Lagos contra aumento da área de mexilhão de aquicultura na sua fronteira

Câmara Municipal manifesta-se contra projeto que “poderá prejudicar a pesca, a náutica e o turismo”. Pedido de expansão da produção representa uma quase duplicação da área ao lago de Vila do Bispo.

O projeto de aquicultura em mar aberto na costa do município de Vila do Bispo “poderá prejudicar a pesca, a náutica e o turismo e, consequentemente, a economia e tecido social local e algarvios”, denuncia a Câmara Municipal de Lagos.

A autarquia liderada pelo socialista Hugo Pereira manifesta-se contra a concessão de um título de atividade aquícola (TAA) à empresa Finisterra S.A., já detentora de licença de exploração ao largo de Sagres e que agora pretende expandir a área de aquicultura de Mexilhão-do-Mediterrâneo para um total de 2.957 km2, entre a Ponta dos Caminhos e Ponta da Torre, no município de Vila do Bispo.

Desta extensão, 1.346 km2 dizem respeito à nova área, conforme se lê no edital de 22 de novembro da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM).

A autarquia de Lagos alude às “centenas de embarcações de pesca artesanal” que ali pescam sardinha, carapau, cavala, besugo, polvo e mariscos, e argumenta com o impacto sobre a atividade e rendimento de mais de 300 famílias. Adicionalmente, a atividade náutica de recreio e turismo “será afetada por esta exploração, acarretando consequências nefastas para o concelho de Lagos, bastante ligado a esta valência”.

Numa lista de impactos negativos, a câmara de Lagos aponta ainda a possibilidade de embarcações de recreio deixarem de atracar na zona e um potencial perigo para a segurança, devido aos equipamentos da atividade, designadamente cabos e boias.

“Apesar de reconhecer a importância da aquacultura em mar aberto e os seus contributos para a economia do país, perante os efeitos prejudiciais desta exploração nas atividades piscatórias e náuticas, turismo e economia local, a Câmara Municipal de Lagos manifestou junto da Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos a sua total discordância em relação à concessão do TAA à empresa Finisterra”, indica a autarquia em comunicado, dando ainda nota do alerta “para a necessidade de se reavaliar a legislação reguladora deste tipo de atividade de forma a ter em conta os impactos negativos nas regiões e implementar instrumentos de fiscalização mais eficazes”.

Aquicultura VIla do Bispo Finisterra mapa
Tráfego da náutica de recreio e lazer entre a Ponta de Sagres e a Baía de Lagos. Explorações já existentes assinaladas com setas pretas. Área de expansão Finisterra 1 assinalada com retângulo tracejado a vermelho. A linha preta representa o circuito mais curto utilizado atualmente e o tracejado a preto o rumo que o tráfego passará a seguir.

Com atividade ao largo de Sagres, a Finesterra S.A., empresa com raízes no início da década passada e apoiada pelo Mar2020, defendia, em 2021, no site de comunicação do programa comunitário, que, “ao contrário da maioria dos mexilhões comercialmente disponíveis, devido à qualidade ímpar das águas do Mar de Sagres, estes mexilhões não requerem ser depurados e estão prontos para consumo humano no momento em que são extraídos do mar“.

“As vastas quantidades de nutrientes saudáveis (fitoplâncton) trazidas pelas fortes correntes oceânicas promovem uma biodiversidade única e fornecem a base para a reprodução natural e saudável”, explicava então a empresa. Sobre o processo, escrevia que “uma vez colhidos em mar aberto, os mexilhões biológicos são transportados para o porto de pesca tradicional, o Porto da Baleeira, Sagres, localizado a 3 milhas náuticas dos cultivos. Esta curta distância permite manter níveis muito elevados de frescura. Ao chegar ao porto, os mexilhões são desgranados, lavados com a própria água do Mar – bombeada a mais de 20 metros de profundidade, calibrados, cuidadosamente selecionados e cozidos a vapor na sua própria água”.

Imagem de localização do projeto publicada a 22 de novembro num edital da DGRM. A zona laranja inferior corresponde ao novo lote de exploração de mexilhão.

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Rádio Universidade de Coimbra lança campanha para renovar estúdios

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

O objetivo da campanha passa por conseguir angariar 30 mil euros para que seja possível avançar com a renovação dos seus e respetivo material técnico da Rádio Universidade de Coimbra.

A Rádio Universidade de Coimbra (RUC) anunciou o lançamento de uma campanha de angariação de fundos, com o objetivo de angariar 30 mil euros para renovar os seus estúdios e o respetivo material técnico.

“O uso diário do material ao longo de anos a fio tem conduzido a uma constante degradação e, neste momento, estamos a chegar a um ponto que nos obriga a ficar alerta”, alegou a RUC, em comunicado, justificando a campanha de financiamento coletivo (crowdfunding, em inglês).

Notando que a sua atividade principal passa pelos estúdios do edifício-sede da Associação Académica de Coimbra (AAC), a emissora radiofónica — que está à beira de comemorar 39 anos de atividade contínua, no próximo dia 01 de março — adianta que chegou a altura de renovar o material, pelo que decidiu pedir ajuda à comunidade.

“Mesmo a tempo do Natal, criámos este crowdfunding na esperança que os nossos ouvintes e apoiantes consigam contribuir um pouco para a sua rádio local”, frisou a RUC.

A campanha iniciou-se na semana passada e estará aberta até 31 de janeiro. Até ao momento, a RUC angariou 1.835 euros do total de 30 mil euros necessários, provenientes de 81 contribuidores.

A rádio, que é uma secção cultural da AAC, diz contar com “uma história ímpar de formação contínua de pessoas para a radiofonia”, com um percurso que teve origem na década de 1940 do século XX e que levou à criação, duas décadas depois, do Centro Experimental de Rádio, cuja atividade consistia em emitir em direto para as cantinas da Universidade.

“Mais tarde [em meados dos anos 80] veio a legalização e, com ela, um acréscimo de responsabilidades. Sendo hoje obrigados a cumprir com as normas estabelecidas pela ERC [Entidade Reguladora da Comunicação] e pela ANACOM [Autoridade Nacional de Comunicações], e seguindo o código deontológico do jornalismo, a RUC tem uma atuação de grande relevo no panorama académico e local, sendo referência para muitos dos habitantes da cidade de Coimbra”, notou.

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DBRS sobe rating do Caixabank com melhor rentabilidade e redução do malparado

A agência de notação financeira canadiana reviu também o 'outlook' (perspetiva) de ‘positivo’ para ‘estável’ e argumentou com a "boa e resiliente qualidade dos ativos" e diminuição do malparado.

A DBRS Morningstar melhorou o rating de emitente de longo prazo do CaixaBank de ‘A’ para ‘A (elevado)’, e reviu o outlook (perspetiva) de ‘positivo’ para ‘estável’ face à melhorias na rentabilidade nos últimos anos e redução do malparado.

A agência de notação financeira canadiana considera que a classificação intrínseca do grupo bancário é A (elevada) e destaca o facto de ser predominantemente espanhol, com mais de 93% dos seus ativos totais localizados em Espanha e mais de 90% das suas receitas terem sido geradas internamente, segundo o relatório financeiro até 30 de junho de 2024.

A agência de rating tem a expectativa de que o grupo que detém o BPI continue a reportar níveis sólidos de rentabilidade no médio prazo, sobretudo devido ao contexto de taxas de juro mais elevadas do que o período pré-2022, ao crescimento do crédito, elevados níveis de eficiência e um custo de risco moderado.

“As notações de crédito têm também em conta a boa e resiliente qualidade dos ativos do grupo, como ficou provado pela diminuição dos créditos não produtivos (NPL) subsequente à harmonização das definições contabilísticas (IFRS 9) e prudenciais (Autoridade Bancária Europeia), bem como a sua significativa taxas de cobertura e limpeza consistente de ativos executados”, detalharam os analistas sobre o banco com sede em Valência.

Na análise publicada pela DBRS e enviada à CNMV, a entidade homóloga da CMVM em Espanha, é também mencionado que a DBRS melhorará mais o rating do banco caso haja uma melhoria nas notações de crédito soberanas de Espanha, bem com uma melhoria “significativa” no perfil de risco do Caixabank ou uma diversificação do franchising a nível internacional.

O CaixaBank registou um lucro líquido de 4.248 milhões de euros até setembro, o que corresponde a uma subida de 16,1% em termos homólogos. O rácio de capital de qualidade CET1 fixou-se em 12,2%. Já a rendibilidade do capital próprio tangível (RoTE) ficou nos 16,9% nos nove primeiros meses do ano.

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Dezenas subscrevem queixa sobre operação policial no Martim Moniz para levar à provedora de Justiça

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

Dezenas de personalidades assinaram o texto de uma queixa que está a ser preparada para entregar em janeiro à provedora de Justiça.

Dezenas de personalidades assinaram o texto de uma queixa que está a ser preparada para entregar em janeiro à provedora de Justiça, relativa à atuação policial no Martim Moniz (Lisboa) na operação de dia 19 de dezembro.

Segundo disse à Lusa Bruno Maia, um dos organizadores, a queixa partiu de várias associações que trabalham no terreno e que consideram a operação policial que a PSP desenvolveu na Rua do Benformoso desproporcionada e lesiva de princípios fundamentais do Estado de Direito.

No texto da queixa, noticiada pelo Diário de Notícias e a que Lusa teve acesso, os promotores lembram que a operação incluiu a revista de dezenas de cidadãos encostados à parede, “perfilados e de mãos levantadas, sem qualquer indicação de suspeita de prática de crimes”.

“Tal atuação configura, a nosso ver, uma utilização de meios desproporcionais em relação aos fins anunciados: a forma como a operação foi conduzida fere o princípio da proporcionalidade previsto no artigo 18.º da Constituição da República Portuguesa e também os direitos fundamentais à dignidade da pessoa humana e à presunção de inocência”, consideram.

A queixa, que deverá ser entregue a 06 de janeiro à provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, refere ainda que encostar cidadãos à parede “de forma ostensiva, sem indicação de suspeitas concretas de envolvimento em crimes, e adotando procedimentos invasivos” configura uma “atuação desnecessária e humilhante” por parte das autoridades.

“A justificar-se uma intervenção na zona, esta nunca pode implicar uma atuação simbólica e individualmente vexante, quando a PSP tem ao seu dispor outros meios de atuação proporcionais e adequados”, indica o texto.

Personalidades como a deputada Joana Mortágua (BE), a deputada e ex-ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social Ana Mendes Godinho (PS), o encenador Tiago Rodrigues, o deputado e sociólogo historiador José Soeiro (BE), a promotora musical Maria Escaja e a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, entre outras, já subscreveram a queixa.

Em declarações à Lusa, Bruno Maia explicou tratar-se de um texto “muito plural”, não sendo nada contra a polícia, mas sim a favor de um futuro melhor, e que ainda hoje será divulgado um link onde quem quiser subscrever o documento o pode fazer.

Os promotores da queixa consideram ainda preocupante que este tipo de operações ocorra “numa área da cidade predominantemente frequentada por comunidades imigrantes, levantando dúvidas sérias sobre a equidade no tratamento de cidadãos em função do local onde habitam ou transitam”.

“Estas ações dificilmente teriam lugar em outras áreas da cidade, facto que aprofunda a perceção de desigualdade no tratamento de diferentes comunidades. Tais ações contrariam os valores da democracia e os valores republicanos e criam um ambiente de desconfiança entre a população e as forças de segurança”, refere o texto.

O documento está a circular através das redes sociais, assim como a convocatória para uma manifestação agendada para dia 11 de janeiro, que descerá a Avenida Almirante Reis, em direção ao Martim Moniz, em Lisboa.

Os promotores da queixa pedem à provedora de Justiça para averiguar e apurar a legitimidade e proporcionalidade da atuação policial de dia 19 de dezembro, considerando que esta situação “exige uma reflexão profunda e a adoção de medidas” para garantir que, no futuro, “sejam evitadas práticas desproporcionais e lesivas de direitos fundamentais como esta”.

A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) decidiu abrir um processo administrativo “de natureza não disciplinar” sobre a operação da PSP no Martim Moniz, que decorreu na tarde de dia 19 de dezembro, quando um forte dispositivo policial cercou a Rua do Benformoso, onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente indiano, e revistou dezenas de pessoas, que ficaram entre uma a duas horas viradas para a parede.

Dois homens, ambos de nacionalidade portuguesa, foram detidos, um por posse de arma proibida e droga e outro por suspeita de pelo menos oito crimes de roubo.

A ação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracismo e várias forças políticas, que acusam a polícia de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também considerou que as ações da polícia devem ser feitas com recato.

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Vendas de elétricos devem superar as de carros convencionais na China em 2025

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

A vendas de veículos elétricos, incluindo a baterias e híbridos, devem ultrapassar as dos automóveis a combustão na China, pela primeira vez, em 2025.

As vendas de veículos elétricos devem ultrapassar as dos automóveis com motores de combustão interna na China, pela primeira vez, em 2025, segundo dados do setor, ilustrando o rápido avanço no país asiático.

A China deve ultrapassar as previsões internacionais e os objetivos oficiais de Pequim, com as vendas domésticas de veículos elétricos — incluindo a baterias e híbridos — a crescerem cerca de 20% para mais de 12 milhões de unidades, em 2025, de acordo estimativas de bancos de investimento e grupos de investigação citadas pelo jornal britânico Financial Times.

O número seria mais do dobro dos 5,9 milhões vendidos em 2022.

As previsões são dos bancos de investimento UBS e HSBC e dos grupos de investigação Morningstar e Wood Mackenzie.

Estas previsões implicam que, nos próximos anos, as fábricas instaladas na China para produzir dezenas de milhões de automóveis com motores tradicionais não terão praticamente procura no mercado chinês, segundo os analistas.

O estudo salienta também que o rápido crescimento da indústria chinesa de veículos elétricos ameaça agora as marcas alemãs, japonesas e norte-americanas, que dominam o mercado mundial de automóveis há várias décadas.

A quota das marcas estrangeiras no mercado chinês caiu para um mínimo histórico de 37% — um declínio acentuado em relação aos 64% registados em 2020 — à medida que as vendas de veículos elétricos cresceram cerca de 40%, em 2024, em termos homólogos.

Só este mês, a norte-americana General Motors reduziu em mais de cinco mil milhões de dólares (4,8 mil milhões de euros) o valor do seu negócio na China. A dona da Porsche alertou para uma redução da sua participação na Volkswagen de até 20 mil milhões de euros, enquanto as rivais japonesas Nissan e Honda anunciaram uma fusão, para responder a um “ambiente empresarial em mudança drástica”.

Vincent Sun, analista de títulos mobiliários que cobre o setor automóvel chinês para o grupo de pesquisa de investimentos Morningstar, observou que vários fabricantes de automóveis multinacionais, incluindo a Volkswagen da Alemanha, não vão lançar novos modelos elétricos na China até ao final de 2025 ou 2026.

O HSBC estimou que cerca de 90 novos modelos de automóveis foram lançados na China, no quarto trimestre de 2024 – cerca de um por dia -, quase 90% elétricos.

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Natal não dá tréguas ao preço da eletricidade na Península Ibérica. Dezembro foi o mês mais caro do ano

Os preços da eletricidade no mercado ibérico têm estado em altas durante o mês de dezembro. Esta quinta-feira, atingirá o máximo de 166,80 euros por MWh.

Os preços da eletricidade no mercado grossista, no qual os produtores vendem a eletricidade aos comercializadores, têm estado em forte alta na Península Ibérica durante o mês de dezembro.

De acordo com os dados disponíveis na plataforma do mercado ibérico (OMIE) para Portugal e Espanha, o preço médio da eletricidade no mercado grossista, esta quinta-feira, definido no dia anterior, é de 133,94 megawatt/hora (MWh).

A hora mais cara deverá ocorrer pelas 21h00, altura em que o preço da eletricidade no mercado grossista irá atingir os 166,80 euros por MWh. É preciso recuar quase dois anos, altura em que a crise energética na Europa empurrava os preços da eletricidade para constantes subidas, para encontrar valores semelhantes.

Nos últimos 26 dias, o preço da eletricidade tem estado acima dos 100 euros em média no mercado grossista, o que faz de dezembro o mês mais caro deste ano. O mês mais barato foi abril, altura em que o preço da eletricidade leiloada no mercado elétrico esteve abaixo de zero.

Apesar das subidas, o aumento do preço no mercado grossista, não deverá ter impacto em todos os clientes. Estas flutuações horárias apenas afetam os consumidores que têm tarifas indexadas. Os que estão no mercado livre pagarão o seu consumo de acordo com o preço por MWh fixado pela empresa com a qual têm um contrato de fornecimento.

Os preços da eletricidade no mercado ibérico estão a ser pressionados pelos preços do gás natural, que também é usado como matéria-prima para a produção de eletricidade. O mesmo se tem verificado com os preços dos contratos de gás natural que servem de referência para a Europa, o holandês Title Transfer Facility (TTF), que ao longo do mês de dezembro tem oscilado devido aos riscos que poderão surgir com o fim do contrato de fornecimento de gás entre a Rússia e a Ucrânia.

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Social commerce, influencer marketing e IA: as tendências de marketing para 2025, segundo a Samy Alliance

A afirmação da IA com uma abordagem mais humana, o crescimento do social commerce mas também o recuo do investimento, são algumas das tendências apontadas pela agência para o marketing no próximo ano.

O marketing em 2025 continuará a evoluir rapidamente, impulsionado pelas novas tecnologias, pelas mudanças nas necessidades dos consumidores e pela crescente procura por autenticidade“. A antevisão é avançada pela Samy Alliance, que prevê também uma mudança no papel dos profissionais de marketing, que implicará uma “gestão de dados mais inteligente e a incorporação da inteligência artificial com um foco humano para uma execução mais eficiente e personalizada”.

As ideias fazem parte do relatório anual “Marketing Trends 2025“, da Samy Alliance, que tem por base entrevistas a mais de 70 líderes de marcas globais como a L’Oréal, Diageo, Sony, BBVA, Nestlé ou Heineken, combinadas com a análise feita pela sua equipa.

O relatório – que destaca tendências, desafios e oportunidades no setor do marketing – aponta ainda para um cenário com audiências cada vez mais fragmentadas, onde as marcas irão enfrentar o desafio de se manterem relevantes num panorama digital em constante mudança. Conheça as tendências do marketing para o próximo ano apontadas pela Samy Alliance.

Crescimento do social commerce

A intersecção entre as redes sociais e o e-commerce vai continuar a crescer, vaticina a Samy Alliance. “Mais do que uma tendência, é uma resposta à evolução do comportamento do consumidor“, refere a agência, que entende que a pandemia foi um “ponto de viragem” que transformou a forma como os consumidores interagem e compram online.

Plataformas como o TikTok Shop, lançada em 2023 nos Estados Unidos e este mês em Espanha — estando previsto chegar a mais países europeus no primeiro ou segundo trimestre de 2025 — vão liderar essa transformação, numa tendência que deve continuar a crescer nos próximos anos.

As projeções apontam mesmo para que o social commerce represente 20% de todas as vendas online a nível global em 2025 e alcance os 21,7% em 2028. Apesar disso, 30% dos profissionais de marketing entrevistados admitem não ter uma estratégia para tirar proveito deste cenário.

Mas “através de uma estratégia eficaz de social commerce, as marcas poderão fundir a experiência de compra com o entretenimento e a interação em tempo real“, refere a Samy Alliance, que alerta que, no entanto, “é fundamental manter a conexão humana, assegurando uma ligação genuína e autêntica com os consumidores“.

Evolução do marketing de influência

Os influenciadores permitem que as marcas não só aumentem o awareness mas também obtenham resultados de vendas tangíveis, pelo que o marketing de influência tem sido uma tendência em crescimento. No entanto, segundo 60% dos entrevistados, o maior desafio está em encontrar os perfis certos.

Outro desafio gira em torno da capacidade de quantificar o retorno sobre o investimento (ROI) do marketing de influência. Quanto a este ponto, “importa lembrar que esta estratégia influencia todo o funil de marketing, particularmente na construção da marca e na consideração, o que, no final, contribui significativamente para a conversão“, refere-se no “Marketing Trends 2025”.

Manter a autenticidade entre os influenciadores e os seus seguidores é outro dos desafios a ser encarado, pelo que a tendência para 2025 passa por dar prioridade ao entretenimento, principalmente através de conteúdos curtos e ao vivo. Note-se que os micro e nano influenciadores serão particularmente eficazes em conseguir gerar uma ligação mais autêntica com públicos ou nichos específicos, observa-se no relatório.

Afirmação da IA com uma abordagem mais humana

A inteligência artificial (IA) está a transformar o setor do marketing em quatro áreas cruciais, aponta a Samy Alliance. Desde logo, tem desempenhado um papel na segmentação das audiências e na otimização de anúncios, uma vez que “permite veicular anúncios personalizados com base nas preferências de cada utilizador, histórico de navegação e comportamentos de compra”.

Também no atendimento ao cliente, através de interações personalizadas, a IA tem a possibilidade de oferecer uma eficiência operacional otimizada. O conhecimento detalhado do consumidor, pode fazer com que a IA também ajude as marcas a antecipar as necessidades e os comportamentos dos seus clientes, mediante a análise de padrões e tendências de dados.

Mas esta tecnologia tem também uma palavra a dizer na produção de conteúdos para os diversos canais. Tendo em conta que a limitação de tempo é uma das principais preocupações apontadas pelos profissionais de marketing, “este benefício posiciona-se como um dos mais relevantes”, com cerca de 80% dos entrevistados a afirmar mesmo que a economia de tempo é o maior benefício da IA na geração de conteúdo.

“No entanto, é importante combinar essas ferramentas com uma abordagem humana para implementar estratégias que gerem uma ligação autêntica com o público“, alerta-se no “Marketing Trends 2025”.

Queda no investimento

Outra tendência que pautará o próximo ano prende-se com a redução do orçamento destinado à publicidade, sendo que apenas 44% dos profissionais estão confiantes num aumento do seu orçamento em 2025, uma queda de 9% em relação a 2024 e que representa um “declínio notável”, segundo o estudo.

A previsão é de que a maior parte destes orçamentos seja investida em paid media (60% dos marketeers planeia aumentar o seu investimento em paid media em 2025), com o investimento em meios tradicionais — como televisão, imprensa e rádio — a continuar em queda. Redes sociais, conteúdos patrocinados e marketing de influência são outras áreas-chave para onde os orçamentos serão direcionados, com o social commerce, os podcasts e o streaming a ganharem força, uma vez que há “cada vez mais especialistas a reforçar os seus orçamentos ou a planear investir nesses formatos pela primeira vez”.

A tendência para 2025 é também que as marcas concentrem o seu investimento em menos redes sociais, ao invés de dividirem os seus esforços entre várias plataformas. A análise da Samy Alliance aponta para que estes orçamentos se concentrem sobretudo no Instagram (um em cada quatro especialistas preveem investir entre 26% e 50% do seu orçamento nesta rede social), seguido pelo TikTok e YouTube.

Relevância cultural será crucial

No meio destas tendências, o marketing vai contar com um eixo central em 2025, que passa pela relevância cultural. “Este conceito, que vai além de simplesmente seguir tendências, exige que as marcas identifiquem e ativem pilares culturais que se alinhem de uma forma autêntica com os seus valores e com os da sua audiência“, aponta a Samy Alliance.

Mas, na verdade, 60% dos profissionais de marketing entrevistados admitem dificuldades na integração destas tendências nas suas estratégias. O principal desafio, apontam, é a rapidez com que os dados e as tendências se tornam obsoletos, em oposição a processos de tomada de decisão mais lentos, o que “reflete a importância de ter processos claros para tomar decisões de forma mais ágil e eficiente“.

Criar um guia de trabalho que ajude as equipas a identificar as tendências que valem a pena de forma mais rápida e eficiente“, é a proposta avançada pela Samy Alliance para superar este desafio no próximo ano. Este guia deve ser construído tendo por base três categorias-chave, que se dividem entre os pilares culturais que são relevantes para a marca, os que devem ser evitados por não estarem alinhados com o seu posicionamento e os que devem ser explorados por terem maior potencial de fortalecer a ligação com a audiência.

“Esta estrutura de trabalho permite às equipas a tomar decisões rápidas e seguras, fomentando a agilidade, criatividade e eficiência”, aponta-se.

Competências necessárias para enfrentar os desafios de 2025

Ter a capacidade de adaptar as narrativas de forma eficaz aos diferentes canais é a competência mais crucial para os profissionais do marketing no próximo ano, de acordo com 74% dos entrevistados no estudo. Identificar e investir nas plataformas certas será também crucial para demonstrar retorno sobre o investimento (ROI).

Os marketeers devem também ter a capacidade de quebrar barreiras e de conseguir influenciar a tomada de decisões feita a nível administrativo e executivo, aponta-se ainda no estudo, onde se sublinha a necessidade indispensável, num cenário em constante mudança, de estes profissionais se manterem bem informados sobre a evolução das tendências de marketing e do comportamento do consumidor.

O CMO [chief marketing officer] do futuro é apaixonado por tecnologia e não tem medo de explorar, inovar e aprender com as suas falhas“, lê-se no estudo.

Em relação aos desafios, mais de metade dos marketeers identificam o (limitação de) tempo como a sua principal preocupação. “O ecossistema em rápida evolução – impulsionado por avanços tecnológicos contínuos e plataformas emergentes – pode ser esmagador”, refere-se no “Marketing Trends 2025”.

Outro desafio prende-se com investimento insuficiente em tecnologia e inovação, o que “limita a capacidade de agilizar os fluxos de trabalho e melhorar a eficiência”.

Conseguir uma gestão de dados mais inteligente é também um desafio que se apresenta no horizonte, devendo os profissionais de marketing “aprimorar os seus recursos de análise e de recolha de dados, ao mesmo tempo em que permanecem em conformidade com as regulamentações de privacidade“, observa-se no estudo.

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Ativista e dirigente sindical Maria do Carmo Tavares morreu aos 76 anos

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

A ativista e dirigente da CGTP-IN Maria do Carmo Tavares morreu aos 76 anos, anunciou a central sindical, estando o funeral marcado para sexta-feira em Lisboa.

A ativista e dirigente da CGTP-IN Maria do Carmo Tavares morreu aos 76 anos, anunciou a central sindical, estando o funeral marcado para sexta-feira em Lisboa.

Em comunicado, a CGTP-IN recorda a “camarada que dedicou grande parte da sua vida ao projeto sindical” e que “sempre se bateu pela valorização do trabalho e dos trabalhadores” e “por um Portugal de progresso e justiça social”.

“A melhor forma de honrar a sua memória é continuar a luta por melhores condições de vida e de trabalho, pela valorização de quem trabalha ou trabalhou”, sustenta.

Nascida em 06 de março de 1948 e analista química de profissão, Maria do Carmo Tavares foi ativista e dirigente sindical quer antes, quer depois do 25 de Abril de 1974.

Maria do Carmo Tavares, a 03 Julho 2006, na sede da CGTP.MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

Foi membro da Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa química onde trabalhava, a Neocel, e fez parte dos órgãos sociais do Sindicato dos Técnicos e Operários da Indústria Química de Lisboa, primeiro como membro da direção e, mais tarde, como presidente da Assembleia Geral.

Antes do 25 de Abril participou na negociação do Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT) dos analistas químicos, tendo também estado envolvida no processo de fusão dos três sindicatos do setor químico (Porto, Lisboa e Setúbal), que deu lugar ao Sinquifa (Sindicato dos Trabalhadores de Química Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas, cuja direção integrou), e no processo de verticalização que originou a Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas).

“Em representação do seu sindicato, integrou a CNOP e a CNOC para o Congresso de Todos os Sindicatos, realizado em janeiro de 1977”, tendo sido “eleita, neste congresso, para o Secretariado Nacional da CGTP-IN e reeleita, sucessivamente, para o Conselho Nacional e para a sua Comissão Executiva desde o 3.º congresso, realizado em março de 1980, até ao XII, realizado em fevereiro de 2012″, recorda a central sindical.

A CGTP lembra ainda as “importantes tarefas a tempo inteiro” desempenhadas por Maria do Carmo Tavares na central sindical, primeiro no Departamento de Contratação Coletiva e, depois como responsável pelas Políticas Sociais — Segurança Social, Saúde e Educação.

Também referido é o seu “destacado papel, sobretudo na defesa da segurança social pública, universal e solidária”, tendo sido membro, durante 13 anos, do Conselho de Gestão do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social.

Militante do Partido Comunista Português (PCP), Maria do Carmo Tavares fazia parte do Conselho Consultivo da Fundação Inatel.

O velório tem início às 17:00 de hoje, na casa mortuária da Igreja de S. Francisco de Assis, em Lisboa, estando o funeral previsto para sexta-feira, com saída às 16:50 horas e cremação às 17:00 no Cemitério do Alto de S. João.

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Teresa Fiúza e Tiago Mateus vão integrar nova comissão executiva do Banco de Fomento

Gonçalo Regalado e Tiago Mateus são os dois administradores cooptados que iniciam funções em janeiro. Vice-presidente da Portugal Ventures, Teresa Fiúza, só entra em fevereiro ou março.

Teresa Fiúza e Tiago Mateus vão integrar a nova comissão executiva do Banco Português de Fomento. A vice-presidente da Portugal Ventures e o diretor de CRM e Customer Intelligence do BCP são dois elementos da equipa de Gonçalo Regalado, que ainda aguarda luz verde do Banco de Portugal, mas vão entrar no banco promocional em momentos diferentes.

Tiago Mateus, juntamente com o futuro CEO, são os dois administradores cooptados que deverão iniciar funções já em janeiro, tal como o ECO avançou terça-feira. Em conjunto com o atual CFO, Bruno Rodrigues — que se manterá em funções tal como o ECO já avançou — os três administradores asseguram o número mínimo exigido pelos estatutos do banco e dão garantia de continuidade às atividades da instituição e evitar qualquer perturbação decorrente da renúncia ao cargo de três dos atuais administradores executivos: Ana Carvalho, a presidente executiva, Pedro Ventaneira e Sofia Machado.

O Banco de Fomento tem 1,32 mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para executar até dezembro de 2025 e a esta altura estão realizados apenas 93 investimentos.

Nenhum dos três administradores mostrou disponibilidade para permanecer no banco após o fim do mandato a 31 de dezembro de modo a assegurar uma transição de pastas para a nova administração. Mas, existe a confiança na instituição de que o Banco de Portugal deverá concluir, muito rapidamente, o procedimento fit and proper de Gonçalo Regalo e Tiago Mateus.

Os restantes elementos da equipa só deverão chegar ao Banco de Fomento em fevereiro ou março, ao que o ECO apurou. A atual vice-presidente da Portugal Ventures, que está na capital de risco do Estado desde 2022, é uma dela. A responsável tem uma vasta experiência em banca, tendo já passado pelo Montepio, Novobanco e Banco Espírito Santo.

A nova comissão executiva vai ter seis elementos, mais um face à atual estrutura, tal como o conselho de administração passará a ter 12. Na prática é mais um elemento em cada um dos órgãos. O objetivo é dar maior robustez ao banco e cumprir as boas práticas defendidas pelo regulador.

Outro dos elementos da equipa de Gonçalo Regalado virá da área comercial do HSBC, apurou o ECO.

Ainda está por decidir qual a modalidade eletiva dos restantes membros da cúpula do Banco de Fomento. Se através de uma assembleia-geral eletiva ou um processo mais simplificado à semelhança do que aconteceu com a própria Ana Carvalho, quando esta substituiu Beatriz Freitas à frente do Banco, isto porque o Estado é o único acionista.

Os acionistas do banco são a DGTF (41,285% do capital), o IAPMEI (47,015%), o Turismo de Portugal (7,93%) e a Aicep (3,77%), entidades tuteladas pelas Finanças e pela Economia.

O chairman Carlos Leiria Pinto também deverá entrar na instituição em fevereiro ou março.

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Rússia disponível para continuar a fornecer gás à Ucrânia e evitar prejuízos de 6,5 mil milhões

Com o fim do contrato de fornecimento de gás russo para a Ucrânia a chegar ao fim a 1 de janeiro, Moscovo disponibilizou-se para prolongar fornecimento e evitar prejuízos de 6,5 mil milhões.

Com a aproximação do fim do contrato de fornecimento de gás natural por gasoduto entre Moscovo e Kiev, o Kremlin disponibilizou-se para prolongar a exportação deste combustível para a Ucrânia por outras rotas, avança o Kyiv Independent. Mas não deverá surtir efeito. Volodymyr Zelensky já tinha recusado a proposta, frisando não ter intenções de dar à Rússia “a oportunidade de ganhar mais milhares de milhões com o sangue” dos ucranianos. Segundo o Presidente, o país só renovará o contrato sob a condição de o pagar após o fim da guerra na Ucrânia.

Em causa está o fim do contrato de fornecimento de gás natural que expira no dia 1 de janeiro de 2025. Embora a Ucrânia tenha vindo a reduzir as importações de gás via gasoduto desde o início da guerra, em 2022, o transporte através do gasoduto Urengoy-Pomary-Uzhgorod, da era soviética, e que transporta gás da Sibéria, continua ativo. Além de abastecer a Ucrânia, este gás chega também à Eslováquia, Hungria, República Checa e Áustria.

Esta rota continuou operacional mesmo depois da interrupção do fornecimento de gás russo através do Nordstream, o principal gasoduto russo que ligava Moscovo ao centro da Europa e que foi destruído na sequência da guerra na Ucrânia, no ano passado, e do encerramento do Yamal-Europe.

De acordo com dados da Reuters, a Áustria continua a receber a maior parte do gás que consome através da Ucrânia, enquanto a Rússia é responsável por cerca de dois terços das importações de gás da Hungria.

Já a Eslováquia recebe cerca de três mil milhões de metros cúbicos da estatal russa Gazprom e a República Checa, embora tivesse cortado quase completamente as importações de gás, no ano passado, viu-se confrontada com um aumento de custos significativo o que obrigou a regressar ao fornecimento de gás russo este ano.

Por ser o maior fornecedor de gás natural para a Europa, o gás russo foi usado como arma de arremesso pelo Kremlin contra o bloco europeu, em 2022, que, na sequência da guerra na Ucrânia, lançou um conjunto de sanções contra a Rússia. Na altura, foram suspensos os contratos de fornecimento que Moscovo tinha com vários países do continente o que fez disparar os preços dos contratos do gás nos mercados europeus.

Desde então, e como resultado das alternativas encontradas pela União Europeia o preço do gás estabilizou e começou a baixar, mas com o fim do contrato entre a Rússia e a Ucrânia os receios de uma nova subida voltam a ganhar força.

Segundo as contas do Bruegel, um think tank com sede em Bruxelas, o fim deste fornecimento resultaria numa perda de 6,5 mil milhões de dólares anuais para a Rússia, a menos que esta possa redirecionar estes fluxos para outros gasodutos ou terminais de GNL.

O fim do contrato marcará uma mudança importante porque o gás via Ucrânia regido pelo contrato representa atualmente metade das restantes exportações russas de gás por gasoduto para a UE e um terço do total das exportações russas de gás, incluindo o GNL“, estima Bruegel.

O impacto far-se-á sentir especialmente na Áustria, Hungria, República Checa e Eslováquia, países para os quais a rota de trânsito ucraniana satisfez 65% da procura de gás em 2023. Globalmente, a percentagem do trânsito ucraniano nas importações de gás da UE diminuiu de 11% em 2021 para cerca de 5%.

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Adesão à greve na recolha do lixo em Lisboa ronda os 80%

  • Lusa
  • 26 Dezembro 2024

A adesão à greve dos trabalhadores da higiene urbana no município de Lisboa era superior aos 75% ao início do dia, segundo dados provisórios do sindicato municipal.

A adesão à greve de trabalhadores da higiene urbana em Lisboa rondou esta quinta-feira os 80% no primeiro turno, saindo os carros decretados como serviços mínimos, enquanto em Oeiras a adesão ultrapassou os 60% durante a noite, adiantou fonte sindical.

“Em Lisboa [a adesão] foi à volta dos 80% – mais motoristas, menos cantoneiros – no turno da manhã. Saíram os carros decretados para os serviços mínimos que o colégio arbitral determinou”, disse à Lusa Carlos Fernandes, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), dados um pouco superior face à informação provisória no início da manhã que apontava para 75%, avançada à Lusa o presidente dos Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Nuno Almeida.

De acordo com o sindicalista, houve também “um grande piquete” de trabalhadores que se juntou à porta das instalações dos Olivais, em protesto.

Os trabalhadores da higiene urbana estão desde quarta-feira e até 2 de janeiro em greve ao trabalho extraordinário, a que se junta uma greve de 24 horas durante dois dias, hoje e na sexta-feira.

Convocada pelo STML e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), a paralisação na área da higiene urbana, entre o Natal e o Ano Novo, conta com serviços mínimos hoje, na sexta-feira e no sábado, decretados pelo colégio arbitral da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP). Nos serviços mínimos estão incluídos 71 circuitos diários de recolha de lixo, envolvendo 167 trabalhadores, entre cantoneiros e condutores de máquinas pesadas e veículos especiais, o que, segundo o STML, representa “cerca de um terço do trabalho” que se realiza num dia normal.

Discordando da decisão do colégio arbitral da DGAEP, por considerarem que “são serviços mínimos máximos” e representam “uma limitação ao direito à greve”, o STML e o STAL apresentaram na segunda-feira uma contestação junto dos tribunais, com uma reclamação e uma providência cautelar para anular ou minimizar os serviços mínimos decretados.

Nas declarações desta quinta-feira à Lusa, o presidente do STML disse não ter ainda novidades relativamente à providência cautelar.

Para o Ano Novo está prevista greve apenas no período noturno, ao trabalho normal e suplementar, entre as 22h00 do dia 1 e as 6h00 do dia 2 de janeiro.

Os sindicatos justificam a realização da greve com a ausência de respostas do executivo municipal, liderado por Carlos Moedas (PSD), aos problemas que afetam o setor da higiene urbana, em particular o cumprimento do acordo celebrado em 2023, que prevê, por exemplo, obras e intervenções nas instalações.

Segundo dados do STML, 45,2% das viaturas essenciais à remoção encontram-se inoperacionais, 22,6% da força de trabalho está diminuída fisicamente ou de baixa por acidentes de trabalho e existe um défice de 208 trabalhadores.

Ainda de acordo com o sindicato, “todos as semanas inúmeros circuitos ficam por fazer”.

A Câmara de Lisboa assegurou que o acordo celebrado em 2023 está a ser cumprido e tentou negociar para que a greve fosse desconvocada, tendo mesmo apelado ao apoio dos 24 presidentes de junta de freguesia, mas sem sucesso.

Para minimizar os efeitos do protesto, a autarquia decidiu implementar um conjunto de medidas (que podem ser consultadas em https://www.lisboa.pt/deposicao-de-residuos), nomeadamente criar uma equipa de gestão de crise, disponível 24 horas; distribuir contentores de obra, em várias zonas da cidade, para deposição de lixo; pedir aos cidadãos que não coloquem o lixo na rua, sobretudo papel e cartão; apelar aos grandes produtores que façam a sua recolha durante estes dias; e pedir a colaboração dos municípios vizinhos, com possibilidade de utilização de eco-ilhas móveis.

Há também conselhos gerais da Câmara de Lisboa para os dias de greve, como minimizar a produção de resíduos; se possível, manter o lixo em casa até que a recolha seja retomada; não colocar o lixo no chão ou à volta dos contentores e ecopontos; e acondicionar bem o cartão, permitindo mais espaço dentro do contentor.

Para esta quinta e sexta-feira foram também marcadas greves para os trabalhadores da limpeza urbana do vizinho município de Oeiras (das 00h00 às 6h00) e na Resinorte, que abrange dezenas de autarquias da região Norte.

“Estas paralisações resultam do profundo descontentamento e da contínua falta de resposta concreta às exigências dos trabalhadores, sendo que a situação atual exige medidas imediatas de valorização dos salários em todo o setor, dignificação das profissões e do respeito pelas funções, assim como a urgência em travar a exploração, a precariedade laboral e a degradação das condições de trabalho”, indicou o STAL.

Nota: Notícia atualizada às 11h50 com novos dados de adesão à greve

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Despedimentos coletivos disparam e deverão piorar ainda este ano

  • ECO
  • 26 Dezembro 2024

Em 2024, mais de 8.000 pessoas devem ficar sem trabalho pela via do despedimento coletivo, valor que vai superar o ano da pandemia. Nesse ano, foram despedidos 7.513 empregados.

O número de trabalhadores despedidos como resultado de despedimentos coletivos está a aumentar ao ritmo mais rápido desde o início a pandemia, tendo disparado quase 40% entre janeiro a outubro deste ano face a 2023.

Segundo os dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), analisados pelo Diário de Notícias, esta quinta-feira, a tendência deverá piorar e refletir-se nas estatísticas do ano de 2024 como um todo. Os dados indicam que as empresas anunciaram a intenção de despedir 5.253 pessoas desde o início do ano e até final de outubro, tendo efetivamente despedido 4.959 trabalhadores.

O jornal faz ainda uma comparação homóloga e conclui que o número de trabalhadores efetivamente despedidos disparou mais de 82%, o que significa que, em 2024, será fácil atingir a marca de 8.000 a 9.000 pessoas despedidas em conjunto, valor que vai superar o total alcançado no ano da pandemia. Nesse ano, foram despedidos 7.513 empregados por conta de outrem.

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