Câmara de Grândola contra possível troço ferroviário Sines-Grândola Norte
Câmara de Grândola critica possível construção de troço ferroviário Sines-Grândola Norte, proposto no novo Plano Ferroviário Nacional, alegando que não será viável em termos territoriais e ambientais.
“A construção de um novo troço de ligação entre Sines-Grândola Norte não se afigura, de todo, como uma solução viável, do ponto de vista do território e do ambiente”, avança a Câmara Municipal de Grândola, Setúbal, numa nota na página oficial na Internet.
Aludindo à posição que assumiu durante a fase de consulta pública do novo Plano Ferroviário Nacional (PFN), encerrada no final do mês de fevereiro, a autarquia critica esta linha ferroviária contemplada no documento por implicar “o atravessamento e/ou aproximação a aglomerados habitacionais“.
Além disso, a avançar, vai envolver “a destruição de montado, comprometendo o desenvolvimento das atividades agrícolas, florestais e económicas da região“, pode ainda ler-se no comunicado.
Apesar de afirmar que reconhece a importância do novo PFN, o município recorda que, já em 2006, a REFER – Rede Ferroviária Nacional (hoje denominada Infraestruturas de Portugal) “tinha anunciado um investimento para um novo troço da Linha do Sul (Sines-Grândola Norte), em tudo similar ao agora em discussão”. Mais, reitera, “essa intenção foi objeto de contestação por parte dos municípios envolvidos, várias associações (públicas e privadas) e população em geral”.
A construção de um novo troço de ligação entre Sines-Grândola Norte não se afigura, de todo, como uma solução viável, do ponto de vista do território e do ambiente.
Tal intenção, na altura, “não teve qualquer desenvolvimento” e a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Grândola, “em consonância com as indicações da Infraestruturas de Portugal” e aprovada em dezembro de 2017, não incluiu esta opção.
“Considerou apenas as intervenções programadas para o Corredor Internacional do Sul, plasmadas no PETI3+ e no Plano de Investimentos em Infraestruturas (Ferrovia 2020), e incorporadas no PMUS [Plano de Mobilidade Urbana Sustentável] do Alentejo Litoral, prevendo com impacto no território de Grândola a beneficiação do ramal de Sines e da Linha do Sul”, contesta.
Assim, a planta de condicionantes do PDM de Grândola apenas contempla uma faixa de proteção à linha ferroviária existente, a Linha do Sul, em detrimento da servidão relativa ao espaço canal – ramal Sines-Poceirão, indica a autarquia.
“A proposta, agora em discussão, mantém os pressupostos da proposta de 2006 e, como tal, os mesmos problemas”, argumenta o município, realçando não entender qual “a razão e com que tipo de fundamentos — técnicos e ambientais — volta a ser equacionada uma solução com os mesmos impactos negativos no território“.
“Sobretudo quando existem alternativas, sendo a mais evidente o aproveitamento e requalificação do ramal de Sines-Ermidas, tal como já sucede”, contrapôs.
Para a Câmara de Grândola, este novo troço ferroviário Sines-Grândola Norte, a construir pelo litoral, sem ter “em consideração as preexistências, os compromissos assumidos e sobretudo os recursos, as potencialidades e as características singulares da região, pode comprometer, irremediavelmente, todo o desenvolvimento territorial e económico projetado e alcançado nos últimos anos”.
Num comunicado divulgado no início deste mês, também a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), que agrega, além de Grândola, as câmaras de Alcácer do Sal, Sines, Santiago do Cacém e Odemira, já tinha criticado diversos aspetos do PFN, nomeadamente esta nova “ligação entre Sines e Grândola pelo litoral”, acerca da qual reivindicou mais esclarecimentos.
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