Autarcas de mala feita para atrair mercado e investidores em Paris
Potenciar negócios de exportação e captar investidores estrangeiros para o interior é um dos grandes propósitos da participação de vários municípios, de 11 a 13, na festa das vindimas em Paris.
Por estes dias, várias câmaras do interior do país andam numa azáfama a encaixotar o que de melhor produzem de vinhos e produtos gastronómicos para levarem para a festa das vindimas, que acontece de 11 a 13 de outubro em Montmartre, Paris. A julgar pelas edições anteriores, e depois de um interregno de quatro anos devido à Covid-19, os autarcas acreditam que não sairão de lá de mãos vazias. O grande objetivo é potenciar negócios de exportação e captar investidores estrangeiros para os territórios, além de conquistar mais turistas franceses.
“Vamos potenciar negócios de exportação e captar investidores que queiram investir na região. Vamos mostrar a nossa capacidade empresarial, os três setores estratégicos de desenvolvimento destes territórios: o agroalimentar, indústria metalomecânica e a parte florestal”, começa por explicar ao ECO/Local Online o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Beira Baixa, João Lobo.
Em Pinhel, ultimam-se os preparativos na comitiva que seguirá de olhos postos na promoção e internacionalização dos produtos endógenos. “É abrir as portas do mundo aos produtores do concelho e poder trabalhar no sentido da afirmação da qualidade e excelência dos nossos vinhos e dos nossos produtos endógenos. É esse também o nosso objetivo”, assinala a vice-presidente do município da Beira Interior, Daniela Capelo.
A postos para seguirem viagem já estão vinhos produzidos pela Adega Cooperativa de Pinhel e por outros viticultores privados, entre muitos mais produtos regionais. Por norma, os produtores não participam na festa das vindimas — Fête des Vendanges –, mas sim as CIM, em representação dos municípios ou as autarquias.
Vamos potenciar negócios de exportação e captar investidores que queiram investir na região.
A festa é esperada também entre o designado mercado da saudade. De sexta-feira a domingo, os portugueses voltam a ter os mais diversos produtos gastronómicos patentes nos stands montados na colina de Montmatre, juntamente com tantos outros de franceses e de outras nacionalidades, em frente à Basílica do Sacré-Coeur, com vista para a cidade de Paris. Instalam-se nos vários stands distribuídos pelos 1.200 metros quadrados ocupados pelos expositores que atraem mais de 500 mil visitantes do terceiro maior evento de Paris, já com 84 anos de existência.
O convite para participar na festa das vindimas partiu da lusodescendente Ana Sofia de Oliveira, mentora da marca My Genuine Portugal, que já em 2017 tinha desafiado, pela primeira vez, alguns municípios portugueses a representarem produtores de vinhos e gastronomia das suas regiões. Na altura, o objetivo era claro: ajudar a internacionalizar os produtos portugueses e colocá-los nas prateleiras dos hipermercados, em lojas gourmet e restaurantes em França.
Este ano, o propósito continua a ser o mesmo e, em representação dos produtores dos territórios, os autarcas levam mala cheia com vinho, queijo, mel, compotas ou enchidos típicos das localidades para conquistarem o paladar dos franceses. Como é o caso de Pinhel, que se mostra pela segunda vez. “Em 2019, o público demonstrou grande recetividade, assim como a comunidade que está na diáspora, que reside em Paris”, conta a vice-presidente da câmara.
Ainda que admita que levar os produtos à mostra de Paris “não é uma operação do ponto de vista logístico muito fácil”, a autarca considera que vale de todo a pena marcar presença, lembrando que no último ano em que participaram não tiveram mãos a medir para tanta clientela. “Acho que se mais produtos tivéssemos levado, mais teríamos vendido”, recorda Daniela Capelo, otimista com a festa que se avizinha.
Grande impulsionadora da participação dos portugueses no evento, Ana Sofia de Oliveira tenciona posicionar ainda mais o mercado nacional juntos dos franceses. “O grande objetivo é crescer e em 2025 marcar o regresso em força da marca Portugal à festa das vindimas, dos seus produtos genuínos que todos tanto gostam”. Em 2023, entraram em Portugal 3.2 milhões de turistas franceses, crescendo 150% em 10 anos.
De acordo com a organizadora, apoiada em dados dos fluxos de turismo entre França e Portugal, “em 2023, França posicionou-se como o quarto mercado turístico da procura externa para o destino Portugal, aferido quer pelo indicador dormidas (quota 8,7%), quer para o indicador hóspedes (quota 9,3%)”.
O grande objetivo é crescer e em 2025 marcar o regresso em força da marca Portugal à festa das vindimas, dos seus produtos genuínos que todos tanto gostam.
Nesse ano, as dormidas dos turistas provenientes da França em Portugal registaram um acréscimo de 6,5% e os hóspedes um aumento de 7,4% face ao ano anterior, totalizando 4,7 milhões de dormidas e 1,7 milhões de hóspedes, respetivamente.
Ana Sofia de Oliveira aponta ainda “um acréscimo nas receitas turísticas em 2023, na ordem dos 7,2% face ao ano de 2022, que se situaram em 3,1 mil milhões de euros”.
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