Os desafios da pandemia – ninguém ficou para trás

  • Rita Maltez
  • 28 Setembro 2020

A grande questão para o futuro, para além da enorme incerteza económica de que aqui não tratámos, é se podemos, devemos, queremos, trabalhar mais a partir de casa.

A decisão de, no início de Março, colocar a nossa equipa em teletrabalho foi rápida e inquestionada. Por um lado, a segurança dos nossos e das nossas famílias é essencial e, por outro, sentia-se a ansiedade no ar. Mal a decisão foi tomada, a pressão desapareceu e todos nos focámos numa imediata reorganização pois tínhamos que assegurar que os nossos clientes não sentiriam qualquer quebra na nossa capacidade de resposta, então ainda mais importante dado que as questões e a insegurança eram acrescidas.

Os desafios eram então o equilíbrio da nossa equipa e a resposta serena e competente aos nossos clientes.

A nossa dimensão permite uma enorme agilidade que, aliada a um espírito de entreajuda, garantiu que, onde se sentia maior pressão, logo alguém viesse ajudar, numa monitorização permanente e recíproca que muito beneficiou da interdisciplinaridade.

Múltiplos filhos pequenos, alguns recém-nascidos, pais idosos, alguns convalescentes, os bens essenciais que era necessário ter em casa, a indispensável ajuda doméstica em que todos confiamos e que ficou suspensa, o silêncio pesado das ruas, as filas para o supermercado, o computador que deixa subitamente de funcionar, a internet que está lenta, e logo, rapidamente, as reuniões via Zoom ou Teams, as aulas dos miúdos, tudo se resolveu com uma boa dose de tolerância, muita atenção ao outro e disponibilidade de todos, incluindo dos nossos clientes.

Foi preciso reconverter a uma velocidade relâmpago todas as nossas relações com fornecedores e prestadores de serviços. Foi preciso contrariar alguma resistência ao trabalho a partir de casa. Foi preciso levar ecrãs, teclado, ratos, a casa dos colegas. Foi preciso criar uma equipa que acompanhava todo o processo legislativo “COVID”, que o transformava imediatamente em informação e resposta para clientes. E, acima de tudo, foi precisa muita atenção às pessoas, advogados e clientes.

Houve, e há, sempre uma mão disposta a ajudar e mais uma cabeça para pensar connosco, gente no escritório para as urgências e para um dedo de conversa com o solitário carteiro que diariamente nos ia trazendo as cada vez menos cartas e encomendas.

Com o tempo, percebemos que tudo funcionou e, com excepção da falta do humano convívio (sejam sorrisos sejam caras fechadas pelo natural mau humor matinal), tem corrido bem.

Adiámos uma vez o regresso ao escritório, em turnos, como nos mantemos, para garantirmos a segurança e serenidade de todos, e agora aqui estamos, como sempre a trabalhar em pleno.

A grande questão para o futuro, para além da enorme incerteza económica de que aqui não tratámos, é se podemos, devemos, queremos, trabalhar mais a partir de casa.

Numa nota pessoal, sempre o fiz, mesmo quando isso era mal visto (ou não era visto e eu era aquela que parecia que estava menos tempo no escritório). Lembro-me bem de ter ido comprar um longo fio para ligar o computador à rede telefónica e assim poder trabalhar e estar em casa com filhos pequenos. Um bom exercício para os novos tempos, compensado pela serenidade que resulta do razoável equilíbrio entre a vida pessoal/familiar e o trabalho.

Na Pares Advogados, esse equilíbrio sempre foi natural e, aliado à transparência e fluidez na comunicação, um tema fundacional da sociedade. Acreditamos que tal facilitou a adaptação a uma “circunstância logística” e a um panorama excepcional de contingência, seja no ambiente jurídico seja no ambiente económico e social que temos vivido, a exigir trabalho e atenção redobrados, onde ninguém, clientes, advogados, colaboradores, ficou para trás.

  • Rita Maltez
  • Sócia da Pares|Advogados

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