Associação quer elevar vinho e vinha a “património cultural imaterial”
Associação de Municípios Portugueses do Vinho reivindica mais apoio financeiro do Estado para o enoturismo, que "não é só o turista ir visitar adegas", adverte José Arruda.
A Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) vai propor ao Governo que a vinha e o vinho sejam elevados a “património cultural imaterial de Portugal pela importância que têm na cultura, na tradição” e como motor da economia do país. Assim como pela “articulação” com áreas tão diversas como a economia, o enoturismo e a agricultura, avança ao ECO/Local Online o secretário-geral desta associação, José Arruda.
A AMPV vai, por isso, sugerir ao Governo que crie um grupo de trabalho, envolvendo os principais parceiros do setor vinícola, para avançar com esta candidatura, à semelhança do que foi feito aquando da proposta da gastronomia ao mesmo título. Só ainda não sabe quando fará o pedido ao Governo, uma vez que este vai entrar em modo de gestão depois da demissão do primeiro-ministro António Costa.
“Tínhamos uma reunião marcada com a ministra da Agricultura para fazer estas sugestões, mas deverá ser adiada. Quando fizemos todo este trabalho não imaginávamos esta crise política que se instalou no país”, afirma José Arruda, em declarações ao ECO/Local Online.
Ainda assim, o responsável acredita que a situação política não terá impacto no setor do vinho que tem tido um bom desempenho e “exporta cada vez mais”. A viticultura tem um peso significativo na balança das exportações: este ano deverá atingir perto dos 970 milhões de euros de vendas ao exterior.
Tínhamos uma reunião marcada com a ministra da Agricultura para fazer estas sugestões, mas deverá ser adiada. Quando fizemos todo este trabalho não imaginávamos esta crise política.
Também o enoturismo tem tido bons resultados, pois “há cada vez mais procura dos turistas pelo enoturismo, sobretudo no Douro, Porto e Vila Nova de Gaia.” Ainda assim, este setor precisa de mais apoio financeiro e de trabalhar mais em rede, “porque o enoturismo não é só o turista ir visitar adegas“, realça José Arruda. Existe “toda uma rede com a restauração, a cultura e o turismo rural” que pode trabalhar em parceria com vista a uma maior dinâmica económica no território.
A AMPV pretende levar estas reivindicações ao secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, durante uma reunião agendada para dezembro deste ano. “Precisamos que o Turismo de Portugal tenha um apoio maior para a promoção e divulgação da oferta enoturística”, defende José Arruda.
Entretanto, a AMPV assinou o protocolo de constituição da Rede Europeia dos Museus do Vinho, que reúne museus do vinho de diversos países europeus, como Portugal, Espanha e Itália. A ideia é impulsionar a “cooperação entre os vários museus dos vários países” que têm um papel crucial na divulgação do vinho como cultura e tradição, assim como na promoção do enoturismo.
Precisamos que o Turismo de Portugal tenha um apoio maior para a promoção e divulgação da oferta enoturística.
Portugal já tem trabalho de casa feito nesta matéria e faz parte do lançamento desta rede com uma mão cheia de valências em atividade em todo o país. “Já temos uma rede em Portugal com cerca de 20 museus do vinho, como o Museu do Douro (Peso da Régua), o Centro de Interpretação do Vinho Verde (Ponte de Lima), o Museu Alvarinho (Monção), o Museu Rural ou até o Vinho do concelho do Cartaxo”, elenca.
Esta Rede Europeia dos Museus do Vinho foi criada no âmbito da Federação Europeia Iter Vitis. Esta última está classificada como Rota Cultural pelo Conselho de Europa, é constituída por 25 países europeus e visa a “promoção do património cultural, histórico e paisagístico associado ao vinho de qualidade”.
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