Com 13 espaços sob gestão, um total de 20.000 metros quadrados e 2.400 postos, incluindo Rossio, a rede de coworks está ainda a avaliar a expansão do atual Sitio em Guimarães e estuda opções no Porto.
Em novembro, a rede de coworks Sitio prepara-se para abrir um novo espaço em Lisboa. Com mais de 1.700 metros quadrados, o Sitio Rossio tem capacidade para mais de 210 postos de trabalho e poderá ainda vir a acolher um a dois hubs temáticos. A Unicorn Factory Lisboa é um dos parceiros com os quais a rede está a conversar.
“No Sitio Rossio estamos a trabalhar com parceiros para colocar ali um ou dois hubs“, revela Miguel Ricardo, managing partner do Sitio, em entrevista ao ECO. “Estamos com uma ou duas opções já bastante avançadas em termos de negociação, mas como ainda não está fechado ainda não vou divulgar quais é que são os hubs”, diz ainda o gestor da rede, admitindo que um dos parceiros com quem têm falado é a Unicorn Factory Lisboa, com quem já têm parceria no IA Hub e no Web.3 Hub, em Alvalade.
“A Unicorn Factory já é um parceiro do Sitio para o Hub de IA, para o de Web3 e, obviamente, como parceiro nós falamos todos os dias sobre várias coisas e, entre elas, a possibilidade de abrir novos hubs, se houver essa viabilidade de um lado e do outro. Mas estamos a falar também com outros parceiros“, diz.
Com 13 espaços sob gestão, um total de 20.000 metros quadrados e 2.400 postos, incluindo o futuro espaço no Rossio, a rede está ainda a avaliar a expansão do atual Sitio em Guimarães e está a estudar novas opções no Porto.
O Sitio tem 20 colaboradores e, em dez anos de operação, já fez um investimento de cerca de 7 milhões de euros.
O Minho Innovation & Technology Hub (MITH), em Guimarães, onde têm um cowork, vai entrar numa nova fase de construção. O Sitio também vai entrar numa nova fase na região Norte?
Em Guimarães, o MITH está a correr bastante bem. Do nosso lado, estamos com a nossa operação a 100% e, por isso, estamos a ponderar expandir na mesma localização. Ainda não está definido, mas há uma probabilidade grande de expandirmos em Guimarães, no mesmo edifício. Aumentar em cerca de 50% o espaço, mais cerca de 80 lugares.
E a Norte há mais espaços previstos? O Porto e a região Norte, segundo o estudo da Landing.jobs sobre o setor tech, são das regiões que têm tido maior percentagem de trabalhadores internacionais a instalar-se.
Estamos a ter cada vez mais procura. Até porque com o preço do imobiliário em Lisboa a estar tão elevado, as pessoas procuram outras regiões para ficar. E em Guimarães estamos a ter isto. Muitos dos nossos clientes são empresas com várias localizações a nível nacional, algumas delas nossos membros também em Lisboa, mas que depois têm mais um escritório, por exemplo, em Guimarães e em Aveiro, porque é mais fácil recrutar lá. E como estamos muito próximos da Universidade do Minho, e o próprio MITH inclui a Universidade do Minho, acaba por ser também uma base para terem escritórios. Ainda temos alguma disponibilidade no nosso edifício de Gaia, mas no Porto estamos praticamente cheios e estamos à procura de novas oportunidades no Porto. Braga, obviamente, está dentro desse enquadramento.
Lisboa ainda é a localização onde têm o maior número de espaços de cowork. Apesar dos custos de habitação, ainda é uma cidade com capacidade de absorver mais coworks ou, neste momento, a oferta vossa e da concorrência já cobre bastante da procura?
A oferta é cada vez maior em termos de cowork, mas a procura também. Não porque venham novas empresas, mas porque as empresas que estão no modelo tradicional de arrendamento também estão a olhar para o cowork como uma solução. A flexibilidade que oferecemos, o facto de já estar tudo pronto e as empresas só terem que entrar, não têm que fazer fit outs, a flexibilidade de contratos, o apoio que damos à gestão da comunidade e aos seus colaboradores para se sentirem mais felizes no local de trabalho, faz com que empresas que, neste momento, ainda estejam no mercado de arrendamento tradicional, comecem a olhar para o mercado do flex office como uma solução. Cada vez mais temos este tipo de procura. Também temos, obviamente, startups, empresas internacionais que se estão a deslocalizar para Portugal, continua a acontecer, mas a maior procura que vamos ter nos próximos tempos é mesmo empresas que estão no modelo tradicional e que vão passar para o modelo flexível.
Vamos abrir em novembro no Rossio mais 1.700 metros quadrados, mais de 210 postos de trabalho. Em Lisboa temos ainda seis edifícios e estão praticamente ocupados — estamos com uma taxa de ocupação de cerca de 90%, 88%. Portanto, continuamos a apostar em Lisboa.
O cowork está tradicionalmente associado a startups, empresas internacionais que se instalam no país, a nómadas digitais… Temos assistido a uma maior restrição de entrada de pessoas, o atraso dos vistos, os preços da habitação… Isso alterou o vosso perfil de cliente?
Na nossa rede, os nossos espaços estão pensados maioritariamente como escritórios privados. Temos uma percentagem de coworking em open space, de cerca de 5% da nossa oferta total de postos de trabalho. Os outros 95% são de escritórios privados, que vão desde as duas até às 50 pessoas, ou um piso inteiro de um edifício. Temos também aqui uma flexibilidade bastante grande em termos de dimensões dos escritórios. Por isso, quem nos procura mais, o nosso cliente tipo, são mais empresas, não tanto nómadas digitais. Empresas internacionais que se estejam a deslocalizar para Portugal e que queiram ter num espaço de flex office ou de cowork como a sua primeira base, vão continuar a existir, apesar das dificuldades.
Em termos dos vistos, não tenho sentido ainda como um grande impasse para as empresas, pelo menos ainda não nos tem chegado, mas o preço do imobiliário sim. Era um dos pontos em que éramos muito competitivos enquanto país, num contexto europeu, e estamos a perder um bocadinho esta competitividade. Ainda temos sentido muita resistência por parte das empresas, que estão a fazer este caminho de passagem para o flex office, para espaços em open space versus os private office.
Mas Lisboa ainda é uma cidade aposta ou a atual oferta já é suficiente para suprir a procura?
Acredito mesmo que ainda tem muito para crescer. Vamos abrir em novembro no Rossio mais 1.700 metros quadrados, mais de 210 postos de trabalho. Em Lisboa temos ainda seis edifícios e estão praticamente ocupados — estamos com uma taxa de ocupação de cerca de 90%, 88%. Portanto, continuamos a apostar em Lisboa.
Em Lisboa têm flex offices, mas também vários hubs lá instalados. A Fintech House, o AI Hub ou o Web.3 hub… É um conceito que querem levar para este novo espaço?
No Sitio Rossio estamos a trabalhar com parceiros para colocar ali um ou dois hubs. Isto pode ser um edifício que pode servir também como incubação de hubs, como fizemos com a Fintech House, por exemplo. A Fintech House iniciou na Praça da Alegria e depois, quando atingiu maturidade, passou para a Duque de Loulé, para um edifício novo totalmente dedicado à Fintech House e aqui pode acontecer o mesmo. Estamos com uma ou duas opções já bastante avançadas em termos de negociação, mas como ainda não está fechado ainda não vou divulgar quais é que são os hubs, mas há uma enorme possibilidade de termos ali um ou dois.
Um desses parceiros poderá ser a Unicorn Factory? Será o Welltech anunciado pela autarquia em 2023 para o Arco do Cego?
O Welltech não será no Rossio. A Unicorn Factory já é um parceiro do Sitio para o Hub de IA, para o de Web3 e, obviamente, como parceiro nós falamos todos os dias sobre várias coisas e, entre elas, a possibilidade de abrir novos hubs, se houver essa viabilidade de um lado e do outro. Mas estamos a falar também com outros parceiros.
Que tipo de parceiros?
Temos um parceiro internacional e temos parceiros nacionais, mas muito nesta ótica de nós gerirmos o espaço físico, onde somos especialistas, e depois ter um parceiro para nos ajudar com a parte da comunidade, que acrescente valor às empresas e às startups que sejam sediadas nestes espaços, desde dinamização de eventos para um vertical específico, como programas de incubação e de aceleração, sessões de networking, de mentoria. Ou seja, toda esta camada de serviço muito direcionada a um vertical específico e que pode ser de grande valor acrescentado para os membros. Somos bons a gerir espaços físicos, a gerir uma comunidade de pessoas e de empresas, quando é para um vertical muito específico e para uma linha mais de especialização fazemos com parceiros que estão muito mais aptos para isso.
Mas mesmo havendo esse hub, o Sitio Rossio terá sempre um cowork aberto a outras entidades, é isso?
Sim. Isto é um edifício com quatro pisos. O primeiro vai ser um piso mais social, com espaço de eventos, com uma copa comum, salas de reuniões. É mesmo na Praça do Rossio, no edifício da A Ginjinha, da Chapelaria [Azevedo Rua].
As lojas vão fechar?
Só vamos ocupar do primeiro ao quarto piso. As lojas mantêm-se abertas. Portanto, o primeiro piso vai ser o piso mais social e com um espaço de coworking, para nómadas digitais ou se alguém quiser ir trabalhar durante um dia. E depois temos mais três pisos com escritórios fechados. Ainda não está bem fechado qual o espaço que cada hub vai ocupar, ou se vamos ter mais do que um hub. Mas o edifício é incrível. Todos os escritórios têm muita luz natural, ou para o lado da Praça do Rossio, ou para o lado do Largo de São Domingos, e para a Igreja de São Domingos, ou para a Rua do Coliseu.
Com esta dimensão e localização premium, que investimento implicou este projeto?
Neste caso nós não tivemos qualquer investimento, foi todo do proprietário.
Mesmo a parte da reconfiguração do espaço, da sua adaptação?
Este edifício tem algumas características especiais e também dentro da nossa rede terá características especiais, porque pela localização em que está não permite muitas obras. É um edifício histórico, não permitiu a alteração de tipologias. Por isso, vamos ter 70% dos escritórios com casa de banho privativa, com áreas muito maiores do que é normal por posto de trabalho. Vai ser uma localização premium dentro da oferta do Sitio.
Em Lisboa, em 2023, com a Bi4All inauguraram uma nova área de negócio, o coworkplace management. A empresa foi entretanto comprada pela espanhola Plexus Tech. Face a essa mudança, mantém-se?
Esse projeto foi terminado. Já tinha terminado antes disso [da compra]. Houve algum desalinhamento entre as duas partes para o que seria ideal para o projeto e decidimos encerrar esse projeto. Foi um projeto que quase nem iniciou.
Isso significa que é um modelo a abandonar?
Não, de todo. É um modelo que queremos no futuro voltar a trabalhar nele. Aconteceu assim.
Mas têm algum negócio no pipeline ou o foco tem sido outro tipo de oportunidades?
Não estamos em procura ativa, mas estamos disponíveis para analisar se essa oportunidade surgir.
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