Câmara do Porto cria quarteirões territoriais para dispersar turismo do centro histórico

Câmara do Porto cria quarteirões territoriais para aliviar pressão turística no centro histórico e dispersar fluxo para outras áreas com menor procura na cidade.

A Câmara Municipal de Porto vai criar quarteirões territoriais na cidade para dispersar o fluxo turístico do centro histórico, aliviando as zonas de maior pressão turística. Está, por isso, a elaborar um estudo com vista à identificação e desenvolvimento estratégico das futuras unidades territoriais turísticas, avançou ao ECO/Local Online a vereadora do pelouro de Turismo e Internacionalização, Catarina Santos Cunha, no âmbito do mapa de gestão “Yours Truly, Porto” que, esta terça-feira, apresenta no encontro internacional BOOST – Building Better Tourism.

O objetivo consiste “essencialmente na dispersão dos fluxos do centro histórico para o resto da cidade com a criação de quarteirões territoriais e de interesse”, por forma a melhor gerir a pressão turística, e a necessidade de equilibrar a qualidade de vida e bem-estar de residentes com os interesses do turismo, explana a vereadora da autarquia liderada por Rui Moreira.

O município pretende, assim, incentivar o crescimento sustentável do turismo na cidade, evitando o “esgotamento” dos seus fatores de atratividade e promovendo o equilíbrio e desenvolvimento ambiental, urbano, económico e social. E desta forma contribuir “para um desenvolvimento económico também mais sustentável, criando quarteirões territoriais, bem à semelhança do que acontece noutras cidades, como é o caso dos bairros parisienses.

Vereadora do pelouro do Turismo e Internacionalização da Câmara Municipal do Porto, Catarina Santos Cunha,
Vereadora do pelouro do Turismo e Internacionalização da Câmara Municipal do Porto, Catarina Santos Cunha, a receber prémio do Melhor Destino de Cidade do Mundo 2022, na cerimónia dos World Travel Awards, em Mascate, Omã.14 junho 2023

No caso do Porto já há quarteirões identificados há algum tempo, designadamente a rua de Miguel Bombarda – o conhecido “Quarteirão das Artes” que atrai centenas de pessoas para visitar as galerias e as livrarias temáticas –, a Foz Velha — com as suas antigas e estreitas ruelas e diverso património, com o mar e o Rio Douro como pano de fundo — ou a área do Campo Alegre. “Sentimos que as pessoas viajam no elétrico até à Foz e depois não conhecem a zona da Foz Velha”, afirma Catarina Santos Cunha em declarações ao ECO/Local Online a propósito do documento orientador das estratégias, desafios e principais tendências do setor do turismo na cidade que apresentará durante o BOOST – Building BetterTourism, na Casa da Música.

A vereadora considera que “há um conjunto de coisas que não estão a ser dadas a conhecer devidamente. Portanto, é preciso fazer a construção de narrativas também por quarteirões”. Na prática, serão criados “novos argumentos de atração ao turismo e ao investimento para o desenvolvimento sustentável de cada quarteirão, diversificando a fixação de dormidas, os roteiros de visita e os polos de dinamização turística, cultural e de lazer”, lê-se no documento que será apresentado e a que o ECO/LOcal Online teve acesso.

Apesar de ter aberto uma janela sobre a criação destes quarteirões, a vereadora não quis “aprofundar muito mais” o assunto que, a seu tempo, será divulgado mais detalhadamente. “Ainda estamos a mapear e a delinear as fronteiras territoriais” na cidade portuense que tem o centro histórico classificado como Património da Humanidade pela Unesco desde 1996.

Uma consultora está a desenvolver um estudo sobre a dispersão dos fluxos do centro histórico e a criação de quarteirões territoriais turísticos que será publicamente divulgado em data ainda a anunciar pelo município. “Assim que sair o estudo, em que estamos trabalhar com uma consultora, já haverá mais consistência para apresentar mais especificamente o que é que vamos fazer nesta área”, adianta a vereadora da autarquia portuense.

Este projeto está alicerçado em três eixos estratégicos de atuação: diagnóstico dos atuais fluxos turísticos e a sua concentração na cidade, identificando as zonas turísticas com eventual cenário de overcrowding turístico; demarcação do território, definição da identidade dos quarteirões territoriais e elaboração de um plano estratégico que consubstancia as novas identidades e narrativas territoriais; mapeamento das novas unidades territoriais de atração turística e elaboração de planos de ação para a sua ativação e dinamização.

Preocupação do município em monitorizar a cidade e, de alguma forma, adaptar e regular o turismo por forma a que este equilíbrio nunca se perca entre os residentes e os visitantes.

Catarina Santos Cunha

Vereadora do pelouro do turismo e da internacionalização da Câmara Municipal do Porto

Centrado na aposta “Visão para o Futuro Sustentável do Destino Porto, o mapa “Yours Truly, Porto” é um documento que estará aberto à cidade, colaborativo e que reflete sobre as estratégias, os desafios e as principais tendências do setor do turismo na cidade.

Este mapa de gestão pretende dar a conhecer, “de forma intuitiva e transparente”, a estratégia do município para o futuro sustentável do destino Porto cuja maior procura é sobretudo internacional (80% do total de visitantes) com o mercado espanhol no topo, a que se seguem depois o americano, francês, britânico, brasileiro e alemão. Em crescimento estão os mercados americano, canadiense e brasileiro, segundo dados do município portuense.

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