Portugal arde em três dias o triplo do resto de 2024
Sistema europeu Copernicus revela uma área ardida entre domingo e terça-feira acima dos 60 mil hectares. Liga dos Bombeiros critica falta de resposta nacional coordenada.
A área ardida em Portugal entre domingo e terça-feira, período de estado de alerta no país, já é mais do triplo da extensão de território atingida por incêndios no restante período de 2024. Numa altura de estado de alerta e em que estão mais de 5 mil bombeiros envolvidos no combate ao fogo, registando-se já quatro bombeiros e três civis mortos desde domingo, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses lamenta que o Governo não tenha convocado, atempadamente, os municípios para uma reunião conjunta.
“Não vale a pena decretar alerta vermelho se não se convocam as câmaras” para prepararem as suas estruturas internas de proteção civil, afirma António Nunes ao ECO – Local Online. “Quando foi decretado o estado de alerta, parece que lavaram as mãos. O processo deveria ser de motivação e liderança, com sugestões aos municípios sobre o que fazer”.
Quando foi decretado o estado de alerta, parece que lavaram as mãos. O processo deveria ser de motivação e liderança, com sugestões aos municípios sobre o que fazer.
Apontando que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) tem 18 comissões distritais de proteção civil e que estas têm depois órgãos que atuam mais a nível municipal, António Nunes recomenda à ANEPC “preocupar-se menos em comandar bombeiros e mais em gerir operações de socorro”.
Os dados da área ardida nestes três dias, agora conhecidos, provenientes do sistema europeu Copernicus e revelados pela Lusa, apontam para uma vasta área de 62.646 hectares atingidos pelas chamas no período de alerta, ao passo que de 1 de janeiro até 14 de setembro tinham ardido 20.830 hectares.
Ao todo, 83,5 mil hectares foram consumidos pelo fogo este ano. Cerca de um quarto desta área pertence ao território da região de Aveiro entre Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Águeda, e foi percorrida em apenas dois dias, nestas segunda e terça-feira.
Para o líder dos bombeiros, o Governo falhou ao não convocar a comissão nacional de proteção civil, o que teria servido para motivar as câmaras para um trabalho coordenado. “Os municípios são independentes, têm capacidade própria, mas em determinados momentos, no princípio da subsidiariedade, pedem ajuda ao nível superior”.
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