Plano urbanístico de Campanha vai “resgatar” zona oriental de “décadas de abandono”

Câmara do Porto quer "resgatar a zona oriental de décadas de abandono, decadência e descaracterização" através do plano de urbanização lançado a reboque da Alta Velocidade.

“O Plano de Urbanização de Campanhã representa uma verdadeira revolução urbanística” e vai gerar uma “nova centralidade capaz de resgatar a zona oriental de décadas de abandono, decadência e descaracterização“, começou por afirmar o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, durante a sessão de apresentação deste plano que acontece a reboque da Alta Velocidade.

O independente Rui Moreira assegurou, por isso, que “Campanhã não voltará a estar à margem do resto da cidade. E a linha de caminho de ferro, que atravessa a freguesia, vai deixar de ser uma barreira para se tornar um horizonte de mudança”.

Para o autarca da Invicta, este plano “vai, de facto, operar uma profunda transformação do espaço urbano, desenvolvendo uma nova centralidade na zona oriental do Porto”. O autarca acredita mesmo que “o território, que circunda a Estação de Campanhã, ficará irreconhecível a médio e longo prazo, em virtude da ampla intervenção urbanística motivada pela linha ferroviária de Alta Velocidade”.

Presente na sessão, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, adiantou que “a estação de Campanhã vai-se constituir como um dos principais hubs ferroviários do país, senão mesmo o principal hub ferroviário do país”.

O autarca do Porto referiu ainda que, “ancorada neste projeto da Infraestruturas de Portugal [IP], será lançada uma vasta operação de requalificação urbana que permitirá eliminar barreiras físicas à mobilidade, melhorar as acessibilidades e estabelecer ligações entre áreas verdes”. Com esta intervenção, a zona de Campanhã que, segundo Rui Moreira, sempre foi “um território de intervenção prioritária” para o executivo, deverá ganhar uma nova dinâmica económica e social.

O território que circunda a Estação de Campanhã ficará irreconhecível no médio e longo prazo, em virtude da ampla intervenção urbanística motivada pela linha ferroviária de Alta Velocidade.

Rui Moreira

Presidente da Câmara Municipal do Porto

Aliás, apontou Rui Moreira, Campanhã foi “negligenciada durante décadas por diferentes decisores políticos“, continuando a ser “uma zona económica e socialmente deprimida. Nela subsistem problemas de carência habitacional, inclusão social, coesão territorial e precariedade infraestrutural”.

Dificuldades estas a que o município tem dado resposta, segundo o autarca, destacando “a construção da Ponte D. António Francisco dos Santos que irá ligar Oliveira do Douro, no lado de Gaia, a Campanhã, no lado do Porto”. Rui Moreira alertou, mais uma vez, para a necessidade de “compatibilizar a nova travessia com o projeto da Alta Velocidade, de forma a acautelar os interesses da cidade e de Campanhã”.

Para o edil do Porto, “a Alta Velocidade tem comprovadamente um efeito catalisador sobre um determinado território. Os projetos ferroviários de última geração atraem investimento, emprego, talento e habitação, imprimindo uma dinâmica empreendedora que contagia as zonas contíguas”. É precisamente este impacto que o autarca espera conseguir com a ferrovia e o plano urbanístico previsto para esta zona oriental da cidade.

À margem da sessão, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, defendeu que esta ação municipal vai permitir solucionar o problema da mobilidade e, em simultâneo, “construir uma estação de duas faces“, abrindo Campanhã a oriente.

“Um dos problemas com que a freguesia se debate é o problema da mobilidade. A freguesia tem um relevo muito acidentado e historicamente sofre com o problema da barreira constituída pela ferrovia”, notou o vereador. “O que se pretende é aproveitar este plano de urbanização e este investimento na ferrovia para resolver estes problemas de mobilidade“, reiterou.

É regular o crescimento desta zona da cidade e de tal forma que seja feito de uma forma planeada pensada para não se repetir os erros do passado.

Pedro Baganha

Vereador do Urbanismo da Câmara Municipal do Porto

Uma das soluções possíveis e que foi lançada pelo arquiteto do projeto, Joan Busquets, durante a apresentação, consiste na criação de um “anel híbrido”. Ou seja, elucidou Pedro Baganha, “um conjunto de arruamentos existentes e propostos que vão constituir uma “nova forma de distribuição do tráfego automóvel” em torno da estação.

Para Pedro Baganha, “esta é a oportunidade de se ter uma estação não de uma só face, mas de duas faces”. Por isso, prosseguiu, “o que está a ser proposto é um edifício ponte, uma estação ferroviária por cima das linhas de caminho-de-ferro, com uma nova fachada (…) virada a oriente“. Segundo o vereador da câmara do Porto, o plano urbanístico também inclui a criação de um túnel na continuação da rua do Godinho e passando por baixo da ferrovia, a sul da avenida 25 de Abril.

Mas toda esta transformação na zona oriental da cidade não é para já; será a médio e longo prazo. Segundo o vereador, ainda faltam “12 a 24 meses para terminar o plano de urbanização que se inicia hoje, e depois do plano aprovado, sabe-se que estes processos de transformação urbana demoram sempre muito tempo”.

Por tudo isto, Pedro Baganha não tem dúvidas de que vai ocorrer uma “revolução urbanística” e por consequência “uma evolução económica com novas empresas, novos negócios”. Mais, realçou: “Não nos esquecemos que Campanhã é provavelmente o maior nó Intermodal do norte de Portugal; será a maior infraestrutura de mobilidade de toda a região“.

O objetivo deste plano, concluiu o vereador, “é regular o crescimento desta zona da cidade e, de tal forma, que seja feito de uma forma planeada pensada para não se repetir os erros do passado“.

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