Sindicato desmente despedimento coletivo na Navigator anunciado pela UGT

Esta manhã, durante a apresentação da política reivindicativa da central sindical para o próximo ano, em que reclamou um aumento de 50 euros no salário mínimo nacional em 2022, para 715 euros, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, garantiu ter tido conhecimento de um despedimento coletivo na The Navigator Company, chegando até a detalhar que estariam abrangidos “à volta de 200 trabalhadores”.

No entanto, em declarações ao ECO, Manuel Fernandes, dirigente do sindicato (Sindetelco) afeto à UGT e representante sindical na Navigator, onde trabalha, desmente a afirmação proferida pelo secretário-geral, que terá feito confusão com o caso da fábrica da Continental que fornece a Autoeuropa ou então com o “aumento da pressão sobre os trabalhadores [da Navigator] para aceitarem acordos” de saída.

Contactada, entretanto, pelo ECO, a central sindical admite ter-se tratado de um… lapso. “Os despedimentos coletivos têm ocorrido noutras empresas, nomeadamente na Faurecia, na Continental ou na Lauak, no distrito de Setúbal. Essas sim. No caso da Navigator, como na Autoeuropa, não têm ocorrido despedimentos coletivos, mas uma espécie de rescisões por mútuo acordo. Os trabalhadores não são obrigados a aceitar, mas, não aceitando, ficam numa posição delicada dentro da empresa”, resume Manuel Fernandes, do Sindetelco.

Entretanto, a Navigator reagiu à notícia, desmentido um despedimento coletivo. “É completamente falso que esteja a decorrer, ou sequer que esteja a ser ponderado, um despedimento coletivo na empresa, nem discernimos como é que é possível que esta informação tenha surgido”, revela fonte oficial da empresa, em comunicado. A Navigator diz ainda que “está a trabalhar à capacidade máxima em todas as suas unidades fabris”.

A papeleira diz ainda que “os seus colaboradores são um ativo fundamental espelhado na melhoria contínua das suas condições remuneratórias e de trabalho”.

Revista em baixa fórmula de “rejuvenescimento”

Em causa está o chamado Programa de Rejuvenescimento, que já existe há alguns anos para os trabalhadores que se estão a aproximar da idade da reforma. Tem sido renovado todos os anos, “mas sempre em perda para os trabalhadores” no que toca às condições para essa saída. “Acentua numa base de negociação, mas, não sendo aceite, o trabalhador fica em situação difícil. Não há despedimento coletivo porque há esta variante”, acrescenta o dirigente sindical.

De acordo com o representante do Sindetelco na Navigator, essa fórmula de cálculo foi renovada há cerca de um mês e meio, a meio do verão, e terá reduzido “entre 25% a 30%” os valores das indemnizações compensatórias. Outra novidade, assegura ainda este quadro da empresa, é que terá passado a contemplar trabalhadores com idades inferiores a 60 anos, a partir dos 57 anos.

À parte desse processo, o porta-voz do sindicato afeto à UGT lamenta ainda que a terceira maior exportadora nacional não tenha aumentado os salários em dois anos consecutivos, pago prémios de desempenho nem avançado com progressões nas carreiras.

Mas a Navigator também refuta estas acusações, afirmando que “o Plano de Carreiras da Empresa foi redefinido recentemente assegurando a progressão já este ano a quase um terço do universo dos trabalhadores incluídos, tendo sido considerado pelas entidades que representam os trabalhadores como um acordo histórico e inédito”.

O porta-voz do sindicato afeto à UGT acusa ainda a administração de ter “[penalizado] os trabalhadores em dias de férias e de folgas” para pagar na íntegra os salários nos dois meses em que esteve em situação de lay-off, em junho e julho do ano passado.

Com mais de 90% dos produtos a serem vendidos em 130 países dos cinco continentes, a produtora integrada de floresta, pasta e papel, tissue e energia soma cerca de 5.600 fornecedores nacionais e gera, de forma direta, indireta e induzida, mais de 30 mil postos de trabalho em Portugal.

(Notícia atualizada às 20h31 com reação da Navigator)

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