Rui Diniz, CEO da CUF, rejeita a tese de que os privados na saúde vivam à custa do Estado. E a ADSE, paga pelos trabalhadores do Estado, tem menos peso do que as seguradoras privadas.
“O contributo do Estado para a faturação da CUF anda à volta de 1%. Este ano, andará à volta de dez milhões de euros…”, revela Rui Diniz. O CEO da CUF garante que há espaço para uma colaboração reforçada entre a CUF e o SNS, e aponta uma área: “Aquilo que me parece mais plausível de fazer é na área cirúrgica”. O gestor elogia o desempenho do SNS, e aponta prioridades. “Onde é que me parece que seria muito importante trabalhar, e penso que o Governo está a fazê-lo, é resolver o tema das urgências, para que pudéssemos começar a centrar no resto, e muita atenção, mas mesmo muita atenção, à evolução dos custos, porque, caso contrário, a prazo vai deixar de ser sustentável e isso vai ter implicações, naturalmente, na qualidade assistencial“.
É possível aos grupos de saúde privada, incluindo à CUF, viverem sem o Estado?
Sem o Estado de forma estrita, enquanto pagador, é o que nos acontece hoje.
Então, vamos aos números.
Muito bem. Então, quando se fala em Estado, gostava de diferenciar já duas coisas. A ADSE e subsistemas públicos, isto é, Forças Armadas, Polícia, GNR, e depois o Estado, enquanto pagador direto. É importante dizer que a ADSE e os subsistemas públicos, apesar de estarem associados ao Estado, estamos a falar de funcionários públicos, são financiados pelas próprias pessoas. Desde a Troika que não há na ADSE qualquer contributo do Orçamento Federal do Estado.
É um seguro público dos trabalhadores do Estado, na verdade.
Exatamente, [os trabalhadores do Estado] contribuem com 3,5% do seu salário mensalmente e de forma voluntária.
Portanto, não é obrigatório. As pessoas decidem aceder. O Estado é outra coisa. Portanto, o Estado, enquanto pagador direto, relaciona-se com a CUF em convenções, ou em sistemas como o sistema integrado de gestão de cirurgias para gerir listas de espera. E neste contexto, o contributo do Estado para a faturação da CUF anda à volta de 1%. Este ano, andará à volta de dez milhões de euros…
10 milhões? Isso destrói um certo mito de que o mau estado do Estado, nomeadamente do SNS, tem alimentado ele próprio o crescimento e o negócio dos grupos privados.
Do ponto de vista direto, enquanto contratação de serviços e o Estado a pagar-nos esses serviços, não é o caso. Nunca foi verdadeiramente o caso, se calhar hoje é menos do que já foi, mas nunca foi, no caso da CUF, um contributo muitíssimo relevante. Nós nunca tivemos uma percentagem muito significativa da nossa faturação associada ao Estado.
Está a incluir, por exemplo, a resposta às listas de espera, o chamado SIGIC?
Sim, tudo, as convenções para a área da imagiologia, convenções para a área da ‘gastro’, mesmo áreas como a medicina física, reabilitação e o SIGIC, tudo isso, em conjunto, [vale] 1%, mais coisa menos coisa.
Há espaço, é desejável uma maior colaboração entre o Estado e os grupos privados, e neste caso a CUF? Onde é que vê essas potencialidades?
Eu penso que é possível, e num país como o nosso, em que os recursos são limitados e têm de ser tão bem geridos quanto possível, a CUF tem estado, sempre que nos tem sido solicitado, disponível para… Há cerca de dois anos, por exemplo, houve um pedido na área da maternidade e nós, de imediato, nos disponibilizámos a fazer isso. Temos espaço, vontade, disponibilidade para colaborar. Depois, os números são relativamente reduzidos. Se calhar, fizemos 100 partos a pedido do Estado nos últimos dois anos. Nós fazemos 4 mil e 500 por ano quando juntamos as nossas duas maternidades, Lisboa e Porto, e portanto teremos feito um número relativamente limitado, mas temos essa disponibilidade.
Mas isto percebe-se, tendo em conta o que se vê a dificuldade, nomeadamente nas maternidades públicas?
Não consigo responder pelo Estado, mas nós temos essa disponibilidade e, depois, é o Estado que nos encaminha os casos. Provavelmente, havia uma necessidade que depois o Estado conseguiu suprir de outra forma. Aí, é preciso também ser completamente justo na forma como acedemos a isto. Nós temos algumas dificuldades nas urgências obstétricas, é notícia de forma muitíssima regular, [mas] os partos que podemos estar disponíveis para… são partos, sobretudo, planeados,
porque precisamos da informação clínica. Foi isso que o Estado nos pediu. Quando é planeado, provavelmente o Estado, depois, conseguiu responder de uma forma adequada às necessidades que tinha e precisou menos de recorrer à nossa própria capacidade.
Na prática, o que diz é que para a situação corrente, é difícil materializar uma parceria entre público e privado neste regime, por exemplo, dos partos.
Tem de ser mais planeado, tem de ser mais programado e, depois, tem também de ser equilibrado do ponto de vista também económico. Isso também é naturalmente o problema…
Esse é o ponto onde queria ir. Onde é que a CUF estaria disponível para contratos de risco partilhado com o Estado?
Aquilo que me parece mais plausível de fazer é na área cirúrgica, onde, aliás, o SIGIC, que está agora a ser revisto por um novo sistema, mas, historicamente, parece-me um sistema que teve muitos méritos. Teve muitos méritos…
Mas não é muito usado?
Foi muito usado, hoje em dia menos usado, porque o Estado evoluiu para que o próprio Estado tivesse SIGIC dentro dos hospitais públicos e com essa evolução para haver SIGIC dentro dos hospitais públicos, passaram a ser capazes de reter muito mais cirurgia, seja em tempo normal, seja em tempo adicional e, portanto, houve menos procura de SIGIC fora dos hospitais públicos. Mas, no passado houve um recurso claramente relevante ao SIGIC.
Do outro lado, como é a relação com a ADSE e subsistemas?
A nossa relação com a ADSE é boa, temos conversas regulares com a ADSE. A ADSE é para nós uma instituição importante, cerca de 17% da nossa faturação é da ADSE, depois das seguradoras privadas…
Não é o primeiro dos fornecedores?
Não, é o quarto. É relevante, [mas] tem necessariamente uma dificuldade. Nós não negociamos com a ADSE. A ADSE determina a sua tabela de atos, a sua tabela de preços, e nós aderimos… ou não aderimos.
Portanto, não há uma negociação?
Não, diria que há contributos. Podemos, muitas vezes, ser chamados a dizer, ‘atenção, nesta área os custos estão a evoluir de uma forma muito acentuada e nós desta forma temos dificuldade em corresponder’. Damos os nossos contributos, a ADSE ouve os nossos contributos e, depois, decide de acordo com aquilo que entende, muitas vezes, devo dizer, com uma velocidade que não é muitas vezes compatível com a dinâmica do setor, o que faz com que em algumas áreas, de repente, seja menos plausível podermos corresponder às necessidades da ADSE.
Então, quer detalhar onde é que hoje a CUF tem acordos ou subscreveu esses acordos com a ADSE e com os subsistemas?
A CUF tem acordos de forma bastante ampla. Portanto, a nossa adesão é bastante completa, mas depois há áreas onde a evolução dos custos é de uma natureza e de uma velocidade que não nos permite corresponder àquilo que a ADSE pretende. Dou-lhe dois ou três exemplos. Na área das urgências, em algumas áreas de urgência, não podemos corresponder à ADSE porque aquilo que a ADSE está disponível para pagar não é possível de corresponder. Na área da ‘gastro’, em algumas áreas de exames e, durante muito tempo, na consulta… durante muito tempo na consulta.
Já não hoje?
Na consulta, a ADSE fez um esforço importante nos últimos dois anos e, portanto, a consulta tornou-se mais plausível. Na consulta, muitas vezes, o que acontecia não era uma decisão nossa, era uma decisão dos nossos médicos que não estavam disponíveis para corresponder àqueles preços. Nós tivemos, durante muito tempo, as consultas da ADSE a 20 euros, o que fazia com que muitos médicos dissessem ‘não estou disponível’. E têm essa liberdade. Aliás, o que procuramos é contrariar isso e encontrar formas de acessibilidade. Em áreas onde vemos que há pouco acesso para a ADSE, porque o preço não corresponde, criámos uma tabela específica mais favorável para os beneficiários da ADSE. Temos uma tabela que procura corresponder aos beneficiários da ADSE, apesar de não conseguirmos fazer aos preços da convenção. Mesmo em algumas áreas cirúrgicas, onde há técnicas inovadoras e diferenciadas que a ADSE ainda não financia, procuramos ter preços mais favoráveis para que os beneficiários da ADSE possam beneficiar.
Ainda é justa a crítica de que os casos difíceis ficam no setor público e têm, obviamente, muito mais custos, e os privados ficam com os atos médicos mais fáceis?
Deixa-me distinguir duas coisas que são relevantes, para ser claro. Antes do custo, falar de complexidade. Do meu ponto de vista, hoje, um prestador como a CUF consegue corresponder a todos os atos da maior complexidade com algumas exceções, exceções mesmo na ponta. Nós não fazemos transplantes, não fazemos oncologia pediátrica, não temos unidade de queimados, mas em quase tudo o resto, temos muita diferenciação, muita complexidade. Portanto, antes de falar em custo, se me pergunta, ‘para casos muito complexos, estamos equipados para te responder?’ Estamos.
Esse é o ponto de princípio. Independentemente do custo, tem condições, competências, capacidades…
…e é o ponto de partida. E portanto, do meu ponto de vista, hoje um grupo como a CUF está completamente preparado para a maior complexidade, a maior diferenciação, pela combinação de tecnologia, de talento clínico, de experiência clínica para corresponder aos casos mais complexos. Do ponto de vista do custo, também me parece que tem havido uma evolução muito, muito relevante na capacidade de, com o apoio dos financiadores, isto é uma parceria com as seguradoras, subsistemas públicos, para corresponder a cada vez mais casos. Para que isso se torne cada vez mais verdade, é fundamental que nos nossos seguros, ou subsistemas, mas sobretudo nos seguros, os plafonds das áreas de internamento e cirurgia vão crescendo e que haja uma evolução dos seguros para dar cada vez mais peso à vertente de risco no que é mais complexo e, provavelmente, menos peso ao ambulatório que acaba por ser mais de acesso, mais de consumo. Nessa medida, parece-me que os seguros estão a fazer um esforço nesse sentido e é fundamental que cada vez seja mais assim, porque os custos com saúde estão a aumentar de uma forma muito relevante.
Temos um peso de portugueses com seguro de saúde muito elevado, mas tendo em conta as condições económicas do país, há espaço para esse aumento de cobertura dos custos com saúde?
Eu penso que estamos cada vez mais a fazer esse caminho. Há alguns anos, se calhar, tínhamos a apólice de seguro com limites de 15 mil euros e hoje começamos a ter 30 mil, 50 mil, 100 mil euros, e algumas coberturas na área de oncologia, embora aí seja um nicho, começa a haver seguros com um milhão de euros. Do meu ponto de vista, temos que ir cada vez mais para essa direção em que estas coberturas são verdadeiramente de risco. Quando existe essa necessidade é onde as pessoas de facto não têm capacidade para corresponder de modo próprio. Quando estamos a falar de uma consulta, é mais fácil corresponder, quando estamos a falar de um tema oncológico, de uma cirurgia complexa, aí é mais difícil e aí sim é fundamental que haja cada vez mais coberturas mais amplas.

Na sua avaliação, vista com a sua experiência do setor privado, onde é que é mesmo necessário fazer uma intervenção no SNS para corresponder às necessidades dos portugueses?
Deixe-me responder a essa pergunta dividindo aqui duas coisas. O Sistema Nacional de Saúde (SNS)é muitas vezes avaliado de uma forma muito superficial, com um conjunto de critérios que são muito relevantes, mas que não correspondem à totalidade da performance do SNS. E, tipicamente, é avaliado em três fatores muito importantes, mas que não esgotam aquilo que o SNS faz. Urgências, médico de família, quantas pessoas é que não têm, e listas de espera cirúrgicas. Estes três temas são muitíssimo relevantes e temos que os resolver porque são centrais na vida das pessoas e algumas destas áreas não está a corresponder àquilo que a população espera. Mas há outros fatores que do meu ponto de vista são muito importantes.
Quais?
Dois principais. No contributo clínico, o SNS hoje faz muita cirurgia, faz muita consulta, tem crescido muitíssimo na atividade que faz e isso muitas vezes não é suficientemente valorizado porque é ultrapassado por estes três temas que são mais relevantes até do ponto de vista comunicacional. É natural que assim seja. E, depois, há um outro fator que também não é nada valorizado e que, do meu ponto de vista, é uma preocupação importante, que é a dos custos. E o SNS tem tido uma evolução de custos muito significativa. Portanto, diria, três áreas que é aquilo pelo qual o SNS é muitas vezes avaliado e, do meu ponto de vista, não corresponde à totalidade da sua performance. É preciso olhar para elas, mas não é a totalidade do que o SNS faz. Na vertente clínica e assistencial, um trabalho muito relevante e uma evolução muito significativa do SNS nos últimos anos, com um aumento da atividade cirúrgica, da atividade de consultas muitíssimo relevante, e uma área que não é falada e que nos esquecemos, que é custos.
Onde é que é prioritário haver uma intervenção no SNS?
Onde é que me parece que seria muito importante trabalhar, e penso que o Governo está a fazê-lo, é resolver o tema das urgências, para que pudéssemos começar a centrar no resto, e muita atenção, mas mesmo muita atenção, à evolução dos custos, porque, caso contrário, a prazo vai deixar de ser sustentável e isso vai ter implicações, naturalmente, na qualidade assistencial.
Fala de dois aspetos onde os privados são, obviamente, um fator importante, nomeadamente pela concorrência. Os privados, com a sua capacidade e flexibilidade de gestão, não são também eles próprios um fator de pressão para esses dois problemas que identifica? A falta de médicos, obviamente…
Sim, nós estamos no mercado de trabalho, somos um player também, portanto, estamos a fazer o nosso trabalho, estamos a recrutar os nossos médicos, estamos à procura do melhor talento e, nesse sentido, estamos no mercado como o SNS está, embora o SNS com uma dimensão muito superior à nossa. Sim, somos, nesse contexto, um player no mercado, como o SNS, e fazemos o nosso trabalho com muita racionalidade. Nós procuramos gerir a forma como contratamos, como os retemos. Neste equilíbrio, foi como começámos a nossa conversa, temos de gerir as nossas margens, temos de gerir a nossa conta de resultados para sermos sustentáveis a prazo.
Mas o setor privado de saúde paga ou não em termos médios melhor do que o setor público? É esse o fator que faz a diferença para a transferência, para a contratação de médicos do público para o privado?
Não penso que seja esse o único fator. É evidente, temos de ser competitivos do ponto de vista daquilo que pagamos, mas neste momento, diria que, para além da competitividade financeira, termos um projeto, termos capacidade para fazer investigação, termos capacidade para continuar a trabalhar nas universidades, termos capacidade para que os nossos médicos possam trabalhar com tecnologia inovadora, uma estrutura de liderança que permita projeto é também muitíssimo relevante. Diria até que, nos últimos tempos, com algumas das medidas que foram tomadas para produção adicional no SNS, em algumas áreas o SNS tornou-se muitíssimo competitivo.
Há duas estratégias que têm sido seguidas. Por um lado, a exigência de exclusividade dos médicos, mais recentemente, a tese de que o Estado, enfim, o governo, mas o Estado deveria obrigar os médicos, na sua formação inicial e nos primeiros anos, ou ficam no SNS ou têm que devolver parte do financiamento que receberam do curso. Faz sentido?
Não me parece que faça muito sentido limitar a liberdade de escolha individual. Penso que temos que ter a proposta de valor para que as pessoas queiram trabalhar connosco, seja no Estado, seja connosco. Nós também formamos médicos, nós também formamos internos na CUF e, no fim do internato, seis anos depois de estarem a ser formados e pagos pela CUF, se eles quiserem, podem se ir embora…
Têm saído ou não?
Têm saído muito pontualmente, um ou dois em determinadas áreas, mas muito, muito pontualmente. Temos sido capazes de os reter connosco.
E o estrangeiro, as oportunidades internacionais, são hoje uma concorrência?
Não têm sido a nossa concorrência principal.
É o SNS a concorrência?
Em alguns casos, é o SNS, sim.
Falamos de tecnologia há pouco, falamos de inovação, de investimento tecnológico, no que são hoje os tratamentos, isso é pesado, tem-se verificado um aumento da telemedicina. Para onde é que vão os cuidados de saúde a cinco, dez anos?
É uma pergunta difícil, porque o dinamismo neste setor, que é um setor muito complexo, tem sido muito elevado e, por vezes, difícil de antecipar. Agora, a essa pergunta responderia da seguinte forma. Em primeiro lugar, a estratégia da CUF e a forma como a CUF se vê a abordar os próximos 5 a 10 anos, parte sempre da constatação que a qualidade e a segurança clínica é a pedra de toque e o ponto de partida, e essa é uma dimensão que vai estar lá. Portanto, vamos continuar a investir muitíssimo, diferenciar, qualidade, complexidade, segurança. A partir daqui, aquilo que pretendemos é continuar a beneficiar da nossa experiência de 80 anos, do talento que temos vindo a acumular, para cada vez mais introduzirmos mais inteligência, mais sofisticação, mais sofisticação de gestão na forma como nós prestamos os nossos cuidados de saúde. E quando digo inteligência não é só artificial, é também inteligência muito humana, sofisticação na forma como fazemos, para conseguirmos dar cada vez mais proximidade às pessoas e sermos cada vez mais um parceiro de cada pessoa e da sua família no contínuo das suas necessidades. Queremos estar do princípio ao fim, da maternidade aos paliativos, do internamento em ambiente hospitalar ao internamento em casa, do centro de saúde ao hospital mais complexo, nós queremos do digital ao presencial, nós queremos muito estar aí com mais sofisticação.
Porquê?
Porque entendemos que esta abordagem tem de ser cada vez mais integrada. Temos de ser capazes de antecipar, temos de ser capazes de apoiar as pessoas a prevenir, temos de ser capazes de ajudar as pessoas a perceber que estive nesta unidade, agora fui àquela, mas estou a ver o todo.
Fala-se muito em digitalização, no caso da saúde a presença vai continuar a ser muito importante?
A presença vai continuar, sem dúvida, a ser muito importante, mas cada vez mais coadjuvada pela digitalização. Vai ser um talento potenciado pela digitalização. Nós estamos a investir muito em digitalização, também em Inteligência Artificial, para usar um termo que agora é muito usado, sobretudo em duas áreas. No apoio à qualidade clínica, à decisão clínica, ao diagnóstico clínico. Por outro lado, na digitalização de processos para sermos cada vez mais eficientes, para darmos cada vez mais acesso às pessoas que nos procuram.
O tratamento, o acompanhamento à distância, mesmo com a robustez e com as infraestruturas pesadas de tecnologia que temos hoje, vão ser sempre limitadas neste prazo a 5, 10 anos?
Não, acho que vão crescer, mas o que parece é que seja ou uma coisa ou outra. Vamos ter cada vez mais jornadas híbridas.
Vão existir jornadas em que um determinado doente tem uma consulta presencial, mas, depois, faz um exame presencial num hospital, depois tem uma consulta remota, depois, faz acompanhamento num centro de saúde, se houver uma agudização pode ter que ir a um hospital ou pode ser acompanhada em casa porque precisa de uma unidade domiciliar. Portanto, do meu ponto de vista, as jornadas vão ser muito híbridas e a exigência vai ser introduzir sofisticação e inteligência para que esta jornada, apesar de híbrida, seja muito fluida, seja muito integrada e eu, em qualquer ponto da rede em que esteja, tenha a possibilidade de, a todo momento, ter acesso à minha informação, ter acesso aos cuidados de saúde mais adequados, da forma mais correta e também mais eficiente. E este tema da eficiência é absolutamente fundamental. Nós começamos por falar em margens [financeiras] e é absolutamente essencial conseguir fazer tudo isto de uma forma eficiente para que consigamos dar acesso, ou se usar um termo anglo-saxónico, affordability. Nós precisamos de dar bons cuidados de saúde, mas precisam de ser acessíveis. E este é um trabalho que nós temos que fazer em cada momento com as seguradoras.
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