Danone dá teletrabalho a 100% em agosto para “assegurar equilíbrio com vida pessoal”

Além da jornada intensiva em agosto, que permite aos trabalhadores terminar o dia às três da tarde, Danone dá teletrabalho a 100% neste mês, adianta ao ECO diretora de recursos humanos.

Emma Temes não ignora a importância dos dias de trabalho presenciais, mas atira que a possibilidade de também cumprir alguns dias à distância tem sido uma “ferramenta de sucesso” na Danone Portugal.

Em entrevista ao ECO, a diretora de recursos humanos do braço português dessa multinacional revela que neste mês de agosto (e pela primeira vez) os trabalhadores têm mesmo a possibilidade de estarem 100% remotos, de forma a promover a melhor conciliação entre a vida pessoal e profissional.

A iniciativa será repetida durante o período de Natal, conta a espanhola que está na liderança a área de pessoas da Danone Portugal desde outubro de 2023.

Ao ECO, Emma Temes explica ainda que, para assegurar esse equilíbrio, a empresa tem promovido medidas de desconexão digital, como a limitação dos horários em que é possível fazer reuniões e enviar e-mails.

Por outro lado, quanto ao crescimento da equipa, a diretora adianta que, em vez de muitas vagas externas, a Danone Portugal tem dado preferência à criação de oportunidades internas. Hoje, esta multinacional conta com 140 pessoas em território nacional.

Conseguimos baixar a rotatividade na Danone Portugal muitíssimo e reter os talentos que temos. Conseguimos assegurar que as pessoas estão com um propósito e que estão na Danone porque querem estar na Danone.

Está há ano e meio na direção de recursos humanos da Danone Portugal. Qual tem sido o maior desafio?

O maior desafio tem sido entender a cultura, a gente, e assegurar que conecto com as pessoas, porque esse é o meu dia a dia. A cultura não é assim tão diferente face a Espanha, mas é importante, numa função de liderança de recursos humanos, estar com as pessoas e perceber qual é a sua maneira de pensar e fazer.

Quando foi escolhida para a liderança dos recursos humanos da Danone em Portugal disse que o seu objetivo seria trabalhar para reter os melhores talentos. Que passos é que tem dado para atingir essa fidelização?

Essa foi a minha ambição durante este primeiro ano e meio. Estou orgulhosa, porque conseguimos baixar a rotatividade da Danone Portugal muitíssimo e reter os talentos que temos. Não gosto muito da palavra reter… Conseguimos assegurar que as pessoas estão com um propósito e que estão na Danone porque querem estar na Danone.

Emma Temes é diretora de recursos humanos da Danone Portugal desde outubro de 2023 Hugo Amaral/ECO

Disse que a rotatividade baixou imenso. Em média, quanto tempo fica um trabalhador na Danone Portugal?

Não tenho esse número presente, mas posso dizer que, desde que estou na Danone Portugal, temos uma rotatividade saudável. Sinto vontade das pessoas continuarem na empresa. Temos pessoas que já estão connosco há mais de 25 anos. Isso mostra-me que estou no sítio certo.

E o que têm feito para baixar a rotatividade?

Resumiria com o nosso lema: alimenta o que queres ser. Temos dado muita importância ao propósito e ao porquê das pessoas virem trabalhar. Colocamos a pessoa no centro das decisões e, através de uma equipa com representantes vários departamentos, escutamos as pessoas, de baixo para cima.

Limitámos o horário das reuniões. Têm de acontecer entre as dez e as cinco, para permitir que as pessoas tenham tempo para pensar e refletir.

Dessa escuta que têm feito dos trabalhadores, que tipo de políticas é que têm surgido?

Lançámos o modelo “be ready”, que tem que ver, sobretudo, com os trabalhadores terem ferramentas atualizadas, nomeadamente, com inteligência artificial. Não devemos ver essa tecnologia como um ataque ou uma ameaça, mas como uma parceria para impulsionar o trabalho. Promovemos também medidas de desconexão digital, o que é muito útil para que as pessoas consigam ter um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. E também limitámos o horário das reuniões. Têm de acontecer entre as dez e as cinco, para permitir que as pessoas tenham tempo para pensar e refletir.

No que diz respeito à inteligência artificial, que ferramentas disponibilizam aos vossos trabalhadores para concretizar essa parceria que refere?

O Microsoft Viva é uma ferramenta que está integrada no nosso dia a dia. E usamos o Copilot. Pode ser usado no e-mail, num PowerPoint ou num documento Word. Ou seja, temos o Copilot integrado em todas as ferramentas de trabalho.

Emma Temes explica que a Danone Portugal tem tomado medidas para promover a desconexão digital dos trabalhadoresHugo Amaral/ECO

Sobre a desconexão digital, pode detalhar a política que têm em prática? Têm alguma ferramenta que assegure que os trabalhadores desligam?

Trabalhamos com Microsoft Viva. Por exemplo, os e-mails, a partir das sete da tarde, ficam programados para serem enviados só na manhã seguinte. Ou seja, das oito da manhã até às sete da tarde, é possível enviar e-mails. Fora desse horário, os e-mails ficam programados para serem enviados nesta janela.

Que ferramentas têm usado para se organizarem e garantir que o fluxo de trabalho não é prejudicado por limitações como essa?

Criámos uma equipa interna com representantes de vários departamentos, que nos ajudou a fazer um trabalho brutal de perceber, por exemplo, como ter reuniões eficientes, o que deve ser comunicado por e-mail, e o que merece mesmo uma chamada telefónica. Fizemos um exercício muito profundo de formar as pessoas nesse sentido.

Não temos muitas vagas (externas), porque geramos muitas oportunidades internas. A promoção interna é de cerca de 85%.

A propósito da formação, que aposta têm feito ao nível do reforço das competências dos vossos trabalhadores? Que investimento têm feito?

Temos um programa de formações que permite que os nossos trabalhadores se formem no campo que quiserem. Temos uma plataforma digital para esse fim, mas também é possível escolher formação presencial. Investimos muito e achamos que é o futuro.

Falemos do crescimento da Danone em Portugal. A equipa tem crescido? Têm vagas abertas, neste momento?

Fazemos muita promoção interna. Portanto, temos vagas para estágios e tentamos formar essas pessoas para que, depois, fiquem connosco. Por isso, não temos muitas vagas (externas), porque geramos muitas oportunidades internas. A promoção interna é de cerca de 85%.

Os estágios são a porta de entrada principal. Em média, quantos estagiários recebem por ano?

Cerca de dez. A Danone Portugal tem 140 pessoas. Dez em 140 pessoas não é uma má proporção. Preferimos investir nesses dez talentos e assegurar que, depois, podem ter continuidade na empresa.

Emma Temes garante que regime híbrido é para continuar na Danone PortugalHugo Amaral/ECO

Julgo que têm um regime híbrido de trabalho. Várias empresas de diversos setores têm anunciado o regresso ao escritório a 100%. Pondera seguir esse caminho?

Temos três dias de teletrabalho por semana e vamos continuar assim. Achamos que é importante ter dias presenciais e momentos para criar esta cultura de equipa. Mas na era em que estamos, o teletrabalho é mesmo uma ferramenta de sucesso para Danone. Uma das iniciativas que estamos a cozinhar para este segundo semestre é a possibilidade de as pessoas ficarem a trabalhar de casa no mês de agosto e no período Natal, para assegurar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

É a primeira vez que abrem essa possibilidade?

É, e é compatível também com a nossa jornada intensiva. Em Portugal, em julho e em agosto, a Danone faz jornada intensiva, o que significa que os trabalhadores podem começar a trabalhar às oito ou às nove e terminar às três ou às quatro. É algo muito disruptivo face a outras empresas no país.

Qual tem sido o feedback dos trabalhadores, em relação a esta jornada intensiva?

Em Portugal, estamos a fazer isto pelo terceiro ano consecutivo. Depende muito dos hábitos de trabalho. Então, é ir avançando e, assim, vai ser cada vez mais fácil que as pessoas adotem este modelo. Estão a adorar.

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