A cidade e a liberdade de se ser livre

  • Ricardo Valente
  • 20 Maio 2024

É importante dotar um território (cidade, região ou país) de uma estratégia de desenvolvimento económico que crie as condições para que os seus residentes sejam verdadeiramente donos do seu futuro.

Começo por citar a celebre frase de Alexis de Tocqueville: “O maior cuidado de um Governo deveria ser o de habituar, pouco a pouco, os povos a dele não precisar.” Esta frase mostra o quão relevante é dotar um território (seja ele uma cidade, uma região ou um País) de uma estratégia de desenvolvimento económico que crie as condições para que os seus residentes sejam verdadeiramente donos do seu futuro, ou seja, seres verdadeiramente livres!

E assim temos na cidade do Porto, e através da Divisão Municipal InvestPorto, implementado uma estratégia de desenvolvimento económico centrada na atração de investimento empresarial para a cidade, interligando-a com uma politica de empregabilidade (gestão de talento) e uma estratégia de empreendedorismo que alavanca o crescimento dos projetos das start-ups baseados na cidade nos últimos anos.

O Programa Porto Leading Investors (PLI) que criamos dentro da InvestPorto, é uma implementação de gestão de projetos de investimento de interesse estratégico e impacto significativo para a economia do Porto, consubstanciando uma lógica de maior apoio a projetos com capacidade de alavancarem o potencial da cidade. Atualmente, o programa conta com 43 empresas, desde a Critical Techworks à Maersk, da Natixis à GKN.

Um estudo recente efetuado pela EY Parthenon revelou o impacto económico, social e ambiental deste grupo de empresas e investidores na cidade do Porto. Em quatro anos, as empresas que fazem parte do PLI investiram 222 milhões de euros, tendo tal resultado na criação de 26 mil empregos (11 mil empregos diretos); ou seja, por cada milhão investido na Área Metropolitana do Porto, foram criados três postos de trabalho, um valor acima do registado no país (1,4) e na Europa Ocidental (0,6).

Durante o ano de 2022, um impacto económico de 2.073 milhões de euros na produção nacional e de 1.166 milhões de euros no Valor Acrescentado Bruto (VAB). Em média, o conjunto destas empresas perspetiva crescer 14% ao ano até 2026. Mais ainda, 87% do volume de negócios foi proveniente do mercado internacional, tendo estas empresas contribuído com 484 milhões de euros para a balança comercial nacional. São, contudo, os impactos induzidos pelo rendimento possibilitado através das remunerações dos trabalhadores que geram o maior efeito multiplicador na economia portuguesa.

Os PLI destacam-se, ainda, pela sua forte aposta na inovação, reduzida pegada ecológica, orientação exportadora e impacto relevante na economia local: 88% desenvolvem atividades de inovação, 44% oferecem produtos ou serviços com impacto ambiental positivo direto, 87% do seu volume de negócios é direcionado para o exterior e 65% dos seus fornecedores são nacionais.

Acredito que o impacto do deste programa e estratégia, pode ser ainda ampliado de duas formas complementares: apoiando as estratégias de consolidação e expansão das empresas já inseridas no programa e atraindo novas empresas, através da promoção de um ecossistema empresarial dinâmico e competitivo.

Todo este trabalho na estratégia de atração de investimento direto estrangeiro do Porto tem sido reconhecido pela revista fDi Intelligence, do Financial Times, que coloca o município no Top 3 das principais Cidades e Regiões Europeias do Futuro nos últimos três anos.

  • Ricardo Valente
  • Vereador da Economia e Finanças da Câmara Municipal do Porto

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