Donos das obras vão ter de pagar projetos do PRR em caso de chumbo do Tribunal de Contas

“Nos casos em que os trabalhos sejam parados por eventual deteção de irregularidade grave, a questão dos custos é exclusivamente contratual", diz ao ECO o ministro Castro Almeida.

O Governo criou um mecanismo para acelerar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que permite que as obras avancem sem ter o visto prévio do Tribunal de Contas. Mas se os projetos podem prosseguir mesmo que a entidade liderada por José Tavares encontre desconformidades legais, quando está em causa uma “irregularidade grave” esta, de facto, trava a obra. Mas, quem paga a obra ilegal feita até ao chumbo do Tribunal de Contas?

“Nos casos em que os trabalhos sejam parados por eventual deteção de irregularidade grave, a questão dos custos é exclusivamente contratual, que dependerá do que se encontra regulado em cada contrato e do que foi acordado entre as partes”, explicou ao ECO o ministro Adjunto e da Coesão Territorial.

A regra geral será o pagamento de trabalhos, entretanto realizados ficar a cargo da entidade adjudicante”, precisou Manuel Castro Almeida.

No direito português existe uma regra que determina que o Estado não pode enriquecer à conta de serviços ainda que estes estejam a ser feitos ao abrigo de um contrato nulo. Ao abrigo do regime dos atos e dos contratos nulos, que consta do Código Civil, as entidades são obrigadas a pagar, caso contrário há uma situação de enriquecimento sem causa, explicaram ao ECO especialistas em contratação pública.

No entanto, há interpretações mais restritivas da lei, como é o caso do Tribunal de Contas, que determinam que se a obra é ilegal o Estado não deve ser chamado a pagá-la. À luz da lei dos compromissos, os contratos celebrados sem o procedimento devido e a assunção de encargos sem o cabimento da verba, sem que seja gerado um número de compromisso nas contas de cada entidade pública, são nulos e não podem produzir nenhuns efeitos. Ou seja, não podem ser feitos nenhuns pagamentos ao abrigo destes contratos, acrescentaram os mesmos especialistas.

O tema que é entendido como “complexo”, pode gerar alguma guerra jurídica em caso de haver ilegalidades graves – “preterição total” — até porque, a proposta de lei, que já deu entrada na Assembleia da República, elenca a “assunção de encargos sem cabimento em verba orçamental própria”, como um dos casos em que o Tribunal de Contas pode emitir uma decisão de desconformidade, da qual resultará “a imediata cessação dos efeitos dos atos ou contratos objeto da decisão”.

A proposta, que sugere que a fiscalização preventiva passa a ser feita em simultâneo com a execução do projeto, determina que mesmo que existam “indícios de desconformidades legais”, os projetos e os contratos podem prosseguir, sem pôr a execução em causa. Nestes casos, o Tribunal de Contas remete o processo “para fiscalização concomitante e eventual apuramento de responsabilidades financeiras, nos termos gerais”, sem que isso trave a execução do contrato”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Crescimento económico abaixo de 2% este ano, mas acelera em 2025

Economistas preveem crescimento do PIB ligeiramente abaixo da meta do Governo para este ano, mas mostram-se otimistas que taxa será atingida em 2025. Contudo, alertam para riscos externos.

As expectativas de um crescimento mais intenso da economia portuguesa na segunda metade do ano parecem difíceis de cumprir, com os sinais relativos ao terceiro trimestre a levarem os economistas consultados pelo ECO a apontarem para uma subida do Produto Interno Bruto (PIB) na globalidade do ano ligeiramente abaixo dos 2% previstos pelo Governo. Contudo, mostram-se confiantes que em 2025 a taxa seja atingida.

Após um primeiro trimestre surpreendente, com uma expansão do PIB de 1,5% em termos homólogos e 0,8% em cadeia, o segundo trimestre manteve a taxa homóloga, mas foi de quase estagnação na comparação face aos três meses precedentes (0,1%), e os indicadores disponíveis sobre a evolução da economia no verão, quer em Portugal, quer na Zona Euro, aponta para que a recuperação seja moderada.

“O segundo trimestre foi muito fraco e os primeiros sinais do terceiro trimestre revelavam novo abrandamento”, assinala o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, Pedro Braz Teixeira, em declarações ao ECO. O economista destaca, contudo, que as exportações de bens em julho “melhoraram muito, em parte por um efeito de ‘trabalhos por encomenda’, que terão correspondido, só neste mês, a cerca de 0,3% do PIB”.

“Não é ainda claro de que se trata, apenas se consegue deduzir que foram exportações para a Alemanha, de “fornecimentos industriais transformados”, e também não se sabe se se poderão repetir até ao final do ano”, refere.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de confiança dos consumidores diminuiu em agosto, após ter registado em julho o valor máximo desde fevereiro de 2022 na sequência dos aumentos observados desde dezembro. Também os indicadores de curto prazo relativos à atividade económica na perspetiva da produção, disponíveis para junho, apontam para uma diminuição em volume na indústria, ainda que também registe uma aceleração em volume na construção e nominal nos serviços e para um aumento nominal na indústria.

Por sua vez, o indicador de clima económico, que sintetiza as questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, diminuiu em junho e julho, após ter aumentado no mês anterior.

O economista e professor do ISEG, António Ascenção Costa, admite, em declarações ao ECO, que “provavelmente, tal como nos anos anteriores, o INE poderá rever em alta as estimativas de crescimento para os dois primeiros trimestres quando fechar as contas nacionais de 2022”, o que será conhecido a 23 de setembro. No entanto, considera que “não parece provável, com os dados atualmente disponíveis, que a economia venha a crescer a um ritmo mais intenso na segunda metade do ano”.

Ainda assim, por seu lado, Pedro Braz Teixeira considera ser “possível que haja surpresas positivas nas exportações que ajudem o crescimento no segundo semestre, apesar de uma conjuntura internacional em deterioração”.

Na Zona Euro, os indicadores apontam para uma economia a perder gás. Após um crescimento de 0,3% no segundo trimestre na comparação face ao primeiro trimestre, os analistas apontam agora para um aumento dos riscos negativos nas previsões do Produto Interno Bruto (PIB) em países como a Alemanha. O Banco Central Europeu (BCE) revelou-se menos otimista para o crescimento económico nos próximos anos face ao que previa em junho, enquanto mantém as expectativas para a inflação global.

Numa revisão em baixa face às projeções de junho, os economistas do BCE antecipam agora um crescimento do PIB da Zona Euro de apenas 0,8% em 2024, 1,3% em 2025 e 1,5% em 2026. Estas previsões representam uma redução de 0,1 pontos percentuais para cada um dos anos face às estimativas anteriores.

António Ascenção Costa destaca que “o crescimento da economia portuguesa está razoavelmente relacionado com o crescimento da área euro e se esta não cresce de uma forma robusta dificilmente o crescimento em Portugal poderá ser muito mais elevado”.

Crescimento do consumo e investimento podem ajudar

Para Pedro Braz Teixeira, é possível que haja surpresas positivas nas exportações que ajudem o crescimento no segundo semestre, “apesar de uma conjuntura internacional em deterioração”.

É possível o crescimento deste ano ficar um pouco abaixo dos 2% e isso não comprometer o saldo orçamental de 2024. Por um lado, já estão executados 2/3 do ano e, por outro, há instrumentos orçamentais, como as cativações, para acomodar eventuais desvios”, aponta o economista.

Por seu lado, António Ascenção Costa destaca que, pelo lado da procura externa, há uma tendência para a desaceleração do crescimento da procura turística, que em geral é mais acentuada no trimestre de verão, e, por outro lado, “a continuação do decréscimo da produção industrial, relacionada com a exportação de mercadorias, também indicia fraqueza da procura externa, decorrente do fraco crescimento na Área Euro”.

Só um crescimento do consumo privado substancialmente mais forte, e também do investimento, poderia justificar um crescimento do PIB mais forte na segunda metade de 2024”, argumenta o professor do ISEG, acrescentando que “a previsão do Governo sendo possível também pode estar a ser otimista”, apontando para uma taxa anual de 1,8%.

Já o coordenador do NECEP – Católica Lisbon Forecasting Lab, João Borges de Assunção, considera que “o crescimento de 2% previsto pelo Ministério das Finanças para este ano está próximo do limiar superior” da previsão da instituição, pelo que crê ser “exequível”.

“Porém o nosso cenário central está em 1,8% pelo que o risco é que o crescimento este ano seja um pouco mais fraco do que isso”, prevê.

Na última ronda de reuniões com os partidos políticos sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), o Governo reafirmou a previsão de crescimento do PIB de 2% este ano e no próximo. Em abril, no programa eleitoral a Aliança Democrática apontava para um avanço do PIB de 2,5% em 2025, impulsionado pela procura interna, após a implementação das reformas propostas.

© 2024 LUSA – Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Crescimento de 2% em 2025 parece “realista”

Numa altura em que se desenha o cenário macroeconómico subjacente ao Orçamento do Estado, o economista Pedro Braz Teixeira assinala que “a previsão do PIB para 2025 é mais importante do que a para 2024”.

“Em relação a 2025, com as sucessivas descida de taxas pelo BCE, a conjuntura europeia poderia melhorar, ajudando as nossas exportações”, aponta, acrescentando que o crescimento também deverá ser suportado pelo consumo privado, “beneficiando da redução das taxas de juro pelo BCE, do alívio das tabelas de retenção do IRS e de transferências extra para os pensionistas”, e pelo investimento, ainda que assinale que este terá “mais dificuldade em acelerar devido à incerteza política em torno do OE2025 e da sobrevivência do Governo”.

“O problema são os riscos muito variados: desde as eleições nos EUA, os conflitos armados, etc”, refere.

Para António Ascenção Costa, em princípio, a manutenção da previsão de crescimento em 2% para 2025 afigura-se prudente. “A mais recente previsão de crescimento da Comissão Europeia para a Área Euro em 2025 situava-se em 0,8%, sendo a previsão de 2% para Portugal razoavelmente superior”, refere.

“Admite-se que o crescimento português possa continuar a ser impulsionado pelo crescimento do consumo privado e do investimento, o que pressupõe, neste último caso, um maior dinamismo na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e contributos privados. Não esperaria grande impulso do lado da procura externa sem maior crescimento europeu”, aponta.

Um cenário também previsto por João Borges Assunção. “Relativamente a 2025 um cenário central em torno de um crescimento de 2% parece realista, até porque o ciclo de subida das taxas de juro parece ter passado o que poderá acomodar alguma deterioração na evolução da economia”, indica.

O coordenador do NECEP prevê “que se o consumo privado se revelar melhor que o esperado, devido às medidas do IRS por exemplo, é possível que durante alguns trimestres a economia portuguesa tenha um desempenho ligeiramente melhor que a Zona Euro”.

No entanto, considera que “será difícil a Portugal evitar eventuais abrandamentos se isso se verificar na Zona Euro e nos Estados Unidos”, uma vez que “o ambiente económico internacional está outra vez um pouco mais fraco”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parlamento ultrapassa Governo e avança com propostas para limitar comissões no MB Way

Banco de Portugal pediu a intervenção do Governo, mas Parlamento tomou a dianteira e já tem projetos para evitar o aumento das comissões no popular serviço de transferências MB Way.

O Parlamento não vai esperar pelo Governo e está a avançar com propostas para limitar as comissões no popular serviço de transferências MB Way. PAN e PS já apresentaram iniciativas nesse sentido. Que não vão ficar por aqui. Os outros grupos parlamentares também estão a estudar o assunto e a preparar projetos, segundo adiantaram ao ECO.

A Deco alertou recentemente para o risco de um aumento significativo das comissões que são cobradas nas transferências realizadas através do MB Way.

O que acontece é que a SIBS vai associar o serviço MB Way às contas – ou seja, vai permitir que as transferências sejam realizadas com base nas contas, quando atualmente estas operações funcionam com cartões bancários.

Isto significará que as transferências consideradas normais vão passar a ser consideradas imediatas e poderão estar sujeitas ao preçário aplicáveis a essas transferências e não sujeitas aos limites aplicáveis a transferências em cartões — limites estes que foram impostos por via da intervenção do Parlamento em 2020 e que estabelecem que as operações até 30 euros são gratuitas, até um limite mensal de 150 euros ou 25 transações.

Para acautelar este risco, Banco de Portugal e outros bancos (nomeadamente a Caixa) já declararam publicamente que devia haver uma intervenção legislativa para abordar esta questão, designadamente da parte do Governo, que ainda não se pronunciou sobre o tema.

O ECO contactou o Ministério das Finanças sobre o assunto, mas ainda não obteve uma resposta.

Enquanto o Executivo decide o que fazer, o Parlamento tomou a dianteira do processo e inclusivamente já apresentou duas propostas que visam justamente limitar uma subida das comissões do MB Way. Uma por via do PAN em agosto e outra do PS na semana passada. Ambos projetos de lei visam aplicar as regras que já existem para as transferências baseadas em cartão às transferências baseadas em conta.

Os outros grupos parlamentares também equacionam apresentar as suas propostas. Como o Chega e o Bloco. “Estamos a estudar o tema para perceber onde podemos fazer a alteração legislativa”, apontou o deputado do Chega Rui Afonso, muito crítico em relação à atuação da SIBS, que é detida pelos maiores bancos num modelo de competição. “Do ponto de vista legal a alteração que anunciou pode levantar dúvidas, mas do ponto de vista ético é reprovável”, criticou. Fonte oficial do Bloco revelou que o grupo parlamentar vai avançar com iniciativa sobre o assunto, mas “ainda não está concluída”.

O Livre manifestou-se “preocupado” com o assunto e “admite avançar com uma proposta que recomende ao Governo a adoção de medidas para controlo dos limites aplicáveis às operações por MB Way”, disse fonte oficial do partido ao ECO. E o PCP indicou que “continuará” a intervir para resolver problemas nos serviços de pagamentos “sem prejuízo da obrigação que governo e Banco de Portugal têm, de impedir estes abusos.”

PSD, Iniciativa Liberal e CDS não responderam até à publicação deste artigo.

Há um mês a Deco avisou que, sem alterações na lei, os clientes poderão ter “um aumento brutal das comissões”. No caso de uma transferência de 40 euros (que é o valor médio) no MB Way, a comissão poderá passar de perto de 10 cêntimos para 80 cêntimos ou acima de um euro, estimou a associação de defesa do consumidor. “Este valor será totalmente desproporcionado, contrário à legislação, e prejudicando os interesses dos consumidores no MB Way”, apontou a Deco.

De acordo com a legislação, as transferências MB Way com cartão deixam de estar isentas de comissão em operações até 30 euros e até um limite mensal de 150 euros ou 25 transações. Acima desse valor, a comissão cobrada passa a estar limitada a 0,2% ou 0,3% do valor (para cartão de débito e de crédito, respetivamente).

Por outro lado, os bancos também isentam as transferências MB Way se forem realizadas na app do próprio banco e para clientes com contas pacote.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Incêndios florestais “consomem” economia, emprego e turismo em Portugal

O impacto dos incêndios florestais é profundo e duradouro na economia, provocando perdas de muitos milhões de euros, particularmente no setor do turismo e do emprego.

Portugal enfrenta novamente uma época de incêndios florestais de grandes dimensões. Apesar de, há dias, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) ter revelado que até 31 de agosto o número de incêndios rurais e de área ardida estavam em mínimos de uma década, contando-se até então 4.457 fogos que consumiram 10.294 hectares, estas estatísticas mudaram radicalmente com os fogos que se propagaram violentamente esta segunda-feira nas regiões de Aveiro e Viseu.

Foram vários os fogos que obrigaram ao corte de troços de autoestradas e condicionaram a circulação ferroviária em diversas regiões do país, levando várias empresas a suspenderem os seus serviços, como ocorreu com as empresas de transportes Flixbus e o grupo Luís Simões. Mas além dos impactos imediatos gerados por este flagelo, os incêndios têm consequências duradouras na economia e no turismo que têm sido quantificados por investigadores ao longo dos anos.

Um estudo de novembro de 2021 de Joana Filipa Henriques e Sousa, da Nova IMS, analisou o impacto dos incêndios na atividade económica dos municípios portugueses entre 1994 e 2019. As conclusões da autora desta tese de mestrado apontam para que os incêndios têm um efeito negativo na economia da região que se prolonga até um ano após o evento.

“Quando a área ardida é superior a 33,3% de um município, o impacto negativo imediato na atividade económica é de cerca de 1,4%. Se a área ardida ultrapassar os 50%, o efeito negativo chega aos 2,5% no ano do incêndio e agrava-se para 3% no ano seguinte”, explica Joana Filipa Henriques e Sousa, tomando em conta a análise do consumo de energia elétrica como indicador da atividade económica. “O consumo de eletricidade está fortemente correlacionado com o PIB e permite-nos ter uma medida ao nível municipal”, diz.

Como o fogo afeta a economia e o emprego

O ano de 2017 foi absolutamente marcante para o país, com os fogos a consumirem uma área ardida de cerca de 500 mil hectares que provocaram 115 perdas humanas somente nos grandes incêndios de junho de Pedrógão Grande e dos fogos de outubro que se alastraram pelo centro e norte do país.

O impacto destes incêndios foi de tal forma avassalador que se estima que entre 14 e 16 de outubro de 2017 tenham ardido mais de 1.700 habitações e quase 800 empresas tenham sido afetadas, com os prejuízos a ascenderem a 275 milhões de euros.

A situação atual está longe dos números de 2017. No entanto, os impactos económicos serão uma certeza. Em 2015, Abílio Pereira Pacheco, investigador do INESC, estimou que entre 2005 e 2014 a economia nacional perdeu cerca de 173 milhões de euros por ano com a devastação criada pelos incêndios florestais.

O impacto dos incêndios florestais é profundo e duradouro na economia. Vai muito além dos custos imediatos de combate e dos danos materiais.

No ano passado, três investigadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e da Universidade de Bern, na Suíça, analisaram o impacto dos incêndios florestais no crescimento económico em Portugal e em outros países do sul da Europa. As conclusões desse estudo apontam para uma redução média na taxa de crescimento anual do PIB regional entre 0,11% e 0,18% nos anos em que ocorrem incêndios florestais.

Embora este impacto possa parecer pequeno, os investidores destacam que ele se acumula ao longo do tempo e afeta de forma diferente os vários setores económicos, notando ainda que os incêndios florestais têm “consequências económicas negativas que vão além dos custos diretos de combate e dos danos materiais imediatos.”

Um dos pontos salientado pelos investidores é o efeito no mercado de trabalho. “Observámos um impacto heterogéneo na taxa de crescimento do emprego”, escrevem os autores do estudo, notando que “verifica-se um decréscimo da taxa média anual de crescimento do emprego nas atividades relacionadas com o comércio a retalho e o turismo (por exemplo, transportes, alojamento, restauração) de 0,09%-0,15%”, que é compensado pelo crescimento do emprego nas atividades relacionadas com os seguros, imobiliário, administração e serviços de apoio entre 0,13% e 0,22%.

Chamas que consomem o Turismo

A ocorrência de um incêndio florestal numa região produz efeitos sobre toda a economia. Um dos setores afetados com grande relevância é o turismo que, segundo vários estudos, acaba por ser penalizado por muito tempo.

Um estudo publicado em 2021 na revista “Environment and Development Economics” analisou o impacto futuro dos incêndios no turismo em Portugal, utilizando dados de 278 municípios entre 2000 e 2016. Os resultados são alarmantes: “Estimamos que os custos anuais para a economia portuguesa devido ao impacto das áreas ardidas em 2030 variem entre 17 milhões e 24,2 milhões de euros para as chegadas de turistas domésticos e entre 18,3 e 38,1 milhões de euros para as chegadas de turistas internacionais”, afirmam os autores deste estudo Vladimir Otrachshenko e Luis C. Nunes.

Estes valores demonstram o peso significativo que os incêndios podem ter na economia nacional, considerando especialmente a importância do turismo para Portugal, que no final do ano passado pesava cerca de 13% do PIB. O estudo vai mais longe e projeta que “em 2050, esses custos aumentarão pelo menos quatro vezes”.

O impacto negativo sobre o turismo é também notado num estudo realizado por quatro investigadores do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho publicado no ano passado. Utilizando dados mensais e ferramentas de econometria espacial, os autores descobriram que “os incêndios florestais afetam negativamente as dormidas no mesmo local, mas também causam efeitos de spillover em municípios vizinhos”.

Mas este estudo desenvolvido por João Cerejeira, Rita Sousa, Carolina Bernardo e António Bento-Gonçalves também identificou um efeito curioso no curto prazo: “as ocorrências de incêndios florestais estão positivamente relacionadas com o número de dormidas após três meses, sugerindo um adiamento das atividades turísticas”, lê-se no documento. Isto pode ser resultado de reservas adiadas ou de uma diminuição nos preços para atrair turistas após os incêndios.

Torna-se imperativo um reforço das políticas de prevenção e combate aos incêndios florestais, não apenas como uma medida de proteção ambiental e de segurança pública, mas também como uma estratégia crucial para salvaguardar a economia nacional.

No entanto, o efeito negativo a longo prazo é claro. Os autores constataram que “em média, um hectare de área queimada reduz as dormidas em quase 3 unidades após 12 meses”. Este dado sublinha o impacto duradouro dos incêndios na atratividade turística de uma região.

Além disso, o estudo da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho revelou um efeito surpreendente nos municípios vizinhos: “Um hectare de área queimada no município está relacionado com uma diminuição de 0,7 dormidas, enquanto o efeito dos incêndios vizinhos é de 29 dormidas a menos por hectare de área queimada no município”. Isto demonstra que o impacto dos incêndios se estende muito além das áreas diretamente afetadas.

O impacto dos incêndios florestais é profundo e duradouro na economia. Vai muito além dos custos imediatos de combate e dos danos materiais. Estes eventos catastróficos afetam negativamente o crescimento do PIB regional, o emprego em setores-chave como o turismo e o comércio, e têm consequências a longo prazo para a atratividade turística das regiões afetadas.

Os prejuízos estimados são substanciais, com projeções que apontam para custos anuais na ordem das dezenas de milhões de euros só no setor do turismo até 2030, podendo quadruplicar até 2050. Torna-se imperativo um reforço das políticas de prevenção e combate aos incêndios florestais, não apenas como uma medida de proteção ambiental e de segurança pública, mas também como uma estratégia crucial para salvaguardar a economia nacional.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

De Braga com mira no Médio Oriente, PluggableAI levanta 1,75 milhões

A nova injeção de capital vai permitir startup reforçar a equipa, hoje com cinco pessoas, para 17 até meados de 2025. Querem fechar parcerias com organizações desportivas, festivais e programas de TV.

A startup portuguesa PluggableAI, responsável pela criação de tecnologias de engajamento com fãs já usada em eventos como o Rock In Rio, acaba de fechar uma ronda seed de 1,75 milhões para acelerar o processo de internacionalização e crescimento da equipa. Com sede em Braga, o mercado europeu e o Médio Oriente são as geografias na mira da expansão.

“Atuamos principalmente no mercado nacional e procura expandir para os mercados europeu e Médio Oriente. A internacionalização está pendente do crescimento da equipa nas áreas de growth e business, não serão abertas filiais”, adianta Bruno Fernandes, CEO e cofundador da PluggableAI, ao ECO.

Liderada pelo fundo GED Tech Seed, gerido pela sociedade de capital de risco GED Ventures, a ronda contou com a participação da Portugal Ventures (PV), sociedade de capital de risco do Banco de Fomento, que deu seguimento ao investimento realizado, em 2022, numa ronda pré-seed (no valor de 100 mil euros), ao abrigo da Call INNOV-ID, que permitiu a expansão inicial do negócio. Com esta ronda, eleva-se assim para os 1,850 milhões de euros o montante já levantado no mercado pela startup de Braga.

Atuamos principalmente no mercado nacional e procura expandir para os mercados europeu e Médio Oriente. A internacionalização está pendente do crescimento da equipa nas áreas de growth e business, não serão abertas filiais.

Bruno Fernandes

CEO e cofundador da PluggableAI

“Para a PluggableAI, este é um passo fundamental e necessário. Permitir-nos-á crescer a equipa e acelerar o negócio a uma velocidade que, de outra forma, não seria possível. Valida também o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela equipa nos últimos meses, não só pelo interesse demonstrado por diversas capitais de risco, mas também pelo follow-on da PV. Estamos muito entusiasmados por poder continuar a contar com o apoio da PV e, de hoje em diante, poder contar e trabalhar com a GED Ventures no crescimento da PluggableAI”, diz o CEO da startup de Braga, em comunicado.

Crescer equipa e reforçar parcerias

A nova injeção de capital vai permitir à startup reforçar a equipa. Hoje “somos cinco elementos e estamos a recrutar ativamente. Pretendemos crescer até às 11/12 pessoas até final de 2024 e até às 17 pessoas até meados de 2025″, adianta o CEO ao ECO. Procuram perfis tecnológicos (IA, mobile e full-stack) e business consultant, sales e growth.

Fundada em 2022 e incubada na Startup Braga, com sede no edifício cultural GNRation, no centro histórico de Braga, a PluggableAI “desenvolve tecnologias focadas na criação e fortalecimento de ligações emocionais entre pessoas e marcas”. Em concreto, desenvolveu a tecnologia Fanmeter, que utiliza IA e sensores para criar estratégias de engajamento como o “Fan of the Match” ou o “The Festival Lover”, ferramentas já usadas, entre outros, pelo “Sporting Clube de Braga para premiar os seus adeptos, nos jogos em casa, durante a temporada 2024/2025 ou pelo Rock in Rio, proporcionando experiências mais interativas e premiando os seus festivaleiros.”

“A tecnologia desenvolvida vai permitir trazer mais adeptos para o desporto e fãs para eventos. Cremos que esta tecnologia poderá ser usada por equipas e organizadores de eventos pelo mundo fora e, por isso, tem um grande potencial de crescimento. A aposta na PluggableAI reforça o nosso compromisso de apostar em empresas pre-seed, com tecnologia demonstrada, mas ainda com pouca tração, reconhecendo que existe aí um nicho no mercado por explorar e que poderá trazer maiores retornos aos nossos investidores”, diz João Pedro Silva, diretor de Investimentos da GED Ventures, citado em comunicado.

Nos próximos meses, a startup pretende “fechar novas parcerias e colaborações com organizações desportivas, como Federações, Ligas e Clubes, aumentar a sua presença em festivais, e trazer inovação a programas televisivos”, informa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo prolonga estado de alerta até quinta-feira. “Vamos passar horas difíceis”, avisa Montenegro

O Governo decidiu prolongar o estado de alerta por mais 48 horas, até às 23h59 de quinta-feira, e colocar no terreno uma equipa multidisciplinar para ajudar os concelhos mais afetados.

O primeiro-ministro anunciou que vai prolongar o Estado de Alerta a nível nacional até quinta-feira, 19 de setembro, e anunciou uma equipa multidisciplinar coordenada pelo ministro Adjunto da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, na sequência dos incêndios que estão a deflagrar no distrito de Aveiro. Segundo Luís Montenegro, este grupo vai reunir-se com os autarcas dos concelhos afetados, nomeadamente, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, e encontrar soluções, como por exemplo, alojamento de quem teve de sair de casa. De acordo com a Proteção Civil, pelo menos 25 famílias foram desalojadas na sequência destas ocorrências.

“Esta equipa integrará meios do Ministério das Infraestruturas, da Saúde, Educação, Agricultura e Pescas, Administração Local, que serão representados por secretários de Estado, que vão tratar do apoio mais urgente e necessário para reconstruir aquilo que hoje foi levado [pelas chamas]”, detalhou Montenegro, após o briefing na sede Proteção Civil, em Carnaxide.

De fora, ficará o Ministério da Administração Interna que, segundo o primeiro-ministro, terá todas as suas atenções viradas para o teatro de operações onde decorre o combate às chamas. “Vamos passar horas difíceis nos próximos dias e temos de nos preparar para isso“, alertou Montenegro.

O chefe do Governo aproveitou o momento para agradecer não só à Comissão Europeia como aos governos de Espanha, França, Itália e da Grécia que disponibilizaram oito meios aéreos de combate aos incêndios. “Este espírito de solidariedade é importante”, vincou.

Sobre o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, Montenegro garante que “na primeira hora” que sentiu que era “necessário ativar o mecanismo” a decisão foi tomada, e em coordenação com a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.

“Teremos muito tempo para escrutinar o que aconteceu mas não me lembro de um pedido desta natureza ter sido feito de forma tão célere”, respondeu aos jornalistas, dando nota que Portugal está em contacto também com Marrocos para que sejam disponibilizadom meios adicionais, caso seja possível àquele país. “Tudo o que podemos fazer para aumentar meios de combate, estamos a fazer“, garantiu.

“Em nome do Governo, reitero uma palavra de solidariedade a todas as vítimas e a todos os afetados por estes incêndios”, afirmou Luís Montenegro, que deixa uma mensagem de força às “famílias enlutadas pela perda da vida” das três vítimas mortais e uma mensagem de agradecimento a “todos os homens e mulheres, que estão a cooperar com os autarcas e populações” e os “bombeiros que estão na linha da frente e que dão provas da sua capacidade de resistência”.

Marcelo cancela ida a Espanha

O Presidente da República agradeceu às populações e à estrutura de Proteção Civil pela forma como têm enfrentado os incêndios dos últimos dias e anunciou o cancelamento da sua deslocação a Espanha na quarta-feira.

Marcelo Rebelo de Sousa falava à comunicação social na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), tendo ao seu lado o primeiro-ministro, Luís Montenegro.

O chefe de Estado tinha prevista uma deslocação a Tenerife e Las Palmas, em Espanha, entre quarta e sexta-feira, para participar num encontro internacional de ministros da Justiça e numa reunião da associação empresarial Cotec Europa.

Mais de 10 mil hectares ardidos

O “complexo de incêndios” que integra os três maiores fogos rurais a lavrar na noite de domingo entre a Área Metropolitana do Porto e a região de Aveiro atingiu até ao início da noite 10 mil hectares, segundo a Proteção Civil.

Em conferência de imprensa às 20:00, para um ponto de situação, o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, indicou que em causa estão os três incêndios que deflagraram entre domingo e hoje nos concelhos de Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis, atingindo ainda os municípios de Vale de Cambra, Águeda e Aveiro.

Nesta área estavam mobilizados, às 19:30, 1.262 operacionais, apoiados por 437 veículos. Segundo André Fernandes, neste território, “a área atingida estimada é já de cerca de 30 mil hectares, com potencial estimado de 30 mil hectares que podem arder”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Recibos verdes ainda não receberam mês de julho da Global Media Group

  • Lusa
  • 16 Setembro 2024

Os trabalhadores a recibos verdes "não têm qualquer justificação ou explicação por parte da administração da Global para mais um incumprimento no pagamento dos salários".

Os trabalhadores a recibos verdes do JN, Evasões, Notícias Magazine e Volta ao Mundo afirmaram esta segunda-feira que ainda não receberam o vencimento de julho, a cargo ainda do Global Media Group, num atraso que afeta cerca de 130 pessoas. Num comunicado, estes trabalhadores referiram que “os trabalhadores a recibos verdes do JN, Evasões, Notícias Magazine, Volta ao Mundo ainda não receberam o mês de julho, ainda a cargo da Global Media Group”.

Na mesma nota, indicam que, até ao momento, “os referidos trabalhadores não têm qualquer justificação ou explicação por parte da administração da Global para mais um incumprimento no pagamento dos salários que deveriam ter sido pagos no dia 7 (mas que há vários anos são pagos depois do dia 10)”.

Alertam que a situação, “mais uma de desprezo e desrespeito para com estes trabalhadores, está a levar pessoas ao desespero por dependerem deste vencimento para pagarem contas, para viverem”. Os trabalhadores denunciam que “estes atrasos sistemáticos afetam a vida de cerca de 130 trabalhadores, económica e emocionalmente”, lamentando o silêncio da parte da Global Media Group.

“Recorde-se que com a venda de vários títulos do grupo, no fim de julho, a Global Media recebeu milhões de euros”, remataram. O presidente do grupo Bel e acionista da Global Media afirmou, em declarações à Lusa em 31 de julho, que foi “preciso haver muita determinação” para concretizar as operações dos dois últimos dias, as quais somam “mais de 20 milhões de euros”.

O Estado comprou nesse dia 45,71% da participação da Global Media e da Páginas Civilizadas na Lusa por 2,49 milhões de euros, passando a deter 95,86% do capital da agência noticiosa, depois de na véspera ter sido concluída a venda do Jornal de Notícias (JN) e TSF, entre outros títulos da Global Media à Notícias Ilimitadas (NI) e a compra da posição que o fundo WOF (World Opportunity Fund) tinha na Páginas Civilizadas.

Foi mais que uma maratona, foi daquelas maratonas que são feitas em vários dias, uma por dia, foi uma negociação muito difícil, foi preciso haver muita determinação, muita resiliência em todas as equipas, desde advogados, administradores da Global, parceiros, financiadores de venda”, referiu Marco Galinha, que também é acionista da Páginas Civilizadas, no final da conclusão da venda da posição na Lusa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sem contrapartida, acionistas da Reditus podem ir contra a gestão

Sucessivos adiamentos de divulgação de resultados, que tinham levado a Euronext a colocar a Reditus no compartimento de penalização da bolsa em 2021, justificaram a exclusão. Reditus já não negoceia.

Desde esta segunda-feira, 16 de setembro, que as ações da Reditus já não negoceiam na bolsa portuguesa. O adeus ao mercado daquela que é a tecnológica mais antiga da praça lisboeta deu-se 37 anos após a estreia em bolsa, tal como o Negócios avançou esta segunda, e depois de a empresa ter estado mais de três anos no compartimento de penalização da bolsa portuguesa devido às falhas na divulgação de informação financeira ao mercado. Sem direito a uma contrapartida, devido à exclusão ter partido de uma decisão da Euronext, os investidores podem responsabilizar a gestão, liderada por José-Louis Pagés, pelos danos causados.

Passou pelo boom das tecnológicas, que levou os títulos a escalarem até uns inéditos 13,7 euros; chegou a cotar no principal índice da bolsa, onde entrou de mão dada com a outra tecnológica, a Novabase, no início de 2005; e ficou como um dos símbolos da euforia da bolha das “dot.com” no mercado português. No entanto, os últimos anos em bolsa foram tudo menos gloriosos. As falhas na divulgação de resultados [os últimos números conhecidos foram os lucros de 2022, que mais que triplicaram] colocaram a empresa no radar da gestora da bolsa, dos investidores e do regulador, culminando com a exclusão do mercado de capitais.

Os acionistas tinham acesso limitado à informação financeira da empresa, devido à ausência de relatórios anuais auditados nos últimos anos; as ações da empresa estavam no Penalty Bench há mais de 36 meses (passaram para este compartimento em Julho de 2021); a empresa continuava a não cumprir as obrigações regulamentares.

Fonte oficial da Euronext Lisbon

“A Euronext tomou a decisão de excluir a Reditus do mercado Euronext Lisbon após uma avaliação cuidadosa do seu incumprimento das regras do mercado a que está sujeita“, explicou fonte oficial da gestora da bolsa portuguesa ao ECO. Segundo a Euronext, “os acionistas tinham acesso limitado à informação financeira da empresa, devido à ausência de relatórios anuais auditados nos últimos anos; as ações da empresa estavam no Penalty Bench há mais de 36 meses (passaram para este compartimento em Julho de 2021); e a empresa continuava a não cumprir as obrigações regulamentares (Regra 61005/1)”, justifica.

A Regra 61005/1 da Euronext prevê a possibilidade de a gestora remover valores mobiliários listados nos seus mercados por sua própria iniciativa com base em qualquer motivo apropriado, incluindo situações em que exista o incumprimento manifesto do Emitente em relação às obrigações impostas e aos requisitos estabelecidos nas Regras ou no Formulário de Aplicação.

“Estar cotado significa privilegiar a transparência para que os investidores tenham informação para tomarem as suas decisões de investimento adequadamente”, aponta fonte oficial da bolsa portuguesa, acrescentando que, “quando uma emitente não cumpre esses deveres de informação, é avisada, e, caso não corrija, é colocada no penalty bench para que os investidores percebam que a empresa não está a prestar a informação a que é obrigada, havendo um acesso limitado à informação financeira da empresa”, o que aconteceu com a Reditus em 2021.

Três anos após estar “sob aviso” da Euronext e sem regularizar a situação, a Euronext decidiu avançar com a penalização mais grave: a exclusão. Esta decisão foi comunicada à empresa a 11 de julho e efetivada esta segunda-feira, dia 16 de setembro. Os títulos transacionaram no mercado de capitais pela última vez na passada sexta. A empresa abandona o mercado a valer 3,6 cêntimos por ação.

Questionada pelo ECO sobre a decisão da Euronext, a empresa apenas adiantou que “a exclusão de Bolsa das ações da Reditus é uma decisão da Euronext, sobre a qual a Reditus não faz comentários.” “De qualquer forma, a Reditus não deixará de cumprir com as suas obrigações para com todas as entidades, tendo inclusivamente já comunicado em agosto, que manterá a publicação de todas as informações relevantes para os acionistas no seu website“, acrescentou a tecnológica, que prevê agora divulgar os resultados do primeiro semestre de 2023, feita a 21 de agosto.

Contrapartida? Quem paga?

Uma vez que a decisão de perda de qualidade de sociedade aberta não partiu dos acionistas da empresa, é pouco provável que haja lugar à fixação de uma contrapartida para os investidores. Quer isto dizer que quem tem ações, as mantém, podendo negociá-las fora do mercado. Contudo, poderá ser difícil aos investidores encontrar um comprador para os seus títulos, forçando-os a manterem-se acionistas de uma empresa que agora já não está cotada em bolsa.

“Há uma alteração substancial da situação jurídico-económica e que quase garantidamente provoca danos aos acionistas e deveria ser fixada uma contrapartida”, explica Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM).

Há uma alteração substancial da situação jurídico-económica e que quase garantidamente provoca danos aos acionistas (…) Gestão pode ser responsabilizada.

Octávio Viana

Presidente da ATM

Octávio Viana recorda o caso da Brisa, onde a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários fixou uma contrapartida a pagar aos acionistas, após o pedido de perda de qualidade de sociedade aberta, por parte dos maiores acionistas da concessionária.

Neste caso, ainda que admita que fizesse sentido uma decisão semelhante por parte do regulador, o representante desta associação de pequenos investidores reconhece que “não há ninguém a quem exigir essa contrapartida. Não há a quem imputar, porque a perda de qualidade de sociedade aberta não resultou de nenhuma alteração pedida pelo acionista”, ainda que “a perda de sociedade aberta representa uma perda grande para os acionistas.”

Segundo Octávio Viana, uma vez que a expulsão do mercado “resultou de um comportamento da gestão”, ao não divulgar contas e adiar sucessivamente as datas indicativas de reporte da informação financeira, os investidores podem agir judicialmente contra a gestão: “causou prejuízo aos acionistas e por isso pode ser responsabilizada, podem avançar contra a gestão.”

Para já o representante da associação de pequenos investidores diz que não há ações a serem preparadas, mas um investidor com uma posição relevante no capital está a equacionar todas as possibilidades.

Não apresentar contas durante três anos é um facto gravíssimo, ainda por cima estando cotada e disponível para os investidores comprarem.

Pedro Lino

Presidente da Optimize

Não apresentar contas durante três anos é um facto gravíssimo, ainda por cima estando cotada e disponível para os investidores comprarem“, atira Pedro Lino, presidente da Optimize. Para o mesmo responsável, “infelizmente temos mais algumas situações de empresas nestas circunstâncias no mercado secundário.”

“É um mau sinal para os investidores, que só não tem impacto pela irrelevância da empresa no mercado português”, realça, notando que “nos EUA temos empresas cotadas em mercados secundários, as pink sheets, que são empresas que também não apresentam resultados ou estão perto da falência. Mas em Portugal torna-se mais uma empresa a dar prejuízo aos investidores.”

Pedro Oliveira concorda, apontando que “as empresas cotadas em bolsa têm de cumprir com diversos requisitos e quando os mesmos não são cumpridos há decisões que têm de ser tomadas pelas entidades competentes o que terá acontecido neste caso”

Para o trader do Banco Carregosa, “a mensagem que passa para os investidores é a necessidade de transparência das empresas cotadas em bolsa, a necessidade de as regras serem cumpridas e o facto de haver entidades reguladoras que estão atentas e que se esforçam por defender essas exigências.”

A saída de bolsa da Reditus acontece algumas semanas depois de outra cotada portuguesa, a Inapa, ter entrado com um pedido de insolvência, o que levou as ações da companhia a serem colocadas num compartimento especial da bolsa para empresas em processo de insolvência, em mais um caso que deverá resultar em perdas significativas – senão totais – para os pequenos investidores.

Miguel Pais do Amaral é o maior acionista da Reditus, com 25,6% do capital da empresa. A família Moreira Rato detém 10,12% e Daniel Bernardes Oleiro possui 6,05%, sendo que quase 50% do capital estava disperso em bolsa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

WTW lança seguro cibernético para PME

  • ECO Seguros
  • 16 Setembro 2024

A cobertura do produto abrange ataques de ransomware, violação de dados online e também danos de reputação. Em caso de violação de dados online a corretora assegura serviços de mitigação de danos.

A WTW lançou um seguro de riscos cibernéticos moldado às características das pequenas e médias empresas (PME), anunciou a companhia em comunicado. O WTW Continental Europe Cyber Facility está disponível em Portugal e em mais 15 países da Europa Continental para empresas com volume de negócios anual até 500 milhões de euros.

Laure Zircry, Head of Finex Cyber na WTW para a Europa Ocidental assinala que este produto surge para reduzir a exposição das PME a riscos cibernéticos “o democratizar o acesso ao seguro de cibersegurança”.

A cobertura do novo produto abrange ataques de ransomware, violação de dados online, pirataria telefónica a danos de reputação. Em caso de violação de dados online a corretora assegura a implementação de serviços especializados de mitigação dos danos com o objetivos de garantir interrupção mínima das suas operações.

Também assegura compensação pela perda de rendimentos e tempos de inatividade operacional, bem como por perdas comerciais resultantes de perturbações nos seus parceiros ou fornecedores. Garante a cobertura de ransomware e recuperação de dados perdidos ou corrompidos (quando legalmente segurável), segundo o site da empresa.

O novo produto surgiu para responder à forte lacuna de proteção das PME a riscos cibernéticos ao “democratizar o acesso ao seguro de cibersegurança”, assinalou a Head of Finex Cyber na WTW para a Europa Ocidental. Segundo Laure Zircry “o panorama das ciberameaças está a evoluir a um ritmo sem precedentes, representando um risco significativo para as empresas, especialmente para as PME, que muitas vezes não dispõem dos recursos necessários para implementar defesas de cibersegurança adequadas e abrangentes”. “Esta nova solução da WTW responde ao nosso compromisso de capacitar as organizações PME de toda a região, permitindo-lhes prosperar num mercado cada vez mais digital. Ao democratizar o acesso ao seguro de cibersegurança de alta qualidade, não estamos apenas a proteger as empresas, estamos também a promover um ecossistema digital seguro onde a inovação e o crescimento podem florescer.”, acrescentou.

Para a aceitação do risco, a corretora recolhe resposta de 6 a 8 perguntas para entregar a proposta de plano automaticamente. O produto inclui o acesso direto a serviços de prevenção da seguradora, sem custos adicionais como: serviços de análise de planos de resposta a incidentes, discussão sobre gestão de riscos e um portal de gestão de riscos dedicado.

Também podem ser fornecidos serviços adicionais (sujeitos ao limite do prémio), como uma chamada de integração de uma hora, avaliação proactiva da segurança do O365, campanhas de simulação de phishing, chaves de autenticação multifactor (MFA) resistentes a phishing.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Insurance Europe lança criticas à revisão de Solvência II

  • ECO Seguros
  • 16 Setembro 2024

"A atual revisão do solvência II constitui uma oportunidade privilegiada para reforçar a capacidade de investimento do setor e assegurar a sua competitividade global"

A Insurance Europe condena a revisão nível 1 do Solvência II por trazer mais requisitos operacionais e de informação para a maioria das seguradoras europeias e por acrescentar novos níveis de requisitos financeiros, anunciou a associação das seguradoras europeias esta segunda-feira.

Para a associação, o aumento de requisitos operacionais “contraria o objetivo de garantir que a UE continue a ser competitiva a nível mundial”. Adicionalmente relembra que a redução dos encargos administrativos era um objetivo partilhado ente o setor, Comissão, Conselho e Parlamento Europeu.

Além de acrescentar novos requisitos, como planos de gestão de risco de liquidez a curto prazo e planos de risco de sustentabilidade, “a revisão pouco fez para ajudar a reduzir a massa de requisitos regulamentares que as seguradoras enfrentam.”

Segundo a Insurance Europe, “a atual revisão do Solvência II constitui uma oportunidade privilegiada para reforçar a capacidade de investimento do setor e assegurar a sua competitividade global, mantendo simultaneamente um elevado nível de proteção dos tomadores de seguros”. Uma vez que considera que a solvência II da UE ser um dos regimes prudenciais mais conversadores a nível global e “tem um impacto importante na capacidade do setor para cobrir riscos, na sua capacidade para oferecer produtos e no nível e tipo de investimentos que as seguradoras fazem.”.

A associação dirigiu um apelo aos Estados-Membros da UE. Quer que assegurem que revisão de nível 2 “reflita plenamente o acordo político entre os co-legisladores da UE”, nomeadamente, referente ao melhoramento de tratamento das atividades a longo prazo por criar potencia para melhorar os domínios de capital e volatilidade.

Relembrou ainda que a “a Comissão Europeia deve manter o seu compromisso de simplificar e reduzir em 25% os encargos com a apresentação de relatórios.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bain Capital pondera venda da britânica esure

  • ECO Seguros
  • 16 Setembro 2024

A Ageas é uma das potenciais interessadas. Já revelou o seu interesse em expandir-se nos ramos Não Vida no Reino Unido e o uso da mesma plataforma tecnológica aumenta a atratividade de esure.

A empresa gestora de fundos de investimento Bain Capital está a ponderar a venda da seguradora britânica de automóveis e habitação esure. Segundo três fontes consultadas pela Reuters, a empresa já reuniu com consultoras, entre eles a Fenchurch.

De acordo com a Reuters, a esure poderá valer pelo menos mil milhões de libras com base nas melhorias das perspetivas de lucro da empresa. A companhia foi adquirida pela gestora em 2018 por 1,21 mil milhões de libras, aquisição celebrada pelo seu fundador – que também é fundador da Direct Line – Peter Wood.

As negociações para a venda surgem após as seguradoras revelarem ter dificuldades na lucratividade nos seguros automóvel e habitação pelo aumento dos preços das reparações enquanto prémios que não acompanharam a inflação.

No entanto, a Esure seguiu em contraciclo este ano: registou um aumento de 17% no volume de negócios no primeiro semestre de 2024 e afirmou ter concluído a modernização da sua tecnologia. Já no ano passado, a empresa registou um prejuízo comercial de 16,7 milhões de libras.

A Ageas é uma das potenciais interessadas. Já revelou o seu interesse em expandir-se nos ramos Não Vida no Reino Unido e o facto de utilizarem a mesma plataforma tecnológica, EIS, torna a esure mais atrativa.

Além disso, a belga já abandonou a intenção de adquirir a rival da esure, Direct Line, revelou fonte à agência de comunicação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rega Energy pretende construir fábrica de produção de hidrogénio verde na Marinha Grande

  • Lusa
  • 16 Setembro 2024

O projeto irá contribuir para que as empresas, sobretudo, do setor vidreiro que registam grandes consumos de gás natural, possam vir a substituir este combustível fóssil por hidrogénio verde.

A Rega Energy pretende construir uma fábrica de produção de hidrogénio verde no concelho da Marinha Grande, tendo apresentado esta segunda-feira o Projeto Nazaré Green Hydrogen Valley, que prevê a descarbonização das indústrias consumidoras de gás natural.

A ser instalado na zona industrial Casal da Lebre, o projeto irá contribuir para que as empresas, sobretudo, do setor vidreiro que registam grandes consumos de gás natural, possam vir a substituir este combustível fóssil por hidrogénio verde a ser produzido na Marinha Grande, no distrito de Leiria.

“Temos prevista a construção de uma fábrica de produção de hidrogénio verde e para o fornecimento, através do pipeline, de hidrogénio verde às indústrias do parque industrial da Marinha Grande, que são as três indústrias do vidro e, eventualmente, a indústria do cimento que está fora desse parque industrial, mas está no ciclo de Leiria”, explicou à agência Lusa o responsável comercial da Rega Energy, João Rosa Santos.

Segundo explicou, “o pipeline de hidrogénio irá até cada uma dessas unidades industriais”, através de tubagens idênticas às do gás, sem impacto ambiental, ao longo de cerca de 12 quilómetros. João Rosa Santos adiantou que o estudo de impacto ambiental já foi efetuado e submetido à Agência Portuguesa do Ambiente, que terá de dar o seu parecer, mas “não foram identificados quaisquer tipos de impactos negativos”.

Admitindo que a redução de C02, será “só uma pequena parte”, porque as empresas vão continuar a consumir gás natural fóssil, aquele responsável destaca a importância de se verificar sempre uma redução de um gás com efeito de estufa. A construção da fábrica para a produção de hidrogénio verde não necessitará de instalação de painéis solares, uma vez que uma normativa europeia “permite que até 2028 este tipo de instalações possam ser ligadas a parques renováveis de produção de energia verde solar fotovoltaico e eólico já existentes”.

Assim, a produção de hidrogénio verde utiliza fontes renováveis e eletricidade, e a água que se utiliza “provém da estação de tratamento de águas residuais da própria zona industrial”, posteriormente tratada. “Aquilo que estamos a fazer é negociar com os proprietários de parques solares e eólicos já existentes e compramos a eles a energia”, acrescentou.

João Rosa Santos não esconde que o hidrogénio verde é “uma energia cara”, mais do que o gás natural, “que é mais barato porque cada vez há mais jazidas de gás natural fóssil no mundo, o que diminui o seu preço”. “Mas a transição energética tem um custo. É um caminho que obviamente implica um grande investimento por parte das empresas, que estão absolutamente empenhadas em progressivamente substituir os seus consumos de energia fóssil por energia verde”, reforçou o responsável comercial.

Além disso, afirmou que “existe uma pressão regulatória para atingir metas de descarbonização muito exigentes em 2030, 2040 e 2050, a caminho do carbono zero”, sob pena de serem penalizadas com pagamento das licenças de emissão de C02.

João Rosa Santos considerou ainda que este “ecossistema é favorável para [empresas] terem todas as condições para continuarem a desenvolver a sua produção”, porque esta transição é “um grande dinamizador e fixador do emprego existente e, sobretudo, de atração de investimento estrangeiro, que queira fixar-se na região”. O objetivo da Rega Energy é estar a “fornecer a primeira molécula” na Marinha Grande em 2027.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.