EUA reforçam Ação Climática

Com a Administração Biden, a importância do clima está de volta às negociações internacionais, e agora com a necessidade de gerar muita visibilidade.

Durante quatro anos, com a Administração Trump, os temas climáticos forma ignorados, relativizados e ridicularizados. No entanto, muitas empresas e Estados Americanos continuaram os seus investimentos em tecnologia verde, sendo hoje os EUA um dos países com maior número de bancos verdes e dos maiores emissores de obrigações verdes.

Com a Administração Biden, a importância do clima está de volta às negociações internacionais, e agora com a necessidade de gerar muita visibilidade. Muita dessa comunicação poderá ofuscar o facto de os EUA ainda não terem pago as suas contribuições às Nações Unidas de 2021, 2020 e 2019 (1), e portanto é importante também ter a noção da “global Picture” em que os EUA irão ressurgir: como grandes financiadores climáticos, sendo que parte desse dinheiro não foi pago nos anos anteriores.

De qualquer forma, a reentrada dos EUA no reforço à necessidade do financiamento climático são ótimas notícias. O facto de também nas últimas semana os temas relacionados com a divulgação de informação ESG dos produtos financeiros ter tido destaque pelo US Securities and Exchange Commission (SEC), evidencia uma aproximação dos EUA a algumas práticas europeias, que começam a ser “atacadas” pelos lobbies empresariais de algumas empresas (como as do setor do gás e do nuclear).

Os EUA já ambicionam ser neutros em carbono em 2050, e esta semana devem anunciar a meta de redução de emissões para 2030 (comparado com 2005), existindo a expectativa de que essa meta seja de 50%. Tal deverá ser anunciada no US Climate Leaders Summit que vai ocorrer online, de acesso ao público, nos dias 22 e 23 de abril. Neste Summit espera-se também que o Japão anuncie uma igual meta de redução de emissões em 50% até 2030 (2).

O Canadá também já avançou com a ambição de ser neutro em carbono em 2050, com uma meta de redução em 36% de emissões de CO2 em 2030 (face a 2005). O Reino Unido comprometeu-se em baixar 68% das suas emissões em 2030 (mas comparado com níveis de 1990). Portugal tem a meta de redução das emissões de CO2 entre 45% e 55% até 2030 (face a 2005), e ambiciona ser neutro em carbono em 2050. A Comissão Europeia assumiu o compromisso de reduzir as emissões até 2030 em 55%.

Esta Summit, que antecede a COP 26 presidida pelo Reino Unido, parecer querer marcar a agenda internacional como sendo o local onde os grandes emissores se comprometem publicamente com metas concretas na redução das emissões de CO2 para 2030, tornando assim o caminho para a neutralidade carbónica em 2050 mais próximo para outras regiões que ainda não o fizeram. Se ainda há quem duvide que este é o caminho a seguir, engana-se. A Lei do Clima, europeia e nacional, vêm colocar na legislação o compromisso com a neutralidade carbónica para 2050, independentemente da cor partidária. E isso serão boas noticias para os investidores pois dará uma maior estabilidade nas politicas ambientais sendo necessário que também o ministério das finanças se dedique a este tema.

Notas:

(1) Neste sites pode-se ver que os EUA não estão na lista de países que pagaram as contribuições para as Nações Unidas https://www.un.org/en/ga/contributions/honourroll_2019.shtml
(2) https://www.climatechangenews.com/2021/04/19/bidens-moment-expect-thursdays-climate-leaders-summit/

  • Economista especializada em sustainable and climate finance

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