Cuide da sua saúde para cuidar do seu negócio

  • SegurosPME
  • 7 Abril 2024

Para os líderes de PMEs, integrar a atividade física na rotina diária não só promove a saúde pessoal, mas também melhora a energia e a clareza mental, essenciais para uma gestão eficaz dos negócios.

​No artigo de opinião publicado na edição nº 8 da newsletter da APS “Seguros e Cidadania”, o Prof. Doutor Manuel Oliveira Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, destaca os benefícios significativos do exercício físico para a saúde cardiovascular.

O organismo humano foi desenhado para o desempenho de uma vida ativa e variada. A vida moderna tem-nos forçado a ter um estilo de vida sedentário, em que passamos tempo excessivo na posição sentada e nos deslocamos com recurso a meios de transporte.

Um estudo recente efetuado pela Fundação Portuguesa de Cardiologia mostra que dois terços dos Portugueses são sedentários e cerca de metade destes considera que o exercício físico não é interessante ou importante para a sua saúde. A caminhada é a atividade física preferida pelos Portugueses.

Os benefícios para a saúde e bem-estar resultantes da atividade física são tão importantes, que ninguém deve permitir-se não ter uma vida ativa. Se presentemente é sedentário, lembre-se que nunca é tarde demais para iniciar um programa de atividade física.

Os exercícios aeróbios são muito importantes para a prevenção e até melhoria de todas as doenças crónicas, em particular das metabólicas, como a obesidade e a diabetes, e as cardiovasculares. Este tipo de exercícios mobiliza as grandes massas musculares, em movimentos repetidos e contínuos, como a marcha, o ciclismo, a corrida, a natação, o remo e a dança, etc., levando por adaptação do treino, o coração a bater de forma mais eficiente. Ao mesmo tempo, ocorrem várias alterações favoráveis no músculo esquelético e na massa gorda, com enormes benefícios metabólicos.

Os exercícios aeróbios devem ser praticados na maioria dos dias, durante pelo menos 20 a 30 minutos, que podem ser divididos ao longo do dia, em períodos de 10 a 15 minutos.

Os estudos têm mostrado que a maior parte dos benefícios cardiovasculares e metabólicos são obtidos com níveis de esforço de intensidade moderada. A este propósito convém esclarecer que existem diferenças entre o estado de saúde e a aptidão física (estar em forma). A saúde cardiovascular pode obter-se praticando 20 a 30 minutos de marcha diária, enquanto a boa forma física exige uma prática de exercícios mais intensa e alargada, que implicam uma progressiva adaptação do nível de complexidade, intensidade e duração do treino.

O simples andar a pé é extremamente benéfico mesmo nas pessoas mais velhas. No famoso Honolulu Heart Program foram estudados 707 homens com idade média de 69 anos, que participaram num programa de marcha diária, durante um período de 12 anos. Os homens que andaram, em média, mais de 3,2 km diários tiveram uma redução significativa da mortalidade relativamente ao grupo que andou menos de 1,6 km diários. (23,8% versus 40,5%).

Com base no conhecimento atual, estima-se que, por cada hora de exercício físico praticado, seja possível aumentar a esperança de vida em cerca de duas horas.

Mecanismos que explicam os benefícios do exercício:

  • Alterações do perfil lipídico com redução dos triglicéridos e aumento das lipoproteínas de alta densidade (HDL);
  • Melhoria dos fatores hemostáticos associados à trombose;
  • Diminuição dos marcadores de inflamação (PCR e interleucina-6). É cada vez mais aceite que a inflamação desempenha um papel fundamental nos processos de aterosclerose e de envelhecimento;
  • Redução da pressão arterial;
  • Prevenção e redução da obesidade;
  • Melhoria do controlo glicémico e da sensibilidade à insulina, assim como redução da progressão para diabetes.

Avaliação médica antes de um programa de exercício

O objetivo da avaliação médica, antes do início de um programa de exercício mais intenso, procura excluir a presença de doença coronária ou outras patologias que ponham em risco a vida do desportista.

Existe consenso que não é necessário realizar a prova de esforço nas pessoas assintomáticas com baixo risco de doença coronária. Contudo, justifica-se em alguns subgrupos de indivíduos assintomáticos com múltiplos fatores de risco, como a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial, a diabetes, o tabagismo ou com história familiar prematura de enfarte do miocárdio ou morte súbita.

Considerações finais

Convém optar por uma atividade que nos dê prazer de modo a assegurar a sua continuidade, durante o maior período de tempo possível. Deve-se evitar o espírito de competição, para não arriscar complicações causadas por esforços excessivos. É a atividade física e não o desporto, que está na base do envelhecimento saudável. Não devemos esquecer que o sedentarismo é um inimigo mortal e que a atividade física é uma das chaves indispensáveis para um envelhecimento saudável com qualidade de vida.

* Artigo de opinião por Manuel Oliveira Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, publicado na newsletter da APS “Seguros e Cidadania“, nº 8.