O papel relevante das Caixas de Crédito Agrícola Mútua

  • Filomena Oliveira e Rui Moreira de Carvalho
  • 28 Março 2021

A génese das caixas de crédito agrícola esteve na dificuldade de os pequenos empresários rurais encontrarem formas de financiamento adequadas fora dos grandes centros urbanos.

O tempo obriga a mudanças. O futuro necessita de ser pensado, articulado e construído. Cerca de oito dezenas de cooperativas bancárias, algumas centenárias, na última década mantêm o número de colaboradores e de agências, muitas em locais que pelo seu menor rendimento não têm concorrência. São as Caixas de Crédito Agrícola Mútua (CCAM), associadas, na sua larga maioria, desde 1983, sob o “chapéu de chuva” da Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo (CCA).

A política monetária expansionista (quantitative easing) e as baixas taxas de referência dos bancos centrais mitigam as margens médias de intermediação, a rendibilidade, pressionando, assim, a rentabilidade do sistema financeiro, que é um elemento ativo de apoio solidário à sociedade e um motor da economia. Por outro lado, as novas tecnologias, a Inteligência Artificial, potenciam as novas financeiras tecnológicas (FinTech) como alternativas disruptivas, competindo, nalgumas áreas, com o setor bancário tradicional.

Recordando o aforismo, “é mais difícil tirar o homem da selva, do que a selva do homem”. Como se irão ajustar os diferentes conceitos de banca? O Country Report Germany 2020 (pp. 34), e sobre o sistema financeiro alemão, observa “que a rentabilidade difere muito entre os tipos bancários. A rentabilidade dos bancos alemães tem sido baixa há décadas” e que as “cooperativas bancárias não operam principalmente para fins lucrativos, tendem a ser mais rentáveis do que os grandes bancos comerciais e o Landesbanken. A rentabilidade dos capitais próprios (RoE) após impostos foi de 2,4%, com diferenças acentuadas: 8,2% para as cooperativas, 7,3% para os bancos de poupança e 1,1% para os bancos comerciais, enquanto o Landesbanken registou uma perda no agregado, com -3,9%. Embora o sistema bancário alemão no seu conjunto tenha mantido a margem média de intermediação acima de 1%, houve diferenças entre os pilares bancários. Os bancos de poupança e as cooperativas apresentaram uma margem média de 1,73% e 1,8%, respetivamente, enquanto a margem dos bancos comerciais ascendeu a 0,77%”.

As cooperativas bancárias, em regra, apresentam boas quotas de crédito às PME’s e baixas taxas de transformação (crédito/ depósitos). Os seus gestores “são os olhos e ouvidos das suas regiões, e do seu banco”. Têm a maior rede de agências em Portugal (655 em 2019). E na crise de 2011, as CCAM não conheceram os representantes da Troika!

A sua génese esteve na dificuldade de os pequenos empresários rurais encontrarem formas de financiamento adequadas fora dos grandes centros urbanos. A solidariedade era a solução para as suas dificuldades. É a sua “natureza” local que oferece valor e os torna relevantes e globais.

Os principais bancos portugueses, nos últimos anos, frutos de importantes restruturações, ganharam resiliência. O sistema financeiro, e os seus diversos pilares (banca comercial, bancos de poupança, cooperativas bancárias, etc.) são importantes e necessários. A evolução da natureza do modelo de negócio obriga a mudanças. As complementaridades, suportadas na confiança e nos valores, irão fazer o seu caminho. Como sempre, saberão ajustar-se. A natureza tem muita força. Sabe conduzir o futuro.

Fonte: adaptado de Associação Portuguesa de Bancos

  • Filomena Oliveira
  • Rui Moreira de Carvalho

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