Sistema fotovoltaico espanhol vence programa da Galp e da câmara de Matosinhos

Programa Colmeia, da Galp, com apoio da câmara de Matosinhos, distinguiu as startups com melhores propostas para redução de consumo de energia. Projeto vencedor será implementado numa escola.

FutureVoltaics venceu programa Colmeia28 maio, 2025

A espanhola FutureVoltaics foi a vencedora da segunda edição do Colmeia, um programa de inovação colaborativa da Galp, Fundação Galp e câmara de Matosinhos. A empresa pretende implementar um sistema fotovoltaico numa escola local que vai permitir uma poupança energética anual superior a 4.000 euros, conforme contou ao ECO/Local Online a responsável desta spin-off, Beatriz Muñiz Cano.

O projeto-piloto deverá ser implementado na Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, conta a mentora da spin-off do Instituto de Micro e Nanotecnologia do Conselho Nacional de Investigação de Espanha. A previsão de poupança anual nos custos de energia no estabelecimento supera os 4.000 euros; “valores que poderão ser reinvestidos em alimentação escolar, equipamentos informáticos e materiais de laboratório”, destaca.

O programa Colmeia desafia startups a posicionar Matosinhos como uma referência internacional na inovação e descarbonização. Estiveram duas categorias a concurso: a mobilidade urbana e logística e a energia resiliente e inteligente, com o propósito de incentivar o consumo sustentável de energia.

Beatriz Muñiz Cano detalha que “a FutureVoltaics propõe implementar em Matosinhos o seu sistema fotovoltaico inovador Vecthor, uma tecnologia patenteada baseada em painéis solares bifaciais verticais com refletores estáticos otimizados“.

Segundo a organização deste programa, este sistema fotovoltaico patenteado reduz em 50% o tempo para retorno de investimento em painéis solares. Beatriz Muñiz Cano aponta metas mais ambiciosas e destaca que “as simulações, com base em dados reais de Matosinhos, indicam ganhos de até 70% em energia produzida e 90% em receita”.

A empresa recorre a “trackers verticais com painéis bifaciais e refletores, direcionando a luz para os painéis e tirando maior partido da irradiação solar”, descreve a organização desta iniciativa.

Este projeto pretende transformar escolas em motores de mudança, tornando Matosinhos uma cidade-aprendizagem de referência na transição energética.

Beatriz Muñiz Cano

FutureVoltaics

Beatriz Muñiz Cano explana ainda que este sistema foi concebido para resolver um dos principais problemas da energia solar atual: a descoordenação entre a produção solar e a procura energética.

A instalação estimada entre 20 e 40 kW permitirá comparar o desempenho do Vecthor com sistemas solares convencionais. “Enquanto os sistemas convencionais geram energia em excesso ao meio-dia — quando a eletricidade tem menor valor — o Vecthor maximiza a geração nas primeiras e últimas horas do dia, em dias nublados e no inverno, quando a procura e o preço da eletricidade são mais elevados. Isso traduz-se em mais energia útil e mais receita por kWh gerado”, detalha Beatriz.

Além da instalação técnica, este projeto — que será implementado durante quatro fases ao longo de 14 meses — contempla ainda a realização de formações e workshops sobre energias renováveis dirigidos a alunos, professores e comunidade. Acresce a monitorização educativa do sistema, com dados em tempo real acessíveis a estudantes.

FutureVoltaics, projeto vencedor da segunda edição do programa Colmeia28 maio, 2025

Atividades de consciencialização sobre transição energética e sustentabilidade e a criação de emprego verde através da colaboração com instaladores e técnicos locais são mais algumas das ações previstas pela spin-off espanhola, que foi premiada com 50.000 euros nesta segunda edição do programa Colmeia.

“Este projeto pretende transformar escolas em motores de mudança, tornando Matosinhos uma cidade-aprendizagem de referência na transição energética”, podendo depois ser replicado noutras regiões do país, nota Beatriz.

Ao todo, no programa Colmeia, 95 startups de 20 países da Europa, Estados Unidos, América Latina, Ásia e África, disputaram prémios de 50.000 euros (1.º lugar), 15.000 euros (2.º lugar) e 10.000 euros (3.º lugar).

Vencedores do programa Colmeia28 maio, 2025

Em segundo lugar no pódio ficou a espanhola InergyBCN que levou a concurso uma solução para gestão de comunidades de energia e sistemas solares coletivos, com recurso a Inteligência Artificial (IA) e tratamento de dados, destinada a autoridades locais, cidadãos e empresas. A empresa recebeu um prémio de 30 mil euros.

Já a startup Nilg.AI alcançou o terceiro lugar, premiado com 20 mil euros. Kelwin Fernandes, desta empresa, descreve ao ECO/Local Online que está a desenvolver uma ferramenta baseada em Inteligência IA que permite otimizar ações corretivas no território.

“No âmbito do programa Colmeia, o projeto será aplicado no município de Matosinhos, onde iremos analisar padrões de mobilidade urbana para identificar problemas recorrentes nos transportes públicos”, explana o responsável do projeto. Na prática, detalha, a IA vai sugerir melhorias na localização e frequência dos serviços, assim como ao nível do conforto e segurança oferecidos aos utilizadores.

Segundo a organização do programa Colmeia, a Nilg.AI “analisa imagens ao nível da rua e dados de fonte aberta”, de modo a otimizar a gestão de infraestruturas urbanas.

“Este projeto é uma adaptação da framework [da empresa], já validada anteriormente em iniciativas como o projeto Re-Source com a Algar, no qual conseguimos reduzir em 83% o tempo necessário para a colocação de ecopontos”, nota Kelwin Fernandes.

Citada num comunicado, Marta Pontes, vereadora de Economia, Turismo e Internacionalização do município de Matosinhos, considera que “o sucesso do programa Colmeia é uma evidência clara da relevância das parcerias estratégicas entre o setor público e o privado”. A autarca do Executivo liderado por Luísa Salgueiro acredita que iniciativas, como o programa Colmeia, são essenciais para posicionar a cidade como uma referência internacional em inovação e descarbonização.

O Colmeia dispõe de uma dotação total de meio milhão de euros para apoiar projetos que posicionem Matosinhos como referência internacional na inovação e descarbonização, “e deem resposta aos desafios locais identificados pelo município”, adianta a organização.

Segundo Sandra Aparício, diretora executiva da Fundação Galp, este é “um programa de ambição global, mas de implementação local, que colocou Matosinhos no radar dos empreendedores e que materializa o compromisso da Fundação Galp com o desenvolvimento sustentável do território”.

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