Melania a “fascist” victim? E os novos “political spokespeople”.

A história recorda-nos "Os republicanos também compram ténis “ de Michael Jordan. Mais recentemente Colin Kaepernick escreveu “Believe in something, even if it means sacrificing everything”.

Era um dos discursos mais aguardados da Convenção Nacional Republicana (não bastasse ser esquiva a falar em público, podemos também recuperar o episódio das acusações de ter plagiado trechos do discurso de Michelle Obama). No role de intervenções familiares a que temos assistido, Melania Trump é Melania Trump. E a primeira dama norte-americana habituada a desfilar noutra vida, pisou o catwalk da noite com o discurso ensaiado: falou da pandemia, prestou homenagem às famílias atingidas e defendeu, naturalmente, a reeleição do marido Donald Trump. Acontece que, mais uma vez, a marca que deixou foi através da moda – tal como já o tinha feito ao usar o casaco com o statement “I Really Don’t Care”, no Texas.

Pode uma antiga modelo não ligar à moda?! O alarme suou de imediato nas redes sociais. E foi tema que alimentou também a imprensa norte-americana nos dias seguintes. E ainda alimenta. “Trump ou Adolf Hitler?” Questionou o @DietPrada – os watchdog da indústria da moda, em montagens com fotografias, em vídeos e em diversas publicações…que eram seguidas de milhares de comentários. Em causa o blazer ao estilo exército e a saia justa da Casa Inglesa Alexander McQueen, de imediato comparados aos uniformes militares de vários fascistas, de Adolf Hitler, a Eva Braun ou Benito Mussolini. “Na última noite Melania usou um casaco para enviar uma mensagem (…) um sinal de que a primeira-dama é uma fascista declarada e orgulhosa” escreveram na conta do Instagram e com o #weworeworldwar.

Se o tema é relevante para o futuro da política americana? Na verdade, é só moda! Mas quem se move no mundo da comunicação sabe que a imagem também é uma poderosa ferramenta para comunicar. E como são poucas as intervenções ao longo do mandato do marido, mais uma vez o mundo questiona se, através do que veste, Melania tem ou não a intenção de passar uma mensagem. Se é ou não um momento de comunicação? O que diz, o que veste, sobre a sua marca pessoal?

No episódio do Texas justificou-se afirmando que a mensagem do casaco que vestia era dirigida aos media. E desta vez, teria destinatários? E a ter, quem são? O The New York Times escreveu: “What war, exactly, was she fighting?”, questionando se estava a declarar tréguas, a travar uma guerra, a tentar mudar o tom da campanha do marido, e já agora, que território estaria Melania a defender?

Na moda – durante estes tempos de campanha nos Estados Unidos, está também a vontade das marcas de tornarem as celebridades, influencers ou porta-vozes políticos. Num contexto e num mandato marcado por temas como as alterações climáticas ou protestos como Black Lives Matter, escreve a ADWEEK que as marcas começam a querer associar nomes a causas, depois de anos a evitarem parcerias com celebridades com voz ativa fosse na política, na cultura, ou em posições em temas como a igualdade de género… O que está na moda agora é olhar para essas posições como um ativo com potencial de explorar junto das audiências, leia-se também consumidores e eleitores.

A história traz-nos a célebre declaração em 19090 – que disse ter sido meio a brincar, de Michael Jordan: “Os republicanos também compram ténis “. Mais recentemente o jogador Colin Kaepernick escreveu no Twitter Believe in something, even if it means sacrificing everything”. Apenas como curiosidade, ambos patrocinados pela Nike.

Na política e não só. Em entrevista Chris Simmons, responsável pelo trabalho com celebridades e influenciadores na americana The Marketing Arm diz que, cada vez mais, é-lhes pedido que encontrem talentos que apoiem movimentos como: Black Lives Matter, as reformas social e da justiça criminal, os direitos das mulheres e o orgulho LGBTQ, “porque o talento ajuda a amplificar os valores e as posições da marca sobre essas questões.”

Se é estratégia para todas? Talvez não, porque há riscos que só marcas com muito músculo e experientes políticas de gestão de crise, conseguem recuperar quando surge um confronto de valores entre marca e influenciador. E aí é o consumidor quem vota! Estando a marca na moda, ou não.

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