Mercado em ebulição chama pelo Novobanco

Novobanco acelera preparativos para IPO para aproveitar momento dourado da banca europeia. Até ao final da próxima semana, Mark Bourke estará entre Londres e Nova Iorque em reuniões com investidores.

A banca europeia atravessa um momento particularmente positivo, com as ações dos maiores bancos da Zona Euro a acumularem uma valorização média de 32,6% desde o início de 2025. Um desempenho que supera significativamente o índice Stoxx 600, referência para as ações europeias, que regista ganhos mais modestos de 9,9% no mesmo período, ou mesmo o índice Euro Stoxx 50, que agrega as 50 maiores empresas da Zona Euro, que subiu 13%.

Mais impressionante ainda é que 14 dos 28 maiores bancos da área do euro que integram o índice Euro Stoxx Banks acumulam valorizações superiores a 30% desde janeiro, demonstrando a robustez do setor no atual ciclo económico.

Este cenário favorável no mercado de capitais tem servido como chamariz para um particular dinamismo do ambiente de fusões e aquisições no setor financeiro europeu, que coincide justamente com os planos do Novobanco para avançar com a sua oferta pública inicial (IPO) ainda este ano até junho ou até setembro.

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As taxas de juro mais elevadas nos últimos anos e os buffers de capital significativamente melhorados têm fortalecido a capacidade dos bancos europeus prosseguirem estratégias de aquisição, permitindo-lhes capitalizar oportunidades de crescimento mesmo após a distribuição de dividendos e programas de recompra de ações cada vez mais generosos.

“Espera-se que a atividade de negociação nos mercados bancários e de capitais aumente, especialmente nos EUA e na Europa, uma vez que alguns dos fatores que inibiram as fusões e aquisições entre 2022 e 2024 parecem estar a diminuir”, destaca Christopher Sur, analista da Pwc numa análise às tendências globais de fusões e aquisições nos serviços financeiros.

É num contexto de consolidação e de forte dinamismo do setor bancário que o Novobanco mantém inalterados os seus planos para avançar com um IPO “no final do segundo trimestre ou no final do terceiro trimestre deste ano”, como já anunciou o CEO do banco.

Desde há alguns meses que o bancário europeu atravessa uma vaga de consolidação como há muito não se via, com as instituições a procurarem reforçar as suas posições de mercado, expandir a base de ativos e melhorar a rentabilidade num ambiente competitivo cada vez mais exigente. E dificilmente essa onda irá parar nos próximos meses.

“Estamos mais otimistas sobre M&A no setor bancário do que estivemos nos últimos cinco anos”, destaca a sociedade de advogados Katten numa nota publicada no final de janeiro, sublinhando ainda que “à medida que se aproxima um ambiente de margens de juros líquidas mais baixas, os credores do Reino Unido e da Europa que tinham colocado de lado negócios transformacionais, precisarão de agir rapidamente, embora com cuidado”.

Onda de fusões e aquisições na banca europeia

Os últimos meses foram marcados por operações significativas no setor bancário europeu que, de alguma forma, estão a redesenhar a paisagem. Entre as mais relevantes, destaca-se a completa absorção do Credit Suisse pelo UBS, uma operação iniciada em 2023 e cujo processo de integração continua em 2025. Este negócio representa uma das maiores reestruturações bancárias da história europeia recente.

No Reino Unido, o Nationwide finalizou a aquisição Money por cerca de 3,4 mil milhões de euros em outubro, enquanto o Coventry Building Society completou a compra do Co-Op Bank no primeiro dia de 2025 por cerca de 940 milhões de euros. Em Espanha, o BBVA continua a perseguir uma oferta hostil pelo Banco Sabadell, um negócio avaliado em mais de 12 mil milhões de euros que enfrenta o seu último teste este mês, altura em que a autoridade reguladora da concorrência poderá anunciar os resultados da sua análise.

Uma das operações mais controversas é a tentativa da UniCredit italiana de aumentar a sua participação no Commerzbank, já tendo alcançado 28% da propriedade do segundo maior banco da Alemanha. Esta movimentação gerou forte oposição política na Alemanha, deixando um alerta para a ocorrência de eventuais tensões nacionalistas que podem surgir em fusões transfronteiriças, como sucedeu com a operação sobre o Commerzbank.

O atual ciclo de consolidação no setor bancário europeu está longe de terminar. À medida que as taxas de juro começam a diminuir, é provável que a atividade de fusões e aquisições ganhe ainda mais ímpeto.

Em Itália, o cenário é especialmente dinâmico, com múltiplas operações simultâneas: a UniCredit lançou uma oferta de 10 mil milhões de euros pelo Banco BPM no final de 2024, enquanto o Crédit Agricole aumentou sua participação no mesmo banco para defender seus interesses existentes. Simultaneamente, o Banca IFIS anunciou uma oferta de 298 milhões de euros para adquirir a totalidade do capital do Illimity Bank, o Banco BPM e a Anima aumentaram conjuntamente a sua participação no Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS), enquanto o próprio BMPS anunciou uma surpreendente oferta de 13,3 mil milhões de euros pelo Mediobanca.

Em outros mercados europeus, o banco dinamarquês Nykredit avançou com uma oferta de cerca de 3,3 mil milhões de euros em dinheiro para comprar o rival Spar Nord Bank, criando assim “o terceiro maior banco da Dinamarca, com uma forte base de clientes, a maior rede de agências da Dinamarca e sólidas posições de mercado nos sectores do retalho e empresarial”, destacam as duas instituições num comunicado comum.

É neste contexto de consolidação e de forte dinamismo do setor bancário que o Novobanco mantém inalterados os seus planos para uma oferta pública inicial (IPO), prevista para ocorrer “no final do segundo trimestre ou no final do terceiro trimestre deste ano”, como confirmou Mark Bourke, CEO do Novobanco, numa nota enviada aos funcionários do banco em meados de fevereiro.

Mark Bourke, CEO do Novo Banco, em entrevista ao ECO - 02FEV24
Mark Bourke, CEO do Novobanco, e a sua equipa estarão a viajar entre Londres e Nova Iorque até ao final da próxima semana em reuniões com vários investidores com o intuito de promoverem o IPO do Novobanco e assim captarem o interesse para a operação.Hugo Amaral/ECO

Coordenação global para colocar o Novobanco em bolsa

A janela temporal que Mark Bourke deu em meados de fevereiro para avançar com o IPO do Novobanco, que aponta essencialmente para junho ou setembro, não sofreu qualquer alteração, apesar da crise política em Portugal que poderá levar à ocorrência de eleições antecipadas, referiu o banqueiro esta quinta-feira na apresentação dos resultados do banco aos analistas.

A mensagem do banqueiro foi também reforçada numa entrevista à Bloomberg, com Bourke a referir que “se tudo correr bem, se conseguirmos otimizar a estrutura de capital, poderemos atingir a janela do segundo trimestre”.

É nesse sentido que Bourke mantém uma agenda intensa nos próximos dias focada em garantir o sucesso da operação. Segundo sabe o ECO, a sua agenda está preenchida com encontros com investidores em Londres e Nova Iorque até ao final da próxima semana, justamente com o intuito claro de captar o interesse dos investidores para o IPO.

O IPO do Novobanco pode traduzir-se numa operação acima de mil milhões de euros, tornando esta na maior oferta pública em Portugal desde a entrada em bolsa da EDP Renováveis em 2008.

Um dos aspetos ainda em aberto é a percentagem exata do capital do banco que será colocada no mercado. Esta alocação, que deverá variar entre 20% e 30%, estará dependente da procura por parte dos investidores. Com base numa recente estimativa dos analistas da JB Capital, que avaliam o banco entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões de euros, significa que, potencialmente, o IPO do Novobanco possa traduzir-se numa operação acima de mil milhões de euros, tornando esta na maior oferta pública em Portugal desde a entrada em bolsa da EDP Renováveis em 2008.

Para coordenar esta operação, o Novobanco já selecionou um conjunto de parceiros financeiros, como o Bank of America, Deutsche Bank e JPMorgan Chase, que foram designados como coordenadores globais do IPO, conforme confirmou o próprio CEO.

Adicionalmente, o banco inclui na equipa o BNP Paribas, a Jefferies Financial Group e a Keefe, Bruyette & Woods (KBW), ampliando assim a capacidade de distribuição internacional da oferta, segundo informações recolhidas pela Bloomberg junto de fontes relacionadas com a operação.

Este é mais um sinal de que o Novobanco continua a trabalhar intensamente na preparação do prospeto para o IPO, que ainda está dependente de uma autorização do regulador para poder realizar uma redução de capital planeada – trata-se de um elemento crucial para o avanço da operação nos prazos previstos.

O atual ciclo de consolidação no setor bancário europeu está longe de terminar. À medida que as taxas de juro começam a diminuir, é provável que a atividade de fusões e aquisições ganhe ainda mais ímpeto, com os bancos a procurarem escalar operações e aumentar a rentabilidade num ambiente cada vez mais competitivo.

Para o Novobanco, o IPO planeado representa não apenas uma oportunidade de refinanciamento para os seus acionistas atuais, mas também um passo crucial para o seu estabelecimento como um participante independente e sustentável no mercado bancário europeu.

No entanto, como prudentemente observou Mark Bourke, a Lone Star “manterá todas as opções em aberto até não estar mais presente”, sugerindo que alternativas ao IPO, como uma potencial venda a outro banco, não estão completamente descartadas.

A recente análise do CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, sobre a possível aquisição do Novobanco, bem como as declarações do CEO do Banco Comercial Português, Miguel Maya, sobre um eventual interesse no banco, ilustram o dinâmico ambiente de consolidação que caracteriza o setor atualmente.

À medida que o Novobanco avança com os seus planos de IPO e os bancos europeus continuam a explorar oportunidades de fusão e aquisição, o setor bancário europeu está a caminho de uma transformação significativa. Esta reorganização poderá potencialmente fortalecer a posição competitiva dos bancos europeus face aos seus homólogos americanos e chineses, embora o caminho para desafiar os gigantes globais seja ainda longo e complexo.

A evolução do Novobanco, de um banco problemático nascido de uma crise para um potencial protagonista de uma das maiores ofertas públicas em Portugal nas últimas décadas, que fechou as contas de 2024 com lucros recorde de 744,6 mil milhões de euros e tem disponível 3,5 mil milhões de euros para entregar aos acionistas nos próximos três anos, simboliza perfeitamente a resiliência e a contínua evolução do setor bancário europeu.

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Contas certas e ausência de reformas atenuam impacto da crise política, afirmam economistas

A queda do Governo "não é um sinal bom" e pode adiar alguns projetos, mas não vai afetar o desempenho do país. E "há tempo para preparar o OE2026", defendem economistas consultados pelo ECO.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a 4 de março, véspera da votação da moção de censura do PCPLusa

Contas públicas equilibradas, ausência de reformas profundas e política de bloco central de PSD e PS vão atenuar o impacto, na economia, da crise política provocada pelo chumbo da moção de confiança e consequente queda do Governo de Luís Montenegro. A posição é unânime entre os economistas consultados pelo ECO: Carlos Tavares, António Nogueira Leite, Manuel Caldeira Cabral e Pedro Brinca.

Os especialistas consideram ainda que, com a convocação de eleições legislativas antecipadas para 11 ou 18 de maio, “há tempo” para preparar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). Mas o novo Executivo terá de ser célere para conseguir entregar o documento na Assembleia da República até 10 de outubro.

“Não estou especialmente preocupado, porque o Governo não tem sido reformista, não há nenhuma reforma de fundo, o que se compreende porque o Governo é minoritário”, constata Carlos Tavares em declarações ao ECO. O antigo ministro da Economia do Governo de Durão Barroso considera que tem havido uma certa “política de continuidade” entre o anterior Executivo socialista e o atual, de Luís Montenegro, o que “é natural, tendo em conta a difícil geometria no Parlamento”.

António Nogueira Leite também afasta prejuízos graves para a economia, mas sobretudo porque as contas públicas estão equilibradas em Portugal. “Acho que a crise não vai afetar muito os resultados globais da economia este ano. Temos uma situação orçamental boa, temos margem, a dívida continua a descer”, defende o antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças no Governo de António Guterres.

"Não estou especialmente preocupado, porque o Governo não tem sido reformista, não há nenhuma reforma de fundo, o que se compreende porque o Governo é minoritário.”

Carlos Tavares, antigo ministro da Economia

O Ministério das Finanças estima fechar 2024 com um excedente de 0,4% do PIB e uma dívida pública a baixar para 95,9%, mas outras instituições já apresentaram projeções mais generosas. Tanto a Comissão Europeia como o Banco de Portugal apontam para um saldo orçamental positivo de 0,6%. Quanto ao rácio da dívida, o regulador liderado por Mário Centeno acredita mesmo que poderá cair para 91,2%.

O saldo deverá encolher uma décima este ano, mas ainda mantém um superávite para 0,3%, de acordo com o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). E a dívida pública continuará a trajetória descendente, fixando-se em 93,3%, de acordo com o mesmo documento.

“Este Governo não seguiu uma política económica muito diferente da do anterior Governo, não fez nenhum inflexão, reforçou o IRS Jovem que já vinha do anterior Governo e manteve o equilíbrio das contas públicas. Não houve uma viragem“, sublinha Manuel Caldeira Cabral.

"Este Governo não seguiu uma política económica muito diferente da do anterior Governo, não fez nenhum inflexão, reforçou o IRS Jovem que já vinha do anterior Governo e manteve o equilíbrio das contas públicas. Não houve uma viragem.”

Manuel Caldeira Cabral, antigo ministro da Economia

O ex-ministro da Economia do primeiro Executivo de António Costa, prevê ainda que “um futuro Governo PS não deverá ter uma política muito diferente”. “Não há o risco de instabilidade que coloque em causa a credibilidade do país e o investimento estrangeiro”, conclui.

Pedro Brinca, docente de macroeconomia na Nova SBE, alinha pelo mesmo diapasão: “Não há alterações estruturais no país nem este Governo assumiu medidas corajosas, são mais de gestão, de mercearia. E estamos a viver um momento ímpar na história das contas públicas e ainda recentemente houve um upgrade no rating da dívida pública, por isso não creio que estas eleições possam colocar isso em causa a performance da economia. Não vejo aí grande questão”.

"Acho que a crise não vai afetar muito os resultados globais da economia este ano. Temos uma situação orçamental boa, temos margem, a dívida continua a descer.”

António Nogueira Leite, antigo ministro da Economia

Na semana passada, a 28 de fevereiro, a Standard & Poor’s decidiu subir o rating de Portugal de A- para A, com perspetiva positiva. Mas, na altura, agência ainda afastava o cenário de eleições antecipadas em 2025. De lá para cá, o contexto político alterou-se, com Luís Montenegro acenar com uma moção de confiança, que tem o destino traçado: chumbo e consequente demissão do Governo.

Os economistas ouvidos pelo ECO defendem ainda que, com a ida às urnas a 11 ou 18 de maio, é perfeitamente possível preparar o Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) e entregá-lo na Assembleia da República até 10 de outubro.

"Estamos a viver um momento ímpar na história das contas públicas e ainda recentemente houve um upgrade no rating da dívida pública, por isso não creio que estas eleições possam colocar isso em causa a performance da economia.”

Pedro Brinca, professor de macroeconomia na Nova SBE

“Há tempo para elaborar o Orçamento do Estado”, salienta Pedro Brinca. “Há perfeitamente tempo para elaborar o OE2026”, repete Nogueira Leite. Do mesmo modo, Caldeira Cabral sublinha que “o processo orçamental não fica afetado, porque há tempo”. No entanto, alerta, “o Governo que entrar em funções terá de trabalhar apressadamente para entregar o OE2026 em outubro”.

O antigo ministro da Economia admite ainda o cenário de “um orçamento retificativo”, caso o PS ganhe as eleições, mas considera que “a prioridade será antes trabalhar no Orçamento do Estado para 2026”.

“Mais um grão na engrenagem”

O primeiro-ministro, Luís Montenegro preside à reunião do Conselho de Ministros, nas novas instalações no Campus XXI em Lisboa, 8 de agosto de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

Apesar de afastarem impactos negativos para economia, os especialistas alertam para investimentos e projetos que serão adiados. No caso da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Nogueira Leite considera que esta crise política vai ser “mais um grão na engrenagem”.

“Haverá decisões adiadas, estratégias de políticas públicas paradas. Esses são aspetos maus. E a execução de alguns projetos e investimentos, designadamente do PRR podem ser adiados. Pode haver atrasos e perda do poder negocial do Governo com as entidades privadas“, alerta Manuel Caldeira Cabral. Para além disso, “é um sinal, em termos internacionais, que não é bom para a imagem do país”, acrescentou.

De igual modo, Pedro Brinca avisa que “esta instabilidade é contraproducente, porque há trabalhos que vão ser interrompidos”.

Já em relação a grandes obras públicas como o novo aeroporto de Lisboa no Campo de Tiros de Alcochete ou à linha ferroviária de alta velocidade, Caldeira Cabral acredita que poderão continuar a avançar, porque “há um consenso entre os dois maiores partidos”, PSD e PS. “Não haverá uma grande diferença nas decisões e nos timings, frisa.

Para evitar adiamento de projetos, Carlos Tavares defende uma “Administração Pública forte capaz de executar os programas que já estão definidos, independentemente dos governos em funções”. “A Bélgica teve dois anos sem Governo em plena crise financeira e passou relativamente bem”, exemplificou.

Mas, “em Portugal, é muito negativo que os dirigentes da Administração Pública estejam dependentes, ligados aos governos, é isso que cria instabilidade”, criticou.

Risco de nova crise política

E depois das eleições? Os quatro economistas apontam para a manutenção do pântano político atual. “Provavelmente vamos ter um Governo com um potencial de governabilidade que não será muito melhor do que este“, sinaliza Manuel Caldeira Cabral.

Pedro Brinca também não acredita que, “das próximas eleições saia uma maioria absoluta”. “É mais provável uma maioria relativa com PSD e IL ou com PS e a restante esquerda. Havendo uma clarificação e maior estabilidade governativa, as eleições podem ser positivas”, aponta.

Para Nogueira Leite, “o maior problema é esta dificuldade, na Assembleia da República, em construir e manter maiorias estáveis”. “É um sinal que se vai ampliando e isso é muito mau, tanto em Portugal como no resto da Europa. Se continuarmos a repetir estes episódios, vamos dando combustível quem não gosta deste sistema de democracia e prefere ditaduras de esquerda ou direita”, alerta.

Caso o próximo ato eleitoral não seja suficientemente clarificador e voltarmos a ter um Governo sem uma maioria confortável no Parlamento, há o risco de nova crise política. Aí, os impactos negativos na economia poderão ser mais graves. E há ainda o risco de eventual chumbo do OE2026, sendo que, nessa altura, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está impedido de convocar eleições, porque está nos seis meses que antecedem o fim do mandato.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 7 Março 2025

Governo apresenta plano para o setor dos resíduos e Conselho de Ministros reúne-se. Banco de Portugal debate "transmissão da política monetária e mercado de trabalho". Eurostat divulga novos dados.

Com o país a viver uma crise política, a semana termina com o Governo a apresentar o plano para o setor dos resíduos e com mais um Conselho de Ministros. Ainda por cá, o Banco de Portugal debate “A transmissão da política monetária e mercado de trabalho”. Já lá fora, António Costa e Ursula von der Leyen reúnem-se com parceiros não pertencentes à União Europeia.

Governo apresenta plano para setor dos resíduos

A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, apresentam esta sexta-feira o plano para o setor dos resíduos em Portugal, que estabelece uma nova visão para uma gestão eficiente e inovadora. A iniciativa acontece no Ministério do Ambiente e Energia.

Banco de Portugal debate política monetária

Mário Centeno, governador do Banco de Portugal (BdP), faz as honras da abertura da conferência “A transmissão da política monetária e mercado de trabalho”, no Museu do Dinheiro, em Lisboa. O que podem os bancos centrais fazer pelo mercado de trabalho ou a maior restritividade da política monetária e a robustez do mercado de trabalho são alguns dos temas em debate nesta iniciativa do BdP.

Reunião do Conselho de Ministros

Nesta sexta-feira acontece mais uma reunião do Conselho de Ministros, no Campus XXI, numa altura em que o país vive uma crise política com a iminência da queda do Governo e consequentes eleições antecipadas.

Eurostat divulga dados

O Eurostat publica os principais agregados do PIB e do emprego referentes ao quarto trimestre de 2024, assim como o índice de produção total do mercado relativo a dezembro do último ano. O gabinete de estatística da UE divulga ainda dados sobre a produção de serviços e do volume de negócios dos serviços, ambos relativos a dezembro de 2024. Também revela dados sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres em 2023, e a propósito das mulheres nos parlamentos e nos governos entre 2013 e 2023. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta da atividade dos transportes no quarto trimestre de 2024.

António Costa e Ursula von der Leyen reúnem-se

Os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, António Costa e Ursula von der Leyen, respetivamente, reúnem-se, por videoconferência, com parceiros não pertencentes à União Europeia. Entre eles estão os chefes de Governo e de Estado do Reino Unido, Islândia, Noruega e Turquia para análise da área da defesa.

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Zelensky confirma reunião com delegação dos EUA na Arábia Saudita

  • Lusa
  • 6 Março 2025

"A Ucrânia está muito interessada na paz", diz o presidente ucraniano. Zelensky confirma reunião com delegação dos EUA na próxima semana, na Arábia Saudita.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou esta quinta-feira que delegações da Ucrânia e EUA manterão conversações na Arábia Saudita na próxima semana sobre o fim do conflito iniciado com a invasão russa.

No seu habitual discurso noturno, Zelensky disse que viajará para a Arábia Saudita na segunda-feira e que a sua equipa permaneceria no país para manter conversações com funcionários norte-americanos. “Tenho programado visitar a Arábia Saudita para me encontrar com o príncipe herdeiro. Depois disso, a minha equipa permanecerá na Arábia Saudita para trabalhar com os parceiros americanos”, disse Zelensky.

“A Ucrânia está muito interessada na paz”, frisou o presidente ucraniano, duramente criticado pelo Presidente norte-americano na semana passada por supostamente estar a dificultar a “paz” com a Rússia.

O enviado norte-americano Steve Witkoff confirmou que planeia encontrar-se com uma delegação ucraniana na próxima semana, na Arábia Saudita, para discutir um cessar-fogo com a Rússia, saudando o pedido de “desculpas” de Kiev aos Estados Unidos na sequência da alteração da semana passada entre Zelensky e Trump em Washington.

“Estamos a discutir a possibilidade de coordenar uma reunião com os ucranianos em Riade, ou possivelmente em Jeddah”, disse Witkoff aos jornalistas. “A ideia é definir um quadro para um acordo de paz e um primeiro cessar-fogo”, acrescentou. O responsável sublinhou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, ficou satisfeito com a carta enviada pelo Presidente Volodymyr Zelensky após o confronto verbal entre ambos na Casa Branca, na passada sexta-feira.

Em Bruxelas, Zelensky, pediu esta quinta o apoio da União Europeia (UE) à produção militar no país, em debate no Conselho Europeu, em que participou novamente como convidado durante uma hora e meia. Segundo fonte europeia, “Zelensky congratulou-se com as iniciativas de reforço das capacidades de defesa da UE e incentivou a sua utilização para apoiar a produção militar da Ucrânia”.

À entrada para a cimeira extraordinária, Zelensky tinha já, em declarações aos jornalistas, agradecido aos líderes europeus por não o terem “deixado sozinho”, após a discussão com Donald Trump, que levou o líder ucraniano a abandonar Washington sem assinar um acordo com os Estados Unidos que lhes dava acesso a minerais.

A mesma fonte acrescentou que Zelensky manteve, durante uma hora e meia, um “debate aberto” com os seus homólogos da UE, informando-os sobre “os seus esforços diplomáticos e as suas expectativas para o futuro na perspetiva de uma paz justa, global e duradoura”.

Os líderes da UE estão hoje reunidos, em Bruxelas, numa cimeira extraordinária para debater o apoio a Kiev na sequência da invasão russa de 24 de fevereiro de 2022 e o plano Rearmar a Europa, apresentado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que que prevê mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

A administração de Donald Trump, que tomou a iniciativa de negociar diretamente com a Rússia uma solução para o conflito iniciado com a invasão russa da Ucrânia há três anos, tem defendido que constitui garantia de segurança suficiente a assinatura de um acordo-quadro entre Washington e Kiev abrindo a porta à exploração de minerais ucranianos por empresas norte-americanas.

Washington tem escalado a pressão sobre Zelensky para assinar o acordo de exploração de minerais como primeiro passo para um cessar-fogo, mas Kiev considera serem necessárias mais garantias de segurança e uma visão de longo prazo para a cessação de hostilidades, posição partilhada com os aliados europeus.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

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IL vai votar a favor da moção de confiança do Governo

  • ECO
  • 6 Março 2025

Os liberais dizem que é uma "indesculpável irresponsabilidade" conduzir o país para eleições antecipadas. E que o primeiro-ministro devia ter prestado os esclarecimentos necessários".

A Iniciativa Liberal (IL) decidiu, esta quinta-feira, aprovar a moção de confiança ao Governo de Luís Montenegro. A bancada parlamentar reuniu após o plenário e classificou de “indesculpável irresponsabilidade” os portugueses serem conduzidos a novas eleições antecipadas num “contexto histórico nacional e internacional, com alterações desafiantes para Portugal e para a Europa”, lê-se no comunicado do partido liderado por Rui Rocha.

“Os partidos e vários atores políticos estão a fazer baixa política, colocando interesses partidários e pessoais à frente dos interesses do país, não estando à altura do momento histórico”, defendem. Os liberais deixam, no entanto, críticas ao Governo por preferir “ir a eleições” a “resolver a crise de vez e continuar nas funções para o qual foi eleito”.

Para o partido liderado por Rui Rocha, “esta era a altura de dizer ‘que se lixem as eleições’ e governar”. A IL assinala, contudo, que “avisou várias vezes o primeiro-ministro do que devia fazer para sanar a crise política”. Aliás, sustenta, “era da sua responsabilidade ter prestado os esclarecimentos necessários e focar-se na governação“.

Os liberais avisam, no entanto, que “se forem convocadas eleições antecipadas” estarão prontos “para as enfrentar, na certeza de que um voto na Iniciativa Liberal constituiu um voto na estabilidade, responsabilidade e maturidade das instituições e da política em Portugal”.

A moção de confiança que o Governo entregou ao parlamento vai ser discutida e votada na terça-feira.

Intitulada “Estabilidade efetiva, com sentido de responsabilidade”, esta moção defende que “o país precisa de clarificação política” perante dúvidas levantadas quanto à vida patrimonial e profissional do primeiro-ministro, sendo “hora de cada um assumir as suas responsabilidades”.

O líder socialista, Pedro Nuno Santos, já confirmou que o PS votará contra a moção de confiança que o primeiro-ministro anunciou, apontando o dedo a Luís Montenegro por preferir eleições a enfrentar uma comissão parlamentar de inquérito.

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Tribunal “descongela” bens de ex-gestores da antiga Telecom

  • ECO
  • 6 Março 2025

Tribunal entende que os três gestores violaram os deveres a que estavam sujeitos enquanto gestores da PT, mas não provou quem em concreto aceitou ou ordenou a subscrição dos títulos de dívida do GES.

Os ex-presidentes da antiga Portugal Telecom, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, e o então administrador financeiro, Luís Pacheco de Melo, livraram-se do arresto milionário dos seus bens, em vigor desde 2023, por decisão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, avança esta quinta-feira o jornal Expresso.

Os três gestores são responsáveis pelo investimento de quase 900 milhões de euros no Grupo Espírito Santo (GES), culminando com o fim da fusão com a Oi e a venda da operação portuguesa à Altice. A decisão do tribunal descongelar os bens do três antigos gestores da então Portugal Telecom data de dia 25 de fevereiro. A Pharol, empresa que resultou da antiga Portugal Telecom, pedia em tribunal indemnizações aos três ex-gestores.

A juíza considerou, contudo, que subsistem fundamentos para considerar que Zeinal, Granadeiro e Pacheco de Melo violaram os deveres a que estavam sujeitos enquanto gestores da empresa. Não ficou, no entanto, provado quem em concreto aceitou ou ordenou a subscrição dos títulos de dívida do GES.

O tribunal também absolveu Henrique Granadeiro do pedido de condenação como litigante de má-fé. A Pharol entendia que o gestor tinha prestado falsas declarações relativamente às suas funções quando foi feito um investimento de 147 milhões de euros na Espírito Santo International (ESI) para se libertar do arresto de bens.

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Mediação de seguros 2024: Mais mulheres, mais instrução, menos agentes

O número de mediadores de seguros voltou a descer no ano passado atingindo os 10.289. No entanto o perfil sociológico está a mudar, há mais mulheres e mais licenciados.

Em 2024, os mediadores se seguros ativos continuam a descer a nível total (baixou 2% em número para 10.289) e de agentes individuais (4% para 6.417) não compensado pela subida de sociedades de mediação (+1,1% para 3.872), revela o estudo anual Mediação 2024, divulgado pela ASF, entidade supervisora do setor dos seguros.

Esta tendência que se tem acentuado desde 2012, manteve-se sem grande alteração no ano passado refletindo a crescente opção por sociedades em detrimento do negócio individual.

Em relação aos ramos predominam as mediadoras autorizados para operar simultaneamente ramos Vida e Não Vida (95%), 4% apenas trabalham ramos Não Vida e 1% estão somente dedicados a ramo Vida.

Continua a tendência de envelhecimento dos agentes individuais. A média de idades dos profissionais mantém-se estavelmente nos 53 anos desde há 12 anos e é de notar que apenas 8% dos mediadores tem até 35 anos de idade, enquanto 19% tem mais de 65. Entre os 36-45 anos estão 19% dos agentes, enquanto 32% têm entre 46 e 55 anos e 22% entre 56 e 65 anos.

Enquanto em 2012, se apenas 42% dos agentes tinham a mediação de seguros como profissão, no ano passado já esse dado era de 59%, sinalizando uma gradual profissionalização dos agentes.

O grau de instrução dos mediadores tem aumentado no caso dos agentes individuais. Em 2012 apenas 20% dos mediadores ativos eram licenciados, no ano passado já eram 34%.

Com o ensino secundário equivalente ao 12º ano de escolaridade verifica-se uma descida dos 58% em 2012 para os 50% em 2024.

Os mediadores com o nível de Ensino Básico – 4.º ano de escolaridade para nascidos até 1966, 6.º ano de escolaridade para nascidos entre 1967 e 1980, 9.º ano escolaridade para os nascidos entre 1981 e 1995 – têm descido de 20,3% há 12 anos para os atuais 16,3%.

De notar ainda a crescente participação de mulheres na classe de agentes de seguros. Em 2012 apenas 30% eram profissionais femininas, hoje já são 36% e a tendência é de estável aumento.

Quanto a notificações ativas de mediadoras para atuar fora de Portugal, o crescimento foi exponencial nos últimos 10 anos. Em 2012 eram 45 empresas internacionalizadas, hoje já são 400.

Destas 18% (70) expandiram-se para Espanha em LPS, 8% para França, 6% para a Alemanha, 5% para a Itália, Luxemburgo e Bélgica num total de 29 países diferentes.

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Lisboa Fashion Week transmite desfiles em outdoors da MOP

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  • 6 Março 2025

A MOP vai aproveitar o seu posicionamento e contacto com a população para começar a comunicar, além de anúncios, outros conteúdos que possam "oferecer ‘bons momentos’ às pessoas", diz o seu CEO.

A 64ª edição da Lisboa Fashion Week, que decorre entre 6 e 9 de março, vai contar com a transmissão em livestream dos desfiles do evento em alguns dos ecrãs digitais da MOP espalhados pelo país.

Pela primeira vez em Portugal, a MOP vai assim utilizar os seus meios para difundir conteúdos para além dos “normais anúncios publicitários”, refere a empresa.

“Na MOP sempre procurámos ter uma visão e um posicionamento que não se limite apenas a um canal publicitário. Vamos aproveitar o posicionamento e o contacto que temos diariamente com toda a população para, por vezes, além da publicidade, comunicarmos conteúdos interessantes, que possam oferecer ‘bons momentos’ às pessoas“, diz Vasco Perestrelo, CEO da MOP, citado em comunicado.

“Esta iniciativa com a ModaLisboa é um ótimo exemplo disto mesmo: permitir que em vários pontos das ruas da cidade, mas também nalgumas das principais estações de metropolitano e da CP/IP, as pessoas que por lá passem possam ‘assistir’ aos desfiles da ModaLisboa através dos nossos suportes”, acrescenta.

Ainda no âmbito desta ação, alguns mupis “especiais” da MOP em Cais do Sodré, Restauradores, Avenida, Marquês de Pombal e São Sebastião contêm no seu interior objetos e roupas que criam bonecos, todos eles com personalidades diferentes e informações do evento.

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Portugal deve usar empréstimos a custos mais baixos para investir em defesa, defende Montenegro

O primeiro-ministro destacou as conclusões do Conselho Europeu para aumentar o investimento em defesa e considerou que o país deve aproveitar os empréstimos mais baixos da Comissão.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu esta quinta-feira que Portugal deve utilizar os empréstimos a custos mais baixos que a Comissão Europeia irá disponibilizar para investir em defesa e elogiou a “flexibilidade” para não pôr em causa a trajetória das contas públicas.

Evidentemente que Portugal deve aproveitar a oportunidade de poder ter empréstimos e poder ter um mecanismo de flexibilidade para utilizar, sem colocar em causa a trajetória” das finanças públicas, afirmou, em conferência de imprensa, em Bruxelas, perto da conclusão do Conselho Europeu extraordinário.

Em causa está a possibilidade de Portugal vir a recorrer ao instrumento extraordinário que a Comissão Europeia propôs no valor de 150 mil milhões de euros para empréstimos a condições favoráveis, à semelhança do programa pandémico SURE. Este foi um dos pontos abordados pelos líderes europeus em Bruxelas, que fecharam um acordo a 27 Estados-membros para investir em defesa.

O líder do Executivo português destacou, assim, o estado das contas públicas portuguesas, que registou um saldo orçamental positivo em 2023 e, terá também registado um excedente em 2024. “Portugal seria hoje dos países que, no âmbito da UE, não precisaria de um plano especial de empréstimos para recorrer a financiamento”, assinalou, acrescentando que o país “tem muita margem” para poder “assumir despesa pública não incumprindo o pacto” [de estabilidade].

Neste sentido, salientou que o país poderia “ter um superávite disponível ou até um défice” mas a política do Governo “não é essa”.

É continuarmos a trajetória de diminuição da dívida pública no PIB, controlar as finanças públicas ao mesmo tempo que diminuímos a carga fiscal”, disse.

O primeiro-ministro sinalizou, assim, a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais, para evitar procedimentos por défice excessivo, de modo a permitir um aumento da despesa com defesa num máximo de 1,5% por ano.

Os líderes europeus, reunidos esta quinta-feira numa cimeira extraordinária em Bruxelas, acordaram acelerar a mobilização do financiamento para reforçar o investimento em defesa. “A União Europeia acelerará a mobilização dos instrumentos e do financiamento necessários para reforçar a segurança da União Europeia e a proteção dos nossos cidadãos”, pode ler-se nas conclusões.

“Ao fazê-lo, a União reforçará a sua prontidão global em matéria de defesa, reduzirá as suas dependências estratégicas, colmatará as suas lacunas críticas em termos de capacidades e reforçará a base tecnológica e industrial europeia de defesa em toda a União, de modo a estar em condições de fornecer melhor o equipamento nas quantidades e ao ritmo acelerado necessários”, acrescenta.

Em cima da mesa esteve o plano “Rearmar a Europa” proposto pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do qual constava também a reafetação de verbas de outros fundos, como os da Coesão, verbas do Banco Europeu de Investimento (BEI), assim como capital privado. Os líderes europeus debateram também a situação na Ucrânia, num texto com o acordo a 26 países, já que a Hungria não assinou o texto.

Hungria salta fora do acordo sobre a Ucrânia

O Conselho Europeu extraordinário debateu ainda o apoio à Ucrânia, com as conclusões a serem subscritas por todos os Estados, menos a Ucrânia. Os 26 concordaram que só podem existir negociações com a Ucrânia na mesa das negociações – e também a participação da Europa se envolver a segurança do continente. E reiterar que a “paz deve respeitar a independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Para 2025, a UE prevê entregar assistência financeira de 30,6 mil milhões de euros a Kiev. O Conselho Europeu pede ainda ao executivo de von der Leyen para “intensificar os esforços” para resolver o trânsito de gás para a Eslováquia, através da Ucrânia.

Questionado pelos jornalistas, o primeiro-ministro português disse ainda que “se houver um processo de paz, com envolvimento da Europa, Portugal pode ter soldados na Ucrânia”. Montenegro insistiu ainda que “se forem necessárias tropas no terreno, Portugal estará ao lado dos parceiros europeus”.

À margem do Conselho Europeu, onde participou, o presidente ucraniano confirmou que iria, na próxima semana, à Arábia Saudita para uma reunião com a delegação dos EUA, a primeira depois da tensão na Casa Branca, que acabou com Zelensky a sair dos EUA sem assinar o acordo sobre recursos minerais.

*Em Bruxelas. A jornalista viajou a convite do Conselho da União Europeia.

(Notícia atualizada às 20h)

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Montenegro convicto de que portugueses estão satisfeitos com políticas do Governo

Primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirma que "povo português tem, por larga maioria, satisfação com o caminho que o Governo encetou nos últimos meses".

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acredita que os portugueses estão satisfeitos com o trabalho do Executivo e que se o Parlamento chumbar a moção de confiança têm de ser os eleitores a resolver a questão, “visto que no plano parlamentar não se avista mais nenhuma solução de Governo”.

É minha convicção que o povo português tem, por larga maioria, uma satisfação com o caminho de recuperação e transformação que o Governo encetou nos últimos 11 meses. Mas tenho a humildade de aguardar serenamente, se for o caso, a pronúncia do povo português se for o caso“, disse Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas após a conclusão do Conselho Europeu, em Bruxelas.

O Chefe do Governo garantiu ainda que o Executivo está “a fazer aquilo” que lhe compete para evitar um cenário de eleições. Montenegro comentava assim a posição do candidato presidencial Luís Marques Mendes que apelou esta quinta-feira ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para fazer uma “última tentativa” junto do primeiro-ministro e do PS para evitar eleições.

Tive conhecimento muito fugaz de que havia uma proposta no sentido de esgotar todas as diligências, para poder evitar que o país tenha necessidade de auscultação do povo português. Da parte do Governo estamos a fazer aquilo que nos compete”, disse.

Montenegro considerou que o Executivo está “a dar as respostas que são necessárias”, “a interagir no plano parlamentar com as demais forças políticas” e “a dar ao Parlamento a última oportunidade para dar legitimação que Governo precisa para executar o seu programa”.

Se o Parlamento disser que não confia no Governo para executar o seu programa não me sinto legitimado e tem de ser o povo a resolver essa questão, visto que no plano parlamentar não se avista mais nenhuma solução de Governo“, atirou.

Neste sentido, desafiou: “Se alguém tiver uma solução de Governo alternativa que possa gerar no Parlamento a confiança que, pelos vistos, não existe neste Governo, terá de a apresentar“.

O primeiro-ministro defendeu, à entrada para o Conselho Europeu, que o Governo está em plenitude de funções e não se considera “limitado” na sua ação, apesar da crise política se ter intensificado esta semana. O chefe do Governo reiterou que era desejável que não houvesse uma crise política, mas nota que a democracia tem de funcionar.

*Em Bruxelas. A jornalista viajou a convite do Conselho da União Europeia.

(Notícia atualizada às 19h41)

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Acordo a 27 para investir em defesa. Líderes europeus pedem mais financiamento à Comissão

  • Lusa
  • 6 Março 2025

Os 27 “congratulam-se” com o plano Rearmar a Europa, mas pedem "fontes de financiamento adicionais para a defesa a nível da União" entre os "programas de financiamento relevantes da UE".

Os líderes da União Europeia (UE), reunidos esta quinta-feira numa cimeira extraordinária em Bruxelas, acordaram “acelerar a mobilização” do financiamento necessário para reforçar a segurança do bloco comunitário, pedindo porém à Comissão Europeia “fontes de financiamento adicionais”.

“A União Europeia acelerará a mobilização dos instrumentos e do financiamento necessários para reforçar a segurança da União Europeia e a proteção dos nossos cidadãos. Ao fazê-lo, a União reforçará a sua prontidão global em matéria de defesa, reduzirá as suas dependências estratégicas, colmatará as suas lacunas críticas em termos de capacidades e reforçará a base tecnológica e industrial europeia de defesa em toda a União, de modo a estar em condições de fornecer melhor o equipamento nas quantidades e ao ritmo acelerado necessários”, indicam as conclusões hoje aprovadas pelos chefes de Governo e de Estado da UE.

Dias depois de a Comissão Europeia ter apresentado um plano de 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia, o Conselho Europeu decidiu também, no mesmo texto, salientar “a necessidade de continuar a aumentar substancialmente as despesas com a segurança e a defesa da Europa”.

Em causa está o plano Rearmar a Europa, assente em cinco vertentes: um novo instrumento ao nível da UE para circunstâncias extraordinárias (como o que foi criado para assistência financeira aos países em empréstimos a condições favoráveis durante a covid-19 para evitar o desemprego), a ativação da cláusula de salvaguarda nacional das regras orçamentais para evitar procedimentos por défice excessivo (para aumento da despesa pública com defesa, num máximo de 1,5% por ano), a reafetação de verbas de outros fundos (como da Coesão), verbas do Banco Europeu de Investimento e ainda capital privado.

Nas conclusões, os 27 “congratulam-se” com estas propostas, que pedem que sejam analisadas “com urgência”, solicitando porém à Comissão Europeia “que proponha fontes de financiamento adicionais para a defesa a nível da União, nomeadamente através de possibilidades e incentivos adicionais oferecidos aos Estados-membros na utilização das suas atuais dotações ao abrigo dos programas de financiamento relevantes da UE, e que apresente rapidamente as propostas pertinentes”.

Duas semanas após o terceiro aniversário do início da guerra na Ucrânia causada pela invasão russa, em fevereiro de 2022, e quando existem tensões entre a administração norte-americana e a liderança ucraniana, os chefes de Governo e de Estado da UE avançam com as primeiras medidas para tornar a Europa ser mais soberana, autónoma e estar melhor equipada na área da defesa e da segurança.

Entre 2021 e 2024, a despesa total dos Estados-membros com a defesa aumentou mais de 30%, ascendendo a um montante estimado de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do PIB da UE.

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TotalEnergies e Lhoist inauguram central solar de 2,6 milhões em Santarém

  • Lusa
  • 6 Março 2025

A nova central solar será capaz de gerar anualmente cerca de 5,4 GWh de eletricidade renovável e irá cobrir 27% do consumo de eletricidade da fábrica da Lusical, em Alcanede.

A TotalEnergies, multinacional energética, inaugurou esta quinta-feira uma central solar na fábrica da Lusical, em Alcanede, no concelho de Santarém, num investimento de 2,6 milhões de euros.

A infraestrutura foi desenvolvida em parceria com a Lhoist, empresa proprietária da unidade, que se dedica ao fabrico de cales aéreas (óxido de cálcio, óxido duplo de cálcio e magnésio e hidróxido de cálcio).

Segundo informação partilhada com a Lusa, a central fotovoltaica, situada em Valverde, na freguesia de Alcanede, concelho de Santarém, custou 2,6 milhões de euros e dispõe de uma capacidade instalada de 3,2 MWp, distribuída por cerca de 5.500 painéis de alta eficiência, ocupando uma área de cinco hectares.

De acordo com o documento, esta nova central solar será capaz de gerar anualmente cerca de 5,4 GWh de eletricidade renovável e irá cobrir 27% do consumo de eletricidade da unidade.

Esta infraestrutura permitirá a redução da dependência da rede elétrica, a diminuição dos custos operacionais e uma “redução das emissões de CO2 em aproximadamente 1.500 toneladas por ano”.

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