O caminho que se segue

  • Maria Santa Martha
  • 16 Junho 2020

O caminho que se segue será seguramente turbulento, incerto e arriscado e os mercados, empresas e pessoas deverão começar a informarem-se, a prepararem-se e a atuarem dinamicamente.

Durante cerca de três meses o Mundo esteve praticamente parado, uma realidade nova para todos nós e cujas reais repercussões são ainda desconhecidas, não só a nível nacional como global.

Sem prejuízo, o que podemos perceber, desde já, é que o Mundo mudou!

Apesar de ser prematuro avaliar o efeito global e final da paragem provocada pela pandemia na economia portuguesa, é certo que estaremos a vivenciar uma das maiores crises económicas da nossa história – estimativas apontam para uma retração do PIB Português entre os 7% e os 11% no ano de 2020 – o que levará a um inevitável ajustamento do mercado.

Se é certo que muitas empresas não resistirão à crise, a verdade é que encarar a fase pós-pandemia como a de uma mera onda de insolvências será demasiado redutor. Não olvidemos a enorme capacidade de adaptação, inovação e resiliência tão caraterísticos dos portugueses.

De facto, não obstante as dificuldades com que as empresas se veem já confrontadas, este será um período de novos desafios, que as obrigará a repensar as suas estratégias de atuação e a procurar novas soluções, de modo a que possam retomar a sua atividade e assegurar a empregabilidade.

Poderão equacionar-se reorganizações societárias como, por exemplo, a cisão, que permita aos empresários destacar uma determinada unidade económica de outra para exponenciar um determinado negócio e/ou para tentar evitar o contágio entre negócios; ou a fusão, seja entre empresas do mesmo grupo económico, seja de diferentes grupos, por forma a obterem sinergias e se tornarem, assim, mais capazes de enfrentar as dificuldades que uma crise económica acarreta.

Também o mercado das aquisições poderá ser potenciado com o aparecimento de oportunidades criadas pela circunstância de empresas mais frágeis se tornarem alvos apetecíveis de empresas com maior capacidade, o que poderá, igualmente, permitir aos sócios vendedores capitalizarem-se e direcionar esses capitais para novos investimentos.

Neste contexto, importa sublinhar que a forma como as empresas se posicionam em questões ambientais, sociais e degovernance (Environment, Social and Governance – ESG) tem implicações crescentes no custo do capital e no processo de tomada de decisão por parte dos investidores. Revela-se, assim, essencial repensar estas matérias.

Por outro lado, como consequência do confinamento verificou-se um crescimento acentuado do comércio eletrónico. Este fenómeno deverá ser atendido pelas empresas, as quais deverão rapidamente prepara-se para o exigente e complexo universo do e-commerce e do mundo digital.

O caminho que se segue será seguramente turbulento, incerto e arriscado e, por isso mesmo, os mercados, empresas e pessoas deverão começar, desde já, a informarem-se, a prepararem-se e, finalmente, a atuarem dinamicamente na tentativa de aproveitar as oportunidades geradas por esta nova realidade.

  • Maria Santa Martha
  • Sócia da CCA Law Firm

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