Fumo negro no Vaticano. Ainda não foi eleito o novo Papa

Os cardeais não conseguiram eleger o novo Papa durante o primeiro dia do conclave. Para ser eleito, um cardeal tem de obter dois terços de 133 votos.

Foi negro o fumo que saiu da chaminé da Capela Sistina esta quarta-feira, o que significa que os 133 cardeais reunidos em assembleia (conclave) não atribuíram pelo menos dois terços dos votos a um determinado cardeal para o eleger como novo Papa. A divulgação do resultado da votação demorou bastante mais do que o previsto: em vez de ter ocorrido às 18h00, como era esperado, o fumo negro só foi visto duas horas depois.

Recorde-se que após as votações os boletins são queimados e que, por cada votação falhada, é libertado fumo negro da Capela Sistina. Quando o próximo Papa for eleito com sucesso, sairá fumo branco.

A votação para o novo pontífice é feita por voto secreto e tem lugar num máximo de quatro rondas por dia até que um nome obtenha dois terços dos votos. Se não houver uma decisão após 33 rondas de votação, os dois candidatos mais votados na última ronda enfrentam-se numa segunda volta.

Para conseguir uma vitória, um dos cardeais terá de obter 89 dos 133 votos do colégio eleitoral e serão feitas, a partir de quinta-feira, quatro votações diárias, duas durante a manhã e duas durante a tarde.

Durante o período da votação, os cardeais estão impedidos de ter contactos com pessoas externas ao Vaticano, o que também inclui não poderem usar o telemóvel ou ler jornais para evitar que a escolha seja influenciada.

Participam da votação quatro cardeais portugueses, António Marto (bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima), Américo Aguiar (bispo de Setúbal e principal responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude, em 2023, em Lisboa), Tolentino Mendonça (prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé) e Manuel Clemente (patriarca emérito de Lisboa).

Em 13 de março de 2013, o fumo branco saiu da chaminé naquela que foi a quinta votação do Conclave e o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi apresentado ao mundo como Papa Francisco na galeria da Basílica de São Pedro. Francisco faleceu a 21 de abril.

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ECO da campanha. AD e PS pedem a mão aos pensionistas no dia em que o Conclave roubou os diretos

O fantasma da troika sobre os reformados voltou a ensombrar a campanha com Montenegro e Pedro Nuno a disputar este eleitorado. À direita, a IL namora, mas ainda não diz se quer casar com a AD.

Luís Montenegro, líder do PSD, em campanha no mercado do Livramento, em Setúbal

No dia seguinte ao aparecimento de Pedro Passos Coelho, as caravanas pareciam estar a ressacar das memórias do apertar do cinto imposto pela troika. O líder do PS, Pedro Nuno Santos deu gás ao fantasma do corte das pensões, enquanto Luís Montenegro tentou descolar e pediu confiança. Os dois cruzaram-se em Évora e o socialista até gracejou: “Medo é uma coisa que não me assiste”.

Nas televisões, a campanha sentiu um ‘apagão’ com os diretos do arranque do Conclave em Roma, e da cor do fumo da chaminé do Vaticano, a dominar os pequenos ecrãs. Uma concorrência que os partidos vão sentir nos próximos dias até à escolha de um novo Papa.

A greve da CP, que paralisou todos os comboios, contaminou a campanha, com o líder do Chega, André Ventura, a admitir que a privatização pode ser uma solução. Para o PCP, a culpa é do Governo, atirou o secretário-geral comunista, Paulo Raimundo. Mas o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, criticou a “greve política” e voltou a insistir que tudo foi feito dentro dos limites de um Executivo em gestão.

O caos no SNS esteve novamente em foco. Numa visita ao Hospital da Misericórdia de Vila Verde, o líder da IL defendeu a importância do setor social e privado, concluindo que o SNS não tem condições para tratar 10 milhões de portugueses. “É impossível”, admitiu, defendendo que o Estado “entre em negociações” com os privados e “angarie recursos”.

Rui Rocha recebeu um lenço dos namorados, uma tradição minhota, e foi desafiado a responder se os liberais vão mesmo dar o nó com a AD, numa coligação pós-eleitoral. “Tenho dois casamentos: um com a minha mulher, a quem já entreguei em devido em tempo um lenço, e um com os portugueses. Neste caso, com a comunidade do distrito de Braga. O meu casamento concretiza-se aqui, onde sou cabeça de lista”, desviou.

Mas ao longo do dia foi mencionando os ministérios que gostaria de tutelar, como Educação ou a Modernização Administrativa, mas depois recuou: “Eu prefiro todas [as pastas], não me faça escolher, quero todas as pastas do Governo. Formo-lhe um Governo já aqui!”.

 

Rui Rocha, líder da IL, de visita ao Hospital da Misericórdia de Vila Verde, recebeu como presente o lenço dos namorados, uma tradição minhota

Rui Tavares, do Livre, visitou o Hospital de Vila Nova de Gaia, para defender regras idênticas entre o público e o privado. “O SNS está a lutar com armas desiguais. A lei de bases da saúde diz uma coisa, que é a complementaridade, a realidade de todos os dias diz-nos outra coisa, que é a concorrência feroz com os privados e uma concorrência desleal por parte dos privados ao SNS”, criticou.

E, ao contrário dos Liberais, o porta-voz do Livre considerou que “os problemas do SNS têm tratamento, têm cura”, acenando com uma das suas propostas, o Regressar Saúde, para trazer médicos portugueses que emigraram.

Rui Tavares, fundador do Livre, de visita ao Hospital de Vila Nova de Gaia

Ao quarto dia de campanha para as legislativas antecipadas de 18 de maio, a caravana bloquista foi até Almeirim, no distrito de Santarém, para mostrar solidariedade com uma concentração de dezenas de trabalhadores da Sumol/Compal que esta quarta-feira estão em greve.

“Quero falar a quem trabalha. Quem trabalha é a maioria do país. E, estranhamente, a política faz-se para uma minoria. Nós queremos acabar com isso. Nós queremos que a política se faça para a maioria”, afirmou Mariana Mortágua. E, a este respeito, salientou que “a família que é dona” da empresa que detém a Sumol e Compal “está na lista dos 50 mais ricos do país”, em contraste com estes trabalhadores que “representam a maioria das pessoas do país”.

Mariana Mortágua, coordenadora do BE, participou numa ação de protesto, no âmbito da greve dos trabalhadores da Sumol+Compal, em Almeirim

Tema quente

Fantasma da troika ensombra pensionistas. Montenegro pede confiança e Pedro Nuno dá um pé de dança

A presença de Passos Coelho no dia anterior continuou a ecoar na campanha, numa altura em Pedro Nuno Santos insiste na ideia de que a AD quer privatizar a Segurança Social. Os dois rivais pediram a mão aos pensionistas num ombro a ombro, com Montenegro a pedir confiança e o líder do PS a dar um pezinho de dança.

Numa visita ao mercado do Livramento, em Setúbal, o presidente do PSD teve de ouvir queixas de reformados sobre os tempos de austeridade e os cortes que sofreram nas pensões aos comandos do Governo da PàF, liderado por Pedro Passos Coelho.

Montenegro acabou por reconhecer que o fantasma do período da troika ainda está presente para alguns, mas esforçou-se por voltar a explicar tudo aquilo que o seu Governo já fez para se “reconciliar” com os pensionistas. “Compreendo que as pessoas que há uns anos por razão da situação económica do país viveram tempos de inquietação precisem de uma palavra segura. Modéstia à parte, posso dizer às pessoas para acreditarem. Estamos a concretizar aquilo que prometemos”, afirmou.

E continuou: “Estamos noutra fase. As pessoas já perceberam que a nossa palavra tem muito valor e que somos de confiança. Os pensionistas e reformados sabem muito bem com o que podem contar da nossa parte”, rematou.

No contra-ataque, Pedro Nuno Santos voltou a acusar Montenegro de “não conhecer a realidade” dos mais velhos. O líder do PS aproveitou uma visita à Associação dos Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho de Faro para tentar desequilibrar um braço de ferro. Na pista de baile, dançou com várias associadas, ao som do acordeão, para “sinalizar” a boa relação dos socialistas com os pensionistas.

“As relações de confiança com os mais velhos não se constroem nem num mês, nem numa semana, nem num ano, são de anos”, repetiu garantindo que o PS tem “essa relação de confiança com os mais velhos”.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, de visita à Associação dos Reformados, Pensionistas e Idosos do Concelho de Faro

A figura

Cristina Rodrigues

O julgamento da deputada do Chega e ex-parlamantar do PAN, Cristina Rodrigues, estava para arrancar esta quarta-feira, em plena campanha eleitoral, mas acabou por ser adiado para 12 de junho, pelas 9h30, com declarações das arguidas e a audição de duas testemunhas da acusação. Em causa está um processo, em que é acusada pelo “apagão informático” no PAN em 2020, quando foram eliminados emails de dirigentes do partido.

A decisão foi tomada, esta quarta-feira, pela juíza, em acordo com as defesas, no processo que corre no Juízo Local Criminal de Lisboa, no Campus de Justiça, em Lisboa.

No despacho de acusação, de 2022, a que a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público (MP) classificou como “muito elevada” a “ilicitude da conduta” de Cristina Rodrigues, embora considere que não lhe deve ser aplicada pena superior a cinco anos, atendendo a que não tem antecedentes criminais.

Cristina Rodrigues, que agora é deputada do Chega na Assembleia da República e que se recandidata pelo partido nas listas do Porto, é acusada de um “crime de dano relativo a programas ou outros dados informático”, em coautoria com a ex-funcionária do PAN Sara Fernandes, e de um “crime de acesso ilegítimo” aos ficheiros informáticos do partido.

Cristina Rodrigues, deputada do Chega e ex-parlamentar do PANLusa

A frase

"Tenho dois casamentos: um com a minha mulher, a quem já entreguei em devido em tempo um lenço, e um com os portugueses. Neste caso com a comunidade do distrito de Braga. O meu casamento concretiza-se aqui, onde sou cabeça de lista.”

Rui Rocha

Presidente da IL

A surpresa

Ciganos fazem uma espera a Ventura e acusam os militantes do Chega de “fascistas, racistas”

A comitiva do Chega foi surpreendida em Aveiro por um pequeno protesto de pessoas da comunidade cigana, que acusaram André Ventura de “alimentar o ódio” e que gritavam: “Fascistas, racistas”.

“Nós somos portugueses. A única coisa que nós, comunidade cigana de Portugal, queremos, é que se acabe de alimentar o ódio contra a etnia cigana, porque os nossos filhos vão viver tempos piores do que aquilo que nós estamos a viver”, afirmou aos jornalistas Belarmina Fernandes, que trabalha na formação de pessoas ciganas em Aveiro e que disse que a manifestação surgiu de forma espontânea, num intervalo do trabalho.

André Ventura reagiu no momento, dirigindo-se diretamente a quem ali estava. “Não é racismo nem fascismo, é terem todos de trabalhar, como toda a gente. É só isso. Trabalhar e cumprir as mesmas regras.” Assumiu ainda que lhe custa quando o chamam de fascista, frisando que “não é verdade” e que “é a vitimização da comunidade cigana para poder atacar o Chega”.

“A etnia cigana tem de cumprir as regras que todos cumprem. Há uns que trabalham, uma maioria que não trabalha, fazem as mulheres casar aos 13 anos, vivem num estado de desagregação face à regra geral da comunidade absurda. Não sou eu que sou fascista, são eles que querem regras à parte em Portugal”, justifica.

André Ventura, líder do Chega, numa arruada em Aveiro

 

Prova dos 9

"Todas as consequências negativas que [a greve] tem na vida das pessoas, na movimentação, na mobilidade, tudo isso é da única responsabilidade do Governo do ministro das Infraestruturas que, em vez de virar utentes contra trabalhadores, aquilo que devia fazer hoje, e que não fez ontem nem anteontem nem no outro dia e neste ano todo, é resolver os problemas de quem trabalha na CP.”

Paulo Raimundo

Secretário-geral do PCP

Em dia de greve da CP, sem serviços mínimos decretados, todos os comboios do país pararam, impedindo muitos portugueses de se deslocarem ao trabalho. Para o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, o Governo é “único responsável”. Será mesmo assim?

“Tudo o que está a acontecer, as consequências negativas que estão a acontecer são da única responsabilidade do Governo e o ministro das Infraestruturas em vez de perder tempo em campanha eleitoral e em vez de virar utentes contra trabalhadores aquilo que devia fazer, que não fez ontem nem anteontem nem no outro dia e neste ano todo, é resolver os problemas de quem trabalha na CP, porque resolvendo os problemas de quem trabalha na CP, está a resolver os problemas da CP e dos utentes”, afirmou, durante uma ação de rua em Matosinhos.

No entanto, o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto de Luz, já esclareceu que o Governo, estando em gestão, fez todos os esforços, dentro dos seus limites, para evitar a paralisação. “O Governo negociou quando teve de negociar, com abertura total, indo ao limite do que a lei permitia para um Governo em gestão, e não quiseram”, indicou esta quarta-feira.

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, numa ação de campanha em Matosinhos

Miguel Pinto Luz argumentou que existe um acordo entre os sindicatos e a administração da CP, mas que não pode ser executado por o Governo se encontrar em gestão. “O acordo estava estabelecido, o Governo não o pode executar por uma questão puramente legal, pela circunstância de ser um Governo de gestão”, afirmou.

O governante atribui a paralisação à proximidade das eleições legislativas, considerando tratar-se de uma “greve política”. “Conseguiram parar o país por interesse político. E tem a ver com o timing que estamos a viver, de eleições”, disse.

Na véspera da greve, Pinto Luz deu uma conferência, explicando que “o Governo fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar a greve”. “Este Governo é surpreendido pelas maiores greves desde que tomamos posse, greves marcadas com um Governo em gestão, em campanha eleitoral, greves vazias de objetivos. Fizemos uma última tentativa para parar esta greve com um aumento de 5,75 milhões de euros da massa salarial com uma reestruturação extraordinária das carreiras, o máximo que nesta situação de Governo em gestão nos é permitido”, sustentou.

A CP também já tinha emitido a seguinte nota: “Uma vez que as soluções implicam um aumento da massa salarial global superior a 4,7%, e que ultrapassam o limite estabelecido pelo Despacho n.º 1103-B/2025, do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, qualquer decisão que ultrapasse esse limite, necessita de autorização tutelar, que neste momento não é possível conceder devido à atual situação de Governo em gestão”.

Neste sentido, a afirmação do PCP está parcialmente incorreta, uma vez que o atual Executivo se encontra limitado nos seus poderes. No entanto, as reivindicações dos trabalhadores já poderiam ter sido atendidas há mais tempo, quando o Governo estava em plenitude de funções.

Conclusão: parcialmente incorreto.

Norte-Sul

A campanha da AD começou, esta quarta-feira, no Mercado do Livramento, em Setúbal. Depois Luís Montenegro almoçou na União Mutualista Nossa Senhora da Conceição, no Montijo, e terminou o dia em Évora, precisamente à mesma hora em que passou a caravana do PS.

Mas antes de ter ido para o Alentejo, Pedro Nuno Santos visitou, de manhã, o mercado semanal da Quarteira, almoçou em Olhão e visitou uma IPSS em Faro. Terminou a campanha com comícios em Évora e Portalegre.

O PAN andou entre Montijo e Lisboa e o Bloco entre Alpiarça, acompanhando a greve na Sumol+Compal, e ações em Leiria.

Os restantes partidos com representação parlamentar rumaram a Norte. Rui Rocha (IL) esteve no seu círculo eleitoral, Braga, terminando num convívio com jovens estudantes. É também na cidade dos Arcebispos que Rui Tavares, do Livre, fecha o dia, depois de ter visitado o Hospital de Gaia e a feira dos Carvalhos, no mesmo concelho.

O comunista Paulo Raimundo realizou uma ação de contacto com a população em Matosinhos. A caravana passou também por Gondomar e finalizou com comícios em Gaia e Espinho.

Na quinta-feira, 8 de maio, a caravana de Luís Montenegro ‘desperta’ na Figueira da Foz e depois ruma para a baixa de Coimbra para uma ação de contacto com a população. Da parte da tarde, estaciona em Fátima e fecha o dia com um comício em Santarém.

Mais no interior, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, participa numa ação de rua na Covilhã e encerra o dia com um comício em Castelo Branco.

O Chega promove uma arruada em Braga e, no final do dia, André Ventura janta na Quinta da Granja, em Guimarães. No mesmo distrito, também vai andar a caravana do Livre. Rui Tavares visita a feira de Barcelos e deve fechar o dia em Lisboa com um evento dedicado à cultura.

Ao quinto dia de campanha, IL e BE elegem Coimbra para cativar o eleitorado. Depois de um passeio de barco com partida no porto de pesca da Póvoa de Varzim e de uma visita à fábrica Lactogal, em Vila do Conde, o líder dos Liberais, Rui Rocha, termina com uma ação de rua com jovens na cidade dos estudantes. A coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, estará o dia todo em Coimbra.

A líder do PAN, Inês de Sousa Real, fica pela região de Lisboa, onde visita a feira de Carcavelos e a Quinta dos Ingleses. E a caravana da CDU ruma a sul. Depois de um almoço em Beja, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, termina a ação de campanha com um comício em Faro.

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Como pode a banca amortecer o efeito do furacão Trump sobre as empresas

A incerteza económica é cada vez mais intensa e as empresas estão a ser forçadas a um esforço acrescido de permanente adaptação. Como pode o setor bancário ajudar a navegar estas águas?

Donald Trump está há pouco mais de 100 dias na Casa Branca, mas este período foi o suficiente para atirar o comércio mundial para uma espiral de barreiras, conflitos e muita incerteza. Neste contexto, como pode a banca servir de efeito estabilizador para as empresas portuguesas, expostas ao mercado internacional? Este foi um dos temas fortes do painel A Banca, o Risco e a Economia, na conferência Banking on Change, organizada pelo ECO e pela KPMG.

À conversa, dois banqueiros e um empresário: Miguel Maya, CEO do Millennium BCP; Gonçalo Regalado, Presidente do Banco Português de Fomento; e Filipe de Botton, chairman da Logoplaste. E Botton desenhou logo o cenário-base, carregado de incerteza: “Acho que nós neste momento já estamos num mundo novo, este tema da imprevisibilidade, do sobe e desce, das curvas, que todos nós conhecemos e que sempre nos habituámos a viver nelas, mas dentro de umas regras que existiam, bem ou mal, do mundo global que existia, bem ou mal”. E agora, o panorama é outro.

“O mundo onde nós estávamos até há 100 poucos dias atrás é um mundo que desabou. Todos nós, toda a cadeia de valor está nesse novo mundo e nós não conhecemos as regras deste novo mundo. Não conhecemos, eu não conheço minimamente, pela imprevisibilidade, não é das regras, é pela inexistência de regras é não perceber quais são as regras”, afirmou o empresário.

A Logoplaste está em 16 países e tem os Estados Unidos como um dos mercados mais importante, e Filipe de Botton tem elementos que servem quase de indicador avançado dos efeitos desta incerteza. “As consequências estão a ser gravíssimas para as empresas, pelo que está a suceder. O que nós vemos hoje em dia, globalmente, nos países onde nós estamos, é o consumo a abrandar”.

E sustenta: “Isto tem consequências fortes, nós vemos que a maioria das grandes empresas neste momento não estão a investir, isto vai ter consequências também no setor bancário, isto é tudo transversal”.

Miguel Maya reconhece os riscos, mas passa uma mensagem de alguma tranquilidade. “A banca hoje está numa posição completamente diferente, quer do ponto de vista do capital, quer do ponto de vista da liquidez, quer do ponto de vista da qualidade do balanço e, sobretudo, com a clara consciência que o futuro da banca depende do futuro dos seus clientes”, começou por afirmar, admitindo que “hoje há um alinhamento muito, muito forte entre aquilo que é a economia real e a economia financeira”.

O CEO do BCP não restringe o tema dos riscos à liderança de Trump, situando o cenário de instabilidade num período mais longo. “O anormal é ter períodos de grande previsibilidade. Nos últimos 15 anos, voltamos a viver com muito menos referências, quer dizer, com muito mais incerteza. E as organizações, quer do ponto de vista dos empresários, quer do ponto de vista das instituições financeiras, prepararam-se para isso.

Portanto, isto não é uma novidade para nós. Uma pandemia é uma novidade, é uma coisa que estava, de facto, completamente fora dos nossos horizontes. A economia ter ciclos não é novidade nenhuma, é absolutamente normal”, desdramatizou o banqueiro. E atira para o papel que a banca pode ter como amortecedor dos choques.

E isso implica perceber “o que temos que fazer – uma vez que temos os meios e as capacidades – para que os clientes sintam a confiança necessária para poderem continuar a olhar para as oportunidades e investirem nos momentos em que devem investir”. Até porque, lembra Maya, há oportunidades.

“Não é quando a economia está a crescer e tudo está a correr bem que as empresas que conseguiram criar vantagens competitivas se afirmaram. As empresas que conseguiram criar vantagens competitivas afirmam-se em contexto de maior instabilidade.

Portanto, o Banco, nomeadamente o Banco Comercial Português, está muitíssimo bem preparado para poder apoiar os empresários numa fase que exige muito sangue frio, muita capacidade de analisar os riscos e, portanto, ter resiliência para enfrentar a adversidade e, simultaneamente, ter o conhecimento e a capacidade e o suporte financeiro para poder aproveitar as oportunidades com que se vão deparando”.

Gonçalo Regalado chegou há pouco tempo à liderança do Banco Português de Fomento e grande parte desse período coincidiu com a influência de Donald Trump sobre a economia mundial.

“Nós só temos mais de 20 dias de mandato antes do Presidente Trump, preparámos o banco em 20 dias porque os outros 100 são cumulativos. E tem sido bastante desafiante, porque quando nós entrámos, estávamos a estruturar um banco para tratar em momentos normais, num ano com otimismo positivo, com empresários convictos de que o investimento era a chave do crescimento e do desenvolvimento, com exportações com bom outlook, e portanto tínhamos um ano muito positivo”, explicou.

“Os dois grandes valores, os valores essenciais que fazem a atividade em banca, primeiro comercial e depois banca soberana, de uma forma estável funcionar, são a confiança e a previsibilidade. E naquilo que é um parceiro basicamente de décadas, quase uma centena de anos estável, nós recebemos efetivamente uma enormíssima instabilidade, um choque de instabilidade”, salientou Gonçalo Regalado. E o fenómeno, diz, está longe de ser exclusivo de Portugal: “Quando falamos com os nossos colegas nas outras geografias e mesmo com a Comissão Europeia, percebemos que ainda estamos todos a perceber e a encontrar o melhor modelo de reagir”.

Relembrando a importância dos EUA como destino de exportações portuguesas, Regalado chama a atenção para um fator específico: “Os Estados Unidos são o país que paga melhor os nossos produtos e melhor os nossos serviços. Portanto, o impacto na margem pode ser até três vezes o impacto no PIB”, ilustrou. Ou seja, não é apenas uma questão de volume mas também, e sobretudo, de rentabilidade.

“Aquilo que é o nosso trabalho agora é preparar a economia portuguesa e os empresários portugueses para estes impactos. Esse trabalho é feito primeiro ao nível europeu, a gestão das tarifas e a gestão desta regulamentação, e tem sido, na minha opinião, bem feita e prudente. E o nosso trabalho é criar condições de liquidez para que as empresas portuguesas estejam preparadas para ter a liquidez necessária, não só em fundo de maneio, como em investimento, para avançar nesta dimensão”, explicou o líder do Banco Português de Fomento.

E a resposta, para já, tem sido positiva, diz o banqueiro. “Aquilo que nós estamos a sentir é um sentimento positivo. Nós já tínhamos percebido que a Banca Soberana e o Banco de Fomento é tão mais forte quanto maior a incerteza. Foi assim no Covid”, com a necessidade de mobilizar rapidamente apoios públicos às empresas, lembrou.

Para esse apoio, agora, estão no terreno e em preparação linhas de crédito, garantias e outros instrumentos, que permitam mitigar este período de indefinição. “O nosso grande trabalho no Banco de Fomento é criar as condições de liquidez para que as empresas e os bancos estejam confortáveis com as garantias para que, na verdade, não falte nem segurança, nem estabilidade naquilo que é o acesso ao financiamento”.

A relação com as empresas

Filipe de Botton lamentou algumas dificuldades de ligação entre os bancos e as empresas, nomeadamente as PME. E admitiu que isso acontece muitas vezes devido à falta de capitais próprios das empresas – que os bancos tendem a exigir – e a alguma falta de literacia financeira e de informação fidedigna que as empresas possam disponibilizar às instituições financeiras e que servem de base às decisões de crédito.

Já no que toca às grandes empresas, alerta para o que considera ser alguma incapacidade dos bancos nacionais em financiarem operações de grupos portugueses com muitas unidades no estrangeiro, e que acabam por recorrer a bancos internacionais. A forma de compensar alguns destes fenómenos é a própria relação de muito longo prazo entre empresas e bancos, e que não se esgota no crédito.

“O que nós queremos é um alinhamento e um conhecimento, porque a melhor forma de garantir que as coisas vão correr bem é pensar que o banco não é apenas um fornecedor de dinheiro, é um fornecedor também de know-how, que vai fazer uma análise que está a pôr em risco o dinheiro dos seus depositantes e que, portanto, tem que ter a capacidade de fazer uma análise correta e profunda do investimento”, afirma Miguel Maya.

Já Regalado diz que essa aproximação passa por tornar os bancos, nomeadamente o que dirige, mais proativos e não estarem apenas à espera que as empresas os desafiem.

Novas formas de financiamento

O mundo está cada vez mais fragmentado e também o segmento de financiamento, uma vez que os bancos e o mercado de capitais já não são os únicos caminhos. Filipe de Botton admite que há instituições que se dedicam a financiamento de formatos mais híbridos e que tendem a ter uma postura de risco mais agressiva e, como tal, a apoiar projetos com mais potencial.

Já Miguel Maya considera que os bancos continuam a ter vantagens e continuarão a ser interlocutores privilegiados e de longo prazo das empresas, mas pede que, com o mercado de financiamento a ficar ainda mais concorrencial, que haja um “level playing field” em termos de regulação, que não penalize os bancos. E no que toca à relação entre os bancos comerciais e o “renovado” Banco de Fomento, a tónica foi colocada na colaboração entre os vários agentes.

“O nosso trabalho é, em parceria, não há nenhuma competitividade, é parceria, estarmos ao lado, par a par com os bancos comerciais todos, os que estão em mercado, os que vão para o mercado, os que são incumbentes, os que vão ser criados, todos, para que toda a gente possa sentir, na verdade, a mesma utilidade no Banco de Fomento que tem hoje o Banco Europeu de Investimento ou o Fundo Europeu de Investimento em Portugal”, defendeu Gonçalo Regalado.

No que toca aos desafios sobre a economia em geral, Botton lamentou a fragmentação europeia, um continente que não tem um rumo nem uma voz única. Focou ainda os temas da burocracia, algo no qual foi acompanhado por Regalado, que acrescentou ainda o tema da regulação excessiva e assimétrica.

“O nosso maior risco é a inação, é ficarmos à espera, é o achar que alguém tem que resolver os problemas por nós. É não sermos nós… a ser donos do nosso próprio futuro e, portanto, ficarmos à espera que alguém resolva, que nos dê as referências, que nos diga que temos que andar num determinado sentido”, conclui Miguel Maya.

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Interesse nos debates para as legislativas caiu face a 2024

  • Lusa
  • 7 Maio 2025

Enquanto no ano passado houve quatro debates com uma audiência média superior a um milhão de telespetadores, em 2025 foram apenas dois os debates que ficaram acima dessa fasquia.

O interesse nos debates para as eleições de 18 de maio foi inferior ao registado no ano passado, quando também se realizaram legislativas, segundo uma análise da Universal McCann, agência de meios do grupo Mediabrands.

“Analisando de forma global e com os 30 debates já realizados, é possível observar uma diminuição do interesse dos portugueses nos debates face aos debates de 2024″, afirmou a agência, em comunicado, salientando que os líderes dos partidos são os mesmos de 2024.

Enquanto no ano passado houve quatro debates com uma audiência média superior a um milhão de telespetadores, em 2025 foram apenas dois os debates que ficaram acima dessa fasquia: o confronto entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, transmitido em simultâneo nos três canais (RTP1, SIC e TVI) e o frente a frente entre André Ventura e Luís Montenegro.

Os debates transmitidos em canal aberto “despertaram menos interesse face a 2024”, nota a agência, com uma audiência média de 883 mil telespetadores que compara com 948 mil telespetadores em 2024, e o mesmo se verificou junto dos canais de informação, que agregaram 114 mil telespetadores, contra 134 mil em 2024.

Por outro lado, o último debate, entre todos os partidos sem assento parlamentar, foi o debate menos visto em canal aberto, mas registou uma maior audiência média do que em 2024 (396 mil telespetadores vs. 366 mil telespetadores em 2024).

Na análise da Universal McCann foi também possível concluir que, excluindo o debate entre PS e AD, que teve transmissão em simultâneo no vários canais, “a SIC transmitiu os dois debates mais vistos”, o confronto entre Chega e AD e o frente a frente entre Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua.

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Rebeca Venâncio assume comunicação do Grupo Brisa

  • + M
  • 7 Maio 2025

Franco Caruso, até aqui diretor de sustentabilidade e comunicação do Grupo Brisa, passa a diretor de sustentabilidade e comunidades.

Vinda da Microsoft, onde estava desde 2021, Rebeca Venâncio assume agora a direção de comunicação e public affairs do Grupo Brisa. Vai liderar uma “equipa multidisciplinar focada na comunicação interna, externa e relações institucionais”.

“É com muito orgulho e enorme expectativa que assumo esta nova função, num Grupo com mais de 50 anos de história e um inquestionável legado em Portugal. Era um objetivo profissional integrar uma grande organização nacional já consolidada, mas em contínua expansão, que tivesse uma aposta clara na internacionalização e cuja atividade se centrasse também em pilares que contribuem para o desenvolvimento económico e social. O Grupo Brisa preenche todos esses requisitos e, como tal, não podia estar mais entusiasmada com este novo desafio”, diz Rebeca Venâncio, citada em comunicado.

Franco Caruso, até aqui diretor de sustentabilidade e comunicação do Grupo Brisa, assume funções como diretor de sustentabilidade e comunidades, “no âmbito do reforço do compromisso da empresa com a sustentabilidade (ESG), um vetor estratégico para o desenvolvimento e crescimento das áreas de negócio do Grupo”, adianta-se em nota de imprensa.

Na Microsoft, Rebeca Venâncio era responsável por toda a comunicação externa, interna e corporativa da subsidiária em Portugal, sendo que já antes, entre 2016 e 2019, integrara a equipa da Microsoft Portugal como PR, marketing & events manager.

Entre 2019 e 2021, liderou as áreas de comunicação e relações institucionais da Revolut em Portugal, onde contribuiu para o posicionamento e consolidação da fintech no mercado nacional. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, iniciou-se profissionalmente no jornalismo, passando por meios como a SIC, TVI ou o Diário Económico.

Segundo refere a Brisa, a entrada de Rebeca Venâncio “reforça a presença de mulheres em cargos de liderança” no grupo, sendo que nos últimos quatro anos, o número de mulheres em cargos de primeira linha “quase triplicou”, passando de 13% em 2020 para 31% em 2025. Em cargos de liderança, o número de mulheres cresceu no mesmo período de 29% para 36%, enquanto nos órgãos sociais esta progressão foi de 14% para 27%, refere ainda a empresa.

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Fed mantém taxas de juro inalteradas e Powell diz que “não tem pressa”

Imune, por enquanto, à pressão de Donald Trump, o banco central dos EUA manteve o custo do dólar no intervalo 4,25%-4,50%. Alertou, contudo, que a incerteza sobre a economia aumentou "ainda mais".

A Reserva Federal norte-americana (Fed) manteve inalteradas as taxas de juro pela terceira reunião seguida, anunciou o banco central liderado por Jerome Powell, esta quarta-feira, alertando contudo que a incerteza sobre as perspetivas económicas aumentou ainda mais.

A decisão dos membros do Federal Open Market Committee (FOMC, comité de política monetária) de manter as Federal Funds Rates no intervalo entre 4,25% e 4,50% era amplamente esperada pelos analistas e prolonga uma pausa iniciada em janeiro, após cortes num total de 100 pontos base (pb) na reta final de 2024.

“Embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, os indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”, afirmou o FOMC, em comunicado. “A taxa de desemprego estabilizou num nível baixo nos últimos meses, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”, sublinhou, adiantando que a inflação “mantém-se algo elevada”.

Após a reunião de março, o FOMC alertara que a incerteza quanto às perspetivas económicas aumentara, mas esta quarta-feira avisou que “aumentou ainda mais”. A decisão desta quarta-feira foi unânime, informou a Fed.

Investidores apostam em corte em julho

Numa reação imediata ao anúncio da Fed, os investidores mantiveram as apostas de que o banco central deverá esperar até julho para reduzir as taxas de juro.

Os contratos de futuros ligados à taxa diretora reduziram as perdas anteriores após o anúncio, e colocam agora a probabilidade de um corte de um quarto de ponto nas taxas em junho a um nível ligeiramente superior ao anterior de 30%, contra cerca de 27% anteriormente. Uma redução da taxa até julho, com base nos preços dos futuros, tem uma probabilidade de cerca de 75%.

Na conferência de imprensa após o anúncio, Powell manteve, no entanto, uma postura cautelosa.

Alertou que os inquéritos às famílias e às empresas revelam um declínio acentuado do sentimento e uma elevada incerteza quanto às perspetivas económicas, refletindo em grande medida as preocupações com a política comercial, mas sublinhou que, entretanto, todas estas políticas estão ainda a evoluir e os seus efeitos na economia permanecem altamente incertos.

“À medida que as condições económicas evoluem, continuaremos a determinar a orientação adequada da política monetária com base nos dados que nos chegam, nas perspetivas e no equilíbrio dos riscos”, referiu.

Os efeitos sobre a inflação poderão ser de curta duração, refletindo uma alteração pontual do nível de preços, referiu o presidente da Fed. “É igualmente possível que os efeitos inflacionistas sejam mais persistentes e evitar esse resultado dependerá da dimensão dos efeitos das tarifas, do tempo necessário para que se repercutam plenamente nos preços e, em última análise, da manutenção das expectativas de inflação a longo prazo”.

“Esperar e ver”

O mote do FOMC neste momento é, portanto, de cautela. “Estamos bem posicionados para esperar por uma maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes na nossa orientação de política [monetária], pensamos que estamos numa boa posição para esperar e ver e não achamos que precisamos de ter pressa”, referiu.

Powell recordou que a administração [Trump] está a entrar em negociações com muitos países sobre tarifas. “A cada semana e a cada mês que passa, saberemos mais sobre o destino das tarifas e saberemos quais serão os efeitos quando começarmos a ver as coisas acontecerem”.

Não posso dizer quanto tempo vai demorar [um corte nas taxas de juro] mas, para já, parece-me que é uma decisão bastante clara para nós esperar, ver e observar, reiterou.

(Notícia atualizada às 20h18)

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Instituto Piaget e academia de voo querem criar cluster aeronáutico em Viseu

  • Lusa
  • 7 Maio 2025

Será feito “um investimento de um milhão de euros em dois simuladores de voo (de Boeing 737 e FNPT-II)”, segundo o presidente do campus de Viseu do Instituto Piaget.

A criação de um cluster aeronáutico em Viseu é o objetivo da International Flight Academy (IFA), do Instituto Piaget e da Câmara Municipal, que pretendem atrair mais alunos internacionais a esta cidade do interior do país.

Esta quarta-feira foi assinado em Viseu um protocolo que, segundo o presidente do campus de Viseu do Instituto Piaget, Paulo Alves, vai abrir “uma série de possibilidades de colaboração”, ficando todas as instalações da instituição acessíveis à formação da IFA. “Estamos também já a consolidar relações que nos permitam em conjunto, e o processo está já bastante adiantado, avançar o quanto antes com o ensino graduado. O que queremos rapidamente para Viseu é uma licenciatura em Ciências Aeronáuticas”, frisou.

Segundo o responsável, há já “um conjunto de parceiros e de concretizações que apoiam este sonho: o aeródromo de Viseu, o município, a IFA e o Piaget”. Foi também assinado um contrato entre a IFA e o Piaget que colocará ao serviço da academia um piso de um edifício da instituição de ensino superior.

“Desejamos que, já a partir de outubro, possa concentrar-se naquele edifício toda a atividade da formação de pilotos, dos cursos da IFA e também dos cursos do Piaget” relacionados com aeronáutica, acrescentou. O diretor executivo da IFA, José Madeira, frisou que o objetivo é tornar esta academia “uma das maiores da Europa”.

“Com este protocolo e os investimentos que iremos fazer, teremos capacidade [formativa] nos dois aviões mais utilizados a nível mundial, que são o A320 (que a IFA tem em Cascais) e o [Boeing] 737”, sublinhou.

José Madeira explicou que, em Viseu, será feito “um investimento de um milhão de euros em dois simuladores de voo (de Boeing 737 e FNPT-II)”, e outro de “centenas de milhares de euros para a reconversão do espaço de 800 metros quadrados” que a IFA passará a ter no campus do Instituto Piaget.

Serão ainda investidos cerca de 600 mil euros “para a internacionalização da IFA, em marketing para atrair alunos estrangeiros para Portugal”, acrescentou. Segundo o diretor executivo da IFA, Portugal tem “condições excecionais para a prática do voo”, ao permitir ter “250 ou mais dias de voo” por ano, o que lhe dá uma vantagem competitiva em relação a outros países.

O protocolo hoje celebrado com o Piaget permitirá apoiar a criação da licenciatura em Ciências Aeronáuticas e de novos cursos de Piloto e de Técnico de Manutenção de Aeronaves. Com este protocolo, será possível aos alunos do curso de pilotagem da IFA frequentarem a licenciatura em Ciências Aeronáuticas e aos alunos do Piaget do curso de Mecânicos de Aeronaves frequentarem os cursos da IFA.

Aproveitando a presença do vice-presidente da Câmara de Viseu, João Paulo Gouveia, Paulo Alves pediu que seja resolvido o problema da falta de alojamento para os alunos do Piaget, cujo campus se situa em Galifonge, Lordosa, a mais de dez quilómetros do centro da cidade.

“Pode acontecer que no próximo ano venhamos a ter já problemas sérios em relação à nossa capacidade de resposta”, avisou, acrescentando que a residência do Piaget não é suficiente para todos os alunos. O problema deverá ser resolvido em conjunto pelo Piaget, IFA, câmara e junta de freguesia, acrescentou.

Paulo Alves pediu ainda que sejam feitos esforços para a criação de um nó de acesso à autoestrada A24 naquela zona do concelho. João Paulo Gouveia garantiu que o executivo camarário está empenhado em “equilibrar todo o concelho a norte” e em demonstrar ao Governo a necessidade de criação do nó da A24.

Estamos a voar muito alto hoje e queremos consolidar este voo. Por tudo aquilo que vimos e sentimos no terreno, estamos num voo de longo curso, em alta altitude, temos de nos saber manter estáveis”, frisou. Atualmente, e mesmo ainda antes da constituição do ‘cluster’ aeronáutico, alunos de 18 diferentes nacionalidades já frequentam os cursos de pilotagem proporcionados pela IFA em Viseu.

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Agência espanhola theGarage chega a Portugal

  • + M
  • 7 Maio 2025

A expansão para Portugal, com a abertura de uma sede em Lisboa, acontece no ano em que a agência espanhola celebra o seu décimo aniversário. Andreia Pereira lidera.

A theGarage, uma agência independente fundada em 2015 em Espanha, estabelece-se em Portugal. Já a colaborar com clientes locais, a agência reforça agora a operação no país com a abertura da nova sede, em Lisboa.

A chegada a Portugal representa um passo muito importante para nós e, ao mesmo tempo, a realização de um pequeno sonho, pois sempre fez parte dos nossos planos poder prestar serviços de forma direta no país. Iniciamos esta nova etapa com muito orgulho e com um grande sentido de responsabilidade”, diz Mário Jiménez, fundador e CEO da theGarage, citado em comunicado.

Este passo, que resulta da “habitual necessidade das marcas de contratar diferentes agências em Espanha e em Portugal para aplicar as suas estratégias”, permitirá à theGarage “continuar a expandir a atividade e oferecer um serviço cada vez mais completo às empresas com as quais colabora“, refere a agência em nota de imprensa.

Para liderar esta nova etapa, a theGarage aposta em Andreia Pereira, que “construiu a maior parte da carreira profissional em agências em Portugal, trabalhando clientes e marcas com especial foco nos setores de turismo, lifestyle,restauração, retalho e corporativo”.

Google, Sony, Mitsubishi Electric, Palladium Hotel Group, Häagen-Dazs, BlaBlaCar, Milanuncios, Zalando ou Bungie são alguns dos clientes com que a theGarage conta no seu portfólio.

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Grupo espanhol chega a acordo para comprar cadeia A Padaria Portuguesa

  • Lusa
  • 7 Maio 2025

O grupo espanhol tem cerca de 300 estabelecimentos e integra as marcas Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica. Valor do negócio não foi revelado.

O grupo de restauração espanhol Rodilla chegou a acordo para adquirir 100% da cadeia A Padaria Portuguesa, que tem 84 lojas e duas fábricas, foi anunciado esta quarta-feira em comunicado, sem avançar o valor do negócio. “O Grupo Rodilla irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar o seu caráter português e impulsionar a sua expansão internacional”, refere a mesma nota.

Para o grupo espanhol, com cerca de 300 estabelecimentos e que integra as marcas Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica, esta é a primeira operação em Portugal e a segunda a nível internacional, após a sua entrada em Miami em 2019. A operação está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência.

Após esse passo, o grupo “irá concentrar-se em assegurar um período de transição cuidado, mantendo o foco na gestão das equipas e nas operações diárias da empresa”, salienta o comunicado.

A cadeia de padarias e pastelarias A Padaria Portuguesa foi fundada há 15 anos por Nuno Carvalho e, atualmente, emprega cerca de 1.000 trabalhadores e conta com 84 lojas na Grande Lisboa e no Grande Porto e duas fábricas, em Lisboa e no Porto.

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Nasce o Círculo de advogados especialistas em direito administrativo

O Círculo dos Advogados de Administrativo tem na direção nomes de advogados como Paulo Pinheiro, Margarida Olazabal Cabral, Rui Medeiros, André Salgado de Matos e Débora Melo Fernandes.

O Círculo dos Advogados de Administrativo (CAA) é a nova plataforma de colaboração e partilha destinada aos advogados que exercem a sua atividade na área do Direito Administrativo. O projeto é um espaço de encontro e debate entre profissionais da área, com o objetivo de promover e contribuir ativamente para o sistema de Justiça. A direção do CAA é composta por Paulo Pinheiro, sócio da VdA, Margarida Olazabal Cabral, sócia da Morais Leitão, Rui Medeiros, sócio da Sérvulo e Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Católica, André Salgado de Matos, sócio da CS’Associados e Débora Melo Fernandes, sócia da Pérez-Llorca.

O CAA pretende afirmar-se como um fórum de interação, partilha de conhecimento e debate entre advogados especializados em Direito Administrativo, através de encontros regulares e iniciativas. A plataforma visa também fomentar um diálogo com os tribunais administrativos e outros intervenientes do Sistema de Justiça.

“A ideia de criar uma plataforma de agregação dos advogados da nossa área jurídica já andava no ar há algum tempo. Falávamos entre nós dessa ideia, que já tinha sido instituída, por exemplo, pelos advogados de contencioso ou de concorrência, mas faltava dar o passo de arranque do projeto, o que fizemos no final do ano passado, com a constituição formal do Círculo”, segundo explicou a direção, em resposta conjunta, à Advocatus.

O Círculo é atualmente composto por 65 advogados fundadores, provenientes de práticas individuais, sociedades de diferentes dimensões, escritórios full service e boutiques especializadas. A maioria dos membros exerce em Lisboa, mas há igualmente profissionais do Porto e Faro.

As atividades do CAA iniciaram-se no início de 2025, com a realização de dois encontros temáticos que marcaram o arranque dos trabalhos. Em janeiro, os membros reuniram-se para discutir o papel do Tribunal de Contas, enquanto em abril o foco foi a aplicação da Inteligência Artificial no Direito Administrativo.

Além destes encontros internos, o CAA prepara-se para lançar iniciativas com maior visibilidade pública. Para outubro de 2025, está agendada uma conferência sobre a eficiência da Justiça Administrativa, com o objetivo de analisar os principais desafios e apresentar propostas concretas. Estão ainda previstas outras ações, como a publicação de trabalhos jurídicos, a emissão de pareceres e tomadas de posição sobre matérias ou propostas legislativas em discussão, bem como a promoção de boas práticas profissionais no setor.

“A ideia é que o CAA seja, em primeiro lugar, um espaço de interação e conhecimento recíproco entre os advogados que atuam na área do Direito Administrativo, promovendo a partilha e a difusão de experiências e de conhecimento, sempre no contexto do exercício da advocacia especializada. Queremos debater entre nós tópicos jurídicos e temas relativos ao exercício profissional com que lidamos na nossa prática”, diz a mesma resposta. “Em segundo lugar, queremos que o CAA venha a ter um papel na promoção de uma interação construtiva com o Sistema de Justiça – e em particular, claro, com os tribunais administrativos. Faz falta a existência de um espaço de discussão conjunta dos temas da justiça administrativa por todos os que nela intervêm. O diálogo entre juízes, magistrados do Ministério Público e advogados pode contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade do nosso Sistema de Justiça – há provas disso no sucesso que têm tido iniciativas similares promovidas no âmbito do contencioso cível e comercial, por exemplo”.

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PCP sugere imposto à banca por cada casa vazia na sua posse

  • Lusa
  • 7 Maio 2025

Paulo Raimundo critica as casas vazias "nas mãos dos fundos imobiliários" e diz que não tem dúvidas que se pagassem imposto "as casas baixariam logo o preço".

O secretário-geral do PCP sugeriu esta quarta-feira a criação de um imposto que aumentaria todos os dias para cada casa vazia na posse da banca e dos fundos imobiliários para estancar a especulação em torno da habitação.

“Se cada casa vazia que está nas mãos da banca, se cada casa vazia que está nas mãos dos fundos imobiliários começasse a pagar no primeiro dia um euro de imposto, no segundo dia dois euros de imposto, no terceiro dia três euros de imposto e por aí adiante, não tenho dúvida nenhuma de que as casas baixariam logo o preço”, afirmou Paulo Raimundo.

O líder comunista discursava numa sessão sobre habitação em Rio Tinto, Gondomar, promovida pela CDU (Coligação Democrática Unitária – PCP e Partido Ecologista “Os Verdes”). Na sua intervenção, Paulo Raimundo centrou-se na banca e no seu papel na especulação do mercado imobiliário, considerando que este é o setor imune a “todos os sacrifícios” que são pedidos.

“Ficam sempre fora de todos os esforços”, notou, acreditando que esse imposto estancaria “logo a especulação” e as casas que neste momento estão vazias seriam libertadas “para o povo, para quem delas precisa”. Paulo Raimundo reiterou a importância de mais Estado naquele setor e dedicar 1% do PIB para a construção de habitação pública, apesar de reconhecer que não há “soluções mágicas” para este problema, em que quase é preciso “uma caixa de ferramentas” para o resolver.

“A consequência de termos entregue o artigo 65 da nossa Constituição – o direito à habitação – ao chamado mercado está à vista. Isto não é nenhum mercado. Isto é uma cambada de abutres que nos sugam, sugam, sugam, para se continuarem a encher, a encher, a encher”, disse.

Perante uma plateia de militantes e simpatizantes, Paulo Raimundo sugeriu que se fizesse um exercício de tentar perceber o que significaria se outros setores fundamentais da sociedade tivessem uma presença tão diminuta (2%) do Estado, nomeadamente, a saúde, a educação ou a segurança social. “Cada um que pense o que é que seria do estado da saúde de cada um de nós se o Estado detivesse 2% da saúde e o setor privado 98%”, acrescentou.

Nesse sentido, acredita que as respostas para a habitação são “mais Estado, mais Estado, mais Estado”. No parque urbano de Rio Tinto, no distrito do Porto, o secretário-geral do PCP discursou com um cartaz do líder da Montenegro visível nas suas costas, implantado numa rotunda, que Paulo Raimundo não ignorou.

Eu vou pegar naquele slogan que está ali. Aquele senhor diz que Portugal não pode parar. Aquilo não está tudo mal, mas está ali um engano. Em vez de ser Portugal não pode parar tem de ser Portugal tem de parar de continuar a andar para trás na vida das pessoas. É o que falta naquele cartaz. Mas é claro que naquele cartaz não era possível escrever isso”, disse.

Na sessão, participaram, entre outros, o deputado Alfredo Maia, que é o número um pelo Porto, e João Ferreira, número dois pelo mesmo círculo, que Paulo Raimundo espera que possa vir a ser eleito (a CDU apenas conseguiu eleger um deputado em 2024 e em 2022 neste distrito).

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Lucro da dona do Pingo Doce dispara 31,4% para 127 milhões no primeiro trimestre

A empresa de retalho registou um volume de negócios de 8,4 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 3,8% face ao período homólogo.

A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2025 com um resultado líquido de 127 milhões de euros, um lucro que ficou 31,4% acima dos 97 milhões de euros reportados no arranque de 2024. As vendas, que foram penalizadas este ano pelo efeito de calendário, “já que o ano anterior, sendo bissexto, contou com mais um dia de vendas”, e pela Páscoa ser mais tarde, aumentaram 3,8% para 8,4 mil milhões de euros, revela a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A empresa refere que excluindo os outros ganhos de ganhos e perdas de natureza não recorrente, que no ano passado incluíram os 40 milhões da dotação inicial para a Fundação Jerónimo Martins, os resultados baixaram 6,1% face ao ano passado.

Já o EBITDA aumentou 3,8% para 528 milhões de euros, enquanto a margem EBITDA ficou em linha com o ano anterior, a cifrar-se em 6,3%.

“Ainda que o primeiro trimestre apenas permita uma leitura muito limitada das tendências nos mercados, os resultados do Grupo, nestes três meses e perante o comparativo muito exigente do ano anterior, são sólidos e confirmam a competitividade das propostas de valor e a estratégia, dos últimos anos, de reforçar os modelos de negócio das diferentes insígnias“, refere o CEO Pedro Soares dos Santos no comunicado.

Pedro Soares dos Santos destaca ainda que “o contexto em que nos encontramos a operar em 2025 não revelou, até ao momento, melhoria da visibilidade relativa à evolução da situação geopolítica e à tendência da dinâmica socioeconómica. Num clima de acentuada incerteza, os consumidores mostram-se prudentes e é muito difícil antecipar com um grau razoável de segurança os seus comportamentos futuros“, apontou.

O empresário refere que “neste ambiente de contenção, todas as nossas companhias trabalharam com disciplina para gerir a pressão sobre as margens que decorre da subida dos custos com pessoal na sequência do aumento dos salários mínimos em cada país, num momento em que a inflação nos cabazes permanece baixa”.

“Atentos ao desenvolvimento das dinâmicas de consumo e da concorrência, manteremos o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos num contexto particularmente volátil”, rematou Pedro Soares dos Santos.

Biedronka gera 70% das vendas

O mercado polaco continua a ser o motor das vendas do grupo, com a Biedronka a reportar um crescimento homólogo das receitas de 3,4% para 5,9 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 70% do volume de negócios do grupo.

Apesar do aumento homólogo, em termos comparáveis, as vendas desceram 3,5% afetadas “pelo significativo efeito de calendário e pela exigente base de comparação que o 1T 24 constituía, dado o extraordinário crescimento de volumes que a Biedronka então entregou”. Já o EBITDA atingiu 461 milhões de euros, 3,9% acima do valor reportado no arranque de 2024.

Já a Hebe, que este ano abriu quatro lojas no mercado polaco e uma na República Checa, terminando o período com um total de 380 lojas na Polónia, quatro na República Checa e duas na Eslováquia, viu as vendas crescerem perto de 12% para 145 milhões de euros.

Em Portugal, o Pingo Doce “manteve a sua intensa atividade promocional e, apesar do impacto negativo de calendário, cresceu as vendas em 2,8% para 1,2 mil milhões de euros, com um LFL de 1,1% (excluindo combustível)”, indica o comunicado.

Pelo contrário, o Recheio viu as suas vendas caírem para 0,4% para 302 milhões de euros.

“O EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 78 milhões de euros, 0,7% abaixo do trimestre homólogo, tendo a respetiva margem atingido 5,2% (5,3% no 1T 24), pressionada pela subida dos custos com pessoal na sequência do aumento de 6,1% do salário mínimo nacional”, acrescenta a empresa.

No Colômbia, a Ara registou vendas de 775 milhões no ano, 9,1% acima do primeiro trimestre de 2024.

A empresa manteve as suas perspetivas para 2025 inalteradas, mostrando que está confiante que é capaz de alcançar os seus objetivos apesar do ambiente de grande instabilidade que se vive a nível global.

(Notícia atualizada às 18h14)

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