BRANDS' Local Online Celorico da Beira distinguido na 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano
O município de Celorico da Beira venceu a 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano com o projeto “Celorico Apoia e Ativa ++”, na categoria de Apoio Social a Famílias Carenciadas.
O município de Celorico da Beira foi recentemente distinguido na 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano, na categoria de Apoio Social e subcategoria Apoio Social a Famílias Carenciadas, com o projeto “Celorico Apoia e Ativa ++”.
Este reconhecimento destaca o esforço contínuo da autarquia em promover a qualidade de vida dos seus habitantes, especialmente os mais vulneráveis, através de iniciativas inovadoras que visam a inclusão social e a melhoria do bem-estar.
Em entrevista ao ECO, representantes do município explicam o processo de criação e implementação do projeto, os desafios enfrentados e os resultados práticos alcançados junto da comunidade. Veja a entrevista completa, abaixo.
Qual o processo inerente à criação e implementação do projeto, que acabou por se tornar vencedor nesta 5ª Edição do Prémio Autarquia do Ano?O Município de Celorico da Beira desde cedo tem vindo a demonstrar preocupações com a qualidade de vida dos seus habitantes, como definido na sua visão. Assim, tem espoletado várias iniciativas inovadoras e diferenciadoras, que visam a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar dos mais vulneráveis, dos idosos, dos cuidadores informais, daqueles que vivem com a problemática das demências, com o combate da exclusão social, diminuindo a precariedade das condições de habitabilidade, evitando a segregação, fomentado práticas que promovam a inclusão. Assim, realizamos várias estratégias e atividades que contribuem para diminuir as necessidades encontradas, satisfazendo as expectativas dos que necessitam e das suas famílias.
O Município pretende continuadamente atender às necessidades dos cuidadores e das suas famílias, planificando e concretizando ações interventivas que promovam a autonomia e melhorem a condição de saúde da pessoa cuidada; que promovam o relacionamento interpessoal no contexto familiar e com as redes de apoio externas; que permitam a diminuição da sobrecarga física e mental; e que criem estruturas de apoio social e psicológico, avaliando o impacto das intervenções dinamizadas na qualidade de vida e bem-estar.
Quais foram as razões e necessidades que levaram ao desenvolvimento do projeto em questão?Aquando do acompanhamento realizado pelos Técnicos aos Munícipes, sistematicamente e maioritariamente realizado em contexto domiciliário, realizando inicialmente uma abordagem holística e passando, depois, para uma abordagem mais centrada nas necessidades, expectativas e potencialidades destes residentes, foram diagnosticadas várias necessidades que levaram à construção de protocolos que promovam serviços e que auxiliem as pessoas cuidadas e os seus cuidadores, em prol do bem-estar destes.
Com esta atuação, o Município pretendeu que os cuidadores e as pessoas cuidadas tivessem impacto positivo, adaptando a sua intervenção às necessidades identificadas ao longo do projeto. Nesse sentido, o projeto é e continua a ser alvo de vários momentos de avaliação: inicial/diagnóstica; intercalar e avaliação final. Acreditamos que a melhoria contínua seja a única solução para conseguir o alcance da promoção da qualidade de vida e, por conseguinte, da inclusão.
Quais foram os principais desafios enfrentados durante a execução do projeto e como foram superados?Os principais desafios prendem-se com a falta de uma rede de transportes que os impossibilitam de realizar, em grupo, atividades promovidas por nós e que visam combater a solidão, promover atividades psicossociais, desenvolvimento de atividades de grupo de ajuda mútua, atividades de desenvolvimento e estimulação cognitiva. A superação destes desafios foi realizada descentralizando estas atividades e realizando outras em contexto domiciliário.
Como foi o processo de escolha da categoria a inscrever nesta 5ª Edição do Prémio Autarquia do Ano?A categoria Apoio Social e a subcategoria Apoio social a Famílias Carenciadas encontravam-se correlacionadas diretamente com os objetivos do projeto. Este projeto assumiu-se como uma iniciativa de caráter social e inovador, regendo-se pela abordagem da Humanitude, que visa a promoção do bem-estar na prestação de cuidados.
Em Portugal, a família continua a ter o papel de principal responsável pelas tarefas de cuidar, mesmo com as modificações a que a família tem sido sujeita ao longo dos anos. Ainda que o papel de Cuidadores Informais preveja assumir voluntariamente essa função, o facto é que raros são os casos em que o cuidador é absolutamente voluntário e estando devidamente preparado para tal. Tornam-se Cuidadores por via das circunstâncias, que assim o exigem, porque alguém precisa de si para continuar a viver com dignidade e com necessidades básicas por assegurar. Cuidar no seio familiar constitui uma experiência que acarreta a necessidade de redefinir relações e papéis, um evento propiciador de grandes alterações e adaptações nas dinâmicas e vida familiar.
Esta realidade tem sido preocupação concelhia e nacional, como podemos comprovar pelos diferentes e atualizados documentos institucionais e orientadores, que de forma normativa se debruçaram sobre esta problemática. Citemos como referência o reconhecimento do Estatuto do Cuidador Informal e da importância destes numa sociedade cada vez mais envelhecida. É um ato exigente e desgastante, devido ao cuidado direto da pessoa dependente e das tarefas diárias de vida exigidas, acrescendo ainda as dificuldades ligadas à forma como o cuidador perceciona essa mesma prestação de cuidados.
Quais foram os resultados práticos da implementação do projeto em questão junto da sua comunidade?Atualmente, o Município acompanha cerca de 70 famílias e tenta satisfazer as necessidades encontradas, reencaminhando estes indivíduos para programas ou respostas sociais, sempre com ajuda da equipa multidisciplinar. Foram encaminhadas para as seguintes respostas/serviços os seguintes munícipes:
- Serviço de Apoio Domiciliário – 15 munícipes;
- Programa Abem: Rede Solidária do Medicamento – 16 famílias;
- Programa de Apoio à habitação – 20 famílias;
- Programa “Teleassistência” – 18 famílias;
- Referenciação para Estrutura Residencial Para Pessoas Idosas – 9 munícipes;
- Integração em Emprego/Formação Profissional, adaptada a DEF/INC 3.0.1 – 18 munícipes;
- Prestações Sociais ISS, I.P – 60 famílias;
- Encaminhamentos para Centros de Recursos- Apoios SAPA – 5 famílias;
- Auxílio na realização de manifestações de interesse e integração laboral – 50 utentes.
Tendo em conta o feedback obtido junto das famílias, das pessoas cuidadas, e da avaliação realizada, pode-se afirmar que a intervenção desenvolvida pelos técnicos do município tem sido positiva. As famílias, cuidadores e pessoas cuidadas, desempregados, pessoa com deficiência e/ou incapacidade, referem que este acompanhamento tem contribuído positivamente para o seu bem-estar e para o bem-estar da pessoa cuidada e que, relativamente ao apoio burocrático, este tem sido muito importante para o seu conhecimento e compreensão daquilo que são os seus direitos enquanto cidadãos, cuidadores informais ou beneficiários. A intervenção foi bem-sucedida nesta vertente, uma vez que auxiliou no pedido de várias Prestações Sociais do ISS, I.P., conseguindo aumentar o rendimento mensal por agregado familiar.
Quais as áreas e setores de atuação que foram mais impactados positivamente com o projeto em causa? Quais os seus pontos fortes?O ciclo de conversas temáticas, mensais, abertas à comunidade, intituladas “Ativar + Mente”, onde as problemáticas de saúde física, psicológica, fisiológica são debatidas, por se constituírem um espaço privilegiado de aconselhamento e de convívio, onde se partilham anseios e expectativas.
As atividades realizadas nos grupos de ajuda mútua com os cuidadores informais foram também consideradas muito positivas, uma vez que reduzem o desgaste físico e mental dos cuidadores e das próprias pessoas cuidadas.
A integração nas várias ações de formação profissional adaptadas para pessoas com deficiência e/ou incapacidade ou a integração destes em medidas de apoios ao emprego, ou a atribuição de produtos SAPA, sempre que prescritos pelos centros de recursos, com o encaminhamento e acompanhamento da equipa, satisfizeram necessidades e promoveram as suas potencialidades, desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais necessárias à sua integração, sempre que possível, em regime normal de trabalho.
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