UE exporta 504 mil milhões em bens para os EUA. Os números de uma relação ameaçada pelas tarifas

Presidente norte-americano garantiu que irá aplicar taxas alfandegárias aos produtos provenientes da União Europeia. Terras de 'Uncle Sam' representam 16,7% das exportações europeias.

O Presidente norte-americano ameaçou que os produtos da União Europeia (UE) vão ser sujeitos a taxas alfandegárias “muito em breve” e os líderes da Alemanha e França já garantiram que se Donald Trump o fizer sofrerá retaliações económicas. O impacto económico seria acentuado, uma vez que mantêm a maior relação bilateral de comércio e, juntos, representam quase 30% do comércio de mercadorias e serviços a nível global e 43% do PIB mundial.

Olhando para as balanças comerciais bilaterais dos EUA, o país regista o terceiro maior défice comercial bilateral com a Alemanha, depois da China e do México. Dada a rapidez com que a Administração Trump implementa as promessas eleitorais, é difícil ver como a UE poderia escapar à dança tarifária“, assinalam os economistas do ING, numa nota de research.

Mas, afinal, quanto vale a relação comercial entre os EUA e a União Europeia?

De acordo com dados da Comissão Europeia, o comércio de mercadorias ascendeu a 851 mil milhões de euros, em 2023, resultado de exportações da União Europeia para os Estados Unidos no valor de 503,8 mil milhões de euros e de importações no valor de 347,2 mil milhões de euros.

Os principais parceiros comerciais da UE são:

  • EUA: 16,7%
  • China: 14,6%
  • Reino Unido: 10,1%
  • Suíça: 6,4%
  • Outros: 52,2 %

Já os principais parceiros comerciais dos EUA são:

  • UE 27: 18,6%
  • México 15,7%
  • Canadá: 15,2%
  • China 11,3%
  • Outros: 39,2%

Segundo a análise da Comissão Europeia, na última década, o comércio entre a UE e os EUA mais do que duplicou. Nas principais mercadorias que a UE importa dos EUA destacam-se os óleos de petróleo e petróleo bruto, medicamentos e produtos farmacêuticos e gás natural, enquanto nas principais mercadorias que a UE exporta para os EUA realçam-se os medicamentos e produtos farmacêuticos e os automóveis e veículos a motor.

Os economistas do ING explicam que a Administração norte-americana iniciou uma investigação abrangente sobre as relações comerciais dos EUA, cujo relatório deverá ser apresentado em 1 de abril. “Um momento crucial para a UE. No entanto, só em abril é que a UE sentirá os efeitos económicos das tarifas dos EUA”, consideram.

Mesmo excluindo o impacto de eventuais taxas sobre os produtores europeus, a UE também deverá sofrer consequências indiretamente devidos às aplicadas sobre os produtos provenientes do Canadá, México e China. “Uma vez que muitos fabricantes europeus (de automóveis) têm instalações de produção para o mercado dos EUA no México, como parte da estratégia de near-shoring e de redução de riscos dos últimos quatro anos, as tarifas dos EUA sobre o México também prejudicarão a Europa“, referem os analistas do banco.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Trump deixa mercados à deriva. Volatilidade é a única certeza

Os avanços e recuos nas tarifas causaram instabilidade na negociação neste arranque de semana, com os analistas a alertarem para os riscos que a imposição de taxas aduaneiras tem para as ações.

Depois de uma primeira reação negativa à imposição de tarifas por parte dos EUA ao Canadá, México e China, o recuo (por agora) nas taxas aduaneiras ao México e Canadá devolveu algum otimismo aos investidores. Mas o alívio poderá ter “perna curta”. Tudo vai depender da evolução das negociações, também com outros parceiros comerciais, como a União Europeia. Os analistas antecipam vários cenários – uns mais negativos, outros menos – , mas uma coisa é certa: a volatilidade vai continuar a marcar passo na negociação.

A promessa de tarifas marcou a campanha eleitoral de Donald Trump e o novo presidente norte-americano não perdeu tempo a implementar as novas taxas aduaneiras. Há duas semanas na Casa Branca, o republicano aproveitou o início do novo mês para impor tarifas de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas e de 10% sobre os bens que chegam da China. Quanto à Europa, Trump já avisou que novas taxas não deverão tardar.

Uma primeira reação às tarifas de Trump acelerou um sell-off nas ações europeias e americanas, após os índices terem batido novos recordes, com o setor automóvel europeu a cair um máximo de quase 4%, enquanto o dólar ganhou distância para o euro, que recuou para mínimos de dois anos, para negociar em torno de 1,025 dólares. Ainda no mercado cambial, o dólar canadiano tombou para mínimos de 20 anos.

O anúncio de um acordo com o México – e com o Canadá já depois do fecho de Wall Street – para adiar as tarifas pelo prazo de um mês trouxe algum alívio aos mercados, com as ações dos setores mais penalizados a aliviarem parte das descidas, mas não o suficiente para impedir um fecho negativo, com todas as praças do Velho Continente a perderem valor.

O índice alemão DAX caiu 1,5%, o espanhol IBEX 35 desceu 1,3%, o francês CAC 40 desvalorizou 1,2%, o neerlandês AEX perdeu 0,62%, o italiano FTSE MIB recuou 0,69% e o britânico FTSE 100 resvalou 1,04%. Já o Euro Stoxx 50, das cotadas da zona euro, fechou com uma desvalorização de 1,26%.

Quem esteve a ganhar foi a volatilidade. O índice VIX, o chamado índice do medo, acelerou para máximos de uma semana para 20,41 pontos, tendo depois aliviado para 18,43 pontos, bem acima da média 15,8 pontos do último ano. E a expectativa é que o sobe e desce dos mercados continue a refletir o nervosismo dos investidores até perceberem o rumo da política comercial norte-americana.

David Kelly, estratega global chefe da JPMorgan AM, realça que, ainda que o desfecho desta guerra comercial “permaneça muito incerto”, os investidores “têm todos os motivos para estarem preocupados com uma guerra comercial”.

“Uma guerra comercial tem o potencial para transmitir um impulso estagflacionário a este ambiente de investimento, aumentando a inflação e as taxas de juro, ao mesmo tempo que prejudica o crescimento e os lucros“, avisa o especialista.

“No nosso cenário base, não esperamos que as tarifas de 25% sobre o Canadá e o México sejam sustentadas por um período prolongado”, antecipam os analistas do UBS, num comentário diário. Os especialistas acreditam que “a administração Trump não gostaria de pôr em risco o crescimento económico dos EUA ou arriscar uma inflação mais elevada ao manter as tarifas em vigor durante um período sustentado, e uma volatilidade significativa no mercado de ações poderia levar a uma mudança de abordagem”.

O banco assume, contudo, que o tema das tarifas deverá continuar a pesar, no curto prazo, nos mercados e a criar incerteza. Dito isto, o UBS refere que, embora continue a acompanhar de perto a política comercial, o cenário base continua a indicar que o S&P 500 suba para 6.600 até ao final do ano.

É pouco provável que as tarifas sobre o Canadá e o México sejam sustentadas, o crescimento económico dos EUA deverá representar um vento favorável para as ações e continuamos a acreditar que a IA apresenta um poderoso vento estrutural favorável para os lucros e os mercados acionistas”, defende o banco suíço.

Os especialistas da Generali Investments também se mostram confiantes numa “rápida suspensão das tarifas, à medida que os países visados ​​tomam medidas para resolver as crises do fentanil e da imigração. Mas espera-se um processo complicado”.

Os especialistas avisam, porém, que a incerteza em torno da política comercial “permanece elevada”.

Da complacência ao pessimismo

Apesar das ameaças de tarifas por parte de Donald Trump, os mercados assumiram uma complacência em relação à imposição de novas taxas aduaneiras, pelo que o avanço das tarifas levou vários bancos de investimento a rever as suas estimativas.

O Goldman Sachs, por exemplo, calcula que as tarifas, a materializarem-se de forma sustentada, poderão “custar” entre 2% e 3% aos lucros das empresas do S&P 500. Já o Morgan Stanley prevê que os mercados acionistas permaneçam sob pressão.

Quanto à economia, o gigante de Wall Street antecipa que as medidas anunciadas por Trump poderão reduzir o PIB em 0,4% e aumentar a inflação em 0,7%, enquanto o Morgan Stanley estima “um impacto ainda mais severo, com potencial para reduzir o PIB dos EUA até 1,1%”.

Apesar deste recuo nas estimativas, muitos especialistas continuam a duvidar que Trump leve as tarifas avante, caso isso custe crescimento à economia.

Depois de uma semana em que a IA agitou os mercados, levando gigantes do setor, como a Nvidia a afundar, agora são as tarifas a levar o sentimento dos investidores do pessimismo ao alívio no espaço de poucas horas. Sem grande visibilidade quanto àquele que poderá ser o desfecho das negociações entre os EUA e grandes parceiros comerciais, nem sobre quais as concessões, os mercados deverão continuar a oscilar ao sabor das notícias que saem da Casa Branca.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tarifas de Trump são balde de água fria no crescimento e comércio mundial

Dinâmicas de compra e venda de bens serão alteradas pelas taxas alfandegárias norte-americanas. Economistas apontam para arrefecimento do comércio e impacto negativo no crescimento.

O comércio mundial mudou e iniciou uma nova fase ao concretizar-se a tão ameaçada “guerra comercial” (como o Canadá já a designou). As taxas alfandegárias anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos provenientes do Canadá e da China entram em vigor esta terça-feira e o crescimento global deverá ser uma das vítimas, de acordo com a generalidade dos economistas. Paralelamente, ressurgem os receios de uma nova onda inflacionista, a que se junta o fator incerteza devido à imprevisibilidade do Chefe de Estado americano.

O primeiro passo da administração dos EUA em matéria de tarifas não só sublinha a determinação de utilizar as tarifas como instrumento principal na política externa, mas também marca uma revisão completa do comércio tal como o conhecemos, violando claramente os acordos comerciais existentes, como o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)”, assinalam os economistas do banco ING, numa nota de research.

Donald Trump oficializou no sábado uma das principais promessas da campanha eleitoral ao assinar o decreto que estabelece, a partir desta terça-feira, a imposição de taxas alfandegárias de 10% à China, de 25% ao México e de 25% ao Canadá, com exceção das importações de petróleo canadiano, que terão uma taxa de 10%. O universo abrangido pode não ficar por aqui, com o responsável americano a ameaçar impor taxas também à Europa.

O primeiro passo da administração dos EUA em matéria de tarifas não só sublinha a determinação de utilizar as tarifas como instrumento principal na política externa, mas também marca uma revisão completa do comércio tal como o conhecemos.

Economistas do ING

No entanto, na segunda-feira decidiu adiar por um mês as taxas sobre os bens provenientes do México. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, revelou na rede social X que teve uma “boa conversa com o Presidente Trump” e que chegaram “a uma série de acordos”. A governante esclareceu ainda que “o México vai reforçar imediatamente a fronteira com os EUA com 10.000 membros da Guarda Nacional para prevenir o tráfico de drogas do México para os Estados Unidos, especialmente fentanil”, escreveu.

Se com o México a questão das tarifas está em pausa, com os dois outros parceiros comerciais não é assim. “Qualquer otimismo que houvesse sobre Trump estar a fazer bluff, ou que não iria fazer o que disse na campanha, caiu por terra. A perspetiva mais otimista está a ser colocada de parte”, assinala o economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, em declarações ao ECO.

O economista considera que “apesar das tarifas poderem ser vistas como armas de arremesso em algumas questões políticas, o objetivo é verdadeiramente económico“. Neste sentido, recorda que Donald Trump assume como desígnio o equilíbrio da balança comercial, que Filipe Garcia diz que “não vai conseguir”, e aumentar a capacidade de financiamento do Estado.

Quando se está a implementar tarifas para o Canadá, México, China e Zona Euro estamos a falar de 60% das importações americanas. Mostra que é para ganhar dinheiro, indo ao que interessa”, aponta. Como consequência “o arrefecimento do comércio mundial terá de acontecer obrigatoriamente, porque os EUA são parceiros comerciais de diversos países, ainda que a China tenha maiores contrapartes mundiais do que os EUA”.

15% de todas as importações dos EUA são provenientes do México, 13,7% do Canadá e 13,9% da China. Quase metade das importações dos EUA serão afetadas por taxas alfandegárias mais elevadas.

Ou seja, com mais de 15% de todas as importações dos EUA a serem provenientes do México, 13,7% do Canadá e 13,9% da China em 2023, quase metade de tudo o que as importações dos EUA serão afetadas por taxas alfandegárias mais elevadas, levando potencialmente a perturbações nas cadeias de abastecimento.

Indústrias como a automóvel e a indústria transformadora, que estão profundamente integradas nas cadeias de abastecimento dos EUA, enfrentarão custos e perturbações crescentes, uma vez que muitas peças atravessam a fronteira várias vezes antes de se tornarem um produto final”, alertam os economistas do ING.

Os economistas recordam que a produção total da indústria transformadora dos EUA foi de 2,85 biliões de dólares em 2023, de acordo com os números do Produto Interno Bruto (PIB) – menos do que os 3,1 biliões de dólares de importações de bens nesse ano. “Como tal, o setor industrial dos EUA precisaria de mais do que duplicar a sua dimensão para permitir a substituição total, o que é inviável no curto prazo”, assinalam.

Escalada “sem precedentes”

Um estudo do Banco do Canadá prevê que com a imposição das tarifas e uma retaliação dos países afetados, o crescimento do PIB americano irá abrandar, uma vez que haverá uma substituição significativa das exportações dos EUA.

“As tarifas também aumentam os custos para as empresas dos EUA que importam fatores de produção intermédios utilizados para produzir bens finais. Esses custos mais elevados são normalmente repassados ​​aos consumidores. Isto é particularmente problemático para indústrias com cadeias de abastecimento internacionais altamente integradas, como o setor automóvel, e para indústrias que não podem substituir facilmente os fatores de produção produzidos internamente“, pode ler-se na análise do banco central.

As tarifas também aumentam os custos para as empresas dos EUA que importam fatores de produção intermédios utilizados para produzir bens finais. Esses custos mais elevados são normalmente repassados ​​aos consumidores, refere estudo do Banco do Canadá.

Ademais destaca que no Canadá, um conflito comercial afetaria negativamente tanto as exportações como as importações. “As tarifas dos EUA tornam as exportações do Canadá para os Estados Unidos – o seu maior parceiro comercial – menos competitivas, levando a um declínio significativo no volume de exportações“, argumenta.

“Se o México, o Canadá e a China levarem a cabo a retaliação anunciada, a economia global assistirá a uma escalada sem precedentes das tensões comerciais“, realçam os economistas do ING, acrescentando que “que todos os países envolvidos perdem”.

Uma simulação económica publicada pelo Peterson Institute for International Economics mostra que todos os países sofrem um impacto económico negativo e um agravamento da inflação. Como o ECO explica aqui, no caso do Canadá, as taxas tiram até 1,26% do PIB face ao cenário base, com o impacto mais acentuado em 2026 e 2027. Para o México, o impacto é ainda mais severo, chegando aos 2%.

Os EUA não ficam incólumes, embora o impacto seja bem mais contido. As taxas aduaneiras de 25% tiram até 0,26% ao PIB americano. No caso da taxa aduaneira adicional de 10% para a China, o impacto volta a ser negativo para os dois países, mas bem menos grave do que o agravamento das tarifas ao Canadá e China. O modelo usado por Warwick J. McKibbin e Marcus Noland aponta para um impacto negativo no PIB do país do oriente até 0,16% e de apenas 0,03% nos EUA.

Um outro estudo, publicado pela Tax Foundation, calcula que a imposição reduz a produção económica a longo prazo em 0,4% (0,3% devido às tarifas sobre o Canadá e o México e 0,1% derivado das tarifas sobre a China) antes de qualquer retaliação estrangeira.

Por seu lado, a Oxford Economics prevê que apesar da guerra comercial pesar sobre a economia dos EUA esta irá evitar uma recessão. “Estimamos que as tarifas retaliatórias anunciadas até agora reduzirão em 0,7 pontos percentuais o crescimento do PIB dos EUA em 2025“, referem os analistas numa nota de research a que o ECO teve acesso, que estimam que o impacto para o Canadá e o México será maior.

EPA/MICHAEL BUHOLZEREPA/MICHAEL BUHOLZER

Ainda assim, acreditam que as taxas não permanecerão em vigor durante um período demasiado prolongado. “Em teoria, as taxas sobre produtos estrangeiros fornecem subsídios para produtos nacionais, o que reduziria as importações e levaria a um aumento nas exportações líquidas. No entanto, este incentivo aplica-se a todos os países, o que representa um dilema do prisioneiro, em que a melhor resposta de cada país é aplicar tarifas, resultando num resultado abaixo do ideal para todos”, assinalam.

O decreto assinado por Trump inclui uma cláusula que implica uma escalada da guerra comercial latente, já que prevê que os EUA aumentariam as taxas sobre os países que retaliassem. A Oxford Economics destaca ainda que “as atenções também estão a mudar-se para o Reino Unido e para Zona Euro, uma vez que a guerra comercial está claramente nas fases iniciais”.

O economista e diretor da Faculdade de Economia da Faculdade do Porto (FEFP) explica, em declarações ao ECO, que “os preços nos EUA vão aumentar e com isso os consumidores vão perder e os produtores ganhar, ao mesmo tempo que o Estado também ganha porque arrecada receita”.

No caso dos EUA se somarmos os efeitos depende, porque a perda dos consumidores é maior do que os ganhos dos produtores, mas se somarmos o ganho do Estado com o dos produtores fica a dúvida“, refere. Já o resto do mundo para poder exportar para EUA “vai ter de diminuir o preço, o que significa que nesses locais vão ganhar os consumidores e perder os produtores, podendo haver um prejuízo adicional”.

Porém, caso aconteçam retaliações, como está a ser prometido pelo Canadá, “no cômputo geral haverá provavelmente menos comércio e menor crescimento“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ronaldo bate novo recorde. Marca CR7 atinge os 850 milhões de euros

Avaliando a reputação, popularidade, notoriedade e potencial mediático, Cristiano Ronaldo é o desportista mais valioso do mundo e da história. A sua marca vale agora 850 milhões de euros.

Cristiano Ronaldo continua a somar, mesmo fora das quatro linhas. Prestes a celebrar 40 anos, esta quarta-feira, para muitas pessoas é incrível como o capitão da seleção nacional se mantém no ativo, contando já com 920 golos marcados. Mas além da sua carreira desportiva, também o valor da sua marca tem evoluído ao longo do tempo, tendo atingido este ano 850 milhões de euros.

Este valor, estimado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), tem origem em receitas (salários e patrocínios/direitos de imagem), nos media (inserções e referências a CR7 nas televisões, jornais, rádios e meios online), em redes sociais (seguidores nas redes sociais e referências em motores de busca), palmarés (títulos e distinções), influência social (referências em livros e artigos científicos e posições nos rankings de celebridades) e impacto (nas equipas onde joga).

O IPAM, que acompanha e avalia a evolução do valor da marca “Cristiano Ronaldo” desde 2011, tem assim verificado o crescimento contínuo, que começou em 24,5 milhões de euros em 2011 e que não tem parado de subir desde então, até ao valor recorde de 850 milhões de euros este ano.

Para este crescimento contribuíram essencialmente dois fatores, que se prendem com o “aumento extraordinário de todos os indicadores relativos à visibilidade e performance de Cristiano Ronaldo em todo o mundo” e com o “aumento explosivo da utilização e impacto das redes sociais em toda a sociedade“, explica o IPAM.

Comparando com os números de 2020 — ano em que foi feita a última análise à marca de Ronaldo e que a valorizava em 200 milhões — há uma diferença desde logo evidente que justifica este grande crescimento: o salário de Cristiano Ronaldo passou de cerca de 40 milhões de euros na Juventus para 200 milhões na Arábia Saudita.

Por outro lado, os contratos de patrocínio e direitos de imagem passaram de 28 para 150 milhões de euros, decorrentes de inúmeros contratos publicitários com diferentes marcas de vários setores de atividade, como a Nike, Tag Heuer ou Louis Vuitton.

Mas também nas redes sociais Cristiano Ronaldo continua a “marcar golos” (e a faturar), tendo-se tornado inclusive na figura mais seguida no mundo, ultrapassando os 1.000 milhões de seguidores. O Instagram é a rede onde o português agrega mais fãs, num total de 648 milhões de seguidores, seguindo-se o Facebook (170 milhões), o X (114,5 milhões) e o YouTube (73,2 milhões).

No caso do YouTube, recorde-se, o atleta lançou em agosto um canal denominado “UR · Cristiano”, tendo conquistado mais um recorde, do Guinness World Records: o de registar o maior número de subscritores num canal de YouTube em 24 horas. Isto porque foram quase 20 milhões (19.729.827) as pessoas que se inscreveram nas primeiras 24 horas de vida do canal.

Além disso, Cristiano Ronaldo gera ainda 22,3 milhões de notícias nos media anualmente e a nível mundial, regista 187 milhões de pesquisas no Google por ano, é mencionado em quatro mil livros na Amazon e está presente em 63 mil artigos científicos.

Comparando com o estudo de 2020, CR7 viu a sua influência digital crescer exponencialmente, com o número de seguidores nas redes sociais a passar de 265 milhões para mais de 1.000. Já o número de pesquisas no google passou de 56 milhões para 187 milhões.

No plano desportivo, Ronaldo coleciona 31 grandes troféus, incluindo cinco Ligas dos
Campeões, sete ligas nacionais, cinco Bolas de Ouro e um Campeonato Europeu. Ronaldo acumula também 1.042 jogos em clubes e 217 jogos nas seleções.

Paralelamente, os últimos cinco anos têm ainda sido marcados por um forte crescimento da sua atuação como investidor, com participações em setores como hotelaria, moda e saúde.

De forma global, segundo o relatório do IPAM, Cristiano Ronaldo assistiu desde 2020 a um aumento de 308% nos salários, 435% nas receitas de patrocínios e 280% nos seguidores nas redes sociais. Já o número de jogos aumentou 51% e o de golos subiu 60% no mesmo período.

Cristiano Ronaldo é muito mais do que um jogador de futebol. É uma marca global que reflete excelência, inovação e impacto em várias áreas da vida pública. O seu valor de mercado é o reflexo da sua relevância desportiva, mediática e comercial, que transcende gerações“, diz Daniel Sá, diretor executivo do IPAM e responsável pelo estudo, citado em comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

EUA suspendem tarifas aplicadas ao Canadá durante 30 dias

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, revelou que os EUA vão suspender as tarifas de 25% sobre a maioria das importações e produtos durante 30 dias, depois de uma conversa com Donald Trump.

Depois do México, o Canadá. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, revelou que os Estados Unidos vão suspender a implementação das tarifas de 25% sobre a maioria das importações e produtos durante 30 dias, depois de uma conversa com o Presidente norte-americano Donald Trump.

O Canadá está a assumir novos compromissos. Nomearemos um responsável pela questão do fentanil, acrescentaremos os cartéis mexicanos à lista de entidades terroristas (…) e lançaremos, com os Estados Unidos, uma força de ataque conjunta contra o crime organizado, o tráfico de fentanil e o branqueamento de capitais“, adiantou Trudeau, através da rede social X.

A entrada em vigor destas tarifas sobre a maioria das importações e produtos estava prevista para terça-feira, noticiou a agência France-Presse (AFP).

À tarde, os EUA tinham chegado a um acordo com o México, para adiar, por um mês, a implementação de tarifas de 25% sobre bens importados do México, depois de o país se comprometer em reforçar o controlo das suas fronteiras. “Tivemos uma boa conversa com o Presidente Trump, com grande respeito pela nossa relação e soberania”, começou por informar a presidente do México, Claudia Sheinbaum, num tweet publicado na rede social X.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Minalea lança produto para análise de preços de seguros no mercado

  • ECO Seguros
  • 3 Fevereiro 2025

A insurtech francesa faz estudos que podem ser focados em objetivos específicos da seguradora ou pode criar um observatório recorrente de prémios, que acompanha a evolução e mudanças no mercado. 

A Minalea, insurtech que chegou a Portugal no ano passado, anunciou o lançamento de uma nova oferta: estudos tarifários a pedido. A solução permite que seguradoras compreendam o posicionamento dos preços dos seus produtos no mercado.

Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea, em entrevista ao ECO Seguros - 04JUL24
Stéphane Favaretto, co-fundador da Minalea: “Não nos limitamos a fornecer resultados em bruto, oferecemos uma interface inteligente e interactiva para compreender os dados”.Hugo Amaral/ECO

Segundo comunicado enviado pela insurtech, os estudos podem ser personalizados conforme a necessidade das seguradoras. Podem ser pontuais, focados em objetivos específicos, ou pode ser criado um observatório recorrente de prémios, que acompanha a evolução e mudanças no mercado. Os resultados são apresentados através de uma solução interativa de business intelligence, que fornece uma “visão global do posicionamento e do desfasamento das tarifas em função das principais variáveis tarifárias”, indica a Minalea.

Além dos estudos de tarifários, a Minalea também oferece serviços complementares, como comparação de garantias de produtos e consultoria e recomendações, como, por exemplo, ao ajudar “as equipas de marketing a renovar os seus produtos”.

A empresa também realiza pesquisas qualitativas e entrevistas a consumidores “para compreender a evolução da sua abordagem dos seguros, as suas intenções de compra futuras assim como as suas intenções de mudar de seguradora”.

Também está incluída na oferta “o cliente mistério, que avalia o funcionamento ou da capacidade de resposta de uma rede de vendas, ou a auditoria dos percursos digitais das seguradoras para uma determinada oferta de produtos.”

Segundo Stéphane Favaretto, diretor-geral da Minalea em Portugal, a empresa já possui clientes para este serviço no país e acredita que o mercado “está à espera deste tipo de solução”. “Não nos limitamos a fornecer resultados em bruto, oferecemos uma interface inteligente e interactiva para compreender os dados. E apresentamos sempre as nossas conclusões numa sessão final de apresentação do estudo e dos resultados”, afirma.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Protecionismo é lamentável”, diz Maria Luís Albuquerque

  • ECO
  • 3 Fevereiro 2025

A comissária europeia considera que as tarifas, como as defendidas por Donald Trump", "prejudica a todos".

Num momento em que os EUA iniciam uma guerra comercial, com a aprovação de novas tarifas a vários países, a comissária europeia para os Serviços Financeiros classifica de “lamentável” o protecionismo como o defendido por Donald Trump. “O protecionismo, do ponto de vista económico, é lamentável”, diz Maria Luís Albuquerque, em entrevista à RTP3, transmitida esta segunda-feira. “Prejudica todos”, acrescenta, incluindo quem pensa “que se está a proteger e o resto do mercado mundial”.

Mas perante o cenário no outro lado do Atlântico – com tarifas de 25% aprovadas pelos EUA ao Canadá e de 10% à China a avançar esta terça-feira –, a antiga ex-ministra das Finanças afirma que a Europa, agora, “tem de fazer a sua parte” para “resolver os seus próprios problemas”. Até porque a União Europeia também está na lista da Casa Branca para futuras taxas alfandegárias. Entre as prioridades, e que é uma das missões de Maria Luís Albuquerque em Bruxelas, está a União dos Mercado de Capitais.

“Eliminar as barreiras, que fazem com que existam 27 mercados distintos, cada um demasiado pequeno”, sublinha a comissária portuguesa, que defende que os mercados de capitais “precisam de escala, dimensão” para serem eficientes.

O problema da Europa “não é falta de dinheiro”, acredita Maria Luís, que volta a fazer o diagnóstico: “Nós temos um mercado que está muito fragmentado e, por essa razão, não é possível, de uma forma eficiente, canalizar os recursos existentes para aquelas que são as necessidades”, como a indústria da defesa ou a transição digital e energética.

Com um mercado unificado, a comissária crê que os investidores podem olhar para outros ativos para lá do imobiliário. “Se tivermos um mercado mais equilibrado, em que os investidores tenham oportunidade de investir nas empresas – com a vantagem que tem para empresas – também vai reduzir a pressão sobre o imobiliário”, rematou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Politécnico de Leiria investiga alegadas irregularidades na atribuição de bolsas Erasmus

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

O processo foi desencadeado depois de um pagamento que "não foi confirmado por uma estudante" do Erasmus. Todos os processos de mobilidade dos últimos 10 anos estão a ser auditados.

O Politécnico de Leiria está a investigar alegadas irregularidades na atribuição de bolsas do programa Erasmus na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche), disse esta segunda-feira à agência Lusa o presidente do instituto. “Confirmo que foi detetada uma irregularidade na atribuição de bolsas de mobilidade [programa Erasmus], no verão passado”, afirmou Carlos Rabadão.

Segundo Carlos Rabadão, a situação foi descoberta num “procedimento de rotina dos serviços financeiros”.

“Andamos numa fase de sistematização, alteração dos procedimentos e numa situação de rotina, de procedimento, detetou-se que havia qualquer coisa que não estava a bater certo e analisámos, nomeámos uma comissão de investigação interna, que está a fazer o trabalho”, explicou o presidente do Instituto Politécnico de Leiria.

Este responsável adiantou que as suspeitas foram comunicadas “ao Ministério Público na mesma altura”, sendo que a pessoa envolvida nesse procedimento que suscitou dúvidas “foi afastada de funções”. Questionado sobre o valor das alegadas irregularidades, o presidente do Politécnico de Leiria referiu que a comissão interna ainda não terminou o trabalho.

“A comissão começou a trabalhar em agosto, tem estado a ouvir muitas pessoas, a analisar vários processos de vários anos, para perceber se isto foi uma situação esporádica ou se tem impacto para trás”, declarou, esclarecendo que só quando a comissão fechar o processo – o que deve acontecer este mês – é que vai ser possível “quantificar, exatamente, qual foi – se é que foi – o valor dessas irregularidades, estes pagamentos indevidos”.

Ainda segundo Carlos Rabadão, o que desencadeou este processo “foi uma irregularidade relacionada com um pagamento que não foi confirmado por uma estudante na altura”, sendo que estão a ser auditados “todos os processos de mobilidade que se verificaram nos últimos 10 anos”.

“Mas este caso que espoletou a situação foi (…) de alguma inconformidade entre o que está registado no sistema e o que a estudante nos disse, mas temos de ouvir as duas partes e perceber o que é que, efetivamente, aconteceu”, o trabalho que está a ser feito pela comissão de investigação, declarou.

O presidente do Politécnico de Leiria adiantou que quando o processo estiver finalizado vai ter de tomar “uma decisão com base na proposta” apresentada pela instrutora, que está a ser assessorada pelos serviços jurídicos da instituição. “Darei conta do resultado ao Ministério Público e, obviamente, à Agência Erasmus, que também está a acompanhar”, referiu.

De acordo com Carlos Rabadão, “havendo agora esta fuga de informação para a comunicação social, também já meti a par o programa Erasmus, para não serem surpreendidos pela comunicação social”.

“Estamos, tranquilamente, a analisar e vamos ser, obviamente, rigorosos. Se, eventualmente, concluirmos que há aqui utilização indevida de fundos públicos, teremos de atuar em conformidade, e a nossa lei define muito bem o que é que se deve fazer e o que é que não se deve fazer”, acrescentou. A Lusa fez um pedido de informação à Procuradoria-Geral da República sobre esta situação, mas ainda não obteve resposta.

O Politécnico de Leiria tem cinco escolas superiores (três em Leiria, uma nas Caldas da Rainha e outra em Peniche), além de núcleos de formação e unidades de investigação. A sua comunidade académica é constituída por mais de 15.500 pessoas: 14.000 estudantes e cerca de 1.650 professores, investigadores, técnicos e administrativos. No total, está presente em oito cidades da região de Leiria e do Oeste.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Advogados do Estado vão receber 22 euros por hora. Portaria entra em vigor a 2 de agosto

As novas regras para as tabela de honorários dos advogados oficiosos entram em vigor a 2 de agosto. Bastonária defende que "o Governo dá com uma mão e tira com a outra".

A intervenção presencial ou remota por parte dos advogados oficiosos, quando autorizada por juiz ou Ministério Público, em diligências ou audiências, é paga a 22 euros por cada hora, desde o seu início efetivo até à hora declarada de encerramento, suspensão, adiamento ou interrupção.

As novas regras para as tabela de honorários dos advogados oficiosos, bem como a regulamentação da lei do acesso ao direito, entram em vigor a 2 de agosto. A portaria aplica-se aos atos praticados no âmbito das nomeações aceites após 2 de agosto.

A portaria relativa às novas regras para os advogados oficiosos já está pronta e entra em vigor no segundo semestre do ano, “após período de adaptação do sistema”. O Governo atualiza honorários dos advogados oficiosos e revê regras do Sistema de Acesso ao Direito (SADT), aproveitando as conclusões do estudo do Grupo de Trabalho, criado para esse efeito.

Assim, a portaria que atualiza honorários dos advogados oficiosos e revê regras do Sistema de Acesso ao Direito (SADT) define que os advogados oficiosos vão passar a ser pagos em função da complexidade e do tempo que se gasta com cada processo, a poder fazer mais atos nos tribunais – incluindo em casos de mediação, arbitragem e em conservatórias – a consulta jurídica passa a ter o valor de 48 euros e estes advogados serão pagos, no imediato, em caso de substituição de mandatário, evitando atrasos e problemas de partilha de honorários entre os advogados nomeados. A unidade de referência que permite o cálculo desses honorários também muda: passa de 25,5 euros para 28 euros.

Tomada de posse do Procurador-Geral da República Amadeu Guerra - 12OUT24
Ministra da Justiça, Rita Alarcão JúdiceHugo Amaral/ECO

Uma das alterações tem a ver com o que é pago ou não pago nos casos em que os advogados interpõem recursos. Estes atos deixam de ser pagos nos casos em que os recursos não sejam aceites em tribunal. #O pagamento de honorários pelo recurso, ordinário, extraordinário, ou para o Tribunal Constitucional é devido ao profissional forense nas situações em que aquele recurso é admitido”, diz a portaria. “No caso de não admissão do recurso ordinário, extraordinário ou para o Tribunal Constitucional, a reclamação do respetivo despacho de não admissão é remunerada nos termos da tabela de honorários em anexo sempre que a reclamação seja procedente”.

Nos casos de especial complexidade – que serão os mais bem pagos pelo Estado – porém, serão apenas reconhecidos por despacho de um juiz, o que leva a que os advogados fiquem, de novo, nas mãos de um juiz para perceber quanto receberão por esses serviços. Quanto à confirmação dos honorários também pouco muda já que o pagamento é feito no mês seguinte à confirmação “pela secretaria do tribunal, ou serviço competente junto do qual corre o processo, até ao termo do mês seguinte”.

O defensor oficioso é o advogado pago pelo Estado para quem não tenha condições económicas para o fazer. Aquando do despacho de acusação, é obrigatoriamente nomeado um defensor, se o arguido não tiver constituído nenhum.

Novos valores para intervenção em ato judicial, diligência ou audiência

  • A intervenção presencial ou remota, quando autorizada pela autoridade judiciária, em ato, diligência ou audiência presidida por aquela, é remunerada pelo valor de 22 euros por cada hora, desde o seu início efetivo até à hora declarada de encerramento, suspensão, adiamento ou interrupção.
  • Quando, durante um mesmo dia, todas as intervenções se limitarem a processos sumários e sumaríssimos, os honorários são limitados ao montante da remuneração mais elevada prevista para estes processos, qualquer que tenha sido o número efetivo de intervenções, acrescido do valor apurado pela intervenção/hora.
  • O pagamento de honorários pelo recurso, ordinário, extraordinário, ou para o Tribunal Constitucional é devido ao profissional forense nas situações em que aquele recurso é admitido. Em caso de não admissão do recurso, a reclamação do respetivo despacho de não admissão é remunerada nos termos da tabela de honorários em anexo sempre que a reclamação seja procedente.
  • Nas ações de especial complexidade, reconhecida por despacho judicial, o pagamento de honorários é majorado no valor correspondente a um quarto do valor constante da tabela para o respetivo processo.

Nomeação para diligências com assistência obrigatória

  • A nomeação para assistência ao arguido realizada com base na designação feita pela Ordem dos Advogados, consta da lista de escala de prevenção de advogados e de advogados estagiários. Pode ser feita, respetivamente, pela secretaria do tribunal, pelo Ministério Público, através da secretaria ou dos seus serviços, e pelos órgãos de polícia criminal.
  • A nomeação é mantida para as restantes diligências do processo quando: não exista mandatário constituído ou defensor nomeado, salvo se o arguido afirmar pretender constituir mandatário para as restantes diligências do processo, exista defensor nomeado e este tenha faltado a diligência em que devesse estar presente.
  • A nomeação efetuada nestas situações implica a substituição do defensor anteriormente nomeado, aplicando-se o previsto para a constituição de mandatário. Ou seja, sempre que o beneficiário de apoio judiciário constitua mandatário após ter sido nomeado profissional forense, ou este seja substituído no processo, é-lhe devido uma unidade de referência caso não tenha tido qualquer intervenção processual; caso tenha tido intervenção processual, quatro unidades de referência ou, mediante requerimento, o montante previsto para os atos ou diligências em que comprovadamente participou até ao limite correspondente ao valor dos honorários aplicáveis ao processo em causa.

O que disse a bastonária dos advogados face as estas alterações?

Aquela que foi e é uma das bandeiras de campanha da atual bastonária – recandidata ao cargo – teve direito a não um, nem dois, mas três comunicados de Fernanda de Almeida Pinheiro (o último em formato vídeo). Mais um artigo de opinião publicado no Correio da Manhã. E se o primeiro comunicado – publicado horas depois do anúncio do Governo sobre as alterações – a mensagem era de que era um “avanço histórico”, como resultado do esforço e papel “fundamental” do atual Conselho Geral da OA, nos dias seguintes (no segundo e terceiro comunicado), o tom já não era tão elogioso.

Assim, a bastonária da Ordem dos Advogados (OA) – que também recandidata ao cargo nas eleições de março – considera que a revisão da tabela dos honorários dos advogados oficiosos “é um momento histórico e positivo para a advocacia, que, após mais de 20 anos de espera, consegue finalmente uma revisão daquela tabela, com um aumento global de cerca de 7 milhões de euros e aumento de vários processos superior a 20%, que representarão, necessariamente, um aumento do valor individualmente pago a cada profissional”. E disse ainda que “não é ainda a tabela que a advocacia queria e merecia (e a OA foi sempre bem clara nesse aspeto, junto do Ministério da Justiça), mas a presença da OA neste processo foi fundamental para garantir que se colocaria um fim à inação dos vários governos durante mais de 20 anos e se garantisse a introdução de vários pontos positivos, que irão certamente contribuir para uma maior dignificação”, diz ainda.

Abertura do ano judicial 2023 - 10JAN23
Abertura do ano judicialHugo Amaral/ECO

Mas, no artigo de opinião, publicado esta segunda-feira, quatro dias depois da portaria, o tom do discurso mudou e Fernanda de Almeida Pinheiro defende “se é verdade que a proposta prevê alguns aumentos, há também retrocessos inaceitáveis. O Governo dá com uma mão e tira com a outra”.

Avisando que “não é admissível que, após duas décadas, existam valores de processos que foram reduzidos (por exemplo, os processos de família e os de insolvência) e haja previsão de atos que deixam de ser pagos (como é o caso dos recursos não aceites – o que representa, desde logo, um ataque ao direito do cidadão a recorrer). Estas são linhas vermelhas que a Advocacia e a Ordem dos Advogados não podem permitir que sejam ultrapassadas, como de resto a OA sempre transmitiu ao Ministério da Justiça. Depois de 20 anos de espera, nenhuma profissão aceitaria a redução de valores no pagamento de serviços, e os Advogados também não vão aceitar. Espera-se que o Governo corrija esta portaria antes de avançar para a sua publicação, pois caso contrário a Advocacia irá fazer-se ouvir”, conclui a bastonária.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Diretor do serviço de Urgência do Hospital Amadora-Sintra demitiu-se

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

Hugo Martins demitiu-se do cargo por motivos pessoais, com efeitos a 01 de fevereiro. "A ULS Amadora-Sintra está a procurar alternativas".

O diretor do serviço de Urgência da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, Hugo Martins, demitiu-se do cargo, confirmou esta segunda-feira à agência Lusa fonte oficial do hospital.

Segundo a mesma fonte, Hugo Martins demitiu-se do cargo por motivos pessoais, com efeitos a 01 de fevereiro. “A ULS Amadora-Sintra está a procurar alternativas”, acrescentou.

A notícia da demissão do diretor do serviço de Urgência foi avançada pela RTP.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Europa “tem de sair do lugar do passageiro e tomar o volante”, diz Centeno

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

O governador do Banco de Portugal defende que a Europa deveria tomar uma posição “de mais força” nos próximos meses e que as tarifas anunciadas por Trump "não são “boa notícia para ninguém”.

O governador do Banco de Portugal (BdP) disse esta segunda-feira que a Europa tem de “sair do lugar do passageiro e tomar o volante”, uma posição “de mais força”, numa altura em que está confrontada com as políticas de Donald Trump.

Em entrevista à americana CNBC, Mário Centeno reafirmou que as tarifas que o novo Presidente americano quer aplicar – em países como o México, Canadá e China, mas que podem chegar à União Europeia – não são “boa notícia para ninguém”.

“As tarifas definidas desta forma representam um choque negativo no fornecimento”, indicou, apontando, como consequência, “o aumento de preços”.

“Isto não são boas notícias para ninguém”, assegurou, indicando que a decisão sobre uma possível retaliação dos países visados é para “ser tomada”, mas recusando pronunciar-se mais sobre a matéria. Para Centeno, a Europa deveria tomar uma posição “de mais força” nos próximos meses.

“É verdade que estamos habituados a estar sentados no lugar do passageiro e acho que temos de tomar o volante”, realçou, salientando que a Europa tem os meios para o fazer. Ainda assim, o governador disse estar preocupado com o crescimento económico na Europa, apontando que a região tem desafios que não existem em outros lugares.

O Presidente dos EUA prometeu esta segunda à homóloga mexicana suspender por um mês a entrada em vigor das tarifas sobre o México, depois de Claudia Sheinbaum anunciar uma mobilização do Exército na fronteira comum. Donald Trump assinou no sábado a ordem executiva para a aplicação de taxas aduaneiras aos produtos provenientes do Canadá, do México e da China.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministra da Saúde considera inaceitável tempo de espera nas urgências

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2025

"Quinze horas, 16 horas, 17 horas à espera de se ser assistido numa urgência hospitalar (...) é inaceitável. Tomaremos medidas muito em breve nesse sentido", sublinhou a ministra da Saúde.

A ministra da Saúde considerou esta segunda-feira que “é inaceitável” haver tempos de espera de cerca de 17 horas nos serviços de urgência e prometeu tomar medidas em breve, olhando com preocupação para o excesso de mortalidade em janeiro.

Nunca deixei de dizer que Lisboa e Vale do Tejo e a Península de Setúbal, sobretudo no que tem a ver com a obstetrícia, é um enorme problema. Não nasceu ontem, não nasceu há três meses, nem há quatro, nem há cinco, nem há 10. Já existia e, naturalmente, que tem de ser resolvido”, salientou Ana Paula Martins.

Falando aos jornalistas depois de ter acompanhado a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, na apresentação de projetos de Inteligência Artificial na Unidade Local de Saúde (ULS) Santa Maria, em Lisboa, a governante reconheceu que, apesar de estarem abertas 164 urgências, é “preciso fazer um caminho”.

“Quinze horas, 16 horas, 17 horas à espera de se ser assistido numa urgência hospitalar (…) é inaceitável. Tomaremos medidas muito em breve nesse sentido”, sublinhou. Ana Paula Martins garantiu que o balaço do plano de inverno “será feito quando o inverno terminar”, precisando que “prognósticos só no fim do jogo”.

“Também prometo que a Direção-Geral de Saúde (DGS), que é quem tem a responsabilidade dos relatórios na área materno-infantil dará mais detalhes com a sua comissão de peritos. Esta é uma matéria técnica, é uma matéria da área científica e clínica. As recomendações que saem dos peritos são as recomendações que o Governo tem que naturalmente olhar, seguir e implementar”, salientou.

A ministra prometeu ainda fazer em breve “um ponto da situação” sobre o Plano de Emergência e Transformação da Saúde, “para prestar contas aos portugueses”. Ana Paula Martins disse ainda que “é preocupante” o excesso de mortalidade registado no mês passado, durante o período de atividade gripal e de baixas temperaturas.

De acordo os dados do último boletim de vigilância epidemiológica da gripe e outros vírus respiratórios do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), em janeiro, morreram mais 1.191 pessoas do que o esperado. A maioria das quase 1.200 mortes tinha mais de 75 anos (88%) e 77% eram mulheres, tendo sido na segunda semana, entre os dias 6 e 12 de janeiro, que se registaram mais óbitos além do esperado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.