Em que mãos estará o futuro digital das empresas?

  • Luísa Ribeiro Lopes
  • 28 Junho 2021

Não podemos permitir que a nova era digital aprofunde desigualdades em vez de promover o exercício pleno da cidadania.

Portugal situa-se acima da média europeia quanto à exclusão digital, com 36% das mulheres a não fazerem uma utilização diária da internet. Este é também o país onde as mulheres especialistas em tecnologia representam uma minoria no mercado de trabalho (16%), e onde há um enorme desequilíbrio entre homens e mulheres licenciados na área da tecnologia. Estas são algumas das conclusões do Índice de Igualdade de Género do Instituto Europeu para a Igualdade de Género que analisa os progressos nesta matéria na União Europeia e que atribui a Portugal uma nota sofrível.

Num momento em que o Plano de Recuperação e Resiliência, prestes a entrar em pleno, assume as transições climática e digital como prioritárias para a recuperação económica e social de Portugal, a redução das vulnerabilidades sociais e o reforço do potencial produtivo nacional impõem um esforço redobrado no desenvolvimento de medidas específicas que promovam a inclusão digital. Com os fundos europeus, espera-se que o País se torne mais digital e mais resiliente, e que assegure um crescimento sustentável, agregador e integrador.

Já foi apontado por muitos que o caminho para a recuperação económica passa pela transformação digital das empresas, que a competitividade dependerá dos recursos tecnológicos que estas utilizem, e da rapidez com que implementem a sua transformação digital. Contudo, a evolução tecnológica impulsionada pela pandemia não foi acompanhada pelo aumento de profissionais nesta área. Infelizmente, é manifestamente escasso face às necessidades do mercado. O tema é urgente. Portugal, a Europa e o mundo precisam de talento nas diversas áreas de TIC e tecnologias emergentes.

Neste quadro, o .PT acredita que a temática da transformação digital das empresas deve promover o debate sobre as escolhas na gestão dos recursos humanos nas empresas. E acredita também que esta necessidade de mais mulheres ‘tecnológicas’ no mercado de trabalho se traduz numa oportunidade única no meio empresarial, mas também académico.

Num sentido mais alargado, precisamos de contribuir para que – no meio estudantil – as jovens descubram a sua vocação. Porque essa vocação nem sempre é evidente. Depois, precisamos que as empresas assumam a dianteira de reconhecer essas vocações como válidas e invistam na capacitação digital das mulheres. O papel das empresas é decisivo no sentido de atrair mais mulheres para um setor altamente competitivo e ainda muito masculino.

Não podemos permitir que a nova era digital aprofunde desigualdades em vez de promover o exercício pleno da cidadania. O Digital tem de ser promotor de igual acesso de homens e mulheres às mesmas oportunidades de trabalho que só podem advir de uma sociedade mais inclusiva, equitativa e diversa.

No .PT defendemos que a internet é um espaço de liberdade, um ponto de partida, um espaço onde cabe um Portugal maior. Queremos unir os pontos que convergem para um mundo mais digital, mas sobretudo para um mundo mais igual e inclusivo.

  • Luísa Ribeiro Lopes
  • Presidente do Conselho Diretivo do .PT

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