Tribunal europeu não se opõe a conversão de créditos na Polónia. Bank Millennium afunda 10%, mas BCP resiste e sobe 3%

A manhã está a ser de forte volatilidade para as ações dos bancos polacos graças à decisão do tribunal europeu sobre os frankowicze. O Bank Millennium já disparou 10% e já afundou outros 10%.

Há uma montanha russa nas ações do Bank Millennium. O Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) apoiou o Governo polaco no caso dos empréstimos em francos suíços. A decisão foi conhecida após o Executivo ter garantido disponibilidade para minimizar o impacto do processo para a banca, incluindo do banco controlado pelo português BCP. Enquanto a subsidiária polaca está a ser alvo de forte volatilidade, o banco português resiste e segue em alta.

Antes da decisão, o Bank Millennium disparou 10% e, depois, afundou outros 10%. O banco polaco detido pelo BCP segue sem tendência com os investidores ainda a tentarem perceber o que irá acontecer agora. O BCP, que começou a manhã a cair, inverteu antes de ser conhecida a deliberação e tem-se mantido em alta. Valoriza 3% para 0,189 euros.

O Tribunal de Justiça da Europeia apoiou as famílias endividadas, dando abertura à intenção do Governo em converter em zlotis os empréstimos concedidos em francos suíços. A justiça europeia considera que existem “cláusulas abusivas” nos contratos conhecidos como frankowicze.

No final da década passada, centenas de milhares de polacos contraíram empréstimos em francos suíços para a compra de casas. Estes empréstimos hipotecários tinham associada uma taxa de juro (cerca de 4,5% no final da década e 2,70% em 2010) bastante inferior à dos empréstimos em zlotis (que rondavam os 9%), mas um forte risco associado à valorização do franco suíço contra o zloty.

Supervisor diz que a banca está preparada para anulação dos contratos

Quando, em 2015, o Banco Nacional da Suíça deixou de ter um câmbio fixo face ao euro, valorizou não só contra a moeda única, mas também contra o zloty, levando as dívidas das famílias polacas a disparar para mais do dobro. Eram então abrangidas 700 mil famílias e o governo polaco começou a tentar resolver o problema do endividamento, nomeadamente a conversão dos empréstimos de francos suíços para zloty.

“Se, após a remoção das cláusulas abusivas, for provável que a natureza do objeto principal desses contratos seja alterada, porque não vão deixar de ser indexados a uma moeda estrangeira e vão permanecer sujeitos a uma taxa de juro com base nessa taxa de câmbio, o direito da UE não se opõe à anulação desses contratos“, diz o Tribunal da União Europeia na deliberação desta quinta-feira.

A proposta de conversão dos empréstimos de francos suíços para zlotis poderá representar uma perda de 13,7 mil milhões de euros para os bancos do país. Este conflito judicial tem sido uma das razões para a volatilidade e ciclo negativo nas ações do BCP nos últimos meses.

O presidente executivo do Bank Millennium tinha descartado, no entanto, o registo de uma provisão extraordinária nas contas para fazer face a perdas com os empréstimos em francos suíços. Segundo disse João Brás Jorge, as potenciais perdas serão registadas ao longo do tempo, consoante as decisões dos tribunais polacos para casos específicos.

Ainda antes da decisão do tribunal, o Executivo polaco mostrou disponibilidade para minimizar o impacto do processo para a banca. O supervisor financeiro da Polónia já comentou a deliberação judicial, dizendo que o setor está “bem preparado” para o impacto, de acordo com a agência Reuters.

(Notícia atualizada às 10h05)

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Banca confiante que tribunal vai anular coima milionária da Concorrência

Principais bancos visados pelo regulador estão otimistas em relação aos recursos que vão apresentar em tribunal contra a coima de 225 milhões de euros por prática anticoncorrencial no crédito.

Pablo Forero (BPI), Pedro Castro e Almeida (Santander Totta), Carlos Tavares (Montepio), Miguel Maya (BCP) e Paulo Macedo (CGD) estão confiantes em relação à anulação da multa de 225 milhões da Autoridade da Concorrência.

Caixa Geral de Depósitos (CGD) e BCP estão convictos de que o tribunal vai anular a multa aplicada pela Autoridade da Concorrência por práticas restritivas da concorrência no mercado de crédito. No BPI e Banco Montepio assume-se que é maior a probabilidade de não terem de pagar as coimas milionárias impostas pelo regulador do que o contrário, razão pela qual não vão constituir provisões. Para já não há registo de reclamações de clientes, notam as instituições.

Os principais bancos visados pela Autoridade da Concorrência estão confiantes em relação ao desfecho dos recursos que vão apresentar junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, em Santarém, para contrariar a coima de 225 milhões de euros devido a troca de informação sensível sobre preços nos produtos de crédito durante 11 anos. Há um prazo legal de 30 dias úteis para a apresentação de recursos a partir da data em que foram notificados.

Do lado do banco público, quando anunciou que iria impugnar judicialmente a coima de 82 milhões de euros, a CGD revelou essa intenção “convicta de que os tribunais competentes confirmarão a total improcedência e absoluta falta de fundamentação da imputação de irregularidades que lhe é feita“.

Aliás, as outras instituições visadas também contestam os argumentos do regulador liderado por Margarida Matos Rosa, nomeadamente o “salto” que dá entre a prova de que houve intercâmbio de informação sigilosa e a conclusão de que daí resultaram perdas para os clientes.

A nossa convicção é que vamos ganhar o processo. Se a troca de informação não era permitida por lei, é obvio que é uma prática incorreta, o que se questiona é o salto quântico para ter havido prejuízo para os clientes”, revelou há dias Miguel Maya, presidente do BCP, à margem de uma conferência da sociedade de advogados Sérvulo & Associados, em Lisboa. O BCP teve a segunda maior multa: 60 milhões. Ao ECO, Miguel Maya tinha adiantado há duas semanas que o banco não tinha recebido qualquer queixa dos clientes a propósito do assunto. E disse que os auditores ainda estavam a analisar eventual impacto do evento nas contas.

A nossa convicção é que vamos ganhar o processo. Se a troca de informação não era permitida por lei, é obvio que é uma prática incorreta, o que se questiona é o salto quântico para ter havido prejuízo para os clientes.

Miguel Maya

Presidente do BCP

O BPI também entende que “a alegada troca de informação não produziu quaisquer efeitos negativos para o mercado, nem para os consumidores, tendo, pelo contrário, pelo menos em parte, tido efeitos pró-concorrenciais”. O banco dos espanhóis do CaixaBank foi multado em 30 milhões, mas acredita-se num desfecho favorável porque não vê “motivos para a decisão e condenação agora proferida vir a ser mantida por decisão judicial definitiva”.

“É convicção da comissão executiva do conselho de administração do BPI de que as probabilidades de o processo vir a terminar sem o banco ter de pagar uma coima são mais elevadas do que as de suceder o inverso, não existindo, por isso, qualquer provisão para este processo reconhecida nas demonstrações financeiras do banco em 30 de junho de 2019″, lê-se no relatório e contas semestral divulgado esta semana.

Também no domínio das probabilidades, o Banco Montepio, alvo de uma coima de 13 milhões — reduzida em 50% porque o banco colaborou com as investigações –, acredita que o tribunal vai anular a decisão da Autoridade da Concorrência. “Considera-se existir uma probabilidade séria e significativa de a responsabilidade contraordenacional do Banco Montepio não se tornar efetiva na sequência dos recursos judiciais que vierem a ser interpostos contra a decisão”, refere a instituição liderada por Dulce Mota no relatório e contas semestral.

É convicção da comissão executiva do conselho de administração do BPI de que as probabilidades de o processo vir a terminar sem o banco ter de pagar uma coima são mais elevadas do que as de suceder o inverso.

BPI

Relatório e contas do 1.º semestre

Ao banco também não chegou qualquer ação judicial de indemnização de clientes que tenham sentido prejudicados. Mesmo que o fizessem, “as hipóteses de sucesso (…) com fundamento na decisão [da Autoridade da Concorrência] seriam reduzidas“, afirma o Banco Montepio.

Além destes quatros bancos, também o Santander Totta anunciou que vai impugnar judicialmente a multa de 35,6 milhões. Ou seja, 98% do montante das coimas aplicadas pela Autoridade da Concorrência vai ser litigada por apenas cinco bancos. Foram 14 as instituições financeiras multadas neste caso.

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Trimestre negro na bolsa de Lisboa. PSI-20 perde 3%, BCP cai 30%

A bolsa de Lisboa fechou último trimestre com uma perda acumulada de 3%. Os piores desempenhos pertenceram ao BCP, que perdeu quase um terço do valor. Pharol e Sonae Capital também saem em baixa.

Se há dúvidas sobre se o três é o número do azar, os investidores que avaliem as suas crenças. O BCP perdeu cerca de 30% em bolsa no terceiro trimestre que agora termina. Foi o pior registo trimestral para o banco nos últimos três anos e também o pior desempenho entre as 18 cotadas da bolsa de Lisboa. Mais uma observação: o PSI-20 a caiu mais de 3% neste período.

Embora o principal índice português tenha subido esta segunda-feira 0,8% para 4.973,76 pontos, o trimestre que decorreu entre 1 de junho e 30 de setembro trouxe perdas de 3,19% para o PSI-20 — enquanto o Stoxx 600 subiu 2%. Mas há derrotados e derrotados por cá. O maior deles foi o BCP.

A ação registou uma variação trimestral de -29,9%, terminando a sessão desta segunda-feira a cotar nos 19,06 cêntimos. O banco foi castigado sobretudo depois da apresentação dos resultados do semestre na banca, com os sucessivos alertas de que o Banco Central Europeia (BCE) ia manter o negócio bancária sob pressão por causa da sua política monetária de juros mínimos. Isto arrastou o setor europeu: o Euro Stoxx 600 Banks caiu 1,15% no acumulado do trimestre.

No caso do BCP, o título foi também penalizado pelos investidores por causa da incerteza em relação a eventuais perdas do Bank Millenium com empréstimos em francos suíços e ainda pela multa de 60 milhões de euros da Autoridade da Concorrência. Ao ECO, Miguel Maya, presidente do banco, admitiu que o ano estava a ser mais difícil do que o esperado, frisando, porém, que não tencionava mudar os objetivos do plano estratégico. Na despedida do trimestre, o banco conseguiu valorizar 1,17% esta segunda-feira, mantendo a tendência de recuperação verificada desde a semana passada.

BCP cai 30% no trimestre

A Pharol foi outra das grandes perdedores do trimestre. A empresa liderada por Palha da Silva foi penalizada pela operadora brasileira Oi, onde detém uma participação de 5%. Em Lisboa, refletindo a incerteza que paira sobre a companhia brasileira, as ações da Pharol cederam 27,81% no trimestre. Perante o cenário de stress na Oi, a Telefónica está a preparar uma ofensiva para comprar o negócio da telefonia móvel da rival, num negócio que pode valer quatro mil milhões de euros.

Sonae Capital e F. Ramada também fecharam o terceiro trimestre com perdas acentuadas. A primeira cotada perdeu 17,70%, enquanto a segunda caiu 16,19%.

Do lado dos ganhos, destaque para a EDP Renováveis e EDP, que acumularam valorizações de 9,65% e 6,58%, respetivamente. Também a Jerónimo Martins somou 9,28% para fechar o trimestre a cotar nos 15,45 euros, evitando uma queda mais expressiva da bolsa de Lisboa. Desde o início do ano, a dona do Pingo Doce ganha quase 50% na bolsa, no melhor registo nacional em 2019.

(Notícia atualizada às 17h19)

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BCP afunda mais de 4%. Ciclo de quedas tira 12% ao valor do banco

Banco liderado por Miguel Maya volta a afundar, renovando mínimos de 2017. Miguel Maya admite ano difícil, mas mantém objetivos..

O Banco Comercial Português (BCP) está, mais uma vez, a ser fortemente castigado pelos investidores em bolsa. As ações da instituição liderada por Miguel Maya estão a afundar 4% na praça nacional. Eleva para mais de 12% a queda acumulada neste ciclo negativo.

“Este é um ano mais difícil do que aquele que tínhamos perspetivado quando fizemos o orçamento”, afirmou ao ECO o CEO do BCP. Depois de ter anunciado uma crescimento no lucro na primeira metade do ano, atingindo os 170 milhões de euros, Maya alertou para os desafios vindouros, que agora renova. Ainda assim, afirma acreditar no trabalho das equipas comerciais para cumprir os objetivos.

Ainda assim, os títulos do BCP que recuam 4,11% para 17,97 cêntimos, estando já a negociar no valor mais baixo desde abril de 2017. Isto num dia negativo tanto para a banca europeia como à generalidade dos índices mundiais perante a crescente instabilidade internacional.

BCP afunda para novos mínimos de 2017

Esta queda eleva para quatro o número de sessões consecutivas negativas para os títulos do banco português. Recuaram 1,32% na sessão anterior, tendo afundado 4,09% na primeira sessão desta semana. Já no final da semana passada o BCP tinha apresentado uma descida expressiva, recuando 3,13%.

Apesar do alerta para os resultados, Maya revela confiança na capacidade das equipas em dar a volta, mas investidores não têm tido a mesma perspetiva positiva, levando em que em apenas quatro sessões os títulos do banco acumulem uma queda de 12,08%.

A pesar nos títulos, além das contas, penalizadas pelo contexto de juros baixos na Zona Euro, fomentado pelo Banco Central Europeu, está também a multa da Autoridade da Concorrência pela prática de cartel.

O banco recebeu a segunda coima mais avultada, de 60 milhões de euros, por práticas restritivas da concorrência no mercado de crédito. Ao ECO, Maya considera a coima injusta e desproporcionada, razão pela qual vai ser impugnada em tribunal.

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Miguel Maya alerta para “ano mais difícil do que esperado” no BCP

BCE e Autoridade da Concorrência deixam Miguel Maya a fazer contas ao resto do ano. Reconhece que 2019 será um ano "mais difícil" do que aquele que o banco estava à espera.

Miguel Maya foi eleito melhor CEO. Ao ECO, diz que 2019 será ano “mais difícil” do que esperado no BCP.Hugo Amaral/ECO

Miguel Maya já tinha alertado para um final de ano desafiante no BCP quando apresentou os resultados semestrais em julho. Agora, volta a deixar o alerta, mas de uma forma mais séria. “Este é um ano mais difícil do que aquele que tínhamos perspetivado quando fizemos o orçamento”, disse o presidente executivo do banco em declarações ao ECO.

No final de julho, depois de ter anunciado uma subida de 12% do lucro na primeira metade do ano, atingindo os 170 milhões de euros, Miguel Maya deixou vários avisos sobre uma reta final de ano com sobressaltos que poderiam afetar os resultados do banco. “Não vos vou falar do Brexit ou do enquadramento externo… mas há um fator que tem a ver com a evolução das perspetivas da política monetária que teve um impacto importante“, tinha destacado o CEO do banco na altura.

Por outras palavras, Miguel Maya trouxe ao debate o Banco Central Europeu (BCE), que ainda na semana passada anunciou juros mais baixos durante mais tempo, o que vai condicionar o negócio não só do BCP, mas de toda a banca europeia, durante um longo período.

Será um “ano mais difícil” do que o esperado no BCP, como o próprio CEO reconhece agora. Mas “o banco tem uma capacidade para reagir à adversidade que é verdadeiramente notável. Estou confiante nas equipas comerciais do banco”, disse.

"Este é um ano mais difícil do que aquele que tínhamos perspetivado quando fizemos o orçamento.”

Miguel Maya

CEO do BCP

“Sei que tenho equipas extraordinárias que quando não conseguem ir por um lado, tentam ir por outro, aumentam a intensidade comercial. Estou convencido que estamos a fazer o caminho que devemos fazer”, reforçou Miguel Maya, à margem da 32.ª dos IRGAwards, uma iniciativa da Deloitte, que se realizou no Convento do Beato, em Lisboa.

O BCE não será o único obstáculo que o banco tem pela frente. Há duas semanas, a Autoridade da Concorrência multou o BCP em 60 milhões de euros por práticas restritivas da concorrência no mercado de crédito. Apesar de considerar a coima injusta e desproporcionada, razão pela qual vai ser impugnada em tribunal, Miguel Maya adiantou que o banco ainda está a ver com os auditores se as próximas contas a serem apresentadas vão já refletir este “risco”, o que poderá, no limite, levar a uma revisão em baixa dos resultados — a coima representa 35% do lucro que o BCP obteve no primeiro semestre.

Dividendo ameaçado? O BCP regressou este ano à remuneração acionista, com uma distribuição de 10% dos lucros alcançados em 2018, cerca de 30 milhões de euros. Miguel Maya mantém o compromisso de chegar a 2021 com um payout de 40%. “É essa a nossa linha de rumo, depois veremos quando é que lá chegamos“, sublinhou.

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Maya discorda “profundamente” da multa da AdC. “BCP não recebeu, nem espera vir a receber queixas de clientes”

CEO do BCP contesta "proporcionalidade e justiça" da multa de 60 milhões de euros aplicada pela AdC. Miguel Maya diz que banco não recebeu e nem espera reclamações de clientes.

Gala IRGAwards 2019 - 19SET19
Miguel Maya considera injusta e desproporcionada a multa de 60 milhões aplicada pela AdC.Hugo Amaral/ECO

Miguel Maya contesta a “proporcionalidade e justiça” da coima de 60 milhões de euros aplicada pela Autoridade da Concorrência ao BCP. Comentando pela primeira vez o chamado “cartel da banca”, o CEO do banco adianta que não recebeu qualquer reclamação do caso que envolveu outras 13 instituições. E nem espera vir a receber, uma vez que o BCP sempre se preocupou em ter uma atuação correta com os clientes.

A Autoridade da Concorrência anunciou há uma semana coimas no valor de 225 milhões de euros a aplicar a 14 bancos devido a práticas restritivas da concorrência no mercado de crédito que prejudicaram os consumidores, entre 2002 e 2013. O BCP foi alvo da segunda maior coima, apenas atrás da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Miguel Maya contesta.

“Discordamos profundamente da multa e por isso é que vamos recorrer”, afirmou Miguel Maya em declarações ao ECO, à margem dos IRGAwards, uma iniciativa da Deloitte. “Não vou dizer se a prática é correta ou incorreta, não é esse o tema. O tema é a proporcionalidade e a justiça da própria multa“, sublinhou o presidente executivo do banco.

Miguel Maya explicou que a subida das taxas de juro se deu quando Portugal entrou em crise e que foi “a deterioração das condições de mercado” a razão desse movimento de agravamento dos juros dos créditos. “Não tem nada a ver com essa eventual prática menos correta”, garantiu.

Adiantou ainda que o banco não recebeu até agora qualquer reclamação de algum cliente que se tenha sentido lesado deste caso. “Não temos reclamações de clientes. Não antecipo que venhamos a ter”, disse Miguel Maya, frisando que o BCP tem “uma preocupação muito grande com ter uma política de atuação correta com os clientes”. E isso “não é de agora”.

Qual o impacto que vai ter nas contas? “É um tema que nós estamos a analisar com os auditores. Naturalmente que temos de discutir isto com os auditores e dessas conversas tomaremos a decisão que considerarmos adequada para que as contas do banco reflitam os riscos do banco”, afirmou Miguel Maya.

O BCP chegou a meio do ano com lucros de 170 milhões de euros, com a atividade nacional a puxar pelos resultados. A coima do regulador da concorrência representa cerca de 35% do resultado que o banco teve no semestre.

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BCP volta aos ganhos. Dá força à bolsa de Lisboa

Dia de ganhos nas praças europeias, mas também em Lisboa. PSI-20 subiu com quase todas as cotadas em alta, destacando-se o regresso do BCP às subidas.

Foi uma sessão positiva nas bolsas europeias e a praça portuguesa não escapou ao otimismo dos investidores. Lisboa valorizou-se quase 1% com a maioria das cotadas em alta, destacando-se as ações do BCP, que regressaram aos ganhos depois de três dias a cair.

O PSI-20 somou 0,97% para 5.039,92 pontos, à boleia dos ganhos de 14 cotadas. O banco liderado por Miguel Maya provou os primeiros ganhos na bolsa esta semana, depois de fechar a sessão desta quinta-feira em alta de 2,20% para 0,2044 euros — no mesmo dia em que anunciou que está a prepara uma nova emissão de dívida de alto risco.

Aparentemente indiferente à coima da 50 milhões de euros aplicada pela Autoridade da Concorrência, a EDP também valorizou: os títulos da elétrica avançaram 0,31% para 3,5 euros, depois de terem iniciado o dia a cair 1%.

Os melhores desempenhos pertenceram, ainda assim, à Sonae e aos CTT. A retalhista dona do Continente avançou 2,49% para 0,866 euros, isto num dia em que esteve no centro do debate em Bruxelas por causa de um eventual conflito de interesse de Elisa Ferreira, que era acionista da Sonae, no desempenho do seu novo cargo como comissária europeia. Já os CTT ganharam 2,41% para 2,21 euros, depois de anunciaram a reabertura de uma loja em Vila Flor, em Bragança, dando início a um processo restabelecimento dos balcões que foram encerrados no ano passado.

Lá fora o dia também foi positivo. “As bolsas europeias negociaram com alguns ganhos, que se deveram ao bom desempenho do setor bancário. Depois de ter beneficiado do facto da reunião do BCE ter dissipado algumas incertezas em relação ao futuro da política monetária na Zona Euro, o DJStoxx Banks refletiu hoje a decisão da reunião de ontem da Fed”, explicam os analistas do BPI no comentário de fecho da bolsa.

“A estas duas razões, adiciona-se a subida das yields soberanas em quase todos os países da região”, notaram os analistas.

Foi neste cenário que o Stoxx 600 Banks, que inclui os principais bancos europeus, ganhou 1,8% para 132,55 pontos. O índice de referência europeu, Stoxx 600, valorizou 0,61%. Frankfurt somou 0,5% e os ganhos em Madrid superaram os 1%. Wall Street também está em alta de 0,6%.

(Notícia atualizada às 17h00)

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Sindicato dos Bancários do Norte avança com ação contra presidente do BCP

  • Lusa
  • 13 Setembro 2019

Mário Mourão, Sindicato dos Bancários do Norte, diz que o BCP fez uma manobra estratégica ao chegar a acordo com outros dois sindicatos sobre a atualização dos salários referente a 2018 e 2019.

O Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) vai avançar com um processo em tribunal contra o presidente do BCP, Miguel Maya, acusando-o de má-fé e desrespeito pelos sindicatos, disse à agência Lusa o presidente.

“O Sindicato dos Bancários do Norte vai mover uma ação contra o Dr. Miguel Maya por má-fé, por desrespeito pela Constituição, pelos sindicatos”, disse o presidente do SBN, Mário Mourão, à Lusa.

Esta quinta-feira, foi anunciado que o BCP e o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) e Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) acordaram uma atualização dos salários referente a 2018 (com retroativos) e 2019.

Referindo que os trabalhadores do BCP não eram aumentados desde 2010, as direções do SBSI e do SBC afirmaram que estes “mereciam mais”, mas assinalaram que este “foi um primeiro passo”.

Em declarações hoje à agência Lusa, Mário Mourão considerou que o que o BCP fez foi uma manobra estratégica, quando estava a negociar com Sindicato dos Bancários do Norte, o Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB) e Sindicato Independente da Banca (SIB) ainda os aumentos de 2018.

“O que fez com os outros sindicatos foi chamar já para inviabilizar as propostas do Sindicato dos Bancários do Norte”, considerou.

O SBN tem estado nos últimos meses em discussão com o BCP a propósito dos aumentos salariais de 2018, tendo o processo seguido para mediação do Governo (através da Direção-geral do Emprego e das Relações do Trabalho), tendo a mediadora proposto uma atualização de 0,5% e 0,75% da tabela salarial do BCP, que o sindicato já tinha aceitado e que o BCP anunciou na quinta-feira (quando anunciou o acordo com os outros sindicatos) que também aceitou.

Já para 2019, o SBN ainda não está em negociação formal com o BCP, uma vez que até esta semana não estava acordado o aumento de 2018. O BCP propôs 0,6% para 2019, enquanto o sindicato quer um aumento salarial médio de 2,28%.

Segundo Mário Mourão, o sindicato está disponível para negociar, mas não aceita imposições.

“O que o sr. Miguel Maya está a fazer não é negociação, é imposição, o SBN é livre, está disponível para negociações, não para imposições”, afirmou, considerando que o que o presidente do BCP está a fazer é tentar “pôr os trabalhadores contra o sindicato”.

O que o sr. Miguel Maya está a fazer não é negociação, é imposição, o SBN é livre, está disponível para negociações, não para imposições.

Mário Mourão

Presidente do SBN

Segundo o comunicado do BCP ao mercado, para 2018 foi acordada a atualização da remuneração base em 0,75% até ao nível 6 e de 0,50% dos níveis 7 a 20; aumento do subsídio de almoço diário de 9,39 euros para 9,50 euros, atualização de outras prestações pecuniárias em 0,50%, atualização das contribuições do banco para os SAMS em 0,50%, atualização do subsídio de apoio à natalidade de 500 euros para 750 euros.

Para 2019 o acordo prevê atualização da remuneração base em 0,75% até ao nível 6 e de 0,50% nos níveis seguintes, atualização do subsídio de almoço diário para 9,65 euros e atualização das contribuições do banco para os SAMS de 0,50%.

O BCP disse ainda que já informou a DGERT da aceitação da atualização proposta para 2018, no processo de mediação com o SBN, pelo que “irá atualizar igualmente a tabela salarial e as cláusulas de expressão pecuniária para o ano de 2018 dos colaboradores filiados no SBN, Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca”.

Contudo, disse, “com estes sindicatos fica pendente de acordo a revisão da tabela salarial de 2019”, referindo o BCP que “pretende que ocorra com a maior brevidade possível”.

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Dois sindicatos chegam acordo com BCP sobre aumentos salariais

  • Lusa
  • 12 Setembro 2019

Referindo que os trabalhadores do BCP não eram aumentados desde 2010, as direções do SBSI e do SBC reconhecem que estes “mereciam mais”, mas assinalam que este “foi um primeiro passo”.

Os sindicatos dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) e dos Bancários do Centro (SBC) anunciaram esta quinta-feira que chegaram a acordo com a administração do BCP sobre a atualização da tabela salarial, garantindo o pagamento de retroativos relativos a 2018.

Em comunicado, o SBSI e o SBC esperam que os aumentos comecem a ser pagos já a partir de outubro e adiantam que o acordo prevê aumentos de 1,5% até ao nível 6 da tabela salarial e de 1% entre o nível 7 e o nível 20 da mesma tabela, valores que serão considerados de forma faseada relativamente ao cálculo para pagamento dos retroativos.

Assim, e até ao nível 6, os aumentos terão efeito retroativo de 0,75% a janeiro de 2018, e mais 0,75% a janeiro de 2019. Entre os níveis 7 a 20, a atualização é de 0,5% a janeiro de 2018 e de mais 0,5% em janeiro de 2019.

O mesmo acordo – que, segundo o comunicado, foi alcançado na quarta-feira, dia 11 de setembro – contempla ainda um aumento do subsídio de alimentação que passa para os 9,65 euros. Também aqui se prevê um faseamento no que diz respeito aos retroativos, com o subsídio a passar para os 9,50 euros com efeitos a janeiro de 2018 e para os 9,65 euros com efeitos a janeiro de 2019.

O acordo contempla ainda uma subida do subsídio de nascimento, que passa para os 750 euros com efeitos em janeiro de 2018.

Os sindicatos lembram que, apesar de o acordo já ter sido alcançado, o processo só seguirá para publicação no Boletim do Trabalho e Emprego (BTE) após deliberação dos Conselhos Gerais dos Sindicatos, que serão “convocados brevemente, de forma a permitir o processamento dos aumentos e respetivos retroativos em outubro”.

Referindo que os trabalhadores do BCP não eram aumentados desde 2010, as direções do SBSI e do SBC reconhecem que estes “mereciam mais”, mas assinalam que este “foi um primeiro passo”.

Neste sentido, o comunicado adianta que os dois sindicatos vão começar “já a preparar a revisão do ACT em vigor”, tendo recebido da administração do banco o compromisso de que se empenhará “rapidamente no processo”.

No início de setembro, o Sindicato dos Bancários do Norte anunciou que tinha aceitado a proposta da Direção-geral do Emprego e das Relações do Trabalho que prevê uma atualização de 0,5% e 0,75% da tabela salarial do BCP para 2019 com efeitos retroativos a janeiro de 2018.

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Da multa milionária à Caixa ao perdão ao Barclays. Um a um, veja o valor das multas no cartel da banca

Cinco maiores bancos pagam 98% da multa de 225 milhões de euros: Caixa, BCP, Totta, BPI e Montepio. O Barclays teve um perdão total da multa porque denunciou práticas. Banif condenado a 1.000 euros.

Entre 2002 e 2013, vários bancos trocaram informações sensíveis entre si sobre spreads praticados nos empréstimos, num esquema anticoncorrencial que prejudicou famílias e empresas. Foi com base nesta conclusão que a Autoridade da Concorrência anunciou coimas de 225 milhões de euros a 14 instituições. Se o Barclays foi perdoado porque foi quem denunciou estas práticas, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) levou a maior multa para casa, acima dos 80 milhões.

“Cada banco sabia, com particular detalhe, rigor e atualidade, as características da oferta dos outros bancos, o que desencorajava os bancos visados de oferecerem melhores condições aos clientes, eliminando a pressão concorrencial, benéfica para os consumidores”, explicou a Autoridade da Concorrência esta segunda-feira.

A autoridade liderada por Margarida Matos Rosa sublinhou ainda que os bancos, ao tomarem conhecimento das estratégias de mercado dos seus concorrentes ou anteciparem a conduta daqueles, “o que facilita o alinhamento dos respetivos comportamentos no mercado”, impediram “os consumidores de beneficiarem do grau de concorrência que existiria na ausência de tal intercâmbio”.

Resultado? Multa histórica de 225 milhões de euros a 14 bancos: BBVA, o BIC (por factos praticados pelo então BPN), o BPI, o BCP, o BES, o Banif, o Barclays, a CGD, a Caixa de Crédito Agrícola, o Montepio, o Santander (por factos por si praticados e por factos praticados pelo Banco Popular), o Deutsche Bank e a UCI.

Banco público paga maior fatura

Ainda que a Autoridade da Concorrência não tenha revelado os valores das coimas por cada banco condenado, o ECO conseguiu apurar o valor individual de grande parte das multas aplicadas.

A CGD, que já anunciou que vai recorrer, foi quem teve a maior coima, a rondar os 82 milhões de euros, o que terá a ver com a sua posição de liderança histórica no mercado de crédito.

Por seu turno, o BCP comunicou ao mercado que foi condenado em 60 milhões, anunciado que vai recorrer da decisão. O banco não contradisse a Autoridade da Concorrência no que concerne à partilha de informação entre os bancos, que está na base na multa da AdC. Admitiu que houve troca de informação, mas que dela “não resultou, demonstradamente, nenhum prejuízo para os clientes, pelo que a multa é injustificada e desequilibrada”. Em todo o caso, os analistas do BPI/CaixaBank estimam que a multa tenha um impacto negativo de 13 pontos base no rácio CET 1 e um impacto negativo de 16% nos lucros deste ano.

No ranking das multas aplicadas ao cartel da banca segue-se o Santander Totta. Neste caso, a coima ascende a 35,6 milhões de euros. Aqui inclui-se o valor da multa aplicada ao Banco Popular, outro dos visados na investigação e que foi entretanto adquirido pelo Santander Totta. O banco liderado por Pedro Castro e Almeida vai recorrer.

Ranking das multas no cartel da banca

Montepio com perdão de 50%

Para o BPI, a multa ascende a 30 milhões de euros, enquanto o Banco Montepio (outrora Caixa Económica Montepio Geral) viu a Autoridade da Concorrência “perdoar” 50% da coima de 26 milhões porque o banco “recorreu ao regime de clemência, apresentando prova adicional da infração”. Foi, assim, condenado ao pagamento de 13 milhões, e o banco liderado por Carlos Tavares ainda está a decidir se recorre ou não da decisão, segundo informações recolhidas pelo ECO.

As cinco maiores multas ascendem a cerca de 221 milhões de euros, o equivalente 98% do valor total anunciado pela Autoridade da Concorrência. Sobram pequenas coimas aplicadas aos restantes bancos.

Por exemplo, ao BBVA foi aplicada uma coima de 2,5 milhões, enquanto o BES — que ainda está a estudar o dossiê de 900 páginas para saber se recorre ou não — foi condenado a uma multa de 700 mil euros. Ainda de acordo com informações apuradas pelo ECO, o BIC (agora EuroBic) foi alvo de uma coima de 500 mil euros.

Já segundo o Expresso (acesso livre), Caixa de Crédito Agrícola e Deutsche Bank foram condenados a multas de 350 mil euros. A UCI foi multada em 150 mil euros. A mais pequena de todas foi passada ao Banif: 1.000 euros.

Já o Barclays teve um perdão total. Isto porque foi o “primeiro banco a denunciar a infração e a apresentar provas da sua participação na mesma”, beneficiando de dispensa total de pagamento da coima.

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BCP multado em 60 milhões pela prática de cartel. Vai avançar com “impugnação judicial” da coima da AdC

Banco liderado por Miguel Maya revela que foi alvo de uma coima de 60 milhões da Autoridade da Concorrência pela prática de cartel no crédito. Diz que a multa é "injustificada e desequilibrada".

A Autoridade da Concorrência (AdC) multou 14 bancos pela prática de cartel no crédito. No total, as coimas ascendem a 225 milhões de euros, cabendo à CGD a “fatura” mais avultada, em torno dos 80 milhões, enquanto o BCP terá de pagar 60 milhões. O banco liderado por Miguel Maya diz que vai avançar com “impugnação judicial” da coima da AdC.

O BCP foi “um dos bancos a quem a AdC decidiu aplicar o pagamento de coimas no valor global de 225 milhões de euros por prática concertada de troca de informação comercial sensível. A coima fixada ao BCP ascendeu a 60 milhões de euros“, revelou o banco em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A Comissão Executiva do BCP, perante a decisão que lhe foi notificada e tendo presente o conhecimento que tem deste processo, que acompanhou de forma próxima, decidiu que vai avançar com a respetiva impugnação judicial junto dos tribunais competentes“, atira a instituição liderada por Miguel Maya.

O BCP diz que teve a oportunidade de prestar à AdC todos os esclarecimentos solicitados, bem como “de expor os motivos pelos quais considera que as acusações que lhe foram dirigidas não se encontravam adequadamente sustentadas e fundamentadas”. Motivos esses que levam a instituição a avançar com o pedido de impugnação.

"O compromisso publico de atuar no mercado cumprindo com rigor as regras de concorrência, com as quais se sente identificado e comprometido, não se permitindo adotar qualquer comportamento com o objetivo de falsear a concorrência ou de prejudicar os consumidores.”

BCP

O banco não contradiz a AdC no que concerne à partilha de informação entre os bancos, que está na base na multa da AdC. Admite que houve troca de informação, mas que dela “não resultou, demonstradamente, nenhum prejuízo para os clientes, pelo que a multa é injustificada e desequilibrada”.

O BCP conclui afirmando que tem “o compromisso publico de atuar no mercado cumprindo com rigor as regras de concorrência, com as quais se sente identificado e comprometido, não se permitindo adotar qualquer comportamento com o objetivo de falsear a concorrência ou de prejudicar os consumidores”.

(Notícia atualizada às 22h24 com mais informação)

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BCP vive pior mês na bolsa em três anos. Perde 600 milhões em agosto

Miguel Maya ainda interveio publicamente para tentar conter pressão vendedora em torno das ações do BCP. Mas banco afundou 16% em agosto, perdendo 574 milhões de capitalização bolsista.

O BCP teve um mês para esquecer na bolsa de Lisboa. As ações registaram uma queda de 16,4% em agosto, o equivalente a quase 600 milhões de euros na sua capitalização bolsista. Foi o pior desempenho mensal desde junho de 2016, há três anos. O banco já vale menos de 3.000 milhões de euros.

Ainda não tínhamos chegado a meio do mês e a forte pressão vendedora em torno dos títulos do BCP no mercado levava o CEO do banco, Miguel Maya, a vir prestar declarações públicas para desfazer qualquer dúvida em relação à solidez do banco, num esforço para descansar o mercado.

A 13 de agosto, Maya justificou o mau desempenho bolsista do BCP como sendo resultado de uma reação muito forte dos investidores em face da “alteração da perceção dos mercados sobre as implicações para o setor bancário de uma conjuntura macroeconómica, caracterizada pela elevada imprevisibilidade e marcada pelo arrefecimento do crescimento económico mundial, pelas fortes tensões comerciais globais, pela maior probabilidade de um hard Brexit e pela crise política em Itália”.

Garantiu, depois, que “a evolução nos próximos trimestres permitirá comprovar o valor do BCP e os mercados farão, a seu tempo, uma apreciação menos marcada pelas incertezas macroeconómicas do presente”.

As palavras não convenceram totalmente os investidores, que continuaram a castigar as ações do BCP. Ainda que os títulos tenham subido nesta última sessão 0,84% para os 0,1932 euros, isso não foi o suficiente para apagar o acumulado de perdas que vem registando desde o dia 1. Feitas as contas, o banco “emagreceu” cerca de 574 milhões de euros em termos de capitalização bolsista, estando agora avaliado em 2,9 mil milhões de euros a preços de mercado. Agosto termina assim com uma queda mensal de 16,4%, no que é o pior mês desde junho de 2016, quando o título desvalorizou 40%.

Lá por fora, o índice Stoxx Europe 600 Banks, que inclui os maiores bancos no Velho Continente perdeu 6,72% em agosto, pelo segundo mês seguido, refletindo o receio dos investidores com o contexto internacional, de onde se destacam as perspetivas de juros mais baixos e por mais tempo do Banco Central Europeu (BCE).

BCP cai 16% em agosto

Lisboa brilha na última sessão

Já o PSI-20, o principal índice português, caiu quase 2,5% em termos mensais, isto apesar de ter registado uma subida de 1,5% na sessão desta sexta-feira para os 4.888,63 pontos.

O dia foi positivo para a praça portuguesa. Apenas a Mota-Engil registou perdas, caindo 0,32% para 1,894 euros. Jerónimo Martins, EDP Renováveis e Galp tiveram os melhores comportamentos esta sexta-feira, com ganhos entre 2% e 3%.

“A Jerónimo Martins foi favorecida pela melhoria da recomendação da Goldman Sachs para o título, como reportado por diversos media financeiros. Tendo o desempenho na Polónia como principal argumento, a Goldman Sachs elevou a avaliação da empresa para o final de 2020 de 14 euros para 16,50 euros”, referem os analistas do BPI.

Quanto à EDP Renováveis, o bom desempenho surgiu no dia em que anunciou um contrato de 15 anos para a transformação e venda de eletricidade de fonte solar em Portugal.

Lisboa conseguiu superar os ganhos na Europa. O índice de referência europeu, o Stoxx 600, somou 0,6%, acompanhado das praças de Frankfurt e Madrid, que tiveram ganhos de 0,85% e 0,21%. Em Milão, o FTSE Mib caiu 0,35%.

(Notícia atualizada às 17h08)

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