôr novamente as nossas instituições a funcionar como elas devem funcionar e depois, com tempo, com calma, construir uma verdadeira política migratória, que é, como digo há muito tempo, absolutamente indispensável para Portugal”, disse. Na mesma ocasião, questionado sobre se fazia sentido acabar com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e criar uma Unidade de Estrangeiros e Fronteiras dentro da PSP, “há um objetivo na criação da Agência, com o qual eu também sempre estive de acordo, que é a separação das funções administrativas das funções de polícia”.

Criar uma unidade policial para fiscalizar fronteiras não tem nada de extraordinário. Todos os países têm isso. Agora, é preciso também ter consciência que não é essa unidade policial que vai fazer a tramitação dos vistos, que vai fazer a promoção internacional do país como um país de destino para imigrações e isso descansa-me bastante“, apontou.

O novo ministro alertou ainda que, “entre os fatores que influenciam a produtividade portuguesa, destacam-se a insuficiente qualificação da população ativa e a falta de investimento em capital físico durante a última década”. Num artigo de opinião publicado em dezembro no Jornal de Negócios, destacou que “para superar os desafios estruturais da produtividade, Portugal precisa de continuar a apostar na qualificação da população ativa, no reforço das condições para o investimento privado e na promoção da internacionalização das empresas“.

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As 5 promessas e 5 recados de Montenegro na tomada de posse

O primeiro-ministro fez um discurso onde destacou vários objetivos da sua governação, como o combate à burocracia ou o investimento na defesa, mas também aproveitou para deixou vários recados.

Luís Montenegro tomou posse como primeiro-ministro para um segundo mandato como primeiro-ministro, numa cerimónia no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, onde fez várias promessas, desde logo a “guerra à burocracia”, mas também deixou recados. Veja as 5 promessas e os 5 recados do primeiro-ministro no discurso de tomada de posse.

As cinco promessas

“Guerra à burocracia” e reforma do Estado

“Quero declarar hoje aqui guerra à burocracia”. Esta foi a frase mais marcante do discurso de Luís Montenegro no seu discurso na tomada de posse, esta quinta-feira. O chefe do Governo assumiu o compromisso de combater os constrangimentos à criação de riqueza, apontando como objetivo principal combater “o excesso de burocracia, de regras, e morosidade das decisões e agilidade do Estado”.

Para acabar com a burocracia, Montenegro declarou guerra “à falta de capacidade de articulação entre organismos públicos, à demora na resposta às solicitações das pessoas, das instituições e das empresas, ao excesso de regulamentação e à cultura de quintal de muitas entidades, funcionários e dirigentes”, explicou.

Ainda assim, o primeiro-ministro reconheceu que haverá quem critique as mudanças, mas o líder social-democrata, que também quer prosseguir com a reforma do Estado, defendeu que a mudança “não é contra ninguém”, mas sim a favor da “criação de riqueza”.

Gastar 2% do PIB em defesa já este ano “se possível”

Reforçar o investimento na defesa foi outra das promessas feitas por Montenegro. A poucas semanas da reunião da NATO, o primeiro-ministro adiantou que tem como objetivo antecipar “se possível, já este ano de 2025”, alcançar 2% do PIB em gastos associados ao setor da defesa.

O primeiro-ministro detalhou ainda que o plano para alcançar esta meta será “ultimado nos próximos dias” e vai desenvolver-se ao longo dos “próximos anos”, com Montenegro comprometer-se a levar este plano aos “dois maiores partidos da oposição”, PS e Chega, mostrando abertura para procurar consensos com as maiores forças parlamentares da oposição.

Maior justiça fiscal e mais rendimentos

O tema dos impostos também integrou a lista de promessas do novo líder do Executivo. “É nossa convicção, e o povo sufragou, que diminuir os impostos sobre o trabalho e premiar o mérito do resultado são não só fatores de justiça, de equilíbrio social, de retenção de capital humano, mas também de estímulo à produtividade e, portanto, de fomento da nossa capacidade de sermos capazes de criar riqueza”, defendeu.

“Prosseguiremos este rumo, que é estratégico e estruturante da vida das pessoas, da vida do país e do nosso modelo económico”, argumentou.

Criar unidade de estrangeiros na PSP

Tal como já tinha proposto anteriormente, o primeiro-ministro reforçou a intenção de criar um Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), da PSP, com vista a assegurar o melhor funcionamento e gestão da situação dos estrangeiros no país, uma medida que pode ser entendida como uma aproximação às reivindicações do Chega na imigração.

“Uma política migratória responsável é elemento fundamental ao sucesso económico”, justificou Montenegro.

Contas certas e rigor orçamental

Luís Montenegro fez questão de garantir que o seu plano governativo assenta numa estratégia focada em manter contas certas, passando uma mensagem de tranquilidade aos investidores internacionais. “Manteremos o rigor orçamental, contas equilibradas e estratégia de crescimento económico“, afiançou.

Os cinco recados

Segurança vale ouro

A segurança do país é uma das prioridades para Montenegro, com o primeiro-ministro a deixar o recado que “Portugal é um país seguro, mas vale ouro preservar Portugal como um dos países mais seguros do mundo”.

Montenegro reiterou a importância da segurança, que “é um pilar da liberdade, da tranquilidade, do exercício dos direitos, da qualidade de vida, mas é também um ativo económico” e é um dos temas fundamentais para decidir a localização de um investimento. ”

O aumento do investimento financeiro, empresarial, tecnológico e nos recursos humanos, também depende da segurança”, alertou.

Uma sociedade onde valha a pena trabalhar

Queremos uma sociedade onde valha mais a pena trabalhar do que não trabalhar“. Este foi um dos recados deixados por Luís Montenegro no seu discurso de tomada de posse, numa referência direta ao Rendimento Social de Inserção (RSI), e em mais uma aproximação às exigências do Chega, num maior controlo a estes apoios.

Imigração sim, mas com regras

No plano da imigração, Luís Montenegro abriu os braços a quem queira trabalhar e contribuir para a criação de riqueza do país, mas deixou avisos a quem não venha com esse objetivo. Devem, desde logo, cumprir regras “à entrada e na permanência no nosso país”.

“Receberemos de braços abertos quem venha trabalhar, acrescentar, quem respeita a nossa cultura e hábitos”, defendeu. No entanto, “o incumprimento tem consequências que podem ir até ao retorno” aos seus países de origem.

Mais salários só com melhor produtividade

Para ganhar mais é preciso produzir mais. Esta foi uma das mensagens deixada nas entrelinhas do discurso de Montenegro esta quinta-feira. O primeiro-ministro disse que “fomentar a produtividade é um desafio crucial” e o rendimento é um dos fatores que mais pesa nas decisões das pessoas, defendendo que é legítimo que quem trabalha queira ser premiado.

Mas não sem uma contrapartida: “Para pagar melhores salários é preciso criar mais riqueza”. Ou seja, aumentar a competitividade.

Sem “querelas palacianas”

Sem querer entrar em ataques diretos, nem exigências à oposição, agora liderada pelo Chega, Montenegro argumentou que “não será com querelas menores e polémicas palacianas, que superaremos as adversidades“.

O primeiro-ministro reforçou a necessidade de “capacidade de compromisso” e “coragem de decisão e de execução“, unindo os partidos em favor do crescimento do país. “Daqui convoco todos: dos partidos aos parceiros sociais, das autarquias às instituições sociais, das ordens profissionais a cada português“, concluiu.

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Ao fim de 25 anos, Silopor já entregou a gestão a nova empresa que vai gerir silos portuários

Administração do Porto de Lisboa constituiu a Silotagus, para a qual foi transmitida a 16 de maio a gestão da empresa pública em liquidação desde 2001 e que faz a gestão dos silos portuários.

A Silopor, empresa pública em liquidação desde 2001 e que faz a gestão dos silos portuários, responsáveis pelo armazenamento de mais de metade dos cereais consumidos em Portugal, entrou numa nova fase. A sua atividade já passou oficialmente para a recém-constituída Silotagus, sociedade da Administração do Porto de Lisboa, ultrapassando o problema provocado pela obrigatoriedade de encerramento devido à exigência de Bruxelas.

“O atual Governo conseguiu resolver o problema decorrente da decisão de liquidação da Silopor, problema esse que se arrastava desde 2001”, defende o Ministério das Finanças.

A revelação é feita pela equipa do Terreiro do Paço numa resposta a que o ECO teve acesso remetida ao grupo parlamentar do PCP. A Silopor está em liquidação há 25 anos por imposição da Comissão Europeia, mas a dar lucros desde 2016, e o Executivo de António Costa decidiu, a 29 de dezembro de 2023, renovar o mandato da comissão liquidatária da empresa até ao final da concessão (30 de junho de 2025).

Em março, o Governo de Luís Montenegro aprovou um diploma que “arranca com o processo de privatização da concessão” da empresa que gere os silos da Trafaria (Almada), Beato (Lisboa) e Vale de Figueira (Santarém). Na altura, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, salientou que estava em causa uma “organização importante para o abastecimento de cereais” no país e um “processo de privatização da concessão prometido há muito e nunca realizado”.

O processo avançou com a APL a constituir a sociedade com a denominação Silotagus, por deliberação tomada pelo seu Conselho de Administração a 4 de abril de 2025. Dois dias antes das legislativas, no dia 16 de maio, foi assinado o contrato de transmissão de estabelecimento, com o Ministério das Finanças a garantir “terem sido cumpridas as formalidades laborais atinentes à audição dos trabalhadores transmitidos”.

“Por esta via, a Silotagus sucedeu à Silopor não só nos contratos de concessão celebrados por esta com a APL e referentes à exploração dos terminais da Trafaria e do Beato, mas igualmente em todos os restantes contratos celebrados no âmbito da sua atividade, incluindo os contratos de trabalho”, explica o gabinete de Joaquim Miranda Sarmento.

O Terreiro do Paço assegura que serão garantidos “aos trabalhadores transmitidos ao adquirente todos os direitos contratuais e adquiridos, assim como o acordo de empresa vigente na Silopor por um período de, pelo menos, cinco anos a contar da data do contrato de concessão a celebrar entre a APL e a Silotagus e sem prejuízo de poder ser celebrado um novo acordo de empresa”.

Desde que tomou posse, o primeiro Governo de Montenegro assinala que “manteve o diálogo com representantes dos trabalhadores que foram recebidos pela área governativa das finanças em três reuniões, 24 de junho de 2024, em 25 de outubro de 2024 e em 15 de janeiro de 2025″.

A concessão à Silopor da gestão dos silos portuários, com capacidade para armazenar e distribuir uma média anual de 3,4 milhões de toneladas de granéis sólidos alimentares, cereais e farinhas, terminava a 30 de junho de 2025, data em que a empresa pública tem de encerrar. Num projeto de decreto de lei, que esteve em apreciação pública em fevereiro após despacho do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, o Governo referia que “afigura-se pertinente proceder à transmissão do estabelecimento da Silopor, enquanto unidade económica, a favor” de uma sociedade a constituir pela APL.

Instalações da SiloporSilopor

O documento previa que essa nova sociedade devia “no prazo de um ano e seis meses após a concretização da transmissão, promover o lançamento do procedimento através de concurso público internacional para alienação do capital social da sociedade a constituir, com a qual deve previamente celebrar contrato de concessão da atividade em regime de serviço público, tendo em conta o caráter estratégico da infraestrutura”.

Conforme o ECO explicou em setembro do ano passado, para fazer face a problemas operacionais e de pessoal, o Ministério das Finanças deu ‘luz verde’ a uma revisão do plano orçamental da empresa, permitindo um aumento do quadro de pessoal de 20%. As Finanças indicaram na altura que a empresa iria aumentar os investimentos previstos 2024 “em cerca de 220%, ou seja, de 404.000 euros (previstos anteriormente) para 1,3 milhões de euros”.

Em 2023, a empresa fechou a atividade com o melhor resultado de sempre, atingindo lucros de 5,4 milhões, segundo o relatório e contas do exercício desse ano. A Silopor foi constituída em 1986 como spinoff da Empresa Pública de Abastecimento de Cereais. Contudo, por imperativo das regras comunitárias que consideraram ilegais as ajudas públicas, o então Governo de António Guterres decretou a dissolução da entidade (Lei 188/2001), com efeitos retroativos a 19 de junho de 2000.

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Prestação do crédito à habitação vai continuar a cair, mas não por muito mais tempo

A fatura do crédito à habitação irá continuar a cair nos próximos meses, mas a travagem das Euribor e da política do BCE já se faz sentir e quem espera descidas prolongadas pode sair desiludido.

As taxas Euribor estão em queda desde finais de 2023 e têm ainda margem para cair mais um pouco à boleia de pelo menos mais um corte das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), segundo a expectativa de vários especialistas ouvidos pelo ECO.

Estas são boas notícias para as famílias com crédito à habitação com contratos indexados à Euribor, que depois de já terem contado com várias diminuições na prestação do empréstimo da casa à medida que as taxas dos contratos foram sendo revistas, podem ainda contar com mais algum alívio no orçamento nos próximos meses.

A previsão de mais correções nas taxas Euribor surge depois de o BCE ter decidido esta quinta-feira reduzir pela oitava vez as taxas de referência desde junho do ano passado, colocando a taxa de depósitos nos 2% — o valor mais baixo desde janeiro de 2023.

Tendo em conta a decisão e discurso, as revisões em baixa das previsões do BCE para o crescimento e inflação e a reação em alta do euro, há espaço para mais uma descida de taxas, ainda este ano.

Filipe Garcia

Economista e presidente da IMF - Informação de Mercados Financeiros

“As constantes reduções das taxas de juro têm apoiado as quedas nas taxas Euribor nas diversas maturidades”, refere Henrique Tomé, analista da XTB, apontando este movimento por conta da “economia na Zona Euro, principalmente na Alemanha e França, estarem a dar fortes sinais de abrandamento económico, ao mesmo tempo que as pressões sobre os preços também têm diminuído, resultado do fraco dinamismo na atividade económica dentro da Zona Euro.”

Além disso, os contratos forward sobre a Euribor (que antecipam o comportamento destas taxas) apontam para que a Euribor a 6 meses possa negociar perto dos 1,8% até ao final do ano e a taxa Euribor a 3 meses possa descer para os 1,7%.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

O corte de 25 pontos base anunciado pelo BCE na quinta-feira estava amplamente antecipado pelos mercados e reflete as previsões revistas em baixa para o crescimento e inflação na Zona Euro, explica Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, destacando que “o crescimento do PIB real deverá manter-se estável nos 0,9% em 2025”.

A inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor, foi igualmente revista em baixa de 2,3% para 2% em 2025, principalmente devido à “queda acentuada nos preços da energia, nomeadamente petróleo e gás natural, bem como à apreciação do euro”, refere o economista. Esses dados reforçam, mais uma vez, o argumento defendido por Christine Lagarde por várias ocasiões que o processo de desinflação na Zona Euro está bem encaminhado.

As projeções apontam para uma descida gradual da taxa de depósito para cerca de 1,60% a 1,75% até ao final do ano, o que deverá empurrar a Euribor a 6 meses para valores entre os 1,80% e os 1,85%, segundo o mercado.

Paulo Rosa

Economista sénior do Banco Carregosa

Paula Carvalho, responsável pelo departamento de research do Banco BPI, admite que há “espaço para um corte adicional de 25 pontos base no segundo semestre, possivelmente em setembro”. A economista justifica esta expectativa como resposta a “um enfraquecimento da atividade económica, à evolução favorável da inflação e expectativas inflacionistas controladas, em torno do objetivo de médio prazo do banco central”, prevendo com isso que “a taxa de depósitos do BCE se situe em 1,75%, mínimo deste ciclo” no final do ano.

Filipe Garcia, economista e presidente do IMF – Informação de Mercados Financeiros, vaticina também mais um corte das taxas do euro em 2025. “Tendo em conta a decisão e discurso, as revisões em baixa das previsões do BCE para o crescimento e inflação e a reação em alta do euro, há espaço para mais uma descida de taxas, ainda este ano”.

O responsável da IMF nota que “Lagarde frisou que boa parte da descida da inflação se deve à evolução dos preços da energia e valorização do euro, pelo que poderá não estar confortável que haja mais do que um corte adicional”, fazendo com que “as Euribor tenderão a continuar a cair, mas a um ritmo lento.”

Prestações da casa com margem para continuarem a cair

Atualmente, a Euribor a 6 meses — que serve de indexante a 38% dos créditos à habitação — ronda os 2%, um valor que já reflete “uma parte significava das expectativas de descida da taxa diretora do BCE, de acordo com o mercado monetário”, refere Paulo Rosa, sublinhando ainda que “as projeções apontam para uma descida gradual da taxa de depósito para cerca de 1,60% a 1,75% até ao final do ano, o que deverá empurrar a Euribor a 6 meses para valores entre os 1,80% e os 1,85%, segundo o mercado.”

Para as famílias portuguesas, esta trajetória descendente das Euribor traduz-se em alívio continuado nas prestações do crédito à habitação por mais algum tempo. Segundo simulações do ECO, para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos com spread de 1%, a prestação baseada na Euribor a 3 meses desceu para 640 euros em junho, menos 36 euros face a março. E no caso da Euribor a 6 meses, a prestação ronda agora os 642 euros, uma descida de 56 euros relativamente à prestação paga desde dezembro.

No curto prazo antecipa-se que o efeito da implementação das tarifas aduaneiras pelos EUA se deva refletir em menos crescimento nos países da União Económica Monetária, pelo menos até final do ano [o que] daria espaço para um movimento adicional de relaxamento de política monetária”.

Paula Carvalho

Responsável pelo departamento de research do Banco BPI

Porém, Paulo Rosa nota que “a Euribor, mesmo em períodos de descida da taxa do BCE, tende a manter- se acima da taxa de depósito” porque, além das expectativas sobre os juros oficiais, a Euribor inclui um prémio de risco de crédito e de liquidez — mais acentuado quanto mais longo é o prazo de empréstimo entre bancos. “No caso da Euribor a 6 meses, esse risco é superior ao da taxa overnight, uma diferença adicional que se costuma situar entre os 10 e os 30 pontos base”, revela o economista do Banco Carregosa.

Apesar das expectativas de novas descidas, os especialistas mantêm alguma cautela. Filipe Garcia nota que “depois de ter as taxas negativas durante anos e, por essa via, perder o instrumento taxa de juro como ferramenta de política económica, o BCE não estará confortável em cortar muito mais os juros”.

Paulo Rosa vai mais longe e alerta para o fator de imprevisibilidade criado pela política da administração de Donald Trump. “Se o seu masterplan for mesmo concretizado, isso poderá alterar profundamente o panorama económico global”, refere, destacando que “a política errática, sobretudo a nível comercial, a previsibilidade de curto prazo diminuiu consideravelmente”.

Paula Carvalho destaca igualmente esse elemento de incerteza, notando que “no curto prazo antecipa-se que o efeito da implementação das tarifas aduaneiras pelos EUA se deva refletir em menos crescimento nos países da União Económica Monetária, pelo menos até final do ano”, o que “daria espaço para um movimento adicional de relaxamento de política monetária”.

Depósitos e Certificados de Aforro do lado oposto

O cenário de taxas em queda não traz apenas boas notícias. Os aforradores com depósitos a prazo e Certificados de Aforro começam a sentir o impacto da descida das taxas de referência, com remunerações a baixar gradualmente.

Com a taxa de depósitos do BCE nos 2% e expectativas de nova descida para 1,75%, os produtos de poupança como os depósitos bancários deverão ver as suas remunerações reduzidas ainda mais nos próximos meses.

O mesmo deverá acontecer com os títulos de dívida da República desenhados para o retalho, que têm como indexante da sua remuneração a taxa Euribor a 3 meses. Depois de este mês terem sentido a terceira queda consecutiva da taxa base para 2,07%, os restantes meses não trarão notícias animadoras, porque o indexante continuará a deslizar, pelo menos até ao final do ano.

Apesar das expectativas de novos cortes das taxas de juro do BCE, os mercados mostram-se também cada vez mais convencidos de que o banco central fará uma pausa durante o verão. “Embora o BCE tenha anunciado hoje [quinta-feira] uma redução das taxas de juro amplamente esperada, não contamos com uma nova redução no próximo mês”, refere Irene Lauro, economista para a Zona Euro da Schroders, justificando que “a inflação ficou abaixo do esperado em maio, com a inflação dos serviços a cair acentuadamente.”

Com projeções a apontar para níveis próximos de 1,8% na Euribor a seis meses até ao final do ano, as prestações mensais vão manter-se em queda.

Esta perspetiva de abrandamento do ritmo de cortes reflete a perceção de que o BCE está a aproximar-se do fim do seu ciclo mais agressivo de flexibilização monetária desde a crise financeira global de 2008/2009, mantendo, contudo, a flexibilidade para atuar caso as condições económicas se deteriorem significativamente.

As tensões comerciais parecem destinadas a pesar mais sobre a atividade da Zona Euro — e, portanto, sobre a inflação a médio prazo — do que a impulsionar diretamente os preços. “Com as pressões inflacionárias a diminuir rapidamente e os ventos contrários ao crescimento a ganhar força, o BCE está a subestimar o risco de ficar aquém da sua meta”, destaca ainda Natasha May, economista global do JP Morgan, notando que “embora alguns membros do Conselho do BCE defendam uma pausa em julho, os argumentos a favor de outra redução das taxas são claros.”

O recuo contínuo das taxas Euribor, reforçado pelo novo corte de 25 pontos base do BCE, traduz-se em alívio imediato para centenas de milhares de famílias portuguesas com crédito à habitação. Com projeções a apontar para níveis próximos de 1,8% na Euribor a seis meses até ao final do ano, as prestações mensais vão manter-se em queda, libertando margem orçamental e aliviando o peso dos encargos bancários no dia-a-dia. No entanto, esse mesmo quadro benigno para o crédito convive com um cenário menos favorável para os aforradores, cujos depósitos bancários e os Certificados de Aforro sofrerão novo aperto nas remunerações.

Com os analistas a anteciparem uma pausa nos cortes das taxas de juro durante o verão, o balanço final de 2025 dependerá não só da evolução económica na Zona Euro, mas também dos ventos contrários do comércio internacional e das próximas decisões de Christine Lagarde e restantes governadores da área do euro.

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Novobanco planeia lançar IPO na segunda quinzena de junho

Banco liderado por Mark Bourke está a trabalhar no sentido de ter tudo pronto para avançar para a bolsa na segunda quinzena do mês, caso a Lone Star decida enveredar pelo IPO.

O Novobanco está a trabalhar com os assessores no sentido de ter tudo pronto para lançar a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) durante a segunda quinzena deste mês, assim a Lone Star decida avançar com a venda do banco em bolsa, segundo adiantou fonte próxima do processo ao ECO.

O fundo americano — que detém 75% do capital do Novobanco — ainda não tomou uma decisão final, mas o cenário do IPO começa a ganhar força à medida que a venda direta a outro banco parece estar mais longe de se concretizar.

O Novobanco já tem o caminho da bolsa em aberto, depois de os acionistas terem aprovado esta semana a possibilidade de admitir à cotação ações representativas do banco na Euronext Lisbon. O CEO do Novobanco, Mark Bourke, revelou em fevereiro – quando recebeu o mandato da Lone Star para preparar o IPO — que tinha duas janelas temporais para realizar a operação: em junho ou em setembro. Ou seja, os planos iniciais mantêm-se, mas a primeira janela começa a fechar e a obrigar a Lone Star a tomar decisões.

O banco conta com o apoio de várias entidades no IPO: Bank of America, Deustche Bank, JPMorgan Chase BNP Paribas, Jefferies e Keefe, Bruyette & Woods e ainda a Linklaters têm estado a ajudar a equipa de Mark Bourke a organizar a operação nos últimos meses.

Em cima da mesa está a possibilidade de o Novobanco dispersar entre 25% e 30% do seu capital no mercado, naquele que pode ser o maior IPO de um banco europeu na última década. A casa de investimento espanhola JB Capital avaliou o banco português entre 4,8 mil milhões de euros e 6,2 mil milhões. A venda de 25% poderá render mais de mil milhões aos acionistas.

Para avançar com a operação, o Novobanco terá ainda de ter o prospeto aprovado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O processo encontra-se numa fase adiantada de avaliação junto do regulador, segundo avançou o ECO na semana passada.

Lisboa deixa avisos a Madrid

Além do IPO, a Lone Star tem explorado a venda direta do Novobanco a outro concorrente. O processo atraiu interessados, incluindo os Caixabank (que detém o BPI) e os franceses do Groupe BPCE (donos do Natixis). Havia ainda uma terceira entidade, não ibérica, a olhar para o banco português, mas acabou por desistir, segundo apurou o ECO. Por cá, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) admitiu publicamente que lhe interessaria a carteira de empresas, mas a separação do Novobanco “seria muito complexa”, referiu Paulo Macedo.

O ECO revelou esta semana que o interesse do Groupe BPCE esmoreceu devido a divergências em relação ao preço. O Natixis tem forte presença em Portugal, mas através de um centro de desenvolvimento tecnológico, ou seja, sem operação retalhista, o que dificultaria a obtenção de sinergias com a integração do Novobanco, observou uma fonte do setor.

Em relação ao Caixabank, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, já manifestou publicamente que se opõe a um negócio que resulte num aumento da presença espanhola na banca portuguesa, que já controla mais de 30% do mercado nacional e passaria para quase metade se o Novobanco fosse comprado por uma entidade do país vizinho. O Estado controla 25% do banco através do Fundo de Resolução e Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

Esta quinta-feira, o Diário de Notícias contou que o Governo de Luís Montenegro já informou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e também o CEO do Caixabank, Gonzalo Gortázar, de que não impedirá uma eventual compra do Novobanco por parte do grupo catalão, mas que não veria com bons olhos essa aquisição. Também avisou que não poderá contar com a “boa vontade” das autoridades portuguesas nos procedimentos posteriores à operação, possivelmente em relação a uma provável reestruturação que teria lugar no âmbito de uma fusão com o BPI.

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Mariana Leitão retira candidatura a Belém para se focar na liderança da IL

  • Lusa
  • 5 Junho 2025

A candidata à liderança dos liberais disse que nesta fase pode ser "mais útil" focar-se no partido.

A dirigente da Iniciativa Liberal Mariana Leitão anunciou esta quinta-feira que retira a sua candidatura a Presidente da República para se concentrar na luta pela presidência do partido.

“Vou retirar a minha candidatura à Presidência da República”, disse a também líder parlamentar da IL, entrevista no programa “Prime Time” da CNN Portugal, alegando que “o ciclo político mudou”. Mariana Leitão justificou que nesta fase pode ser “mais útil focando-se na liderança da IL”.

“Acho que é mais útil para a Iniciativa Liberal e para o país”, salientou. Quanto à corrida a Belém, Mariana Leitão considerou que, apesar da sua desistência, “o espaço pela luta dos valores liberais deverá ser depois ocupado”.

“Mais à frente ver-se-á por quem”, afirmou.

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Novo Governo vai ter 43 secretários de Estado. Veja aqui a lista

A lista de secretários de Estado estica de 41 para 43 entre os dois governos liderados por Luís Montenegro. E há menos mulheres. Conheça aqui os nomes escolhidos.

O novo Governo, liderado por Luís Montenegro, vai ter 43 secretários de Estado, mais dois que o anterior executivo, segundo a lista divulgada esta quinta-feira no site da Presidência. A tomada de posse está marcada para o meio-dia desta sexta-feira, no Palácio da Ajuda.

Na pasta das Finanças, no topo da hierarquia do Governo a seguir aos Negócios Estrangeiros, a equipa mantém-se intocada. Não é caso do ministério liderado por Paulo Rangel, em que sai José Cesário da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas. Será substituído por Emídio Sousa.

Entre as saídas, num governo de continuidade, destaque ainda para Cristina Vaz Tomé da pasta da Saúde. Eleita deputada do PSD, pelo círculo de Lisboa, foi secretária de Estado da Gestão da Saúde e viu-se salpicada por várias polémicas, entre as quais a greve do INEM no início de novembro durante a qual morreram 12 pessoas. Será substituída por Francisco Gonçalves.

O ministério da Presidência cresce em pastas, para três, e só Rui Armindo Freitas permanece no lugar, acumulando também a Imigração. João Valle e Azevedo entra para secretário de Estado da Presidência e Tiago Macierinha substitui Paulo Lopes Marcelo na Secretaria de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.

No super-ministério, que junta a Economia e a Coesão Territorial, o ministro Manuel Castro Almeida também mantém os mesmos nomes à frente das várias pastas, do turismo à Economia, passando pela administração local. A pasta do mar, no entanto, sai do ministério para a Agricultura que se funde com as Pescas.

O antigo autarca Salvador Malheiro é assim o novo secretário das Pescas e do Mar, em substituição de Cláudia Monteiro de Aguiar (Pescas) e também Lídia Bulcão (Mar).

Entre as caras novas, o ministro da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, recrutou no Google Portugal o novo secretário de Estado da Digitalização, Bernardo Correia. A outra pasta deste novo ministério, Simplificação, ficará nas mãos de Paulo Magro da Luz, ex-conselheiro de Carlos Moedas.

O primeiro Governo da AD tinha 41 secretários de Estado – 17 mulheres e 24 homens – antes da remodelação de fevereiro deste ano, quando Montenegro aproveitou a saída de Hernâni Dias para trocar outros cinco governantes. O número de mulheres no novo Executivo de Montenegro encolhe para 14.

Quatro horas depois dos 16 ministros tomarem posse, esta é a orgânica das secretarias e os nomes que as irão encabeçar. Veja a lista:

Ministério dos Negócios Estrangeiros

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus
Inês Domingos

Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação
Ana Isabel Xavier

Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas
Emídio Sousa

Ministério das Finanças

Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento
José Maria Brandão de Brito

Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais
Cláudia Reis Duarte Maria

Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças
João Silva Lopes

Secretária de Estado da Administração Pública
Marisa Garrido

Ministério da Presidência

Secretário de Estado Adjunto da Presidência e Imigração
Rui Armindo Freitas

Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros
Tiago Macierinha

Secretário de Estado da Presidência
João Valle e Azevedo

Ministério da Economia e da Coesão Territorial

Secretário de Estado da Economia
João Rui Ferreira

Secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional
Hélder Reis

Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território
Silvério Regalado

Secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços
Pedro Machado

Ministério da Reforma do Estado

Secretário de Estado para a Digitalização
Bernardo Correia

Secretário de Estado para a Simplificação
Paulo Magro da Luz

Ministério da Defesa Nacional

Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional
Álvaro Castelo Branco

Secretário de Estado Adjunto da Política da Defesa Nacional
Nuno Pinheiro Torres

Ministério das Infraestruturas e Habitação

Secretário de Estado das Infraestruturas
Hugo Espírito Santo

Secretária de Estado da Mobilidade
Cristina Pinto Dias

Secretária de Estado da Habitação
Patrícia Machado Santos

Ministério da Justiça

Secretário de Estado Adjunto e da Justiça
Gonçalo Pires

Secretária de Estado da Justiça
Ana Luísa Machado

Ministério da Administração Interna

Secretário de Estado Adjunto da Administração Interna
Paulo Simões Ribeiro

Secretário de Estado da Administração Interna
Telmo Correia

Secretário de Estado da Proteção Civil
Rui Rocha

Ministério da Educação, Ciência e Inovação

Secretário de Estado Adjunto e da Educação
Alexandre Homem Cristo

Secretária de Estado da Administração Escolar
Maria Luísa Oliveira LUÍSA

Secretária de Estado da Ciência e Inovação
Helena Canhão

Secretária de Estado do Ensino Superior
Cláudia Sarrico

Ministério da Saúde

Secretária de Estado da Saúde
Ana Povo Margarida Pinheiro POVO

Secretário de Estado da Gestão da Saúde
Francisco Gonçalves

Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Secretário de Estado da Segurança Social
Susana Lima

Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão
Clara Marques Mendes

Secretário de Estado do Trabalho
Adriano Rafael Moreira

Ministério do Ambiente e Energia

Secretário de Estado do Ambiente
João Manuel Esteves

Secretário de Estado da Energia
Jean Barroca

Ministério da Cultura, Juventude e Desporto

Secretária de Estado Adjunta da Juventude e da Igualdade
Carla Rodrigues

Secretário de Estado da Cultura
Alberto Santos

Secretário de Estado do Desporto
Pedro Dias

Ministério da Agricultura e Mar

Secretário de Estado das Pescas e do Mar
Salvador Malheiro

Secretário de Estado da Agricultura
João Moura

Secretário de Estado das Florestas
Rui Ladeira

 

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Dinamarca anuncia plano de recrutamento obrigatório para ex-militares

  • Lusa
  • 5 Junho 2025

O ministro dinamarquês da Defesa explica que vai "criar uma nova força de mobilização composta por milhares de ex-militares prontos a regressar ao serviço".

O ministro dinamarquês da Defesa, Troels Lund Poulsen, anunciou esta quinta-feira a criação de um novo plano de recrutamento obrigatório que prevê a incorporação de um grande número de ex-militares na reserva do exército.

“Estamos a elaborar um plano detalhado para criar uma nova força de mobilização composta por milhares de ex-militares prontos a regressar ao serviço”, explicou o ministro numa mensagem difundida nas redes sociais, na qual justificou esta medida devido ao aumento da tensão na Europa após a invasão russa na Ucrânia.

Poulsen salientou que “a Europa está em conflito” e “o mundo está a mudar rapidamente”, o que torna necessário “reforçar urgentemente as defesas da Dinamarca”. Além disso, o Governo dinamarquês anunciou a extensão do período de serviço militar obrigatório para onze meses, uma medida que entrará em vigor em fevereiro de 2026. Serão também introduzidos novos sistemas de defesa aérea, que estarão disponíveis a partir do próximo ano.

No final de março, o chefe das forças armadas dinamarquesas, Michael Hildgard, anunciou que o exército iria também começar a recrutar mulheres, numa tentativa de “mobilizar todo o potencial militar” do país, o que significa que as mulheres dinamarquesas terão de se inscrever durante 2026 na lotaria de recrutamento para serem chamadas no final de 2027.

A Dinamarca enfrenta também as intenções declaradas do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que por diversas vezes admitiu querer tomar a Gronelândia, insistindo que a ilha é essencial para a segurança internacional. Em fevereiro, o país nórdico anunciou que iria aumentar as despesas com a Defesa na ordem dos 6,7 mil milhões de euros durante os próximos dois anos.

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Chega dá “benefício da dúvida” ao Governo e IL pede que “passe das palavras aos atos”

  • Lusa
  • 5 Junho 2025

Já a IL disse ter identificado no discurso do primeiro-ministro "várias bandeiras da Iniciativa Liberal", como "criação de riqueza, combater a burocracia, reformar o Estado".

O líder do Chega disse esta quinta-feira dar o “benefício da dúvida” ao novo Governo, mas esperar que, “por uma vez na vida, faça reformas”, enquanto a IL pediu ao executivo que “passe das palavras aos atos”.

Em declarações aos jornalistas após ter assistido à cerimónia de tomada de posse do XXV Governo Constitucional, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, André Ventura considerou que, apesar de este executivo ser “de continuidade”, todos os partidos “devem dar o benefício da dúvida”.

O líder do Chega disse concordar em que se tente atingir já este ano a meta de 2% do PIB para a Defesa, frisando que, se estivesse no Governo, faria o mesmo, mas, sobre as palavras de Luís Montenegro sobre a imigração e segurança, disse que o primeiro-ministro já tinha dito o mesmo quando tomou posse há um ano e “depois ficou praticamente tudo no mesmo”.

“O que eu quero é pedir ao senhor primeiro-ministro que, desta vez, cumpra e não faça como no ano passado. (…) Por uma vez na vida, faça reformas”, pediu, reiterando que o Chega está disponível para colaborar em “reformas a sério”.

Sobre as palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que considerou que “o juízo coletivo reforçou a confiança política” em Luís Montenegro, André Ventura disse achar que os portugueses não se pronunciaram sobre a Spinumviva nestas eleições, afirmando achar que ainda há questões por resolver sobre essa matéria.

“O primeiro-ministro tem caminho para fazer politicamente, mas não se livrará do escrutínio ético, das questões de transparência”, disse, reiterando que o Chega admite propor uma comissão parlamentar de inquérito se o executivo não der as explicações necessárias.

Também em declarações aos jornalistas, a vice-presidente da IL Angélique da Teresa disse ter identificado no discurso do primeiro-ministro “várias bandeiras da Iniciativa Liberal”, como “criação de riqueza, combater a burocracia, reformar o Estado“. “Ficamos muito satisfeitos ao ouvir estas bandeiras liberais. Agora, queremos é que passe das palavras aos atos e que, efetivamente, implemente aquilo que disse aqui, com coragem, e que não seja só aqui uma mera propaganda e uma mera ação de cosmética”, desafiou.

Sobre o anúncio de Luís Montenegro de que Portugal vai antecipar o objetivo e atingir o investimento de 2% do PIB em Defesa, a deputada liberal considerou que essa meta “já deveria estar cumprida” e que o Governo está “a correr atrás do prejuízo”. A dirigente da IL considerou também que é “necessário fazer uma reforma efetiva do Estado, pôr o Estado a funcionar para que, depois, não falhemos nas áreas que são de soberania e onde o Estado, efetivamente, tem que estar e tem que estar de forma forte”.

Já o líder parlamentar do CDS-PP defendeu que este é “um bom Governo, um governo sólido e competente, que mantém o espírito reformista que caracteriza a AD e que caracteriza os dois partidos que compõem a coligação, o PSD e o CDS”.

Paulo Núncio considerou que a “opção por um ministro Adjunto e da Reforma do Estado demonstra bem a prioridade da AD na reforma e modernização do Estado, no combate intransigente à burocracia”. Apontando que “essa reforma tem que ser feita com todos os partidos”, o deputado do CDS-PP antecipou que o executivo “terá capacidade de diálogo e de abertura”, para esse efeito.

À esquerda, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, reiterou que vai apresentar uma moção de rejeição ao novo Governo da AD, que tomou hoje posse, deixando criticas à “mesma política” de direita, aos “mesmos cúmplices” e “apoiantes”.

“Novo Governo, a mesma política, os mesmos cúmplices e os mesmos apoiantes dessa política. Aquilo que precisamos é que se cumpra e faça cumprir a Constituição no que diz respeito aos salários, às pensões, ao Serviço Nacional da Saúde [SNS], à Habitação, na Educação, nos Direitos das Crianças, na Paz, na Justiça”, afirmou o líder comunista em declarações aos jornalistas, em Grândola, no distrito de Setúbal.

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Sindicato dos impostos alerta para situação crítica de desinvestimento na AT

  • Lusa
  • 5 Junho 2025

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos avisa que a AT está “atualmente numa situação crítica de desorganização, desvalorização e desinvestimento”.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos aguarda com expectativa a anunciada intenção do Governo sobre a reforma do Estado, salientando a “situação crítica” de desinvestimento e desvalorização da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

Num comunicado esta quinta-feira, o STI sublinha que a Autoridade Tributária e Aduaneira “não é um sistema de cobrança” nem de “passagem de certidões” ou de “entrega de declarações”, defendendo que se trata antes de uma “instituição fundamental para a justiça fiscal e social, para o combate à fraude, ao tráfico e à criminalidade económica”.

“Sem AT não há Estado”, refere o sindicato liderado por Gonçalo Rodrigues, acrescentando que a AT está “atualmente numa situação crítica de desorganização, desvalorização e desinvestimento”.

No dia em que o novo Governo liderado por Luís Montenegro tomou posse, passando a contar com um ministério dedicado à reforma do Estado, o STI saúda a chegada do novo executivo, afirmando aguardar com expectativa a anunciada intenção de avançar com uma reforma do Estado.

Referindo que a AT perdeu capacidades, que lhe falta pessoal qualificado e equipamentos básicos, bem como organização e transparência nos processos de gestão, o STI reitera a disponibilidade para colaborar na transformação da Autoridade Tributária e Aduaneira, defendendo a abertura de concursos públicos “transparentes” e com critérios de mérito e limite de idade, o rejuvenescimento dos recursos humanos com formação adequada, a criação de equipas especializadas e rotativas para as funções mais sensíveis ou ainda a valorização das carreiras inspetivas com incentivos à proatividade e investigação.

Para o STI, é ainda necessário modernizar as condições de trabalho, segurança e equipamento e inverter a “tendência de desvio de funções inspetivas” para tarefas administrativas de apoio ao setor. “Reformar o Estado exige mais do que ‘slogans’: exige coragem para enfrentar interesses instalados, combater a opacidade e reorganizar com visão estratégica”, refere o comunicado, sublinhando a perda de capacidades que a AT tem vindo a registar.

O STI aponta ainda para a falta de pessoal qualificado, de equipamentos básicos e de “organização e transparência nos processos de gestão”, indicando que “nas alfândegas e inspeção, a realidade é inaceitável”, com inspetores “sem fardamento ou sem cartão de identificação profissional atualizado”, “sem condições de segurança e com responsabilidades crescentes no controlo fronteiriço”.

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Trump e Musk entram em rutura: “Sem mim, teria perdido a eleição”

  • ECO
  • 5 Junho 2025

O verniz da relação entre Trump e Musk estalou com o projeto de lei que aumenta a dívida. Presidente dos EUA diz que o bilionário "simplesmente enlouqueceu". Musk acusa Trump de "ingratidão".

A relação entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o bilionário da tecnologia Elon Musk azedou ao longo desta quinta-feira, com recados e trocas de acusações nas redes sociais.

Na Sala Oval, ao lado do chanceler alemão, Trump não escondeu a deceção com Musk e os seus comentários na rede X em relação ao projeto de lei que aumenta a dívida do país. “Elon e eu tínhamos um ótimo relacionamento. Não sei se continuaremos assim”, disse, num primeiro momento.

Musk ripostou de imediato, assegurando que o republicano teria perdido a corrida à Casa Branca sem ele. E escreveu mesmo: “Que ingratidão”.

A partir daí, as críticas de Trump subiram de tom. “Elon estava a esgotar a minha paciência. Pedi-lhe para sair, retirei-lhe a a proteção para veículos elétricos que obrigava todos a comprar carros elétricos que ninguém mais queria — algo que ele já sabia há meses que eu faria! –, e ele simplesmente enlouqueceu!”, escreveu o presidente, antes de ameaçar cortar os contratos com o bilionário.

A maneira mais fácil de poupar dinheiro no nosso orçamento – biliões e biliões de dólares – é acabar com os subsídios e contratos governamentais de Elon. Sempre me surpreendeu que Biden não o tenha feito”, indicou, em outro comentário.

 

Musk lançou então a machadada final: acusou Trump ser um dos nomes incluídos na lista do caso Jeffrey Epstein, o milionário norte-americano condenado por crimes sexuais encontrado morto na prisão em 2019. “É altura de largar a grande bomba: @realDonaldTrump está nos ficheiros do Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT!”

E, ainda, sugeriu que Trump devia ser alvo de um impeachment. No final da sessão em Wall Street, a empresa de Musk, Tesla, foi bastante castigada pela troca de publicações nas redes sociais. A fabricante de carros elétricos afundou 14,26% – a maior queda desde março –, com a fortuna de Musk a encolher cerca de 25,5 mil milhões de dólares, de acordo com a Forbes.

Na quarta-feira, Musk tinha apelado aos americanos para que pedissem aos seus representantes em Washington que “acabassem com o projeto de lei” com o argumento de que aumentaria o défice dos EUA e sobrecarregaria os americanos com uma dívida “esmagadora”. Classifica mesmo esta proposta como uma “aberração repugnante“, assegurando: “Esta proposta (de orçamento) nunca me foi mostrada e foi aprovada no meio da noite e tão depressa que quase ninguém no Congresso a conseguiu ler!“.

Os arrufos entre os dois começaram depois do CEO da Tesla e da SpaceX deixar oficialmente o seu cargo no governo na última semana. Musk liderava o departamento DOGE, que tinha como missão eliminar os gastos excessivos na administração norte-americana.

(Notícia atualizada às 21h43)

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