Ministério dos Verdes

Perante a impotência dos partidos clássicos, a maré abre-se para os Verdes no ambiente da Floresta Primordial.

Há um espectro à solta na Europa que se chama Alterações Climáticas. Os discursos aquecem, a indignação derrete a civilidade e a política transforma-se no perpétuo prognóstico da calamidade. O problema das Alterações Climáticas é visível e imprevisível. A solução para as Alterações Climáticas é uma miragem no deserto e uma fractura no gelo.

Perante o facto da escassez política, e ao abrigo da sombra maligna dos Populistas, os Verdes atingem um lugar de influência no Parlamento Europeu. Diga-se a propósito que a nova configuração do Parlamento das Nações da Europa mais parece um gigantesco Cubo de Rubik, uma construção política de geometria variável – cores, nacionalidades e famílias políticas em permanente movimento. Resta o facto curioso de ninguém conhecer a solução para o puzzle.

Na ascensão dos Verdes está a crise da Social-Democracia, mais um discurso Populista Progressista, mais o Projecto Catástrofe, mais a lógica de uma Campanha Publicitária. Não são os Partidos Verdes que vão ao encontro das populações da Europa, mas as evidências de um Distúrbio Climático sério e o terror de um Armageddon Climático que confluem no voto Verde.

Perante a impotência dos Partidos Clássicos, a maré abre-se para os Verdes no ambiente da Floresta Primordial. O Movimento dos Verdes não tem verdadeiramente um conjunto de soluções políticas, económicas, tecnológicas, para poder controlar e corrigir o Fenómeno Climático. Viciados no plástico alternativo do Protesto e das Causas, os Verdes são o Vulcão Vocal de um Problema Real.

Combatem a Exploração Capitalista do Clima nas ruas da Europa, mas fazem por ignorar que 51% da emissão de gases que contribuem para o Aquecimento Global são provenientes da China, da Índia e dos Estados Unidos. Alguém imagina a China a declarar o Estado de Emergência Climática? Alguém tem ilusões na organização de Proclamações Colectivas em prol de um New Green Deal na Praça Tiananmen ou em Nova Dehli? Face à Desolação Ambiental do Regime Soviético será possível seguir as deliberações dos “Sustainable Energy Angels” na Praça Vermelha?

Relativamente aos Estados Unidos a condenação é suprema, geral e definitiva – o Coração da Agressão Climática. A Geografia dos Verdes revela uma preocupação ideológica que se sobrepõe à necessária consideração política e económica sobre a profundidade e gravidade das Alterações Climáticas.

O Grande Projecto Verde centra-se na proposta de uma Nova Austeridade Climática, uma démarche política no sentido de um regresso triunfal ao modo de vida pré-industrial, uma espécie de Novo Primitivismo centrado na frugalidade de um Novo Puritanismo Moral.

Neste sentido, os Verdes não são Apóstolos do Futuro, nem Mensageiros do Progresso, limitam-se a reproduzir uma lógica Reaccionária do Regresso a um Passado Ideal. Os Verdes devem ser por natureza política e ideológica uma variação do conservadorismo, mas esta estirpe milenar é uma quimera chique entre o Estado Natureza de Rousseau, a New Age e a Utopia Hippy.

Para serem realmente Símbolos do Progresso, os Verdes devem apresentar uma proposta esclarecedora sobre a Mudança no Modo de Produção, devem desenhar o esboço político efectivo que permita promover a “Descarbonização da Economia”, pois sem tal perspectiva política são um Culto da Personalidade onde não existe Personalidade. Nesta fase do Milénio, as Causas sobram e as Políticas faltam e a Emergência Climática exige acções e não proclamações que aliviam as pesadas consciências invadidas pelo Verde. Manda a inteligência política e a sobrevivência da espécie que a correcção das Alterações Climáticas seja uma Causa Comum e não um Interesse Particular, seja um Factor de Inclusão e não um Critério de Exclusão.

Mas talvez a predestinada figura de Greta Thunberg seja a Personalidade que falta ao Novo Culto. “We Don`t Have Time” é um movimento que muito contribuiu para a ascensão dos Verdes na Europa, não para salvar o Planeta, mas talvez para melhor garantir os contratos governamentais em função de uma “Transição Verde”. Com tácticas Populistas, o lobby Verde alia-se à Cruzada de uma adolescente não para promover a Justiça Climática e a Democracia, mas sim para maximizar a verba dos lucros e dos subsídios. Greta Thunberg é o colateral para o “Novo Corporativismo Verde”.

Subitamente surgem na memória as imagens do livro “The Drowned World”, escrito por J.G. Ballard em 1962. A temperatura média do Equador ronda os 82.2ºC e continua a subir; as calotas polares e o “permafrost” derreteram e a Europa é um complexo sistema de lagos e lagoas; o MidWest Americano é um enorme Golfo que se abre para a Baía de Hudson; a população mundial, reduzida a 5 milhões de habitantes, acumula-se no interior do Árctico e do Antárctico, onde os termómetros registam uns agradáveis 29.4ºC. Da janela do quarto em pleno Hotel Ritz, é possível observar as iguanas e uma espécie de carnaval dos crocodilos. Bem-Vindos ao Futuro; Bem-Vindos a Londres.

Nota: Por opção própria, o autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico

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