Piranha de Viseu já “pigmenta” negócio em mais de 40 países

Além do estúdio de tatuagens, a Piranha de Viseu é um dos maiores fabricantes de equipamentos para a indústria. Soma mais de dez mil clientes, emprega 33 pessoas e fatura 2,5 milhões de euros.

Em 14 anos de atividade, Pedro Dias, fundador da Piranha Tattoo Supplies e a Piranha Tattoo Studios afirmou a empresa em Portugal e no mundo. Com o lema “Hunger for More“, começou com 13 clientes e hoje soma mais de dez mil. A partir de Viseu, é um dos maiores fabricantes de equipamentos para a indústria das tatuagens, vende para mais de 40 países, emprega 33 pessoas e fatura 2,5 milhões de euros.

Entre luvas, agulhas, equipamento de proteção individual ou mobiliário técnico, a Piranha tem no portefólio mais de 20 mil produtos para a indústria, que valem 90% do volume de negócios. “Criámos dois negócios num só, na mesma área de atividade. Atualmente, representamos em Portugal as melhores marcas do mundo”, conta o empresário ao ECO/Local Online.

Com o sucesso do negócio, a Piranha tem três marcas próprias, que exportam para todo o mundo — Revolution Needles, Meta e Safe Tat –, e representam 50% da oferta da empresa. O gestor diz, com orgulho, que “a Meta é a marca mais conhecida no mundo do mobiliário técnico e é exportada para os cinco continentes”.

Além do estúdio de tatuagens, há sete anos investiu dois milhões de euros num centro de distribuição no parque empresarial de Viseu, de onde saem as encomendas de equipamentos para o negócio das tatuagens para todo o mundo. A Piranha é um negócio familiar. A empresa pertence a Pedro e ao irmão Fernando Dias, que é diretor operacional, cada um deles com uma quota de 50%.

O estúdio conta com seis tatuadores residentes: os portugueses José Almeida, Sara Medusa e Ruben Martins e os brasileiros Marcelo Fioco, Betinho e Filipe Pacheco. De ucranianos a eslovacos, a Piranha já teve artistas residentes de mais de 15 nacionalidades. De Norte a Sul do país, 90% dos clientes vêm de fora do distrito.

Futebolistas como Ederson Moraes, Anderson Talisca, Salvio e Renato Sanchez, Alex Telles, Otávio ou José Sá; cantores como Piruka, Dillaz e Blaya; desportistas como o Yvan Muller, Tiago Monteiro, Catarina Monteiro, Ana Borges. Estas são algumas das figuras públicas que escolheram ser tatuadas no estúdio da Piranha. “Este reconhecimento aconteceu de forma natural e é consequência do bom trabalho que fazemos”, diz o empreendedor, natural de Tondela.

 

Pedro Dias, 47 anos, revelou-se desde cedo um empreendedor e sempre esteve ligado ao mundo das artes. A mãe era artista plástica e o pai tinha uma empresa de tipografia. Aos 18 anos abriu o seu primeiro negócio: a Energy Surf e Sk8 shop (1995). Aos 21 assumiu o franchising da “The Elephant House” (1999-2003). E aos 26 anos soltou a Piranha (2004) em Viseu, quando o mercado das tatuagens ainda não estava “à flor da pele”.

Pelo meio ainda inaugurou um clube de desportos radicais (2000), licenciou-se em Motricidade Humana, com especialidade em Educação Física e Desporto, no Instituto Piaget de Viseu (2000-2005) e foi futebolista semiprofissional até aos 29 anos, em clubes como o Académico de Viseu, Tondela, Oliveira do Hospital, Mangualde e Penalva do Castelo. No ano passado tirou uma pós-graduação em Marketing no Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM). O gestor conta ao ECO, que apesar da sua formação em desporto, “sempre teve o bichinho dos negócios” — e diz que é isso que o “mantém vivo”.

 

Recuando na história, em 2003 Pedro Dias abre uma gift shop em Tondela e a viragem do negócio acontece quando o empreendedor foi a uma feira em Madrid comprar material e fica rendido ao mundo do body piercing. “Descobrimos parceiros que faziam formação de body piercing e conseguimos representar em Portugal uma marca inglesa. Percebemos que podia ser um caminho interessante a percorrer”, relata.

“Não havia acesso ao material em lado nenhum e decidimos apostar nesta indústria, embora em Portugal só existissem seis ou sete lojas. Quase todas as pessoas que faziam tatuagens e piercings em Portugal como um hobby e acumulavam outro emprego”, salienta. Pedro Dias pegou numa Renault Kangoo de um anterior negócio e, com a mala carregada de produtos para o negócio das tatuagens, fez-se à estrada em busca de clientes. “Peguei na carrinha e viajei pelo país todo à procura de pessoas que faziam tatuagens. Na altura quase não existiam estúdios de tatuagem”, conta.

De norte a sul do país, calcula ter somado mais de um milhão de quilómetros durante 14 anos com a sua carrinha Renault Kangoo na descoberta de de clientes interessados em comprar equipamentos para o mundo das tatuagens. “A carrinha passava sete dias por semana na estrada”, diz. Prestes a partir o terceiro motor, decidiu que estaria na hora de a “reformar do asfalto” e de prestar homenagem à resiliente Kangoo: reconverteu-a numa obra de arte concebida pelo artista Bordalo II.

Em 2004, quando decidiu começar o projeto da Piranha, os recursos eram escassos e o número de estúdios de tatuagem em Portugal contavam-se pelos dedos das mãos. No final desse ano, abriram o estúdio no centro de Viseu em frente à central de camionagem. É nesta fase que fazem “uma aposta declarada no estúdio e na parte de distribuição de material para piercings e tatuagens”. Contrataram um tatuador e um body piercing para fazer florescer o negócio.

Começaram a comprar material em Barcelona e, três anos depois, conseguiram trazer para Portugal as “melhores marcas do mundo”. Começaram a criar e a fabricar os próprios produtos para a indústria das tatuagens e atualmente contabiliza ter mais de dez mil clientes e 60 distribuidores pelo mundo fora.

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