Inflação força autarquias a reduzir planos de investimento

Inquérito da Eurocities para medir o pulso aos autarcas europeus mostra impacto do aumento dos preços, preocupação com o clima e incómodo com regras europeias que dificultam as políticas locais.

Mais de 86% dos responsáveis políticos europeus a nível local afirmam que a inflação está a afetar a capacidade das autarquias fazerem investimentos estratégicos a longo prazo. A primeira edição do Eurocities Pulse Survey, publicada esta terça-feira, indica que a crise energética foi o maior desafio em 2022, enquanto o clima é, de longe, a principal prioridade para este ano.

Pressionados pelo aumento dos preços, os autarcas estão a ser forçados a reduzir investimentos, sobretudo na área cultural e dos equipamentos desportivos, nos transportes públicos, na mobilidade sustentável e na manutenção rodoviária. O desinvestimento nestas áreas, alertam, irá causar um impacto negativo na qualidade dos serviços.

Fonte: Eurocities Pulse Eurocities Pulse

As alterações climáticas são a prioridade apontada pelos responsáveis municipais, tendo em conta o compromisso da União Europeia em atingir a neutralidade climática até 2050. Os países da União Europeia “têm de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030, com o objetivo de atingir a neutralidade climática da UE até 2050”, de acordo com Conselho Europeu.

A mobilidade, relacionada de perto com o primeiro objetivo de reduzir as emissões de carbono, ocupa o segundo lugar na lista das prioridades. A recuperação económica fecha o pódio, com um em cada cinco autarcas europeus a apontar a revitalização das economias locais como prioridade máxima, de acordo com o estudo do Eurocities Pulse Survey.

Combater as desigualdades sociais, um aspeto acentuado por causa da pandemia de Covid-19, surge igualmente entre as prioridades. Outro destaque é a presença nesta lista do tema da habitação. No caso de Portugal, o mercado à habitação vive uma tempestade perfeita alimentada por uma subida contínua dos preços das casas, das rendas e pela escalada das taxas de juro.

Fonte: Eurocities Pulse Eurocities Pulse

 

Energia e regras europeias desafiam cidades

Para os autarcas europeus, o maior desafio em 2022 foi a crise energética (28,5%), seguida das mudanças climáticas (26,3%) e da recuperação económica (23%). A crise migratória, a guerra na Ucrânia, os efeitos da inflação, a mobilidade, o orçamento municipal, a pandemia e a crise na habitação completam os dez maiores desafios que os inquiridos dizem ter enfrentado o ano passado.

Por outro lado, os responsáveis autárquicos são críticos das regras da União Europeia (UE), com mais da metade dos entrevistados a afirmar que essas regras dificultam o alcance de objetivos locais.Quase 53% dos autarcas das maiores cidades do Velho Continente consideram mesmo que as instituições e políticas da UE não têm suficientemente em conta as necessidades e potencialidades específicas das cidades.

No mesmo estudo é ainda destacado como os autarcas estão cada vez mais envolvidos na diplomacia económica até a nível internacional, tanto no que toca às interações diretas com outros níveis de governação, como no contacto e coordenação com outras cidades europeias. “Entendem que, se quiserem ter uma hipótese de resolver os desafios locais, precisam de ganhar o apoio e cooperar com todos os níveis de governo, inclusive os supranacionais”, lê-se ainda no relatório.

 

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