Impressoras 3D do Técnico estão a ajudar a combater a pandemia

Com os hospitais e outras instituições de cuidados médicos a acusarem a falta de material de proteção, há quem responda de forma voluntária às necessidades, juntando a tecnologia à vontade de ajudar.

O Instituto Superior Técnico (IST) em Lisboa está a produzir viseiras impressas em 3D para entregar a hospitais e instituições que tenham falta de material de proteção no tratamento dos doentes infetados com COVID-19. A resposta surgiu de forma voluntária depois do aumento da necessidade deste tipo de materiais ser provocado pelo avanço da pandemia em Portugal.

“No início de março começámos a ter reuniões para discutir o que poderíamos fazer para ajudar na situação crítica que o país atravessa. Fizemos uma série de reuniões com entidades oficiais e percebemos que as viseiras seriam uma ideia interessante, rápida e fácil de concretizar” refere Marco Leite, professor auxiliar no IST do departamento de engenharia mecânica e responsável pelo laboratório para desenvolvimento de produto. O processo começou por envolver a troca de informação com vários médicos e enfermeiros que estão no terreno de modo a fornecer os inputs necessários para a elaboração do modelo que seria usado na impressão em 3D dos suportes das viseiras.

Depois de aprovado o modelo pela comunidade médica, foi feito um apelo dentro da própria comunidade do IST para pôr de pé uma unidade de produção capaz de responder às necessidades deste tipo de material. Às cinco impressoras 3D já existentes no laboratório juntaram-se outras 12 vindas de colegas e alunos de outros departamentos dentro da instituição de ensino.

Instituto Superior Técnico imprime viseiras de proteção em 3D para doar aos hospitais durante a pandemia - 27MAR20
Hugo Amaral/ECO

Neste momento, o IST tem 17 impressoras 3D a trabalhar dia e noite de modo a rentabilizar a capacidade de produção. Desde terça-feira já foram impressos 272 suportes de viseiras para serem entregues nos hospitais. A produção diária tem vindo a subir gradualmente com o contínuo upgrade e otimização de impressão do modelo usado e com a chegada de mais impressoras. Só na sexta-feira a produção chegou às 118 unidades.

Todo o processo assemelha-se a uma linha de montagem. As impressoras estão divididas em duas salas onde é feito o acompanhamento regular da impressão. Depois de impressos, os suportes das viseiras passam por uma espécie de controlo de qualidade onde são limadas as arestas e eventuais imperfeições.

Numa outra sala, no pavilhão central do IST, alguns alunos voluntários recebem os suportes impressos por pessoas/empresas externas que se juntaram a esta rede de colaboração e que ali os vão entregar. Aqui juntam-se os acetatos que vão servir de proteção e posteriormente montados nos suportes. Todo o material é revisto e dividido pelas encomendas que vão seguir para as diversas instituições espalhadas pelo país.

Esta unidade de produção no IST começou por usar recursos próprios mas a procura solicitada por hospitais, centros de saúde e lares de todo o país é tanta que se tornou indispensável alargar a cadeia de colaboração a outras empresas. “Numa primeira fase o objetivo era começar a produzir com material nosso, afeto à investigação. Mas rapidamente percebemos que estávamos com dificuldade em ter material e pedimos à Filkemp, uma empresa portuguesa, que nos disponibilizasse os filamentos de plástico para fazer as impressões dos suportes. Em relação aos acetatos que usamos nas viseiras, estamos a trabalhar com a Staples que está neste momento a fazer uma recolha para nos entregar nos próximos dias” avança Marco Leite.

Instituto Superior Técnico imprime viseiras de proteção em 3D para doar aos hospitais durante a pandemia - 27MAR20
Hugo Amaral/ECO

Neste momento já existem algumas empresas de moldes de injeção que estão a usar uma adaptação do modelo usado nas impressões do IST. A entrada dessas empresas significa o aumento da capacidade de produção para cerca de 80 suportes de viseira por hora. Paralelamente, refere o responsável, “existe uma comunidade de ‘makers’, pessoas que têm impressoras em casa e empresas que têm feito um trabalho extraordinário. Eles estão a fazer o mesmo que nós, comunicam através das redes sociais e fazem a gestão das entregas”.

É com satisfação que o responsável do laboratório vê o esforço das pessoas recompensado. “É uma alegria enorme ver todas as pessoas que nos têm ajudado. São voluntários, são alunos, são professores, são bolseiros. Não existem responsabilidades hierárquicas. Estamos todos aqui numa lógica de ajudar e estamos todos muito preocupados com esta situação terrível e inédita. Estamos todos empenhados em baixar a curva…e baixar a curva é ajudar como podemos”.

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