CCDR passam a ser institutos públicos e presidentes podem ser exonerados

As CCDR passam a ser institutos públicos, ter quatro vice-presidentes e os presidentes podem ser exonerados pelo Governo, avançou a ministra da Coesão Territorial.

A ministra da Coesão Territorial anunciou, esta segunda-feira, que a orgânica das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) vai mudar: passam a ser institutos públicos de regime especial, a ter quatro vice-presidentes e os presidentes podem ser exonerados pelo Governo apesar de serem eleitos. Ana Abrunhosa reconheceu, contudo, que esta reforma, como todas as outras, “não está isenta de riscos“.

À margem do Conselho de Concertação Territorial, que reuniu esta segunda-feira na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, Ana Abrunhosa avisou que, apesar de ser um cargo eletivo, os presidentes das CCDR estarão abrangidos pelo estatuto de gestor público, pelo que poderão vir a ser exonerados, caso estejam reunidos todos os pressupostos nesse sentido.

“Como estamos a falar de um instituto público de regime especial, aplica-se o estatuto dos gestores públicos que tem situações em que um gestor público pode ser exonerado”, explicou a governante aos jornalistas depois da reunião. “Um dos motivos pelo qual um gestor público pode ser exonerado é se tiver um comportamento que não esteja consentâneo com o que são as orientações de política pública, mesmo tendo autonomia”, disse.

As CCDR passam, assim, a ser consideradas “institutos públicos de regime especial, com autonomia jurídica, administrativa, financeira e património próprio”, resumiu a ministra, tal como Luís Marques Mendes já tinha avançado no seu comentário semanal este domingo na SIC. “Tendo personalidade jurídica, deixam de estar sobre sob a direção do Governo e passam a estar sob a tutela e superintendência do Governo“, no âmbito da integração de serviços e atribuições de serviços periféricos da administração do Estado na CCDR.

Outra das novidades da reorganização das CCDR, avançada pela ministra, foi o reforço de vice-presidentes destes organismos. “Atualmente, tem um presidente e dois vice-presidentes, mas passarão a ter um presidente e quatro vice-presidentes“, anunciou.

Já “o presidente continua a ser eleito no formato atual“, ou seja, “pelos presidentes de Câmara, por todos os membros da Assembleia Municipal, incluindo o presidente da Junta de Freguesia”, sublinhou Ana Abrunhosa. Um dos vice-presidentes é eleito pelos presidentes de câmara da região, outro é pelos membros não autárquicos do Conselho Regional, e os outros dois são cooptados pela CCDR mas sobre proposta do líder deste organismo.

Tendo personalidade jurídica, deixam de estar sobre sob a direção do Governo e passam a estar sob a tutela e superintendência do Governo.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

Esta reestruturação, aprovada por resolução do Conselho de Ministros a 17 de novembro de 2022, surge no âmbito da transferência de competências das direções regionais para as CCDR do país. Estes organismos vão ser, assim, reestruturados antes de o Governo lhes transferir as atribuições dos serviços periféricos da administração central direta e indireta do Estado.

Os serviços regionais da agricultura e pescas, e da cultura passam a integrar as CCDR que também recebem atribuições das áreas da educação, saúde, ordenamento do território, economia, formação profissional, e conservação da natureza e das florestas. A data de 31 de março mantém-se para a restruturação destes serviços. Ainda assim, Abrunhosa ressalvou que “a maior preocupação” não é o calendário, mas sim, “a forma” como o processo será desenvolvido.

“Está previsto que, no âmbito do Conselho de Concertação Territorial, que hoje reuniu, façamos essa articulação do Governo e dos diferentes ministérios com a CCDR. E que se aprove uma espécie de acordo de parceria, no qual vamos inscrever os contributos de cada região para a política pública nacional”, resumiu a governante. Abrunhosa quer, por isso, garantir que “as políticas públicas nacionais terão o contributo das regiões“.

Estamos a trabalhar para que os territórios do interior sejam mais capacitados, mais fortalecidos. Nunca me envolveria num processo que fragilizasse os nossos territórios do interior.

Ana Abrunhosa

Ministra da Coesão Territorial

Ainda assim, a ministra avisou que este processo de reestruturação “não está isento de riscos“. Mas é mais um passo para conquistar “um país menos centralista e de passar mais poder para as regiões”. Esta reorganização vai, assim, permitir que as CCDR façam uma “gestão muito mais holística” e as regiões passem a ter voz.

Para a ministra, esta reforma traz vantagens para o país. “Estamos a trabalhar para que os territórios do interior sejam mais capacitados, mais fortalecidos. Nunca me envolveria num processo que fragilizasse os nossos territórios do interior“, assegurou.

E garantiu que não vai haver extinção e deslocalização de serviços. “Estes serviços passam a trabalhar sob a tutela da CCDR e depois estas terão de se articular com os diferentes ministérios, “havendo aqui sempre a tutela e a superintendência do Governo“, frisou.

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