Garantir as competências necessárias para os empregos de hoje e do futuro

  • Fernando Braz
  • 18 Maio 2022

As empresas têm a oportunidade e a responsabilidade de ajudarem a reduzir a divisão digital que está a reter partes da nossa sociedade e da economia.

À medida que as inovações tecnológicas aceleram a transformação de todos os aspetos da nossa sociedade, a transição para um mundo totalmente digital torna as competências digitais essenciais para os empregos atuais. Embora a procura por competências digitais seja elevada, a oferta de pessoas com essas competências está a diminuir. Cada vez mais, atrair e reter profissionais com competências digitais é o maior desafio de todos os tempos para o sucesso das empresas.

A lacuna está a aumentar, não apenas entre os que têm e não têm as competências digitais essenciais, mas também entre os tipos de competências digitais de que o grupo de trabalho necessita. Apesar da perceção comum, o nível avançado em competências digitais do quotidiano não se traduz necessariamente em colaboração no local de trabalho, e as competências mais amplas necessárias para impulsionar a recuperação económica e o impacto social positivo.

À medida que a procura digital do local de trabalho continua a aumentar, a confiança dos colaboradores para darem resposta a essa procura está a cair. Isto está de acordo com um novo Global Digital Readiness Index da Salesforce. O inquérito, que contou com a participação de mais de 23.000 profissionais em 19 países, revelou que apenas 27% dos entrevistados se sentem “muito equipados” com os recursos necessários para aprenderem as competências digitais necessárias para terem sucesso agora.

Com as principais competências digitais a tornarem-se tão importantes como a leitura e a escrita, as empresas têm a oportunidade e a responsabilidade de ajudarem a reduzir a divisão digital que está a reter partes da nossa sociedade e da economia. Ao compreenderem melhor o desafio e a moldarem a sua resposta e suporte, as empresas podem incorporar a resiliência e a competitividade necessárias para terem sucesso na economia digital.

Cultivar uma nova mentalidade para aprender

O primeiro passo para garantir a requalificação de todos é o de desafiar os estereótipos de que uma geração está mais preparada para empregos digitais do que outra.

Tomemos, por exemplo, a necessidade urgente de melhorar a ‘Geração Z’. Embora as gerações mais jovens acreditem ter níveis de competências digitais do quotidiano mais elevadas, elas rapidamente se classificam como “iniciantes” em várias competências digitais importantes no trabalho.

Enquanto os jovens têm enfrentado dificuldades para acederem à formação de competências que lhes permitam agregar valor às novas funções digitais e avançar na sua organização, a situação tem sido mais complicada para os seus colegas, que se encontram a meio das suas carreiras.

Além do impacto da pandemia na dinâmica do local de trabalho, os desenvolvimentos tecnológicos resultantes amplificaram ainda mais a necessidade de qualificação em todos os níveis. A implementação de tecnologias emergentes como o blockchain, Inteligência Artificial e cloud são apenas alguns exemplos — com a expectativa de aumento de até 50% na Europa e nos EUA na próxima década, segundo a McKinsey.

Contamos com uma oportunidade única na vida de reimaginar a forma como trabalhamos, mas a verdade é que existem desafios. As empresas que utilizam esse momento para cultivarem uma mentalidade de aprendizagem contínua, defenderem a diversidade do seu grupo de trabalho e implementarem iniciativas de inclusão deliberadas, estarão em melhor posição para gerar melhores resultados.

Repensar a forma como aprendemos

As empresas com uma estratégia de disponibilidade digital no centro da sua agenda, estarão melhor posicionadas para sobreviverem e prosperarem, auditando as competências atuais dos seus colaboradores e as necessárias para o futuro; identificar como as competências podem e serão desenvolvidas num ambiente de trabalho cada vez mais híbrido; tomar medidas para garantir que as formações sejam implementadas de forma eficaz; e tornando-se mais atraente e relevante para os candidatos a um emprego.

É fundamental incentivar e investir na participação ativa em programas de formação. Ao criar programas de formação personalizados com base não no que acham que os seus colaboradores devem saber, mas no que esses mesmos colaboradores realmente querem e precisam de saber, as empresas podem criar uma cultura de trabalho que capacita todos, em todas as gerações, a se conectarem, aprenderem e a progredirem a partir de qualquer lugar.

Quebrar as barreiras à requalificação, redefinir o recrutamento para se concentrar menos na educação tradicional e mais nas competências, irá abrir as funções digitais a um conjunto de talentos mais amplo e diversificado, e proporcionará um impacto socioeconómico mais positivo.

Alcançar todos os aspetos da Sociedade

Lidar com a lacuna de competências digitais não é apenas vital para aumentar a competitividade dos negócios, o desempenho e a satisfação dos colaboradores e a experiência do cliente. O nosso novo mundo digital gira em torno do facto de todos terem as competências necessárias para poderem participar nele.

Agora, mais do que nunca, as empresas devem trabalhar em estreita colaboração com outras entidades, para garantirem que a formação e o recrutamento aumentam para responder à procura digital, e para alcançar todos os aspetos da sociedade de cima para baixo.

Com um compromisso a longo prazo com a requalificação, podemos desbloquear novos crescimentos e oportunidades, enquanto abordamos os próximos desafios do mundo.

  • Fernando Braz
  • Country Leader da Salesforce em Portugal

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