Bancos privados passam de lucros a perdas agregadas de 133,5 milhões até setembro

  • Lusa
  • 12 Novembro 2016

Os maiores bancos privados acumularam um prejuízo agregado de mais de 130 milhões de euros entre janeiro e setembro. Novo Banco e BCP foram os principais responsáveis.

Os quatro maiores bancos privados que operam em Portugal tiveram, em termos agregados, prejuízos de 133,5 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que compara com lucros registados no mesmo período de 2015.

Nos primeiros nove meses do ano passado, o Novo Banco e BCP apresentaram resultados negativos, pelo que os lucros apresentados pelo BPI e Santander Totta não foram suficientes para impedir um cenário global ‘vermelho’ na banca privada.

Assim, fazendo as contas, entre janeiro e setembro deste ano os quatro maiores bancos privados registaram no conjunto prejuízos de 133,5 milhões de euros, que contrastam com lucros agregados de 173,5 milhões do mesmo período de 2015.

Analisando por instituição, os maiores prejuízos cabem ao Novo Banco – o banco de transição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo – que apresentou esta quinta-feira resultados negativos de 359 milhões de euros até setembro, ainda assim melhor do que os prejuízos de 418,7 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2015.

O banco – que está em processo de venda e que tem levado a cabo uma intensa reestruturação, com reduções de custos – destacou, contudo, que conseguiu no terceiro trimestre um lucro marginal de 3,7 milhões de euros, o que acontece pela primeira vez desde que foi criado, em 3 de agosto de 2014.

Também o maior banco privado português, o BCP, registou até setembro um prejuízo de 251,1 milhões de euros, que compara com os lucros de 264,5 milhões de euros de igual período do ano passado, justificando que os resultados contabilístico foram influenciados negativamente sobretudo pelo reforço nas imparidades (perdas potenciais), nomeadamente para crédito.

Já o Banco BPI conseguiu, até setembro, fazer crescer os lucros em 21,2% para 182,9 milhões de euros, em resultado de uma melhoria da atividade doméstica para 57,5 milhões, mas principalmente da atividade internacional (sobretudo a operação em Angola, onde tem o BFA) com 125,4 milhões de euros.

Na sexta-feira à noite, o BPI divulgou ao mercado o impacto nas suas contas do acordo que fez com a operadora angolana Unitel para a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (ficando o BPI com 48,1% e a Unitel com 51,9%, que assim passa a controlar o banco angolano). Se essa operação já estivesse concretizada, à data de 30 de setembro, o BPI teria tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da atividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.

Por fim, como tem sido hábito, o Santander Totta voltou a registar um desempenho positivo, com um lucro de 293,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida homóloga de 66,2%.

Do resultado líquido do Santander Totta até setembro, nove milhões de euros dizem respeito à integração de atividade bancária do Banif, que adquiriu no final de 2015 por 150 milhões, mas o banco detido pelo espanhol Santander já disse que espera que no futuro esse investimento venha a render ainda mais.

Quanto ao banco público Caixa Geral de Depósitos, o maior a operar em Portugal, este ainda não apresentou resultados referentes aos primeiros nove meses do ano, depois de entre janeiro e junho ter tido prejuízos de 205,2 milhões de euros, valor que compara com os lucros de 47,1 milhões de euros do período homólogo.

A CGD tem estado no centro de uma polémica devido aos membros da administração liderada por António Domingues, que tomou posse em 31 de agosto deste ano, rejeitarem apresentar as declarações de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional.

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BPI apela aos acionistas para venderem BFA

A administração do BPI considera operação de venda do BFA "fundamental". BPI diz mesmo que o banco pode ser "confrontado com iniciativas" do BCE que "teriam consequências gravissimas" para o banco.

A administração do BPI alerta para a necessidade dos acionistas aprovarem a venda de 2% do BFA à Unitel de Isabel dos Santos sob pena do banco e os seus acionistas “serem confrontados com iniciativas da autoridade de supervisão que teriam gravíssimas consequências para a situação do banco e por consequência para o valor das suas ações”.

A solução, adianta o BPI, “apresenta-se como fundamental para o interesse do banco e de todos os seus stakeholders“.

A declaração da administração consta num documento apresentado esta tarde pelo BPI à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), através do qual o banco explica aos acionistas porque devem votar na assembleia geral marcada para o próximo dia 23 de novembro, na Casa da Música, no Porto, a favor da venda da participação do BFA à Unitel.

A administração liderada por Fernando Ulrich volta a sublinhar, a exemplo do que já fez em ocasiões anteriores, que a operação de venda do BFA à Unitel “é a única solução para o problema da ultrapassagem do limite dos grandes riscos com que o banco se confrontou desde o fim de 2014“. E adianta que o problema “não se podia prolongar mais no tempo”.

A venda do BFA, com a consequente perda de controlo por parte do BPI, que após o negócio ficará detentor de 48,1% do banco angolana foi proposta pela administração liderada por Fernando Ulrich tendo em vista resolver a exposição dos grandes riscos a Angola, uma imposição do BCE. Em troca da desblindagem dos estatutos do banco, o que aconteceu na última assembleia geral de acionistas.

 

 

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Acionistas do BPI votam venda do BFA a 23 de novembro

Acionistas do BPI votam venda de 2% do BFA à Unitel a 23 de novembro e resolvem problema dos riscos de exposição a Angola, uma exigência do BCE.

Os acionistas do BPI voltam a reunir-se no próximo dia 23 de novembro para deliberarem sobre a venda dos 2% do capital do BFA à Unitel, empresa detida por Isabel dos Santos. Ainda nesse mesmo dia, mas em assembleia geral distinta será aprovada a cooptação dos dois representantes do CaixaBank para a administração do banco.

A convocatória da primeira AG — que será realizada na Casa da Música, às 16 horas — publicada esta segunda -feira no portal da Justiça tem apenas um ponto de ordem de trabalhos “deliberar sobre a venda pelo Banco BPI à Unitel de vinte e seis mil, cento e onze ações, representativas, no seu conjunto de 2% do capital social do Banco de Fomento de Angola, nos termos previstos no contrato de compra e venda celebrado entre aquelas duas entidades”.

A aprovação da operação proposta pela administração liderada por Fernando Ulrich é o ponto que falta para o banco cumprir as exigências do Banco Central Europeu sobre a elevada exposição aos riscos de Angola. O BPI propôs à Unitel a compra de 2% do BFA por 28 milhões de euros, em troca da aprovação do fim da blindagem dos estatutos do BPI, o que aconteceu na última assembleia geral realizada no Porto. Com a realização da venda, o BPI passa a deter 48,1% do BFA.

Mas o dia ficará ainda marcado por uma outra assembleia geral de acionistas, marcada para as 17h30. Nessa reunião os acionistas são chamados a pronunciar-se sobre a cooptação dos dois representantes do CaixaBank, Gonzalo Gortázar, presidente executivo dos catalães, e Pablo Forero, administrador responsável pelo risco que entram para os lugares deixados vagos por António Domingues, que saiu para presidir à CGD e de Edgar Ferreira que renunciou ao cargo já este mês em desacordo com a atual administração por divergências quanto à OPA do CaixaBank sobre o BPI.

Nesta segunda AG será ainda votada a alteração dos estatutos do banco no que diz respeito à composição e competência da comissão de riscos financeiros, comissão de auditoria e controlo interno.

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OPA do CaixaBank sobre BPI aprovada pelo BCE

  • Lusa
  • 28 Outubro 2016

O BCE já aprovou a OPA do CaixaBank sobre o BPI, revelou esta manhã o presidente do grupo catalão.

A operação de aquisição do BPI pelo CaixaBank foi autorizada pelo Banco Central Europeu (BCE), revelou hoje em Barcelona o presidente executivo do banco espanhol, Gonzalo Gortázar.

Recebemos a autorização do BCE para avançar” e esperamos levar a Oferta Pública de Aquisição (OPA) em curso “a bom porto nos próximos meses”, disse Gortázar no início da conferência de imprensa em que apresentou os resultados dos primeiros nove meses de 2016 do CaixaBank.

O banco catalão já fez o pedido de registo da OPA junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre a totalidade do capital social do BPI, e aguarda agora pela decisão da autoridade portuguesa.

"Recebemos a autorização do BCE para avançar.”

Gonzalo Gortázar

Presidente do CaixaBank

O CaixaBank já é o maior acionista do BPI, com cerca de 45%.

Gonzalo Gortázar sublinhou a “decisão importante” tomada pelo BPI de acabar com a limitação ao direito de votos, tomada em finais de setembro último, condição essencial para o CaixaBank continuar com a OPA lançada em abril último.

O banco com sede em Barcelona teve lucros de 970 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2016, menos 2,6% face ao período homólogo, incluindo impactos extraordinários associados à integração do Barclays em 2015.

Segundo “informação relevante” prestada hoje pelo banco catalão à CNMV (Comissão Nacional do Mercado de Valores espanhola), o resultado antes de impostos foi de 1.314 milhões de euros, um aumento de 45,2% do que no mesmo período do ano passado.

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Resultados empresariais insuficientes para animar bolsa nacional

Lucro do BPI subiu e da Navigator ficou acima do esperado. Ainda assim, Lisboa abriu com perdas ligeiras perante uma Europa igualmente em queda.

Com 10 cotadas abaixo da linha de água, o PSI-20, o principal índice português, abriu praticamente a perder 0,24% até aos 4.690,54 pontos. Esta evolução acontece depois do banco BPI e da produtora de papel Navigator terem prestado contas ao mercado. As notícias foram positivas, mas insuficientes para animar a bolsa portuguesa.

No caso do banco liderado por Fernando Ulrich, apresentou esta quarta-feira uma subida de mais de 20% do lucro para 183 milhões de euros até setembro, impulsionado sobretudo pelo desempenho da sua operação em Angola. As ações do banco valorizavam neste arranque cerca de 0,3% até aos 1,13 euros.

Já a Navigator, liderada por Diogo da Silveira, reportou um lucro de 134,3 milhões de euros relativos ao exercício dos primeiros nove meses do ano. O resultado líquido representa uma quebra de 5,4% face ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, bateu a estimativa do CaixaBI que apontava para um lucro de 128,1 milhões de euros no mesmo período. Os títulos subiam cerca de 0,1%.

No entanto, era a queda de pesos pesados como a Jerónimo Martins (-1,18%) e Galp (-0,01%) e da Mota-Engil (-1%) que mantinham o principal índice português sob ligeira pressão vendedora. O último mês, ainda assim, tem sido de alguma recuperação.

PSI-20 recupera no último mês

Fonte: Bloomberg (Valores em pontos)
Fonte: Bloomberg (Valores em pontos)

“A apresentação de resultados continua a ser um dos temas da bolsa nacional”, diziam os analistas do BPI no Diário de Bolsa online. “Na Europa, a primeira fase da sessão será dominada pela reação aos resultados que foram publicados antes da abertura. Entre os diversos resultados, os do Deutsche Bank ganham primazia. O banco alemão reportou um lucro líquido de 256 milhões de euros, que superou as previsões de uma perda de 394 milhões”.

 

O banco alemão surpreendeu então os analistas de forma positiva e as ações subiam pelo segundo dia seguido até aos 13,375 euros.

Ainda assim, as principais bolsas europeias negociavam em queda no arranque da sessão. As quedas nos índices alemão, francês e espanhol não superavam os 0,5%, pressionados pela desvalorização do barril de petróleo e pela expetativa de que a Reserva Federal norte-americanca vai começar a subir os juros ainda este ano.

(notícia em atualizada às 8h29 com mais informação)

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BPI convoca AG para vender BFA

A administração do BPI vai convocar uma assembleia geral para proceder à venda dos 2% do BFA à Unitel. Gonzalo Gortázar Rotaeche e Pablo Forero Calderón vão entrar na administração.

Em dia de apresentação de resultados, o BPI anuncia que vai convocar uma assembleia geral de acionistas para proceder à venda de 2% do capital do BFA à Unitel, anunciou o banco em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A compra dos 2% do BFA por 28 milhões de euros foi proposta pela administração do BPI no âmbito do fim da exposição dos grandes riscos a Angola, uma exigência do Banco Central Europeu.

Ainda segundo o comunicado divulgado esta tarde, a administração do BPI dá conta da cooptação de dois novos membros para o conselho de administração: Gonzalo Gortázar Rotaeche e Pablo Forero Calderón.

Os dois novos membros entram para as vagas deixadas em aberto depois da renúncia de António Domingues, atual presidente da CGD e de Edgar Ferreira, representante da holding Violas Ferreira que ainda este mês apresentou a sua renúncia no âmbito das divergências que tem com a administração do BPI, devido à OPA do CaixaBank.

O BPI informa ainda que Isidro Fainé Casas e Marcelino Armenter Vidal apresentaram a renúncia aos cargos de administradores da instituição.

 

 

 

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Nova presidente da CMVM afasta-se das decisões sobre a OPA ao BPI

Gabriela Figueiredo Dias pediu escusa em relação a decisões da CMVM sobre o BPI e, por isso, não vai participar na avaliação sobre o registo da OPA do CaixaBank.

Sempre que o BPI for o tema de qualquer reunião da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a nova presidente Gabriela Figueiredo Dias não vai participar. Foi a própria que pediu escusa de qualquer processo de decisão do regulador em relação ao banco português, sabe o ECO. Ou seja, quando for chamada a decidir sobre a nomeação ou não de um auditor independente para rever a contrapartida da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, Gabriela Figueiredo Dias vai sair da sala.

A justificação é simples. O pai, Jorge de Figueiredo Dias, é vogal do Conselho Fiscal do banco liderado por Fernando Ulrich, o que deixa a nova presidente da CMVM pouco confortável quando o assunto em causa está relacionado com vida do BPI. É por isso que, ainda enquanto vice-presidente do regulador, Gabriela Figueiredo Dias tem evitado pronunciar-se sobre o banco português para evitar qualquer tipo de conflito de interesses no que toca à política seguida por quem regula os mercados de capitais em Portugal.

Contactada pelo ECO, a CMVM não quis prestar qualquer declaração.

A CMVM encontra-se atualmente à espera de luz verde da parte do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco Nacional de Angola (BNA) para poder decidir-se sobre o registo da OPA do grupo catalão. Depois de passar no crivo dos reguladores internacionais, a oferta será passada a pente fino pelas autoridades nacionais. E a questão do preço surge como tema em maior evidência depois de a própria administração do banco ter aprovado a operação mas com uma sugestão de revisão em alta da contrapartida dos 1,134 euros por ação que os espanhóis oferecem para os 1,38 euros.

Assim, se considerar que a contrapartida oferecida pelo CaixaBank não é equitativa, a CMVM poderá determinar a nomeação de um auditor independente para definir um preço mínimo, numa decisão que não terá qualquer contributo de Gabriela Figueiredo Dias.

Se o Código de Valores Mobiliários é claro quanto à abertura desse procedimento, também pode revelar-se ambíguo e aberto a interpretações pessoais no que toca a uma justificação que suporte uma decisão final sobre a nomeação de um auditor externo. De acordo com o artigo 188, há três cenários que podem levar o regulador a intervir na questão do preço:

  • Se o preço mais elevado tiver sido fixado mediante acordo entre o adquirente e o alienante através de negociação particular;
  • Se os valores mobiliários em causa apresentarem liquidez reduzida por referência ao mercado regulamentado em que estejam admitidos à negociação;
  • Se tiver sido fixada com base no preço de mercado dos valores mobiliários em causa e aquele ou o mercado regulamentado em que estes estejam admitidos tiverem sido afetados por acontecimentos excecionais.

É em relação ao primeiro e terceiro pontos onde podem surgir as maiores dúvidas no seio da CMVM. O facto de a Unitel e o BPI terem chegado a um acordo para dar o controlo do banco angolano BFA a Isabel dos Santos poderá ser interpretado como um “acontecimento excecional” ou “acordo privado entre acionistas” que teve influência no desenrolar da oferta do CaixaBank. Se for esse caso, não será Gabriela Figueiredo Dias a tomar qualquer decisão.

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Os dossiês mais quentes da nova presidente da CMVM

Lesados do BES, venda do Novo Banco, OPA ao BPI, desconfiança no sistema de capitais... são quentes as pastas que vão ocupar os primeiros dias de trabalho de Gabriela Figueiredo Dias à frente da CMVM.

Quando tomar posse enquanto nova presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Gabriela Figueiredo Dias saberá que terá muito trabalho pela frente. A crise que afetou Portugal, nos últimos anos, resultou numa atitude de desconfiança no mercado de capitais (e no seu regulador) nunca antes observada na história recente do país.

Uma desconfiança que saiu ainda mais reforçada com as resoluções do BES e Banif, com a extinção da Portugal Telecom como a conhecíamos, entre outros motivos, e que atingiu não apenas os investidores particulares como os maiores investidores internacionais. Conheça dos dossiês mais quentes que Figueiredo Dias terá em mãos assim que se sentar no seu gabinete na sede da CMVM, na Rua Laura Alves, em Lisboa.

Novo Banco e os lesados

Desde que o Banco Espírito Santo (BES) foi alvo de uma medida de resolução, em agosto de 2013, e se dividiu em banco bom (Novo Banco) e banco mau que as queixas dos investidores junto de Carlos Tavares nunca mais pararam. Primeiro foram os acionistas do velho BES que foram considerados um ativo problemático a ser colocado no banco mau. Depois foram os obrigacionistas, que investiram em papel comercial das empresas Espírito Santo International (ESI) e Rioforte, do Grupo Espírito Santo (GES), títulos estes vendidos aos balcões do BES e que procuram agora uma solução para reaver os seus investimentos — ou, pelo menos, parte deles.

Ao todo são cerca de 2.000 clientes de retalho que passaram a ser chamados de “lesados do BES” e que, por entre manifestações e protestos, reclamam mais de 430 milhões de euros. Foi criada uma associação para representar os clientes lesados. É esta associação que está a negociar, desde abril, com o Governo, Banco de Portugal, o BES e a própria CMVM, com vista a “explorar a possibilidade de encontrar eventuais soluções para minorar as perdas económicas e financeiras sofridas pelos investidores não qualificados” titulares de papel comercial emitido pela ESI e pela Rio Forte, subscrito junto do BES, do Best e do BES Açores.

António Costa, o primeiro-ministro, empenhou-se pessoalmente neste processo por considerar que a resolução deste problema é fundamental para a estabilidade do sistema financeiro.

Além desta questão, a nova presidente da CMVM irá acompanhar de perto a fase final do processo de venda do Novo Banco. O Banco de Portugal tem vários interessados e dois planos. No processo de venda direta do Novo Banco estão quatro entidades: Banco BPI, BCP, Apollo/Centerbridge e Lone Star. Já o grupo chinês Minsheng Financial surge como plano B, caso a venda direta não fosse bem-sucedida. O ECO sabe que os chineses estão disponíveis para realizar um reforço de capital superior a 500 milhões de euros. O supervisor, que gere o Novo Banco — liderado por António Ramalho — aguarda ainda novas propostas até ao final do mês.

OPA catalã no BPI

Ainda no setor financeiro, a Gabriela Figueiredo Dias assumirá funções de polícia dos mercados já nos metros finais da maratona que está a ser a Oferta Pública de Aquisição (OPA) dos espanhóis do CaixaBank sobre o BPI. E também este processo esteve longe de ser pacífico, com o grupo Violas, o maior acionista português do banco, a opor-se ao controlo dos catalães. O grupo liderado por Tiago Violas Ferreira interpôs mais do que uma providência cautelar para impedir a desblindagem dos estatutos no BPI, uma condição essencial para que a OPA pudesse avançar.

A desblindagem aconteceu, assim como o registo da OPA junto da CMVM, que tem agora nas suas mãos a decisão sobre o preço que os espanhóis oferecem pelo controlo do banco português. O CaixaBank oferece uma contrapartida de 1,134 euros por cada ação da instituição liderada por Fernando Ulrich, mas se o regulador (e Gabriela Figueiredo Dias) considerar que o preço não é equitativo, então será nomeado um auditor independente para realizar um ajustamento da oferta. Para já, a administração do BPI dá luz verde à operação, mas olha de lado para a contrapartida…

Crise de confiança

Os últimos anos de crise no País, intensificada durante a presença da troika em Portugal, minaram a confiança no sistema de capitais português. E não faltaram bombas que atingiram o sentimento dos investidores, tanto de retalho como institucionais.

À resolução do BES, em 2013, juntou-se a liquidação do Banif, no final do ano passado — a falência do banco madeirense também gerou lesados. Arrastado pela falência do universo Espírito, também a Portugal Telecom, que tinha aplicado cerca de 900 milhões em papel comercial da Rio Forte, levou os investidores a questionar o papel da CMVM enquanto regulador. Atualmente, a Pharol, que resultou da separação da antiga Portugal Telecom, tem como principal ativo estes 900 milhões que reclama do BES.

Neste ambiente de incerteza e dúvida permanente, para os que ponderavam investir na bolsa, motivos não faltam para se manterem bastante longe do risco (ainda maior) que representa o mercado nacional. Para as empresas que olhavam para o mercado como uma fonte alternativa de capital para enfrentar as sérias restrições dos empréstimos dos bancos, estes acontecimentos também fizeram repensar as suas estratégias de financiamento.

Restaurar a confiança no sistema de capitais português deverá ser a principal missão da nova presidente da CMVM. E não há maior sinal de falta dela do que aquele que um índice de referência chamado “PSI-20” pode dar aos investidores ao iniciar uma nova sessão todos os dias com apenas 18 cotadas…

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Edgar Ferreira demite-se da administração do BPI

Na sequência do voto contra a OPA do CaixaBank ao BPI, esta tarde demitiu-se o administrador da holding Violas Ferreira. Sai em profundo desacordo com a administração do banco.

Edgar Ferreira, da Holding Violas Ferreira (HVF) apresentou hoje a demissão da administração do BPI em “divergência profunda” com a administração.

“Assumindo a minha divergência profunda quanto à deliberação deste Conselho de Administração considerar oportuna a OPA em curso, e, bem assim, com a legitimidade que me advém do facto de ter sido o único administrador que não votou favoravelmente esta alienação de 2% do BFA pelo ridículo valor de 28 milhões de euros e por considerar, inclusive, que estes atos de gestão no decorrer de uma OPA, são suscetíveis de conduzir à apreciação e responsabilização judicial dos membros deste Conselho de Administração, informo que formalizarei hoje mesmo por carta ao Banco BPI a minha renúncia ao cargo de membro deste Conselho de Administração”, pode ler-se na declaração de voto do administrador no relatório do conselho de administração do BPI sobre a OPA obrigatória do CaixaBank.

A declaração de voto de Edgar Ferreira surge depois da HVF ter votado contra o presente relatório. A HVF detém 2,681% do BPI sendo os maiores acionistas portugueses do banco liderado por Fernando Ulrich.

Numa declaração de voto muito dura para a administração do BPI, Edgar Ferreira considera a OPA “inoportuna, com uma contrapartida manifestamente insuficiente e não equitativa”. O administrador do BPI refere ainda que “resulta claro que os únicos acionistas para quem esta OPA é oportuna são o próprio oferente e os acionistas de controlo da Santoro”.

A venda de 2% do BFA à Unitel, detida por Isabel dos Santos, dando assim a controlo do banco à empresária angolana, é também alvo de críticas. Edgar Ferreira considera que resulta evidente que “a alienação de 2% do BFA (e do respetivo controlo) teve como condição a desblindagem de estatutos do banco”.

“Este Conselho de Administração troca o controlo sobre o maior ativo do banco (com uma perda avultadíssima de valor reconhecida pelo próprio Conselho de Administração) pelo sucesso da OPA lançada pelo seu maior acionista”, acusa o administrador.

O administrador, que agora renuncia ao cargo, refere ainda os seus pares de incoerência no que se refere ao preço da oferta. O CaixaBank oferece 1,134 euros por ação, o BPI diz que a contrapartida justa seria de 1,38 euros por ação. O administrador relembra que na primeira OPA do CaixaBank sobre o BPI, lançada em fevereiro de 2015, a gestão do BPI aconselhou os acionistas a não aceitarem a OPA, dizendo que o preço justo seria 2,26 euros por ação.

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Marques Mendes diz que chineses têm “probabilidades sérias” de comprar Novo Banco

Comentador adiantou que o BPI está praticamente fora da corrida ao banco liderado por António Ramalho.

Luís Marques Mendes revelou este domingo à noite que “há uma probabilidade séria de um grupo chinês comprar o Novo Banco“. Sem referir a identidade deste potencial comprador asiático, o comentador político adiantou ainda, no seu espaço de comentário na SIC, que o BPI está “praticamente fora desta corrida” pelo banco que reúne os ativos bons do antigo BES.

“Há uma probabilidade séria de um grupo chinês comprar o Novo Banco. Houve uma reviravolta enorme e o BPI está praticamente fora desta corrida”, explicou Marques Mendes.

No processo de venda direta do Novo Banco estão quatro entidades: Banco BPI, BCP, Apollo/Centerbridge e Loan Star. Mas há uma semana foi noticiada a entrada em cena do grupo chinês Minsheng Financial, numa operação à margem da venda direta, segundo o jornal Público, que adiantou que este seria um plano B caso a venda direta não fosse bem-sucedida.

"Há uma probabilidade séria de um grupo chinês comprar o Novo Banco. Houve uma reviravolta enorme e o BPI está praticamente fora desta corrida.”

Luís Marques Mendes

SIC

Ainda de acordo com Marques Mendes, o falhanço na aquisição da instituição liderada por António Ramalho constitui “um enorme balde de água fria para os responsáveis máximos” do BPI. O banco liderado por Fernando Ulrich manifestou interesse no Novo Banco junto do Banco de Portugal, mas os espanhóis do CaixaBank já manifestaram a sua oposição ao negócio.

O Novo Banco recebeu uma injeção de capital de 4,9 mil milhões de euros do Estado e dos bancos nacionais aquando da sua criação em agosto de 2014 e o prazo para a venda já foi entretanto ultrapassado.

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Isabel dos Santos aceita proposta de Ulrich e passa a controlar BFA

A empresária angolana já tinha dado sinais de que iria aprovar a operação. Isabel dos Santos assegura o controlo do banco angolano por 28 milhões de euros.

Isabel dos Santos, como se esperava, aceitou a proposta do BPI para resolver o problema dos riscos elevados a Angola, uma exigência do BCE, e vai passar a deter o controlo do BFA, anunciou o banco liderado por Fernando Ulrich à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No comunicado o BPI dá conta de que a “Unitel deu o seu acordo à operação relativa ao Banco de Fomento de Angola (BFA) que foi proposta através da carta que divulgou ao mercado no passado dia 20 de Setembro.”

A proposta do BPI passa pela venda de 2% do capital do BFA, por 28 milhões de euros, o que conduzirá a que as participações do Banco BPI e da Unitel passem a ser respetivamente de 48,1% e de 51,9%.

Em troca, o BPI exigia a desblindagem dos estatutos do banco, o que acabou por acontecer no dia 21 de setembro, na assembleia geral de acionistas que teve lugar em Serralves e o pagamento de 66 milhões de euros de dividendos do BFA relativos a 2014 e 2015, bem como o pagamento de 27 milhões de euros em dívida por parte da Unitel relativamente à compra da instituição angolana. Estas duas premissas têm que ocorrer até 9 de dezembro.

A operação fica ainda dependente das respetivas autorizações dos reguladores português e angolano, e da aprovação em assembleia geral do BPI.

No comunicado pode ainda ler-se que “o novo acordo parassocial entrará em vigor na data em que se concretize a transmissão para a Unitel da participação de 2% do capital social do BFA objeto da operação acima descrita, sem prejuízo da entrada em vigor imediata de algumas regras em matéria de composição dos órgãos sociais do BFA”.

Estão reunidas as condições para que ambas as instituições, o BPI e o BFA, consolidem a sua posição nos mercados português e angolano, contribuindo para o crescimento das economias de ambos os países.

Isabel dos Santos

A empresária angolana já tinha dado sinais de que iria aceitar a proposta apresentada pela administração do BPI, na primeira declaração oficial que fez sobre o tema no dia a seguir à assembleia geral em que deixou passar a desblindagem dos estatutos Isabel dos Santos afirmou : “estão reunidas as condições para que ambas as instituições, o BPI e o BFA, consolidem a sua posição nos mercados português e angolano, contribuindo para o crescimento das economias de ambos os países”.

De resto, Isabel dos Santos tinha já demonstrado a pretensão de adquirir o controlo do BFA, tendo mesmo formalizado uma proposta para a compra de 10% do BFA ao BPI por 140 milhões de euros, exatamente o mesmo preço que vigora agora na compra dos 2%. Na altura a proposta foi rejeitada pelo BPI.

Apesar do aval da empresária à operação, esta não tornou ainda público o que irá fazer com a participação de 18,6% que detém no BPI. A desblindagem dos estatutos deu luz verde à OPA do CaixaBank sobre o BPI, mas a empresária fez saber, através de declarações de Mário Silva, seu braço direito em Portugal, ao Expresso que ainda não tinha tomado uma decisão sobre se iria vender ou manter-se no capital do banco.

 

 

 

 

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BPI: Decisão sobre sigilo bancário foi “prudente”

  • Lusa
  • 4 Outubro 2016

O presidente do BPI diz que a decisão do Presidente da República de vetar o fim do sigilo bancário foi "prudente", referindo-se à instabilidade que se vive nos mercados.

O presidente do Banco BPI, Fernando Ulrich, considerou hoje que o Presidente da República foi “prudente” ao vetar o diploma do Governo relativo ao fim do sigilo bancário, apontando para a “instabilidade” que se vive nos mercados.

“Não vou falar sobre política. Eu percebo que, num momento em que há muita volatilidade e instabilidade nos mercados, e em que há muitas situações por consolidar, seja prudente. Foi dessa forma que eu entendi a posição do senhor Presidente da República”, afirmou aos jornalistas o gestor, à margem de um evento em Lisboa.

“Há muitos anos que digo que não é indispensável e até que não devia haver sigilo bancário para efeitos fiscais. Mas não é com o limite dos 50 mil euros ou não, porque há também muita fraude fiscal em níveis de rendimentos mais baixos”, sublinhou.

E realçou: “Penso que na situação em que estamos, eu compreendo uma atitude de prudência e de bom senso, e de não estar a fazer mexidas muito radicais, dado que há muita coisa para consolidar, na economia, no sistema financeiro, e na atração do investimento estrangeiro”.

Por outro lado, vincou Ulrich, nos últimos anos “foram realizados em Portugal muitos progressos na melhoria da eficiência da máquina fiscal e, portanto, a capacidade que o Fisco hoje em dia tem de cobrar os impostos é muito maior e [o sistema fiscal] funciona muito melhor do que há 10 ou 20 anos”.

O líder do BPI rematou que “tudo junto, uma posição de equilíbrio é, neste momento, mais construtiva”.

O Presidente da República vetou o decreto do Governo que obriga os bancos a informar a Autoridade Tributária sobre as contas bancárias de residentes em território nacional com saldo superior a 50 mil euros.

O Presidente da República justificou na sexta-feira o veto ao decreto do Governo sobre acesso da Autoridade Tributária a informação bancária considerando que é de uma “inoportunidade política” evidente, num momento de “sensível consolidação” do sistema bancário.

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