A competitividade das empresas diretamente relacionada com a sua capacidade de inovar

  • Jorge Pimenta
  • 26 Abril 2022

Para Portugal, esta máxima é ainda mais importante, dada a posição relativa do país no European Innovation Scoreboard, ou outros rankings semelhantes relativos à capacidade de ID&T.

Enfrentaremos nos próximos tempos um desafio de recuperação, que passará necessariamente pelo reforço da capacidade de exportação e aumento da produtividade. Estes dois temas são já “crónicos” na análise às causas da situação portuguesa, mas têm uma especial relevância nesta crise. E a estratégia de retoma deverá focar na inovação e transformação digital nos setores de maior valor acrescentado. A verdadeira transformação da nossa economia será dinamizada pelas indústrias de bens transacionáveis de média/alta intensidade tecnológica, alinhada com o reforço do estímulo público aos investimentos em I&DT. Setores como TIC, aeronáutica/espaço, e tecnologias para a saúde, são prioritárias neste contexto.

A aposta nestes setores reforçará o capital empreendedor, contribuindo para a fixação de talento em Portugal. A aposta continuada na educação superior não deve ser abrandada, contudo, tem de ser refletida num maior “grau de utilidade” da educação/formação para as empresas. É aqui que a cooperação entre Universidades e demais instituições deve aumentar: as empresas têm de ser chamadas à mesa e ter uma voz ativa. Nas empresas, a cooperação deve ir mais além: os gestores e empresários portugueses têm necessariamente de colaborar para ganhar escala.

O setor da saúde representa um pilar que merece particular destaque, quer pela capacidade da indústria portuguesa, quer pela excelência da investigação. No contexto europeu, o EIT Health é a maior iniciativa conjunta, congregando mais de 150 parceiros (dos quais, 8 portugueses), com o objetivo de fortalecer os sistemas de saúde europeus, promover a saúde dos cidadãos e contribuir para a sustentabilidade e dinamização do ecossistema empresarial. O EIT Health desenvolve programas de investigação aplicada, apoio a start-ups e formação. Este consórcio é o exemplo de como a cooperação pode ser a chave para o sucesso.

Passa pelas joint-ventures de sucesso uma das chaves para conquistar mercados: projetos partilhados; desenvolvimento conjunto de novos produtos para servir clientes mais exigentes; criação de novos modelos de negócio, etc. Por exemplo o consórcio ROSE desenvolveu um novo equipamento que permite efetuar ecografias à distância, realizadas com auxílio de robots.

No panorama europeu existem oportunidades para as empresas portuguesas aumentarem sua competitividade: integrando redes (como a EEN – Enterprise Europe Network ou a EBN) e reforçando o posicionamento colaborativo, tirando partido do melhor que temos: empresas, universidades e politécnicos, centros de investigação, clusters e associações sectoriais.

Face à encruzilhada atual, a inovação será um dos caminhos para a recuperação económica. A União Europeia deu já o sinal com orçamento de longo prazo (2021-2027), que será o maior pacote de medidas de estímulo alguma vez financiado pela UE: um total de 1,8 biliões de euros! Mais de 50 % do montante serão destinados a apoiar a modernização através de programas como o Horizonte Europa, o Fundo para uma Transição Justa e o Programa Europa Digital. O Horizonte Europa é o Programa-Quadro de Investigação e Inovação da União Europeia até 2027. Tem uma dotação orçamental de 95,5 mil milhões de euros para apoio às atividades de investigação e inovação, sendo que áreas prioritárias para o investimento incluem a Digitalização, Saúde ou a promoção das PME.

Esta é uma oportunidade que a Europa nos apresenta para tirar partido do melhor que temos: empresas, universidades e politécnicos, centros de investigação, clusters e associações sectoriais. Portugal, tem nas suas mãos os recursos, o conhecimento e o engenho para se transformar numa economia mais sustentável, digital e resiliente.

Mais do que uma necessidade, inovar é um imperativo de sobrevivência. Outra expressão popular, atribuída a um provérbio chinês, diz-nos: “quando os ventos começam a soprar alguns constroem muros, outros constroem moinhos…”. Agora é a hora de aproveitar o vento e ousar!

Nota: O autor, por opção própria, escreve ao abrigo do antigo acordo ortográfico.

  • Jorge Pimenta
  • Diretor de inovação do Instituto Pedro Nunes

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