Riscos globais crescentes são ameaça para PME
O futuro das PME depende da sua capacidade de enfrentar desafios de forma proativa e integrada, garantindo que todos os cidadãos possam prosperar mesmo em tempos de crise.
O mundo enfrenta um crescendo alarmante de crises globais, com riscos interligados que se intensificam a cada dia. Como podemos compreender a magnitude do desafio? Devemos ter como ponto de partida estudos ou eventos concretos?
O Global Risks Report 2024, publicado pelo World Economic Forum, pode servir como introdução a uma análise abrangente aos desafios globais. À medida que eventos extremos e mudanças climáticas moldam o nosso futuro, a necessidade de ação coordenada torna-se mais premente.
O impacto das alterações climáticas
Um exemplo marcante das consequências das alterações climáticas é o ciclone Idai, que devastou Moçambique em março de 2019, deixando um rastro de destruição. Este tipo de evento extremo não é isolado. Fenómenos naturais, como as cheias que afetaram Lisboa no final de 2022 e a persistente seca no interior e sul de Portugal, são sinais de uma realidade mais ampla de riscos interligados. A crise da água, agravada por secas e desastres naturais, coloca em risco a segurança hídrica de várias regiões.
Além disso, a crescente onda de cibercrimes ameaça tanto as empresas quanto os cidadãos comuns, revelando uma fragilidade na segurança digital.
Os riscos ambientais continuam a dominar o panorama global, com especialistas a apontarem para uma perda crescente de biodiversidade e um aumento da frequência de desastres naturais, como as erupções vulcânicas em La Palma e no Etna, que evidenciam a vulnerabilidade do nosso planeta.
Riscos emergentes e desafios estruturais em Portugal
O Global Risks Report 2024 revela que Portugal enfrenta uma série de riscos significativos, começando pela inflação, seguida pela crise do custo de vida, a crise da dívida, choques severos nos preços das mercadorias e estagnação económica prolongada. Enquanto os fenómenos climáticos e as tensões geopolíticas definem o contexto global, é a dimensão económica que pesa mais sobre o nosso país.
- Inflação persistente: A inflação continua a ser uma preocupação central em todo o mundo, resultante de crises geopolíticas, interrupções nas cadeias de abastecimento e políticas monetárias restritivas. Em Portugal, esta realidade pressiona as famílias, dificultando o acesso a bens essenciais.
- Crise do custo de vida: A combinação de preços elevados e estagnação salarial tem levado ao aumento da pobreza e desigualdade, exigindo uma resposta imediata das autoridades. A crise do custo de vida, considerada um risco societal, revela-se profundamente interligada com os problemas económicos.
- Crise da dívida: A elevada carga da dívida pública e privada limita a capacidade de investimento em áreas fundamentais, como saúde, educação e infraestrutura, afetando a confiança dos cidadãos nas instituições.
- Choques nos preços das mercadorias: a volatilidade nos preços das mercadorias, especialmente nos setores energético e alimentar, impacta diretamente a inflação e a qualidade de vida das populações. A dependência das importações torna Portugal particularmente vulnerável.
- Estagnação económica prolongada: os riscos económicos interligados podem resultar numa estagnação prolongada da economia portuguesa, dificultando a recuperação e o crescimento. Esta incerteza torna complicado para empresas e cidadãos planearem o futuro.
Um futuro incerto e a necessidade de ação coletiva
Diante desta realidade, o relatório sublinha a importância de preparar Portugal para os riscos emergentes e a urgência de uma resposta coordenada entre o governo, o setor privado e a sociedade civil. Como afirmava Saadia Zahidi, Managing Director do World Economic Forum: “Os líderes globais devem unir-se para enfrentar as crises de curto prazo e estabelecer as bases para um futuro mais resiliente.”
Além das ações globais, a resposta a esses desafios requer um foco em soluções locais. Campanhas de literacia digital podem ajudar a combater a desinformação, enquanto o investimento em tecnologias climáticas é essencial para acelerar a transição energética. Os cidadãos, empresas e governos devem agir de forma integrada para mitigar os riscos e garantir um futuro seguro.
Uma responsabilidade coletiva
À medida que olhamos para o futuro, torna-se claro que a capacidade de resposta a estes riscos não é apenas uma questão de resiliência individual, mas uma responsabilidade coletiva. O Global Risks Report 2024 é um chamado à ação, um apelo para que todos os setores da sociedade se mobilizem na construção de um Portugal mais forte e mais seguro. A estabilidade e o bem-estar da sociedade portuguesa dependem da nossa capacidade de enfrentar os desafios de forma proativa e integrada, garantindo que todos possam prosperar, mesmo em tempos de crise.