Estamos nas mãos das nossas crianças

  • Paulo Vasconcelos Freitas
  • 1 Junho 2022

Precisamos de dar os passos certos para que os nossos filhos cresçam num mundo melhor. Como tal, a educação para a economia circular deve começar cedo.

Hoje em dia, com a proliferação da informação, estamos bastante mais conscientes dos desafios globais que enfrentamos. O maior talvez seja o modelo de superprodução assente num consumo insustentável que traz graves problemas sociais, económicos e ambientais. Já percebemos que este não é o caminho e precisamos de dar os passos certos para que os nossos filhos cresçam num mundo melhor. Como tal, a educação para a economia circular deve começar cedo.

É no jardim de infância, onde as crianças têm o primeiro contacto com os materiais e adotam os primeiros comportamentos sociais, que se devem desenvolver competências circulares, continuando depois durante todo o percurso escolar de forma que se torne algo natural e incorporado no modo de vida de cada um. Pessoalmente, considero que, em Portugal, não existe um contacto tão
próximo quanto desejado das crianças com a economia circular, já que, nas escolas, este tema é apenas um módulo extra, dinamizado pontualmente. Todavia, acredito numa possível transição, por exemplo, através da criação de Eco-Escolas que usem a economia circular como parte integrante do seu funcionamento. Apesar disso, tenho consciência de que qualquer transformação do sistema requer um grande investimento, apoiado por grandes reformas políticas.

Nesta perspetiva, é necessário e urgente fazer mais e tomar como exemplos países como a Finlândia, que tem uma plataforma com ferramentas educativas para professores e alunos do ensino secundário para integrar o pensamento circular na sala de aula, ou a Holanda, onde, em Amesterdão se desenvolve o projeto Ecodam, onde as crianças podem aprender o verdadeiro custo das coisas e não apenas o custo financeiro. De facto, estas ações têm consequências positivas e fazem com que as crianças se tornem o exemplo dos pais. Um estudo feito em 2020 pela “Metal Packaging Manufacturers Association” a cerca de 2000 país, revelou que 41% dos mesmos acredita que são as suas crianças quem realmente lidera a reciclagem e a sustentabilidade em casa, certamente muito graças à popularidade da jovem ambientalista e modelo para muitos, Greta Thunberg.

Posto isto, estou certo de que a economia circular está nas mãos de todos nós, incluindo das crianças. Como adultos responsáveis devemos adotar comportamentos sustentáveis e explicar às crianças o propósito de o fazermos. Dou um exemplo, quando o meu filho de 4 anos me pede um determinado tipo de brinquedo, costumamos ir às feiras da bagageira, eu explico-lhe os benefícios de comprarmos usado (é mais barato, não existe impacto ambiental na produção de novo e ainda ajudamos a comunidade local) e dou-lhe a oportunidade de começar a sua literacia financeira. No final de contas divertimo-nos imenso, gastamos menos de metade
do dinheiro que gastaríamos num produto novo e voltamos a casa com um grande sorriso por termos contribuído para um futuro mais sustentável.

Considero assim que todas as gerações têm a sua oportunidade de mudar o mundo. Os millenials por exemplo mudaram para sempre o mundo ao diminuir as barreiras culturais e abriram caminho para a internet e massificação dos media através
dos canais digitais. Agora, chegou o momento das novas gerações.

  • Paulo Vasconcelos Freitas
  • Cash Converters em Portugal

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